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segunda-feira, 30 de abril de 2018

"UM PROFETA SÓ NÃO É ESTIMADO NA SUA PRÓPRIA PÁTRIA E EM SUA FAMÍLIA!"


Dia 1º de Maio de 2018

Evangelho de Mt13,54-58

A vida de quem aceita a proposta de Jesus, assumindo o compromisso de  fazer  o Reino de Deus acontecer no meio em que ele vive, é marcada pela perseguição,  pela a rejeição e  pela a incompreensão, até mesmo, dos seu familiares.
Com Jesus, o profeta Maior de todos os tempos, não foi diferente, Jesus  passou por esta experiência,  além de rejeitado pelas autoridades políticas e religiosas, Ele foi rejeitado também, pelos os seus conterrâneos, incompreendido pelos seus familiares, exceto Maria, que o acompanhou, como sua discípula,  em todo sua trajetória terrena.
Jesus foi rejeitado, torturado e morto, por amar, por fazer o bem!
O evangelho que a liturgia de hoje nos convida a refletir, nos fala  do retorno de Jesus,  à sua cidade de origem! Lá, Ele experimenta no corpo e na alma, a dor da rejeição, uma dor, que certamente foi mais intensa, pois  partiu dos seus próprios conterrâneos, aqueles, que deveriam ser os primeiros a acolhe-lo .
Ensinando  na sinagoga Jesus atraia muitas pessoas, que à princípio ouviam as suas pregações com muito admiração. Admiração que caiu por terra, quando a identidade do Messias, começou a se revelar na pessoa de Jesus!
Aqueles, que esperavam por um Messias extraordinário, não quiseram aceitar um Messias na condição de servo, alguém de origem simples, que tinha o olhar voltado para os pequenos, os pobres e marginalizados...
Julgando conhecer Jesus pela sua condição social, eles  ficaram somente no superficial, o mais importante eles não foram capazes de perceber, o Rosto humano do Pai, se desenhando no filho de um carpinteiro!
Os compatriotas de Jesus, tiveram nas mãos, a chave da felicidade, mas não se deram conta desta preciosidade, por isto desperdiçaram a graça de Deus! Ali, Jesus não pode realizar muitos milagres, não, por retaliação, mas pela falta de fé daquele povo. 
E nós, será que também, como os conterrâneos de Jesus, não estamos desperdiçando  a graça de Deus?  Será que estamos acolhendo bem o profeta de casa, aquele que vive no nosso meio?
Temos a tendência de desprezar o que vem dos simples, costumamos a acolher  as palavras dos intelectuais, e não damos crédito a pregação de um leigo.
Não  esqueçamos: Jesus, o Mestre de todos os mestres, serviu-se de meios humanos bem simples, para anunciar o reino de Deus. 
A rejeição à Jesus, não interrompeu o anúncio do Reino, anuncio, que continua através dos incansáveis profetas de hoje: homens e mulheres que se embrenham pelo caminho da cruz, dispostos a dar a vida, se preciso for, pela causa do Reino.
FIQUE NA PAZ DE JESUS! – Olivia Coutinho
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domingo, 29 de abril de 2018

“... QUEM ME AMA SERÁ AMADO POR MEU PAI...” – Olivia Coutinho.


 Dia 30 de Abril de 2018

Evangelho de Jo14,7-14
Quando damos vida as palavras de Jesus, amando concretamente o nosso irmão,  estamos transformando o nosso coração na sua morada, num santuário vivo, de onde Ele poderá agir no mundo em favor do outro!
Ninguém se realiza, longe do amor, o amor é vital em nossas vidas, é a força que nos move o alimento que nos sustenta, o amor é a presença de Jesus em nós, e Jesus é a revelação do amor de Deus!
O nosso envolvimento no projeto de Deus, parte da nossa disposição em permanecer no amor de Jesus, sendo fiel aos seus mandamentos, como Ele fora fiel ao querer do Pai.
Quem ama, tudo que mais quer, é fazer a vontade da pessoa amada, portanto, se amamos verdadeiramente Jesus, faremos a sua vontade, e a sua vontade, é que todos nós, vivamos felizes, amando-nos mutualmente.
No evangelho que a liturgia de hoje nos convida a refletir, Jesus, continuando o seu discurso de despedida, passa para os discípulos suas ultimas instruções, deixando claro,  que a vida deles, também a nossa,  deve ser alicerçada no acolhimento e na observância de seus mandamentos, que tem como chave, o mandamento do amor!
“Quem acolheu os meus mandamentos e os observa, esse me ama.”
Jesus só se manifesta, à aqueles que o ama, pois estes, guardam as suas palavras.  Ao mundo, Jesus não se manifesta, porque o mundo despreza  suas palavras!
As palavras de Jesus, não encontram ressonância no coração de quem não o ama!
Não são com palavras bonitas, com longas orações, que vamos dar  testemunho do nosso amor a Jesus, e sim, com as nossas atitudes do dia a dia!
No final do texto, Jesus assegura aos discípulos, de que os acontecimentos que estavam por vir, não o separariam deles, pois o Pai lhes enviaria o Espírito Santo, que lhes faria recordar tudo o que Ele lhes havia ensinado  enquanto permaneceu fisicamente  com eles, isto é: por meio do Espírito Santo, Jesus estaria sempre  presente na vida deles!
Acolher a palavra de Jesus,  e colocá-la em prática, é dar a Ele uma resposta de amor, viver a dinâmica da escuta e da resposta a esta palavra de vida, é estar continuamente em comunhão com o Filho e com o Pai! 
Quem guarda as palavras de Jesus, caminha com segurança, pois nos momentos de indecisões, o Espírito Santo o fará recordar a palavra de Jesus, que fora guardada em seu coração, é esta palavra, que o levará a tomar as decisões certas, a fazer o que Jesus faria diante de tais situações.
Podemos até não ter todos os bens materiais que desejamos, mas, se guardarmos os ensinamentos de Jesus e nos observarmos no nosso dia a dia, com certeza, teremos tudo o  que precisamos, pois  com Jesus, o amor nunca nos faltará.
FIQUE NA PAZ DE JESUS! – Olivia Coutinho.
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6º DOMINGO DA PÁSCOA Ano B-Dehonianos



6 Maio 2018
06º Domingo da Páscoa – Ano B

Tema do 6º Domingo da Páscoa
A liturgia do 6º Domingo da Páscoa convida-nos a contemplar o amor de Deus, manifestado na pessoa, nos gestos e nas palavras de Jesus e dia a dia tornado presente na vida dos homens por acção dos discípulos de Jesus.
A segunda leitura apresenta uma das mais profundas e completas definições de Deus: “Deus é amor”. A vinda de Jesus ao encontro dos homens e a sua morte na cruz revelam a grandeza do amor de Deus pelos homens. Ser “filho de Deus” e “conhecer a Deus” é deixar-se envolver por este dinamismo de amor e amar os irmãos.
No Evangelho, Jesus define as coordenadas do “caminho” que os seus discípulos devem percorrer, ao longo da sua marcha pela história… Eles são os “amigos” a quem Jesus revelou o amor do Pai; a sua missão é testemunhar o amor de Deus no meio dos homens. Através desse testemunho, concretiza-se o projecto salvador de Deus e nasce o Homem Novo.
A primeira leitura afirma que essa salvação oferecida por Deus através de Jesus Cristo, e levada ao mundo pelos discípulos, se destina a todos os homens e mulheres, sem excepção. Para Deus, o que é decisivo não é a pertença a uma raça ou a um determinado grupo social, mas sim a disponibilidade para acolher a oferta que Ele faz.
LEITURA I – Act 10,25-26.34-35.44-48
Leitura dos Actos dos Apóstolos
Naqueles dias,
Pedro chegou a casa de Cornélio.
Este veio-lhe ao encontro
e prostrou-se a seus pés.
Mas Pedro levantou-o, dizendo:
«Levanta-te, que eu também sou um simples homem».
Pedro disse-lhe ainda:
«Na verdade, eu reconheço
que Deus não faz acepção de pessoas,
mas, em qualquer nação,
aquele que O teme e pratica a justiça é-Lhe agradável».
Ainda Pedro falava,
quando o Espírito desceu
sobre todos os que estavam a ouvir a palavra.
E todos os fiéis convertidos do judaísmo,
que tinham vindo com Pedro,
ficaram maravilhados ao verem que o Espírito Santo
se difundia também sobre os gentios,
pois ouviam-nos falar em diversas línguas e glorificar a Deus.
Pedro então declarou:
«Poderá alguém recusar a água do Baptismo
aos que receberam o Espírito Santo, como nós?»
E ordenou que fossem baptizados em nome de Jesus Cristo.
Então, pediram-lhe que ficasse alguns dias com eles.
AMBIENTE
O episódio do livro dos Actos dos Apóstolos que a leitura de hoje nos propõe faz parte de uma secção (cf. 9,32-11,18) cujo protagonista é Pedro. O tema central desta secção é a chegada do cristianismo aos pagãos.
A cena situa-nos em Cesareia, a grande cidade da costa palestina onde residia, habitualmente, o procurador romano da Judeia. No centro da cena está Cornélio, um centurião romano, que era “piedoso e temente a Deus”. O episódio refere-se à visita que Pedro faz a Cornélio, durante a qual lhe anuncia Jesus. Como resultado desse anúncio, dá-se a conversão de Cornélio e de toda a sua família.
Este episódio tem uma especial importância no esquema imaginado por Lucas para a expansão da Igreja… Cornélio é o primeiro pagão oficialmente admitido na comunidade de Jesus (em Act 8,26-40 fala-se de um etíope que foi baptizado por Filipe; mas esse etíope era já “prosélito” – isto é, simpatizante do judaísmo). Em relação ao pagão Cornélio, não há indicação de que ele estivesse ligado à religião judaica. A sua conversão marca uma viragem decisiva na proclamação do Evangelho que, a partir deste momento, se abre também aos pagãos.
Para os primeiros cristãos (oriundos do mundo judaico), não era claro que os pagãos tivessem acesso à salvação e que pudessem entrar na Igreja de Jesus. O pagão era um ser impuro, em casa de quem o bom judeu estava proibido de entrar, a fim de não se contaminar. Quereria Deus que a salvação fosse também anunciada aos pagãos?
Para Lucas, é perfeitamente claro que Deus também quer oferecer a salvação aos pagãos. Para deixar isso bem claro, Lucas põe Deus a dirigir toda a trama… É Deus que, numa visão, pede a Cornélio que mande chamar Pedro (cf. Act 10,1-8); e é Deus que arrebata Pedro “em êxtase” e o prepara para ir ao encontro de Cornélio (cf. Act 10,9-23). A conversão de Cornélio será, basicamente, histórica; as “visões” e os detalhes são, provavelmente, o cenário que Lucas monta para apresentar a sua catequese. Fundamentalmente, Lucas está interessado em deixar claro que Deus quer que a sua proposta de salvação chegue a todos os homens, sem excepção.
MENSAGEM
Depois de descrever a recepção de Pedro em casa de Cornélio, Lucas põe na boca de Pedro um discurso (do qual, no entanto, a leitura que nos é proposta só apresenta um pequeno extracto) onde ecoa o kerigma primitivo. Nesse discurso, Pedro anuncia Jesus (vers. 38a), a sua actividade (“andou de lugar em lugar fazendo o bem e curando todos os que eram oprimidos pelo diabo, porque Deus estava com Ele” – vers. 38b), a sua morte (vers. 39b), a sua ressurreição (vers. 40) e a dimensão salvífica da acção de Jesus (vers. 43b). É este o anúncio que Jesus encarregou os primeiros discípulos de testemunharem ao mundo inteiro.
O nosso texto acentua, especialmente, o facto de a mensagem da salvação se destinar a todas as nações, sem distinção de pessoas, de raças ou de povos. Logo no início do discurso, Pedro reconhece que “Deus não faz acepção de pessoas; em qualquer nação, aquele que O teme e pratica a justiça é-Lhe agradável” (vers. 34-35). Portanto, o anúncio sobre Jesus deve chegar a todos os cantos da terra.
Depois do anúncio feito por Pedro, há a efusão do Espírito “sobre quantos ouviam a Palavra” (vers. 44), sem distinção de judeus ou pagãos (vers. 45). O resultado do dom do Espírito é descrito com os mesmos elementos que apareceram no relato do dia do Pentecostes: todos “falavam línguas” e “glorificavam a Deus” (vers. 46). É a confirmação directa de que Deus oferece a salvação a todos os homens e mulheres, sem qualquer excepção. Pedro é o primeiro a tirar daí as devidas conclusões e a baptizar Cornélio e toda a sua família.
Os primeiros cristãos, oriundos do mundo judaico e marcados pela mentalidade judaica, consideravam que a salvação era, sobretudo, um dom de Deus para os judeus; os pagãos poderiam eventualmente ter acesso à salvação, desde que se convertessem ao judaísmo, aceitassem a Lei de Moisés e a circuncisão. O Espírito Santo veio, contudo, mostrar que a salvação oferecida por Deus, trazida por Cristo e testemunhada pelos discípulos, não é património ou monopólio dos judeus ou dos cristãos oriundos do judaísmo, mas um dom oferecido a todos os homens e mulheres que têm o coração aberto às propostas de Deus.
ACTUALIZAÇÃO
• O nosso texto pretende deixar claro que a salvação oferecida por Deus através de Jesus Cristo é um dom destinado a todos os homens e mulheres. Para Deus, o que é decisivo não é a pertença a uma raça ou a um determinado grupo social, mas sim a disponibilidade para acolher a oferta que Ele faz. A salvação só não chega àqueles que se fecham no orgulho e na auto-suficiência, recusando os dons de Deus. O Baptismo foi, para todos nós, o momento do nosso “sim” a Deus e à salvação que Ele oferece; mas é preciso que, em cada instante, renovemos esse primeiro “sim” e que vivamos numa permanente disponibilidade para acolher Deus, as suas propostas, os seus dons.
• Para nós, a ideia de que Deus não exclui ninguém da salvação e não faz acepção de pessoas parece um dado perfeitamente lógico e evidente. No entanto, a lógica universalista de Deus deve convidar-nos a reflectir acerca da forma como, na prática, acolhemos os irmãos que caminham ao nosso lado… O Deus que ama todos os homens, sem excepção, convida-nos a acolher todos os irmãos – mesmo os “diferentes”, mesmo os incómodos – com bondade, com compreensão, com amor; o Deus que derrama sobre todos a sua salvação convida-nos a não discriminar “bons” e “maus”, “santos” e “pecadores” (frequentemente, os nossos juízos acerca da “bondade” ou da “maldade” dos outros falham redondamente); o Deus que convida cada homem e cada mulher a integrar a comunidade da salvação diz-nos que temos de acolher e amar todos, independentemente da sua raça, da cor da sua pele, da sua origem, da sua preparação cultural, do seu lugar na escala social. Não apenas em teoria, mas sobretudo nos nossos gestos concretos, somos chamados a anunciar esse mundo de Deus, sem exclusão, sem marginalização, sem intolerância, sem preconceitos.
• Quando Pedro chega a casa de Cornélio, este veio-lhe ao encontro e prostrou-se a seus pés… Mas Pedro disse-lhe imediatamente: «levanta-te, que eu também sou um simples homem» (vers. 25-26). A atitude humilde de Pedro faz-nos pensar como são ridículas e desprovidas de sentido certas tentativas de afirmação pessoal diante dos irmãos, certas poses de superioridade, a busca de privilégios e de honras, as lutas pelos primeiros lugares… Aqueles a quem, numa comunidade, foi confiada a responsabilidade de presidir, de coordenar, de organizar, de animar, devem sentir-se “simples homens”, humildes instrumentos de Deus. A sua missão é testemunhar Jesus e não procurar privilégios ou a adoração dos irmãos.
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 97 (98)
Refrão 1: O Senhor manifestou a salvação a todos os povos.
Refrão 2: Diante dos povos manifestou Deus a salvação.
Cantai ao Senhor um cântico novo
pelas maravilhas que Ele operou.
A sua mão e o seu santo braço
Lhe deram a vitória.
O Senhor deu a conhecer a salvação,
revelou aos olhos das nações a sua justiça.
Recordou-Se da sua bondade e fidelidade
em favor da casa de Israel.
Os confins da terra puderam ver
a salvação do nosso Deus.
Aclamai o Senhor, terra inteira,
exultai de alegria e cantai.
LEITURA II – 1 Jo 4,7-10
Leitura da Primeira Epístola de São João
Caríssimos:
Amemo-nos uns aos outros,
porque o amor vem de Deus
e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece a Deus.
Quem não ama não conhece a Deus,
porque Deus é amor.
Assim se manifestou o amor de Deus para connosco:
Deus enviou ao mundo o seu Filho Unigénito,
para que vivamos por Ele.
Nisto consiste o amor:
não fomos nós que amámos a Deus,
mas foi Ele que nos amou
e enviou o seu Filho
como vítima de expiação pelos nossos pecados.
AMBIENTE
A Primeira Carta de João é, como vimos nos domingos anteriores, um escrito destinado às Igrejas joânicas da Ásia Menor, afectadas pelos ensinamentos de certas seitas heréticas. Essas seitas (que negavam elementos fundamentais da proposta cristã a propósito da encarnação de Cristo e do “mandamento do amor”) traziam os cristãos confusos e baralhados, sem saberem o caminho da verdadeira fé. Nesse contexto, o autor da carta vai apresentar uma espécie de síntese da doutrina cristã, detendo-se especialmente a esclarecer as questões mais polémicas.
Uma dessas questões polémicas (e à qual o autor da Primeira Carta de João dá grande importância) é a questão do amor ao próximo. Os hereges pré-gnósticos afirmavam que o essencial da fé residia na vida de comunhão com Deus e negligenciavam as realidades do mundo. Achavam que se podia descobrir “a luz” e estar próximo de Deus, mesmo odiando o próximo (cf. 1 Jo 2,9). Ora, de acordo com o autor da Primeira Carta de João, o amor ao próximo é uma exigência central da experiência cristã. A essência de Deus é amor; e ninguém pode dizer que está em comunhão com Ele se não se deixou contagiar e embeber pelo amor.
O texto que nos é proposto pertence à terceira parte da carta (cf. 1 Jo 4,7-5,12). Aí, o autor estabelece como critério da vida cristã autêntica a relação entre o amor a Deus e o amor aos irmãos. É nessa dupla dimensão que os cristãos devem encontrar a sua identidade.
MENSAGEM
Como cenário de fundo da reflexão que o autor da Primeira Carta de João apresenta, está a convicção de que “Deus é amor”. A expressão sugere que a característica mais marcante do ser de Deus é o amor; a actividade mais específica de Deus é amar. A prova indesmentível de que Deus é amor é o facto de Ele ter enviado o seu único Filho ao encontro dos homens, para os libertar do egoísmo, do sofrimento e da morte (vers. 9). Jesus Cristo, o Filho, cumprindo o plano do Pai, mostrou em gestos concretos, visíveis, palpáveis, o amor de Deus pelos homens, sobretudo pelos mais pobres, pelos excluídos, pelos marginalizados… Lutou até à morte para libertar os homens da escravidão, da opressão, do egoísmo, do sofrimento; aceitou morrer para nos indicar que o caminho da vida eterna e verdadeira é o caminho do dom da vida, da entrega a Deus e aos irmãos, do amor que se dá completamente sem guardar nada para si. Mais ainda: esse amor derrama-se sobre o homem mesmo quando ele segue caminhos errados e recusa Deus e as suas propostas. O amor de Deus é um amor incondicional, gratuito, desinteressado, que não exige nada em troca (vers. 10).
Os crentes são “filhos de Deus”. É a vida de Deus que circula neles e que deve transparecer nos seus gestos… Ora, se Deus é amor (e amor total, incondicional, radical), o amor deve ser uma realidade sempre presente na vida dos “filhos de Deus. Quem “conhece” Deus – isto é, quem vive numa relação próxima e íntima com Deus – tem de manifestar em gestos concretos essa vida de amor que lhe enche o coração (vers. 8). Os que “nasceram de Deus” devem, pois, amar os irmãos com o mesmo amor incondicional, desinteressado e gratuito que caracteriza o ser de Deus (vers. 7). O amor aos irmãos não é, pois, algo de acessório, de secundário, para o crente; mas é algo de essencial, de obrigatório. Ser “filho de Deus” e viver em comunhão com Deus exige que o amor transpareça nos gestos de todos os dias e nas relações que estabelecemos uns com os outros.
ACTUALIZAÇÃO
• “Deus é amor”. O autor da Primeira Carta de João não chegou a esta definição de Deus através de raciocínios académicos e abstractos, mas através da constatação do modo de actuar de Deus em relação aos homens. Sobretudo, ele “viu” o que aconteceu com Jesus e como Jesus mostrou, em gestos concretos, esse incrível amor de Deus pela humanidade. João convida-nos a contemplar Jesus e a tirar conclusões sobre o amor de Deus; convida-nos, também, a reparar nessas mil e uma pequenas coisas que trazem à nossa existência momentos únicos de alegria, de felicidade, de paz e a perceber nelas sinais concretos do amor de Deus, da sua presença ao nosso lado, da sua preocupação connosco. A certeza de que “Deus é amor” e que Ele nos ama com um amor sem limites é o melhor caminho para derrubar as barreiras de indiferença, de egoísmo, de auto-suficiência, de orgulho que tantas vezes nos impedem de viver em comunhão com Deus.
• O que é “nascer de Deus” ou ser “filho de Deus”? É ter sido baptizado e ter passado, por um acto institucional, a pertencer à Igreja? “Nascer de Deus” é receber vida de Deus e deixar que a vida de Deus circule em nós e se transforme em gestos. Não somos “filhos de Deus” porque um dia fomos baptizados; mas somos “filhos de Deus” porque um dia optámos por Deus, porque continuamos dia a dia a acolher essa vida que Ele nos oferece, porque vivemos em comunhão com Ele e porque damos testemunho desse Deus que é amor através dos nossos gestos.
• Se somos “filhos” desse Deus que é amor, “amemo-nos uns aos outros” com um amor igual ao de Deus – amor incondicional, gratuito, desinteressado. Um crente não pode passar a vida a olhar para o céu, ignorando as dores, as necessidades e as lutas dos irmãos que caminham pela vida ao seu lado… Também não pode fechar-se no seu egoísmo e comodismo e ignorar os dramas dos pobres, dos oprimidos, dos marginalizados… Não pode, tampouco, ser selectivo e amar só alguns, excluindo os outros… A vida de Deus que enche os corações dos crentes deve manifestar-se em gestos concretos de solidariedade, de serviço, de dom, em benefício de todos os irmãos.
ALELUIA – Jo 14,23
Aleluia. Aleluia.
Se alguém Me ama, guardará a minha palavra.
Meu Pai o amará e faremos nele a nossa morada.
EVANGELHO – Jo 15,9-17
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo,
Disse Jesus aos seus discípulos:
«Assim como o Pai Me amou, também Eu vos amei.
Permanecei no meu amor.
Se guardardes os meus mandamentos,
permanecereis no meu amor.
Se guardardes os meus mandamentos,
permanecereis no meu amor,
Assim como Eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai
e permaneço no seu amor.
Disse-vos estas coisas,
para que a minha alegria esteja em vós
e a vossa alegria seja completa.
É este o meu mandamento:
que vos ameis uns aos outros, como Eu vos amei.
Ninguém tem maior amor
do que aquele que dá a vida pelos amigos.
Vós sois meus amigos, se fizerdes o que Eu vos mando.
Já não vos chamo servos,
porque o servo não sabe o que faz o seu senhor;
mas chamo-vos amigos,
porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi a meu Pai.
Não fostes vós que Me escolhestes;
fui eu que vos escolhi e destinei,
para que vades e deis fruto
e o vosso fruto permaneça.
E assim, tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome,
Ele vo-lo concederá.
O que vos mando é que vos ameis uns aos outros».
AMBIENTE
O Evangelho deste domingo situa-nos, outra vez, em Jerusalém, numa noite de Quinta-feira do mês de Nisan do ano trinta. A festa da Páscoa está muito próxima e a cidade está cheia de forasteiros. Jesus também está na cidade com o seu grupo de discípulos.
Há já alguns dias que as autoridades judaicas tinham decidido eliminar Jesus (cf. Jo 11,45-57). A morte na cruz é agora mais do que uma probabilidade: é o cenário imediato; e Jesus está plenamente consciente disso. Os discípulos também já perceberam que estão num momento decisivo e que, nas próximas horas, Jesus lhes vai ser tirado. Estão apreensivos e com medo. Será que a aventura com Jesus chegou ao fim?
É neste contexto que podemos situar a última ceia de Jesus com os discípulos. Trata-se de uma “ceia de despedida” e tudo o que aí é dito por Jesus soa a “testamento final”… Jesus sabe que vai partir para o Pai e que os discípulos ficarão no mundo, continuando e testemunhando o projecto do “Reino”. Nesse momento de despedida, as palavras de Jesus recordam aos discípulos o essencial da mensagem e apresentam-lhes as grandes coordenadas desse projecto que eles devem continuar a concretizar no mundo.
No texto que nos é proposto, Jesus procura apontar à sua comunidade (de ontem, mas também de hoje e de sempre) o verdadeiro “caminho do discípulo” – o caminho da união a Jesus e ao Pai. Na perícopa anterior (cf. Jo 15,1-8), Jesus tinha usado, para tratar este tema, a imagem dos ramos (discípulos) que hão-de dar fruto (missão) pela sua união com a videira (Jesus), plantada pelo agricultor (Deus); agora, Jesus fala dos discípulos como “os amigos” que Ele escolheu para colaborarem com Ele na missão.
MENSAGEM
Neste discurso de despedida de Jesus aos discípulos, João propõe-nos uma catequese onde são apresentadas as principais coordenadas desse “caminho” que os discípulos devem percorrer, após a partida de Jesus deste mundo. João refere-se, de forma especial, à relação de Jesus com os discípulos e à missão que os discípulos serão chamados a desempenhar no mundo.
1. A relação do Pai com Jesus é o modelo da relação de Jesus com os discípulos. O Pai amou Jesus e demonstrou-Lhe sempre o seu amor; e Jesus correspondeu ao amor do Pai, cumprindo os seus mandamentos… Da mesma forma, Jesus amou os discípulos e demonstrou-lhes sempre o seu amor; e os discípulos devem corresponder ao amor de Jesus, cumprindo os seus mandamentos (vers. 9-10).
2. Quais são esses mandamentos do Pai que Jesus procurou cumprir com total fidelidade e obediência? João refere-se aqui, evidentemente, ao cumprimento do projecto de salvação que Deus tinha para os homens e que confiou a Jesus. Jesus, com absoluta fidelidade, cumpriu os “mandamentos” do Pai e apresentou aos homens uma proposta de salvação… Libertou os homens da opressão da Lei, lutou contra as estruturas que escravizavam os homens e os mantinham prisioneiros das trevas; ensinou os homens a viver no amor – no amor que se faz serviço, doação, entrega até às últimas consequências. Apresentou-lhes, dessa forma, um caminho de liberdade e de vida plena. Da acção de Jesus nasceu o Homem Novo, livre do egoísmo e do pecado, capaz de estabelecer novas relações com os outros homens e com Deus.
Os discípulos são o fruto da obra de Jesus. Eles formam uma comunidade de homens livres, que acolheram e assimilaram a proposta salvadora que o Pai lhes apresentou em Jesus. Eles nasceram do amor do Pai, amor que se fez presente na acção, nos gestos, nas palavras de Jesus.
3. Agora os discípulos, nascidos da acção de Jesus, estão vinculados a Jesus. Devem, portanto, cumprir os “mandamentos” de Jesus como Jesus cumpriu os “mandamentos” do Pai. Eles devem, como Jesus, ser testemunhas da salvação de Deus e levar a libertação aos irmãos. Essa proposta que Jesus faz aos discípulos é uma proposta que conduz à vida, à realização plena, à alegria (vers. 11).
4. A proposta de salvação que Jesus faz aos homens e da qual nascerá o Homem Novo resume-se no amor (“é este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros, como Eu vos amei” – vers. 12). Jesus amou totalmente, até às últimas consequências, até ao dom da vida (vers. 13). Como Jesus, através do amor, manifestou aos homens a salvação de Deus, assim também devem fazer os discípulos. Eles devem amar-se uns aos outros com um amor que é serviço simples e humilde, doação total, entrega radical. Desse amor nasce a comunidade do Reino, a comunidade do mundo novo, que testemunha, através do amor, a salvação de Deus. Deus faz-Se presente no mundo e age para libertar os homens através desse amor desinteressado, gratuito, total, que tem a marca de Jesus e que os discípulos são chamados a testemunhar.
5. Como é a relação entre Jesus e esta comunidade de Homens Novos que aprenderam com Jesus a viver no amor e que são as testemunhas no mundo da salvação de Deus?
Esta comunidade de homens novos, que ama sem medida e que aceita fazer da própria vida um dom total aos irmãos, é a comunidade dos “amigos” de Jesus (vers. 14). A relação que Jesus tem com os membros dessa comunidade não é uma relação de “senhor” e de “servos”, mas uma relação de “amigos”, pois o amor colocou Jesus e os discípulos ao mesmo nível. Jesus continua a ser o centro do grupo, mas não se põe acima do grupo.
Estes “amigos” colaboram todos numa tarefa comum. Têm todos a mesma missão (testemunhar, através do amor, a salvação de Deus) e são todos responsáveis para que a missão se concretize. Os discípulos não são servos a soldo de um senhor, mas amigos que, voluntariamente e cheios de alegria e entusiasmo, colaboram na tarefa.
Entre esses “amigos”, há total comunicação e confiança (o “servo” não conhece os planos do “senhor”; mas o “amigo” partilha com o outro “amigo” os seus planos e projectos). Aos seus “amigos”, Jesus comunicou-lhes o projecto de salvação que o Pai tinha para os homens e também a forma de realizar esse projecto (através do amor, da entrega, do dom da vida). Jesus revela Deus aos “amigos”, não através de enunciados sobre o ser de Deus, mas mostrando, com a sua pessoa e a sua actividade, que o Pai é amor sem limites e trabalha em favor do homem.
6. Os discípulos (os “amigos”) são os eleitos de Jesus, aqueles que Ele escolheu, chamou e enviou ao mundo a dar fruto (vers. 16a). Tal não significa que Jesus chame uns e rejeite outros; significa que a iniciativa não é dos discípulos e que a sua aproximação à comunidade do Reino é apenas uma resposta ao desafio que Jesus apresenta.
O objectivo desse chamamento é a missão (“escolhi-vos e destinei-vos para que vades e deis fruto” – vers. 16b). Jesus não quer constituir uma comunidade fechada, isolada, voltada para si própria, mas uma comunidade que vá ao encontro do mundo, que continue a sua obra, que testemunhe o amor, que leve a todos os homens o projecto libertador e salvador de Deus. O resultado da acção dos discípulos de Jesus será o nascimento do Homem Novo – isto é, de homens adultos, livres, responsáveis, animados pelo Espírito, que reproduzem os gestos de amor de Jesus no meio do mundo. Dessa forma, concretizar-se-á o projecto salvador de Deus. Esse “fruto” deve permanecer – quer dizer, deve tornar-se uma realidade efectivamente presente no mundo, capaz de transformar o mundo e a vida dos homens. Quanto mais forte for a intensidade do vínculo que une os discípulos a Jesus, mais frutos nascerão da acção dos discípulos.
Nessa acção, os discípulos não estarão sozinhos. O amor do Pai e a união com Jesus sustentarão os discípulos que, no meio do mundo, se empenham em realizar o projecto de salvar o homem (16c).
7. O nosso texto termina com uma nova referência ao mandamento de Jesus: “amai-vos uns aos outros” (vers. 17). O amor partilhado é a condição para estar vinculado a Jesus e para dar fruto. Se este mandamento se cumpre, Jesus estará sempre presente ao lado dos seus discípulos; e, essa presença impulsionará a comunidade e sustentá-la-á na sua actividade em favor do homem.
ACTUALIZAÇÃO
• As palavras de Jesus aos discípulos na “ceia de despedida” deixam claro, antes de mais, que os discípulos não estão sozinhos e perdidos no mundo, mas que o próprio Jesus estará sempre com eles, oferecendo-lhes em cada instante a sua vida. Este é o primeiro grande ensinamento do nosso texto: a comunidade de Jesus continuará, ao longo da sua marcha pela história, a receber vida de Jesus e a ser acompanhada por Jesus. Nos momentos de crise, de desilusão, de frustração, de perseguição, não podemos esquecer que Jesus continua ao nosso lado, dando-nos coragem e esperança, lutando connosco para vencer as forças da opressão e da morte.
• Os discípulos são os “amigos” de Jesus. Jesus escolheu-os, chamou-os, partilhou com eles o conhecimento e o projecto do Pai, associou-os à sua missão; estabeleceu com eles uma relação de confiança, de proximidade, de intimidade, de comunhão. Este tipo de relação que Jesus quis estabelecer com os discípulos não exclui, no entanto, que Ele continue a ser o centro e a referência, à volta da qual se constrói a comunidade dos discípulos. Jesus é, de facto, o centro à volta do qual se articula a vida das nossas comunidades? Que lugar é que Ele ocupa na nossa vida? Como é que no dia a dia desenvolvemos e aprofundamos o nosso encontro e a nossa comunhão com Ele?
• Fazer parte da comunidade dos “amigos” de Jesus não é ficar “a olhar para o céu”, contemplando e admirando Jesus; mas é aceitar o convite que Jesus faz no sentido de colaborar na missão que o Pai Lhe confiou e que consiste em testemunhar no mundo o projecto salvador de Deus para os homens. Compete-nos a nós, os “amigos” de Jesus, mostrar em gestos concretos que Deus ama cada homem e cada mulher – e de forma especial os pobres, os marginalizados, os débeis, os pequenos, os oprimidos; compete-nos a nós, os “amigos” de Jesus, eliminar o sofrimento, o egoísmo, a miséria, a injustiça, tudo o que oprime e escraviza os irmãos e desfeia o mundo; compete-nos a nós, os “amigos” de Jesus, sermos arautos da justiça, da paz, da reconciliação, do amor; compete-nos a nós, “amigos” de Jesus, denunciarmos os pseudo-valores que oprimem e escravizam os homens… Nós, os “amigos” de Jesus, temos de ser testemunhas desse mundo novo que Deus quer oferecer aos homens e que Jesus anunciou na sua pessoa, nas suas palavras e nos seus gestos. Estamos, de facto, disponíveis para colaborar com Jesus nessa missão?
• Sobretudo, os “amigos” de Jesus devem amar como Ele amou. Jesus cumpriu os “mandamentos” do Pai – isto é, o projecto de Deus para salvar e libertar os homens – fazendo da sua vida um dom total de amor, sem limites nem condições; a cruz é a expressão máxima dessa vida vivida exclusivamente para os outros. É esse o caminho que Jesus propõe aos seus discípulos (“é este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei”). É aqui que reside a “identidade” dos discípulos de Jesus… Os cristãos são aqueles que testemunham diante do mundo, com palavras e com gestos, que o mundo novo que Deus quer oferecer aos homens, se constrói através do amor. O que é que condiciona a nossa vida, as nossas opções, as nossas tomadas de posição: o amor, ou o egoísmo? As nossas comunidades são, realmente, cartazes vivos que anunciam o amor, ou são espaços de conflito, de divisão, de luta pelos próprios interesses, de realização de projectos egoístas?
ALGUMAS SUGESTÕES PRÁTICAS PARA O 6º DOMINGO DE PÁSCOA
(adaptadas de “Signes d’aujourd’hui”)
1. A PALAVRA MEDITADA AO LONGO DA SEMANA.
Ao longo dos dias da semana anterior ao 6º Domingo de Páscoa, procurar meditar a Palavra de Deus deste domingo. Meditá-la pessoalmente, uma leitura em cada dia, por exemplo… Escolher um dia da semana para a meditação comunitária da Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de padres, num grupo de movimentos eclesiais, numa comunidade religiosa… Aproveitar, sobretudo, a semana para viver em pleno a Palavra de Deus…
2. BILHETE DE EVANGELHO.
Jesus não se contentou em dizer: “amai-vos uns aos outros”. Antes e depois d’Ele, muitos recomendaram isso. Mas Jesus precisa: “como o Pai Me amou, também Eu vos amei”. Tudo está nesta conjunção “como”, porque Jesus pede para vivermos o que Ele próprio viveu. É isso um verdadeiro testemunho. É o testemunho que Ele dá algumas horas antes da sua última refeição, quando lava os pés aos seus discípulos, dizendo-lhes: “é um exemplo que vos dei a fim de que vós façais também como Eu fiz”. Isso chama-se coerência. Jesus manifestou sempre a coerência entre as suas palavras e os seus actos. Se Ele chama os discípulos “amigos” e não “servos”, é porque os faz confidentes do seu pensamento e convivas da sua refeição, e é pelo seu testemunho, o do amor mútuo, que eles serão, por sua vez, autênticos testemunhos.
3. À ESCUTA DA PALAVRA.
O amor, sempre o amor… Não haverá exagero, na Igreja, em falar sempre de amor? Muitos cristãos hoje, incluindo muitos jovens, têm saudade de uma religião forte, que ensine a lei, os mandamentos e a exigência da moral, recorrendo a uma estrita disciplina. Evidentemente, para que isso seja eficaz, é preciso falar mais do pecado e insistir na ameaça das punições divinas! Porém… Nestes nove versículos de São João, as palavras “amar”, “amor”, “amigo” aparecem doze vezes! Como fugir a isso? Jesus faz depender tudo de uma fonte primeira: “assim como o Pai Me amou, também Eu vos amei. Permanecei no meu amor”. Falando do amor de Deus, cometemos muito facilmente o erro de transpor para Deus a nossa maneira humana de amar. O amor que conhecemos implica sempre uma reciprocidade: ser amado para amar, receber para dar. Imaginamos então que o amor de Deus por nós depende da nossa maneira de o receber e de lhe responder. Ora, fazendo assim, esquecemos a palavra de São João: “não fomos nós que amámos Deus, foi Ele que primeiro nos amou”. O amor de Deus por nós existe antes de nós. Eu posso recusar este amor, mas Deus jamais deixará de me amar. Nunca poderei esgotar o seu amor. Somente deixando-me amar por Ele, chegarei, pouco a pouco, a amar como Ele me ama!
4. PARA A SEMANA QUE SE SEGUE…
Ser verdadeiro… Tenhamos, nesta semana, a coragem de responder em verdade à declaração de amor que o Senhor nos faz. A cada um de nós, Ele diz: “Escolhi-te”. Sinceramente, no fundo de mim mesmo, o que respondo? Sou verdadeiramente feliz por isso? Como é que esta escolha do Senhor dá fruto?
UNIDOS PELA PALAVRA DE DEUS
PROPOSTA PARA
ESCUTAR, PARTILHAR, VIVER E ANUNCIAR A PALAVRA NAS COMUNIDADES DEHONIANAS
Grupo Dinamizador:
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)
Rua Cidade de Tete, 10 – 1800-129 LISBOA – Portugal
Tel. 218540900 – Fax: 218540909
portugal@dehonianos.org – www.dehonianos.pt

Eu sou a videira-Dehonianos


2 Maio 2018
5ª Semana –Quarta-feira – Páscoa
Lectio
Primeira leitura: Actos 15, 1-6
Naqueles dias, 1alguns homens que tinham descido da Judeia ensinavam aos irmãos: «Se não vos circuncidardes, de harmonia com o uso herdado de Moisés, não podereis ser salvos.» 2Depois de muita confusão e de uma controvérsia bastante viva de Paulo e Barnabé contra eles, foi resolvido que Paulo, Barnabé e mais alguns outros subissem a Jerusalém para consultarem, sobre esta questão, os Apóstolos e os Anciãos. 3Então, depois de despedidos pela igreja, atravessaram a Fenícia e a Samaria, relatando a conversão dos pagãos, o que causava imensa alegria a todos os irmãos. 4Chegados a Jerusalém, foram recebidos pela igreja, pelos Apóstolos e Anciãos e contaram tudo o que Deus fizera com eles. 5Levantaram-se alguns do partido dos fariseus, que tinham abraçado a fé, dizendo que era preciso circuncidar os pagãos e impor-lhes a observância da Lei de Moisés. 6Os Apóstolos e os Anciãos reuniram-se para examinarem a questão.
O conflito que levou ao Concílio de Jerusalém, julgado do nosso ponto de vista, pode parecer-nos infantil. Mas, observado a partir do contexto que o provocou, revela- se mais sério, e podemos compreender melhor a angústia dos irmãos de Jerusalém. Esta narração do livro dos Actos (capítulo 15) é o eixo à volta do qual gira toda a obra de Lucas. O Concílio de Jerusalém resolveu, ou lançou as bases para a resolução, do maior problema e da crise que afectava a Igreja, pois afirmou a liberdade do Evangelho, salvando, ao mesmo tempo, a unidade da mesma Igreja. As questões eram várias entre os judeo-cristãos: que valor tinha o Antigo Testamento, particularmente a Lei, em relação ao novo povo de Deus? Há continuidade no plano de Deus, supondo a novidade radical do cristianismo? Mas, do ponto de vista dos étnico-cristãos, também havia questões: para ser cristão, havia que aceitar a Lei judaica? O caminho que leva ao cristianismo terá necessariamente de passar pelo judaísmo? Quem quer tornar-se cristão terá de tornar-se antes judeu? É preciso aceitar o rito da circuncisão e outros pormenores legais? Se o cristianismo queria ser universal, não podia impor práticas específicas de um determinado povo. Estas e outras questões exigiam a reflexão aprofundada da Igreja. Por isso, «os Apóstolos e os Anciãos reuniram-se para examinarem a questão» (v. 6).
Evangelho: João 15, 1-8
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 1«Eu sou a videira verdadeira e o meu Pai é o agricultor. 2Ele corta todo o ramo que não dá fruto em mim e poda o que dá fruto, para que dê mais fruto ainda. 3Vós já estais purificados pela palavra que vos tenho anunciado. 4Permanecei em mim, que Eu permaneço em vós. Tal como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, mas só permanecendo na videira, assim também acontecerá convosco, se não permanecerdes em mim. 5Eu sou a videira; vós, os ramos. Quem permanece em mim e Eu nele, esse dá muito fruto, pois, sem mim, nada podeis fazer. 6Se alguém não permanece em mim, é lançado fora, como um ramo, e seca. Esses são apanhados e lançados ao fogo, e ardem. 7Se permanecerdes em mim e as minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes, e assim vos
acontecerá. 8Nisto se manifesta a glória do meu Pai: em que deis muito fruto e vos comporteis como meus discípulos.»
A palavra-chave deste texto é claramente «permanecer», até pelas vezes que é repetida. O «discurso de adeus» de Jesus centra-se, agora, na sua relação com os Apóstolos e sobre a comunhão real e profunda que há entre Ele e os que acreditam nele.
Enquanto o capítulo 14 de João se caracterizava pelo imperativo de
«acreditar» em Jesus, agora caracteriza-se pela exigência de permanecer n’ Ele. Encontramos esta mesma imagem de «permanecer» a propósito da Eucaristia (6, 56). Este «permanecer» deve portanto entender-se em conexão com a Eucaristia.
Jesus está para enfrentar a morte. Mas continua a ser, para os seus, fonte de vida e de santidade. Unidos a Ele podem muito fruto (15, 6).
Ao contrário de Israel, videira infecunda e resistente aos cuidados de Deus (cf. Is 5), Jesus é a videira verdadeira, que produz frutos e corresponde aos cuidados do Pai. Com esta imagem, Jesus quer explicar a surpreendente união vital que oferece aos que nele acreditam, os compromissos que essa união implica e as expectativas de Deus sobre ela. Jesus é o primogénito da nova humanidade em virtude do sacrifício redentor oferecido na cruz. Ele é a cepa santa donde brota a seiva que dá vida às varas e que nelas produz frutos. Quem permanece unido a Ele, vive e pode dar frutos. Quem produzir frutos será purificado para produzir ainda mais. Esta purificação é realizada pela palavra acolhida no coração.
Meditatio
As duas leituras, que hoje escutamos, têm uma ligação entre elas que, à primeira vista parece não existir. O evangelho apresenta-nos a alegoria da videira, que nos introduz num clima de profunda intimidade: «Permanecei em mim, que Eu permaneço em vós» (v. 4). A primeira leitura fala de exigências legais. Paulo e Barnabé chegam a Jerusalém contam as maravilhas operadas por Deus entre os pagãos e, alguns do partido dos fariseus insistem que é preciso «circuncidar os pagãos e impor-lhes a observância da Lei de Moisés». Qual é, então, a ligação entre as duas leituras? O evangelho leva-nos a compreendê-la quando recorda as palavras de Jesus: «Tal como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, mas só permanecendo na videira, assim também acontecerá convosco, se não permanecerdes em mim» (v. 4). Sem Jesus nada se pode fazer. Só Ele é o fundamento da nossa vida. E não temos o direito de procurar outro fundamento para ela, ou de acrescentar a Cristo outra realidade que não seja Ele. Era o que pretendiam fazer os cristãos vindos do judaísmo. Não percebiam que, tendo aderido a Cristo, deviam abandonar as antigas perspectivas, porque não há dois fundamentos, nem duas fontes de vida, mas uma só: Cristo. É nele que havemos de pôr toda a nossa fé e toda a nossa confiança. O baptismo, que nos une a Cristo, como varas à cepa, é quanto basta. De Cristo recebemos a seiva divina, que é o Espírito Santo, que nos dá a vida, e produz em nós os seus frutos, a começar pela da caridade.
As nossas Constituições citam a alegoria da videira para falar da união a
Cristo, que é o princípio e o centro da nossa vida, o nosso caminho de santidade, tal como foi para o Pe. Dehon (cf. Cst 17): «A vara não pode
dar fruto por si mesma, se não permanece na cepa… permanecei em Mim» (Jo 15, 4). O mesmo n.
17 indica os meios para tornar frutuosa a nossa vida de varas: permanecer na
«escuta da Palavra» e «na partilha do Pão». O n. 18 acrescenta o amor e o serviço aos irmãos, especialmente aos mais fracos. O n. 20 fala da contemplação do Lado aberto e do Coração trespassado. São os «lugares» para vivermos e crescermos na união a Cristo, para que Ele «habite» cada vez mais intimamente “pela fé” nos
nossos “corações, de sorte que, enraizados e fundados no amor” possamos “compreender… a largura e o comprimento, a altura e a profundidade e conhecer, enfim, o amor de Cristo que excede todo o conhecimento, para sermos repletos da plenitude de Deus" (cf. Ef 3, 17-19).
Oratio
Senhor Jesus, a união Contigo é, de facto, o princípio e o centro da minha vida. Contigo estou vivo; sem Ti estou morto. Contigo, envolve-me o rio imortal da vida divina, que me leva ao oceano divino e sem limites, onde jamais se põe o sol. Contigo sou tudo; sem Ti sou nada!
Dou-Te graças, Senhor, porque vieste ligar-me ao Pai, fonte de vida perene. Liga-me fortemente a Ti, para que não me torne uma vara separada, uma vara sem fruto. Faz-me compreender que a união Contigo é o caminho para a santidade e ajuda-me a vivê-la e a aprofundá-la na escuta da palavra, na celebração da Eucaristia, no amor aos irmãos e na contemplação do teu Lado aberto e do teu coração trespassado. E que a união Contigo permita ao teu Espírito produzir em mim todos os seus frutos, particularmente um ardente amor ao Pai e um generoso amor aos irmãos. Amen.
Contemplatio
«Eu sou a videira verdadeira e meu Pai é o agricultor». Jesus passa junto das vinhas que eram podadas naquela estação. Vê os ramos vivos carregados de botões e os ramos cortados caídos por terra, é um belo tema para uma parábola. «Eu sou a videira verdadeira, diz, a videira cheia de seiva e de vida». Pensava no seu sangue, semelhante ao vinho da vinha, que ia muito em breve correr sob a prensa da agonia.
«O meu Pai, diz, é o agricultor, que cultiva com amor a videira e os ramos». – Os
frutos que o agricultor celeste espera da sua vinha são aqueles que a alma leva unida a Jesus Cristo, como os ramos estão unidos à cepa. A alma cristã está enxertada em Jesus Cristo, regenerada por ele, e elevada até a esta perfeição que faz dos seus actos outros tantos frutos divinos: frutos de humildade, de paz, de modéstia, de piedade, de pureza, de zelo, de silêncio, de recolhimento, de sacrifício, de morte para si mesmo; frutos de vida interior e de união constante.
A vinha vulgar da nossa natureza humana não produz nada de tudo isto. São necessários o enxerto e a seiva divina.
«Permanecei em mim». Permaneçamos agarrados à videira. O agricultor corta da videira os ramos mortos e aqueles que não dão frutos. Limpa as varas que dão frutos, para que produzam ainda mais.
«É assim que fará o Pai celeste, diz-nos Nosso Senhor: todo o ramo que não der fruto em mim, cortá-lo-á; atirá-lo-á para longe de mim, será privado da seiva que é a graça e cairá na morte espiritual. Mas os que prometem fruto, podá-los-á, purificá-los-á através de alguma prova e curá-los-á das suas inclinações depravadas, para que dêem ainda mais frutos».
«Quanto a vós, dizia ainda Nosso Senhor, estais todos podados e purificados pelas instruções que vos dei; mas para que esta purificação se conserve e complete, para que a vossa fecundidade em obras de salvação se desenvolva, uni-vos sempre mais intimamente a mim, permanecei em mim e eu, por minha parte, permanecerei em vós. Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na vinha, se não está aderente à cepa donde tira a seiva vivificante, assim não podeis produzir nada, se não permanecerdes em mim» (Leão Dehon, OSP 3, p. 457s.).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
,,Permanecei em mim,, (Jo 15, 4).
  

Deixo-vos a paz-Dehonianos


1 Maio 2018
5ª Semana –Terça-feira – Páscoa
Lectio
Primeira leitura: Actos 14, 19-28
Naqueles dias, 19apareceram, então, vindos de Antioquia e de Icónio, alguns judeus que aliciaram o povo, apedrejaram Paulo e, julgando-o morto, arrastaram-no para fora da cidade. 20Mas, como os discípulos o tivessem rodeado, ele ergueu-se e voltou para a cidade. No dia seguinte, partiu para Derbe com Barnabé.
21Depois de terem anunciado a Boa-Nova àquela cidade e de terem feito numerosos discípulos, Paulo e Barnabé voltaram a Listra, Icónio e Antioquia.
22Fortaleciam a alma dos discípulos, encorajavam-nos a manterem-se firmes na fé,
porque, diziam eles: «Temos de sofrer muitas tribulações para entrarmos no Reino de Deus.» 23Depois de lhes terem constituído anciãos em cada igreja, pela imposição das mãos, e de terem feito orações acompanhadas de jejum, recomendaram-nos ao Senhor, em quem tinham acreditado. 24A seguir, atravessaram a Pisídia, chegaram à Panfília e, 25depois de anunciarem a palavra em Perga, desceram a Atália. 26De lá, foram de barco para Antioquia, de onde tinham partido, confiados na graça de Deus, para o trabalho que agora acabavam de realizar. 27Assim que chegaram, reuniram a igreja e contaram tudo o que Deus fizera com eles, e como abrira aos pagãos a porta da fé. 28E demoraram-se bastante tempo com os discípulos.
O mundo pagão aceitou com facilidade e entusiasmo o Evangelho. Mas os judeus continuam a reagir com hostilidade aos evangelizadores. É o que revela o episódio narrado no início da perícopa que escutamos hoje. Paulo salvou-se porque os discípulos o rodearam (v. 20), isto é, o defenderam.
Antes de fazer regressar os missionários à igreja mãe de Antioquia, Lucas oferece-nos alguns dados da máxima importância. Paulo e Barnabé repetem a visita às comunidades já evangelizadas para as ajudar na consolidação da fé. Trata-se de uma verdadeira «visita pastoral», em que os apóstolos encorajam os fiéis e lançam as bases de uma organização eclesiástica (v. 23), que permite a continuidade das igrejas, que lhes custaram «muitas tribulações» (v. 22). A viagem de regresso é descrita de modo sucinto. Ao chegarem a Antioquia prestaram contas do seu trabalho aos irmãos:
«contaram tudo o que Deus fizera com eles, e como abrira aos pagãos a porta da fé» (v. 27). Para a comunidade de Antioquia, a abertura do Evangelho aos pagãos, era dado adquirido. Mas, na igreja mãe, de Jerusalém nem todos partilhavam dessa opinião. Vão surgir novas tensões, mas também esclarecimentos decisivos.
Evangelho: João 14, 27-31a
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 27«Deixo-vos a paz; dou-vos a minha paz. Não é como a dá o mundo, que Eu vo-la dou. Não se perturbe o vosso coração nem se acobarde. 28Ouvistes o que Eu vos disse: ‘Eu vou, mas voltarei a vós.’ Se me tivésseis amor, havíeis de alegrar-vos por Eu ir para o Pai, pois o Pai é mais do que Eu. 29Digo-vo-lo agora, antes que aconteça, para crerdes quando isso acontecer.
30Já não falarei muito convosco, pois está a chegar o dominador deste mundo; ele nada pode contra mim, 31mas o mundo tem de saber que Eu amo o Pai e actuo como o Pai me mandou. Levantai-vos, vamo-nos daqui!»
Jesus, ao despedir-se dos seus discípulos, dirige-lhes palavras de adeus e de conforto. O nosso texto começa com o dom da paz (shalom), que inclui todos os bens messiânicos: «Deixo-vos a paz; dou-vos a minha paz» (v. 27). A partida de Jesus não deve causar perturbação ou medo nos seus: «Não se perturbe o vosso coração» (v. 27). Jesus liberta-se da humilhação do seu ministério terreno e caminha para a glória
do Pai. Ao anunciar a sua morte, Jesus quer apoiar a fé dos discípulos e fazer-lhes ver que o que vai acontecer entra nos planos de Deus.
O tempo do ministério terreno de Jesus está a terminar, porque «está a chegar o dominador deste mundo» (v. 30). Mas, ainda que ele venha precipitar o fim de Jesus, por meio de Judas Iscariotes, Satanás não tem poder sobre Ele. O poder do Demónio sobre o homem depende dos seus pecados, e Jesus não tem pecado. Por outro lado, o mundo deve saber que Jesus ama o Pai. Ama e obedece. Cumpre o mandamento que recebeu dele e, por isso, entrega a vida. Este é um argumento para que o mundo saiba que Jesus ama o Pai.
Meditatio
«Deixo-vos a paz; dou-vos a minha paz» (v. 27). A paz é um dom que Jesus derrama nos nossos corações. Jesus vive em nós e, com Ele, está o Pai e está o Espírito Santo. Quem nos pode perturbar? Paulo, apedrejado, e julgado morto, ergue-se, volta à cidade, anuncia a Boa Nova, faz numerosas conversões e parte para animar na fé e encorajar as comunidades de Listra, Icónio e Antioquia, que também passavam por dificuldades: «Temos de sofrer muitas tribulações para entrarmos no Reino de Deus»,
– dizia-lhes. O Apóstolo resiste e está tranquilo porque tem em si a paz do Senhor, uma paz que o mundo não pode compreender. Essa paz leva-o a afirmar: «Comprazo-me nas fraquezas, nas afrontas, nas necessidades, nas perseguições e nas angústias, por Cristo. Pois quando sou fraco, então é que sou forte» (2 Cor 12, 10). Pedro também dirá: «Alegrai-vos, pois assim como participais dos padecimentos de Cristo, assim também rejubilareis de alegria na altura da revelação da sua glória» (1 Pe 4, 13).
Vivemos num mundo cheio de ameaças, as nossas paixões não dão tréguas, tudo
parece avançar como se Deus não existisse. E, como os discípulos que, na escuridão da noite, se debatiam contra os ventos e contra as ondas do mar, também nós nos enchemos de pavor. Assaltam-nos as dúvidas e a nossa fé entra em crise. Deus cala-se dentro de nós. Parece jogar às escondidas. Não responde aos nossos gritos. É a noite escura da fé. É o momento de a exercitarmos para sentirmos o que não sentimos e vermos o que não vemos. É essa a fé que está na base da paz, que vem da comunhão com Deus. Fé em Deus presente, mas ainda não completamente possuído, fé que amadurece na ausência do Esposo, que se aperfeiçoa na busca do Esposo, fé que se purifica nos momentos mais duros e atrozes. As vidas dos Santos mostram-nos tantos exemplos do que estamos a dizer!
A paz vem-nos de um olhar de fé sobre a realidade de um Deus presente, mas procurado com o ardor de um coração ferido pela sua ausência. A paz vem quando se aceita o mistério da ausência de Deus, o seu silêncio, o sofrimento e o mistério da cruz como o momento mais alto do amor de Deus e do testemunho do nosso amor por Ele.
As nossas Constituições lembram-nos: «A vida reparadora será, por vezes,
vivida na oferta dos sofrimentos suportados com paciência e abandono, mesmo na noite escura e na solidão, como eminente e misteriosa comunhão com os sofrimentos e com a morte de Cristo pela redenção do mundo» (n. 24); «Para Glória e Alegria de Deus» (n. 25). Há que não esquecê-lo, quando a tribulação nos bate à porta. Só assim manteremos a paz.
Oratio
Senhor Jesus Cristo, dá-me a paz, dá-me a tua paz. Quantas vezes, procuro paz onde ela não se pode encontrar: longe da cruz, fugindo de tudo o que me incomoda, evitando quem me faz perder a paciência, esquivando-me do que me pode causar aborrecimento e fechando os olhos ao sofrimento dos outros! São tentações que me assaltam frequentemente, como sabes, Senhor! São tentações que me fazem afastar o olhar de Ti, fonte da paz, que me fazem esquecer as tuas palavras construtoras da paz sólida e perene.
Vence, Senhor, as minhas tentações. Que a tua voz ecoe no meu coração perturbado e me ensine os teus caminhos, aqueles que levam à tua paz. Amen.
Contemplatio
O Espírito Santo é o espírito de paz. É como tal que Nosso Senhor no-lo deixa. Dar-nos-á a paz, não aquela do mundo que é falsa, baseada na ilusão e na cegueira, mas uma paz verdadeira, a dos filhos de Deus; uma paz que acalma todas as inquietações da consciência, que consola de todas as mágoas da vida; uma paz que o mundo não conhece, que nada pode perturbar e que é um antegozo das doçuras celestes.
Esta paz é o fruto do Espírito Santo; repousa sobre a contrição, a humildade,
o amor do Sagrado Coração e sobre o abandono. «Ne turbetur cor vestrum. Não vos entristeçais, não vos perturbeis por causa da minha ausência. Estou ainda convosco», diz-nos Nosso Senhor. «O meu Espírito vos consolará. Ele alimentará e fortificará a vossa fé. Dir-vos-á que se fui para o Céu, foi para vo-lo abrir e para lá vos preparar uma morada eterna, junto de mim e de meu Pai, vado parare vobis locum… accipiam vos ad meipsum. Ele vos há-de ensinar o caminho que conduz ao céu, é aquele que eu segui. Sou eu mesmo que sou o vosso caminho. Se me amais, seguir-me-eis na paz, na consolação e na alegria» (Leão Dehon, OSP 3, p. 436).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Deixo-vos a paz; dou-vos a minha paz» (Jo 14, 27).