23
de Outubro de 2016- DOMINGO - Evangelho - Lc 18,9-14
Teu
Pai, que vê o que está escondido, te dará a recompensa.
Neste
Evangelho, Jesus nos pede para não cairmos na hipocrisia, que é praticar boas
obras para sermos vistos pelas pessoas, e assim crescer o nosso prestígio
diante delas. E ele apresenta como exemplo a prática das três grandes virtudes
que nos ajudam a crescer na vida cristã: a esmola, a oração e o jejum.
Esmola,
no sentido amplo, é toda a nossa disponibilidade ao próximo, a começar dentro
de casa. É ter uma vida direcionada para o amor ao próximo, ajudando
especialmente os que estão precisando, inclusive uma necessidade espiritual.
Aqui
Jesus se refere à oração pessoal. Ele mesmo nos pediu: “Orai sempre e nunca
cesseis de o fazer”. A leitura da Bíblia também é oração; ela torna a nossa
oração um diálogo: Deus nos fala e nós falamos com ele.
Quanto
ao jejum, nós temos esta advertência de Deus através do profeta Isaías: “O
jejum que eu quero é este: acabar com as prisões injustas, desfazer as
correntes do jugo e por em liberdade os oprimidos. Repartir a comida com quem
passa fome, hospedar em sua casa o pobre sem abrigo e vestir aquele que se
encontra nu. Se você fizer isso, a sua luz brilhará como a aurora, e a sua
saúde será rapidamente recuperada” (Is 58,6ss). Mas para isso precisamos
praticar o jejum tradicional, ao qual Jesus se refere, que é diminuir a alimentação.
“Eu castigo o meu corpo, e o trato com dureza, para não acontecer que eu
proclame a mensagem aos outros, e eu mesmo seja reprovado” (1Cor 9,27).
Hipocrisia
é falta de fé na providência divina. A pessoa não acredita que Deus pode cuidar
inteiramente dela, e busca apoio no “bom nome” diante dos outros, mesmo que
seja um bom nome criado artificialmente. Quem tem fé, vê o invisível aos olhos
da carne e se contenta em saber que Deus, nosso bom Pai, vê todos os nossos
atos e sabe de tudo.
O
nosso mundo atual é hipócrita. O disfarce aparece nas propagandas, na política
e em toda parte. Quanto sepulcro caiado por aí: bonito por fora, mas lá dentro
é só mau cheiro e podridão. Entretanto, quando menos esperamos, a máscara cai e
a aparece a verdade.
“Irmãos,
ficai sabendo que, nos últimos dias, sobrevirão momentos difíceis. As pessoas
serão egoístas... tendo aparência da piedade, mas desmentindo o seu efeito.
Foge dessa gente” (2Tm 3,1-5).
Deus,
que está em toda parte, não escuta as nossas orações arrogantes, como a oração
do fariseu, na parábola do fariseu e o publicano (Lc 18,9-14). Ele só nos ouve
quando nos desapegamos de tudo e nos colocamos humildemente na frente dele,
escolhendo-o como o nosso único apoio e testemunha dos nossos bons atos.
Nós
somos como o lápis. No lápis, o importante é o grafite, não o que aparece fora.
Nós também, o importante é quem somos, não a nossa aparência. O lápis precisa
da mão para que ele escreva. Nós precisamos de Deus que nos dirige. De vez em
quando, precisamos apontar o lápis. O cristão também precisa se preparar, se
renovar. Quando o lápis erra, existe a borracha que conserta tudo. Nós temos na
Igreja muitos recursos para nos consertar, quando erramos.
E,
finalmente, apesar de o lápis deixar a sua marca no papel, ninguém se lembra
dele, e sim das palavras que ele escreve. Quanto a nós, cada um tem o seu jeito
próprio de fazer as coisas, mas não nos interessa chamar a atenção das pessoas
para isso, e sim para o trabalho em si. Deus vê tudo e isso nos basta.
Maria
Santíssima vivia na simplicidade e transparência, sem querer aparecer. Que ela
nos ajude a evitar todo tipo de hipocrisia.
Teu
Pai, que vê o que está escondido, te dará a recompensa.
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