Domingo, 23 de outubro
de 2012.
I Leitura. Eclesiástico 35,15-17.20-22
II Leitura. 2 Timóteo 4,6-8.16-18
Evangelho: Lc 18,
9-14
Deus tem um
apreço pelos “pobres”, fica do lado dos humildes e dos humilhados porque deseja
ardentemente libertação total. Esse apreço do Pai pelos mais necessitados está na
compaixão e no cuidado pela criação. Deus criou o homem para a felicidade e
para o bem viver, na serenidade e na dignidade. Deus não quer ver sua criatura
sendo espoliada e maltratada por um grupo de vilões que não medem esforços para
ver seu império crescer. Deus, nosso
Pai, não aceita a atitude dos orgulhosos e autossuficientes,
satisfeitos de que a salvação é o resultado natural dos seus interesses; contudo, propõe atitude humilde de um pecador, que se
apresenta diante de Deus de mãos vazias, mas disposto a acolher o dom de Deus.
A
humildade diante de Deus é reconhecer os pecados cometidos, buscar
a conversão e tem a sinceridade no coração para aproximar do Pai. Não engana
Deus. Ele é o juiz que julga os atos dos cristãos a partir dos atos e das
ações. Tem compromisso com a doutrina da igreja e preserva os mandamentos de
Deus com mansidão.
Ao
entrar no templo para rezar, primeiramente limpa da consciência as injustiças
cometidas, reconhece que errou e quer de
coração muito o perdão. Jamais esnoba ou compara com outra pessoa ou se coloca
acima do outro e estufa o peito para engrandecer pelas coisas boas que faz.
Entretanto, o que afirma nas orações são falácias. Engana-se a si mesmo. Não
enxerga a mística de Deus que revela através dos mais pobres.
Enquanto
na primeira leitura apresenta um Deus que não deixa subornar, um juiz, que ama
os humildes e escuta as preces do povo; no evangelho é definida a atitude
correta de um cristão diante de Deus. Ambas
as leituras pedem temor ao Deus e suscitam a verdade diante D’ele.
Tanto
que Deus não faz distinção de nenhum filho. Ama todos com amor. Tem tanto amor
pelo povo que mandou seu filho ao mundo para indicar uma saída das trevas. Mas
seu rebento, gerando com tanto apreço no seio de Maria, foi morto pelos
rebeldes que não queriam escutar. Deus
tem um carinho especial por todos aqueles que têm o compromisso com a
libertação, que luta para ver a justiça realizada. Não esmorece diante das
dificuldades, afinal, as dificuldades
podem ser um motivador para continuar lutando.
Deus
atende as preces dos oprimidos porque enxerga no sofrimento uma luta para
desvencilhar da situação de subalterno. Tem compaixão do “fraco”, pois sabe que
foi jogado nas margens da sociedade por um grupo de homens egoístas, sedentos
de poder e que não tem pena de ver o outro em situação vexatória. Tanto que o Senhor não despreza a súplica do
órfão e nem os gemidos da viúva (Primeira Leitura). Deus tem um amor pelos
desvalidos, pelos oprimidos e por aqueles que o sistema considera como
“vencidos”. Assim, o amor de Deus não
deixa passar despercebido qualquer injustiça cometida
contra esses subjugados. A justiça não pode ser violada e nem pode estar a
serviço de uns poucos afortunados.
Lindamente
na Primeira leitura o autor exalta a oração dos pobres ao afirmar: “A oração do
humilde atravessa as nuvens e não descansa enquanto não chega ao seu destino.
Não desiste, até que o Altíssimo o atenda, para estabelecer o direito dos
justos e fazer justiça”.
Pode
soar para os cristãos o consolo. Deus nunca vira as costas para seu filho,
principalmente os pequenos. Ele ouve atentamente os pedidos, pois sabe que
almeja a salvação. Talvez o filho de Deus duvide da presença do Criador em
meios aos conflitos ou problemas; não enxerga outra saída, afirma que está tudo perdido. Mas a justiça
divina atende todos com equidade.
Como
afirma o salmista “o pobre clamou e o Senhor ouviu sua voz”. Atento ao pedido
dos filhos, Deus sempre satisfaz a quem pede. Portanto, jamais deixa de pedir
ao Senhor sua intervenção. Bendiz alegremente o nome do Senhor, pois Ele faz
justiça serena a quem procura. O
salmista ainda louva dizendo “O Senhor está perto dos que têm o coração
atribulado e salva os de ânimo abatido. O Senhor defende a vida dos seus
servos, não serão castigados os que n’Ele confiam”.
Para
tanto, no Evangelho Jesus conta uma
parábola do fariseu e do publicano.
Ambos estavam em oração. O fariseu colocava-se autossuficiente, não pedia nada
a Deus, pois seguia as leis judaicas ao pé da letra. Até olhava para o
publicano e rebaixava-o pela sua condição de cobrador de imposto. Enquanto que
o publicano reconhecia ser um pecador e pedia a compaixão e a misericórdia de
Deus. No final, Jesus mostra para seus
seguidores que muitas vezes a arrogância pode levar o caminho inverso. O
fariseu tinha tanta certeza de sua salvação que nem clamava para o Senhor. Ele
estava convencido de que Deus lhe deve a salvação pelo seu bom comportamento,
como se Deus fosse um contabilista que toma nota das ações do homem e, no fim,
lhe paga em consequências. Enquanto que
o publicano reconhece ser um pecador e se apresenta de mãos vazias diante do
Senhor. Faz seu pedido e humildemente pede a intervenção divina.
Contudo,
a mensagem do Evangelho ascende ao
cristão a retidão nas palavras. Ou seja,
ser fiel nos projetos de libertação de Deus e ter a consciência da caminhada
para a salvação, porque os tropeços aparecerão. Os caminhos do seguimento de
Jesus não são tão confortáveis, tem os desfiladeiros e os montes para serem
transpostos. Contudo, através da oração e da confiança no Pai poderoso nada vai impedir de segui-Lo.
Jesus
na caminhada encontrou muitas dificuldades, mas encontrou também muitas coisas
boas. Quando esteve diante das dificuldades soube sair com maestria. Buscou na
oração, junto aos montes e nos desertos, forças para aguentar vencer o mal. Ele
tinha a confiança e acreditava. Esse legado o cristão deve ter junto a sim. Ele ensinou seus
discípulos a ser um discipulado eficaz, tenaz e consciente de sua missão.
Nas
parábolas exemplificou de forma simples o caminho de como deveria seguir. Como
na parábola de hoje. O fariseu e o publicano que pela fé e pela ação tinha
caminhos diferentes. Mesmo sendo um cristão que não sai da igreja, às vezes,
coordena até algumas pastorais, tem a certeza de estar caminhando no caminho
certo. Mas se perde na autossuficiência e na arrogância. O cristão deve ter o
reconhecimento de sua ação e do seu compromisso, ser humilde e saber chegar
diante de Deus de mãos vazia, mas com um coração puro para receber o perdão.
Assim, Deus estará indicando o caminho que deve ser seguido. Assim seja, amém!
Abraços
Claudinei M. Oliveira
Nenhum comentário:
Postar um comentário