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Julho 2018
Tempo Comum – Anos Pares
XVI Semana – Quinta-feira
XVI Semana – Quinta-feira
Lectio
Primeira leitura: Jeremias 2, 1-3. 7-8.
12-13
1A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes
termos: 2«Vai e grita aos ouvidos de Jerusalém, dizendo: Assim fala o Senhor:
‘Recordo-me da tua fidelidade no tempo da tua juventude, dos amores do tempo do
teu noivado, quando me seguias no deserto, na terra em que não se semeia.
3Israel era, então, propriedade sagrada do Senhor, primícias da sua colheita.
Todos os que ousavam comer dela, pagavam, e sobrevinha-lhes a desgraça’ –
oráculo do Senhor. 7Introduziu-vos numa terra fértil, para comerdes os seus
saborosos frutos. Mas, tendo entrado, profanastes a minha terra e fizestes
abominável a minha herança. 8Os sacerdotes não se interrogaram: «Onde está o
Senhor?» Os doutores da Lei não me reconheceram, os pastores revoltaram-se
contra mim, e os profetas profetizaram em nome de Baal e seguiram deuses
inúteis. 12Pasmai, ó céus, acerca disto! Tremei de espanto e de horror! –
oráculo do Senhor. 13Porque o meu povo cometeu um duplo crime: abandonou-me, a
mim, nascente de águas vivas, e construiu cisternas para si, cisternas rotas,
que não podem reter as águas.»
Em sintonia com a reforma deuteronomista
iniciada por Josias, e no estilo dos profetas anteriores, especialmente Oseias,
Jeremias pronuncia o seu primeiro oráculo. Chamado a ser profeta entre as
nações, começa por Jerusalém, coração de todo o mal. Exprime-se usando o género
literário da Aliança e da sua ruptura, vigente no direito internacional do
tempo. Convoca o acusado e testemunhas, faz uma revisão histórica dos favores,
do elenco das obrigações e pronuncia um ultimatum ou declaração de guerra. Pela
boca do profeta, Deus coloca Israel perante as suas responsabilidades e
pede-lhe contas pela sua infidelidade à Aliança. Deus recorda-se do tempo do
êxodo e da estadia no deserto, tempo idílico de comunhão, quando o povo
respondia com docilidade e obediência ao seu amor absoluto (v. 2). Por seu
lado, Deus sempre tutelou Israel, sua propriedade (v. 3), e, fiel à promessa,
conduziu-o à terra rica e fértil de Canaã (v. 7ª.).
Mas Israel, posto em segurança, abandonou a Deus e profanou, com o seu pecado, a terra santa que habita. Os primeiros a atraiçoar a Aliança, virando-se para os ídolos, foram os chefes e guias do povo, isto é, os reis, os sacerdotes e os profetas. Por isso, a criação inteira é chamada a testemunhar o absurdo de um povo que, tendo feito uma experiência tão íntima e profunda da vida de amor e de comunhão com Deus, se voltou para os ídolos. Era como abandonar uma fonte de água viva, para ir beber em cisternas rotas.
Mas Israel, posto em segurança, abandonou a Deus e profanou, com o seu pecado, a terra santa que habita. Os primeiros a atraiçoar a Aliança, virando-se para os ídolos, foram os chefes e guias do povo, isto é, os reis, os sacerdotes e os profetas. Por isso, a criação inteira é chamada a testemunhar o absurdo de um povo que, tendo feito uma experiência tão íntima e profunda da vida de amor e de comunhão com Deus, se voltou para os ídolos. Era como abandonar uma fonte de água viva, para ir beber em cisternas rotas.
Evangelho: Mateus 13, 10-17
Naquele tempo, 10aproximando-se de Jesus,
os discípulos disseram-lhe: «Porque lhes falas em parábolas?» 11Respondendo,
disse-lhes:«A vós é dado conhecer os mistérios do Reino do Céu, mas a eles não
lhes é dado. 12Pois, àquele que tem, ser-lhe-á dado e terá em abundância; mas
àquele que não tem, mesmo o que tem lhe será tirado. 13É por isso que lhes falo
em parábolas: pois vêem, sem ver, e ouvem, sem ouvir nem compreender.
14Cumpre-se neles a profecia de Isaías, que diz: Ouvindo, ouvireis, mas não
compreendereis; e, vendo, vereis, mas não percebereis. 15Porque o coração deste
povo tornou-se duro, e duros também os seus ouvidos; fecharam os olhos, não
fossem ver com os olhos, ouvir com os ouvidos, compreender com o coração, e
converter-se, para Eu os curar. 16Quanto a vós, ditosos os vossos olhos, porque
vêem, e os vossos ouvidos, porque ouvem. 17Em verdade vos digo: Muitos profetas
e justos desejaram ver o que estais a ver, e não viram, e ouvir o que estais a
ouvir, e não ouviram.»
Que pretendia Jesus, ao servir-se de parábolas
que os seus ouvintes não podiam entender? Esta questão preocupava os cristãos
das primeiras comunidades, que sentiam a necessidade de explicar e interpretar
essa forma de anúncio inacessível de modo imediato e, por outro lado,
enfrentavam a oposição e o escândalo do povo eleito que, em grande parte, não
tinha acolhido o Messias. A resposta já foi apontada na parábola do semeador:
há quem esteja disponível e há quem resista à palavra de Jesus. Essa atitude
interior faz toda a diferença. Há quem se converta e atinja a bem-aventurança,
e há quem não se converta, ouvindo sem compreender e vendo sem perceber. Deus
anunciara a Isaías (6, 9s.) as dificuldades que o profeta havia de encontrar na
sua missão. Tudo isso se verificou na vida do profeta, mas, sobretudo, na vida
de Jesus e, depois d´Ele, na vida da Igreja. A Bíblia aponta a Deus como causa
primeira dos eventos, mas não é Ele que determina a docilidade ou a dureza do
coração do homem. Isso depende do próprio homem, chamado a assumir, em primeira
pessoa, a responsabilidade pelas suas opções diante da palavra que lhe é
dirigida.
Meditatio
Jeremias escuta a voz de Deus que lhe diz:
«Vai e grita aos ouvidos de Jerusalém» (v. 2). Jerusalém tornara-se dura de
ouvidos. Mas Deus força-lhe a surdez, porque a quer como nos inícios da viagem
de libertação pelo deserto: «Recordo-me da tua fidelidade no tempo da tua
juventude, dos amores do tempo do teu noivado, quando me seguias no deserto»
(v. 2). É o tempo do primeiro amor, que ilumina o sentido da vida, ainda que
tudo à volta seja deserto. Corre-se sempre o risco de esquecer esse amor, ainda
que Deus esteja sempre connosco, eternamente fiel: «Introduziu-vos numa terra
fértil… Mas profanastes a minha terra» (v. 7). É o que acontece quando,
esquecendo o chamamento de Deus, pecamos.
Deus, como testemunho do seu amor, cumulou-nos de dons. Justamente espera pela nossa correspondência. Se, em vez de O procurarmos a Ele, nos procuramos a nós mesmos, deixamos de ver as suas intenções divinas, e perdemos a direcção certa. Em vez de caminharmos para o Senhor, «nascente de águas vivas», iremos à procura de «cisternas rotas» (v. 15) para saciar a nossa sede.
No evangelho, os discípulos perguntam a Jesus: «Porque lhes falas em parábolas?» (v. 10). Jesus responde: «Falo-lhes em parábolas: pois vêem, sem ver, e ouvem, sem ouvir nem compreender» (v. 13). Que quer dizer: ver sem ver, ouvir sem ouvir nem compreender? É a atitude dos fariseus, que, embora escutando as palavras de Jesus, e vendo os seus milagres, lhe pedem um sinal: «Mestre, queremos ver um sinal feito por ti» (Mt 12, 38). Não querem ver, e não vêem. Nós, por graça de Deus, vemos. Mas corremos o risco de ver superficialmente, de escutar sem procurar compreender. Não vemos nem escutamos em profundidade. Nem sequer os dons do Senhor! Ver bem, ver em profundidade, é ver em tudo o amor do Senhor. Escutar bem, é corresponder a esse amor.
Deus criou livremente o universo e, entre tantas criaturas que O louvam (as ervas, as flores, os pássaros, as estrelas…) quis uma, o homem, que tivesse capacidade para O amar, para corresponder ao Seu amor.
Por isso lhe deu a liberdade. Um amor forçado não é amor. O pecado consiste em usar a liberdade para se afastar do amor de Deus, para não lhe corresponder. Mas o dom da liberdade consagra-nos ao amor de Deus, e permite-nos corresponder-lhe, de todo o coração.
Como precisamos todos nós, leigos, religiosos e sacerdotes, de voltar ao primeiro amor, ao fervor na nossa juventude, do nosso baptismo, da nossa profissão religiosa, da nossa ordenação sacerdotal. Não nos tocam também as palavras do Senhor, pelo seu profeta: «Os sacerdotes não se interrogaram… Os doutores da Lei não me reconheceram, os pastores revoltaram-se contra mim, e os profetas profetizaram em nome de Baal e seguiram deuses inúteis»? Voltemos para a «nascente de águas vivas»! Bebamos do Coração de Cristo!
Deus, como testemunho do seu amor, cumulou-nos de dons. Justamente espera pela nossa correspondência. Se, em vez de O procurarmos a Ele, nos procuramos a nós mesmos, deixamos de ver as suas intenções divinas, e perdemos a direcção certa. Em vez de caminharmos para o Senhor, «nascente de águas vivas», iremos à procura de «cisternas rotas» (v. 15) para saciar a nossa sede.
No evangelho, os discípulos perguntam a Jesus: «Porque lhes falas em parábolas?» (v. 10). Jesus responde: «Falo-lhes em parábolas: pois vêem, sem ver, e ouvem, sem ouvir nem compreender» (v. 13). Que quer dizer: ver sem ver, ouvir sem ouvir nem compreender? É a atitude dos fariseus, que, embora escutando as palavras de Jesus, e vendo os seus milagres, lhe pedem um sinal: «Mestre, queremos ver um sinal feito por ti» (Mt 12, 38). Não querem ver, e não vêem. Nós, por graça de Deus, vemos. Mas corremos o risco de ver superficialmente, de escutar sem procurar compreender. Não vemos nem escutamos em profundidade. Nem sequer os dons do Senhor! Ver bem, ver em profundidade, é ver em tudo o amor do Senhor. Escutar bem, é corresponder a esse amor.
Deus criou livremente o universo e, entre tantas criaturas que O louvam (as ervas, as flores, os pássaros, as estrelas…) quis uma, o homem, que tivesse capacidade para O amar, para corresponder ao Seu amor.
Por isso lhe deu a liberdade. Um amor forçado não é amor. O pecado consiste em usar a liberdade para se afastar do amor de Deus, para não lhe corresponder. Mas o dom da liberdade consagra-nos ao amor de Deus, e permite-nos corresponder-lhe, de todo o coração.
Como precisamos todos nós, leigos, religiosos e sacerdotes, de voltar ao primeiro amor, ao fervor na nossa juventude, do nosso baptismo, da nossa profissão religiosa, da nossa ordenação sacerdotal. Não nos tocam também as palavras do Senhor, pelo seu profeta: «Os sacerdotes não se interrogaram… Os doutores da Lei não me reconheceram, os pastores revoltaram-se contra mim, e os profetas profetizaram em nome de Baal e seguiram deuses inúteis»? Voltemos para a «nascente de águas vivas»! Bebamos do Coração de Cristo!
Oratio
Senhor, aumenta a minha fé, para que possa
ver e reconhecer as intenções do teu amor e corresponder-lhe. Vivo tão
mergulhado nesta sociedade de consumo, cheia de coisas prontas a usar, a
vestir, a comer, a ouvir, que Te perco de vista, e não Te consigo ouvir. Muitas
vezes, prefiro ouvir palavras cintilantes mas inconsistentes, proclamadas pelo
charlatão de turno. As tuas palavras são mais difíceis de compreender, mas dão
a vida.
Perdoa-me, Senhor! Apoia misericordiosamente o meu desejo de conversão. Preciso de olhos limpos pela fé, de ouvidos capazes de discernir a tua voz no meio da confusão de tantos sons. Preciso, sobretudo, de um coração disponível para acolher a verdade sobre Ti e a verdade sobre mim; preciso de um coração pronto a amar e suficientemente humilde para se deixar amar no modo que quiseres. É o que Te peço, hoje, com toda a confiança. Amen.
Perdoa-me, Senhor! Apoia misericordiosamente o meu desejo de conversão. Preciso de olhos limpos pela fé, de ouvidos capazes de discernir a tua voz no meio da confusão de tantos sons. Preciso, sobretudo, de um coração disponível para acolher a verdade sobre Ti e a verdade sobre mim; preciso de um coração pronto a amar e suficientemente humilde para se deixar amar no modo que quiseres. É o que Te peço, hoje, com toda a confiança. Amen.
Contemplatio
É Jesus e o seu Coração que são o dom de
Deus. O seu Pai amou tanto os homens que lhes deu o seu Filho único, para os
resgatar, para lhes comunicar a sua graça e os reconduzir a si. É portanto
somente por Nosso Senhor que podemos ir ao Pai.
E o próprio Nosso Senhor ama tanto os homens, aos quais o seu Pai o deu, que Ele mesmo dá os primeiros passos para os ganhar ao seu amor.
Nós ficamos muitas vezes surdos as estes passos que são as suas doces inspirações e a graça dos seus sacramentos. Se o conhecêssemos melhor, se soubéssemos melhor qual é este nosso amigo que nos fala no segredo do nosso coração e que solicita o nosso amor, apressar-nos-íamos para ir ter com ele e lhe pediríamos estas águas vivas da graça, que tanto deseja espalhar. Ele deseja tanto possuir o coração dos homens e nós pensamos tão pouco nele! Se o conhecessem melhor, todos os corações se abririam a ele. (Leão Dehon, OSP 2, p. 282).
E o próprio Nosso Senhor ama tanto os homens, aos quais o seu Pai o deu, que Ele mesmo dá os primeiros passos para os ganhar ao seu amor.
Nós ficamos muitas vezes surdos as estes passos que são as suas doces inspirações e a graça dos seus sacramentos. Se o conhecêssemos melhor, se soubéssemos melhor qual é este nosso amigo que nos fala no segredo do nosso coração e que solicita o nosso amor, apressar-nos-íamos para ir ter com ele e lhe pediríamos estas águas vivas da graça, que tanto deseja espalhar. Ele deseja tanto possuir o coração dos homens e nós pensamos tão pouco nele! Se o conhecessem melhor, todos os corações se abririam a ele. (Leão Dehon, OSP 2, p. 282).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Muitos profetas e justos desejaram ver o que estais a ver, e ouvir o que estais a ouvir» (Mt 13, 17).
«Muitos profetas e justos desejaram ver o que estais a ver, e ouvir o que estais a ouvir» (Mt 13, 17).
| Fernando Fonseca, scj |
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