18 Julho
2018
Tempo Comum – Anos Pares
XV Semana – Quarta-feira
XV Semana – Quarta-feira
Lectio
Primeira leitura: Isaías 10, 5-7. 13-16
Assim fala o Senhor: 5Ai da Assíria, vara da
minha cólera, o bastão das suas mãos é o bastão do meu furor! 6Eu o atirei
contra uma nação ímpia, e o lancei contra o povo, objecto do meu furor, para o
saquear e despojar e para o calcar aos pés como lama das ruas. 7Mas ele não
entendeu assim, nem eram estes os planos do seu coração. O seu propósito era
destruir e exterminar muitas nações. 13Realmente ele afirma: «Foi pela força da
minha mão que fiz isto, com a minha sabedoria, porque sou inteligente. Mudei as
fronteiras dos povos, saqueei os seus tesouros, como um herói derrubei toda
aquela gente. 14Apanhei com a minha mão a riqueza dos povos, como quem recolhe
os ovos deixados num ninho. Juntei a terra inteira e ninguém bateu as asas, nem
abriu a boca para piar.» 15Acaso gloriar-se-á o machado contra quem o maneja?
Ou levantar-se-á a serra contra o serrador? Um bastão não pode comandar um
homem, é o homem que faz mover o bastão. 16Por isso, o Senhor Deus do universo
enfraquecerá com a doença aqueles guerreiros; debaixo do fígado acender-lhes-á
uma febre como um fogo de incêndio.
Este oráculo deve ser entendido no contexto da
iminente ameaça da invasão assíria. O rei de Judá, Acaz primeiro, e o seu filho
Ezequias, depois, adoptam políticas diferentes diante da super-potência
estrangeira. Acaz opta por uma aliança-vassalagem; Ezequias, pela oposição. Mas
ambos não escutam Isaías, que prega a fé em Deus, como garantia de estabilidade
e de segurança para o reino de Judá. O profeta vê, cada vez mais, a Assíria
como instrumento de punição usado por Deus para advertir o seu povo e chamá-lo
à conversão. Assim, lança um dos pilares básicos da teologia bíblica: tudo está
nas mãos de Deus. A criação e a história estão submetidas aos seus desígnios.
Para melhor se fazer compreender, o profeta descreve antropomorficamente a
Deus, como se fosse uma pessoa ofendida e ultrajada, e o seu povo espezinhado
como pó dos caminhos. A situação não podia durar muito. Se Judá não compreendia
o papel da Assíria nos planos divinos, menos ainda Assur o compreenderia. Nunca
lhe passaria pela cabeça ser simples instrumento de um Deus estrangeiro. Mas
enganou-se, diz Isaías, teólogo da história. A grandeza de um povo, Judá ou
outro qualquer, não está na política ou sabedoria humanas, mas na fidelidade
aos desígnios de Deus. A história veio a confirmar os oráculos de Isaías.
Evangelho: Mateus 11, 25-27
25Naquele tempo, Jesus tomou a palavra e
disse: «Bendigo-te, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas
coisas aos sábios e aos entendidos e as revelaste aos pequeninos. 26Sim, ó Pai,
porque isso foi do teu agrado. 27Tudo me foi entregue por meu Pai; e ninguém
conhece o Filho senão o Pai, como ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele
a quem o Filho o quiser revelar.»
O texto que hoje escutamos é como que um
meteorito caído do céu joânico. Jesus louva e dá graças ao Pai por actuar de
modo tão diferente da lógica humana que exalta o poder e a força em qualquer
âmbito da existência. Jesus verifica que são os «pequeninos» que beneficiam da
revelação do Pai (v. 25). A revelação da paternidade divina, de que Deus é Pai,
sobretudo de Jesus e, por meio d´Ele, dos crentes, é o núcleo fundamental da
pregação de Jesus. Na paternidade divina está resumido tudo quanto poderia
dizer-se da relação de Deus com os homens. Na filiação divina está resumido
tudo o que poderia dizer-se da relação dos homens com Deus. É, pois, o melhor
resumo do evangelho.
O evangelista aproveita a ocasião para declarar a consciência de Jesus e a fé da igreja no mistério das relações trinitárias. O Pai, por amor, dá tudo ao Filho que, por amor, tudo acolhe e tudo restitui ao Pai. O movimento eterno de dom recíproco entre o Pai e o Filho permanece incognoscível à criatura humana. Todavia, por obra do Espírito, efusão perene de amor, o Pai torna-se acessível no Filho e revela-se a si mesmo (v. 27). Tal manifestação é incompreensível à sabedoria humana. Só quem se torna «pequenino», disponível a entrar na lógica da gratuidade de Deus, pode compreendê-la.
O evangelista aproveita a ocasião para declarar a consciência de Jesus e a fé da igreja no mistério das relações trinitárias. O Pai, por amor, dá tudo ao Filho que, por amor, tudo acolhe e tudo restitui ao Pai. O movimento eterno de dom recíproco entre o Pai e o Filho permanece incognoscível à criatura humana. Todavia, por obra do Espírito, efusão perene de amor, o Pai torna-se acessível no Filho e revela-se a si mesmo (v. 27). Tal manifestação é incompreensível à sabedoria humana. Só quem se torna «pequenino», disponível a entrar na lógica da gratuidade de Deus, pode compreendê-la.
Meditatio
O homem que recusa a Deus, fecha-se no gueto
dos seus instintos, dos seus pontos de vista, de uma inteligência que, por
muito que possa percorrer os espaços siderais ou penetrar nas mais pequenas
partículas da matéria, não encontra o caminho da alegria, da paz, da plenitude
interior. Do mesmo modo, o homem que se sente senhor do mundo, da sua
existência e da existência dos outros, não atinge o âmago do que é viver, o seu
significado último, que, só por si, lhe dá consistência. Pelo contrário, é isso
que é revelado a quem aceita a realidade de ser criatura, pequena diante do
Criador, mas tão preciosa para Ele, que a chama a participar da sua vida.
A primeira leitura apresenta-nos um «entendido» que erra completamente: «Foi pela força da minha mão que fiz isto, com a minha sabedoria, porque sou inteligente. Mudei as fronteiras dos povos, saqueei os seus tesouros… derrubei toda aquela gente» (v. 13). Julga-se inteligente, e não se dá conta de que é um simples instrumento nas mãos de Deus: «Ai da Assíria, vara da minha cólera, o bastão das suas mãos é o bastão do meu furor!… Um bastão não pode comandar um homem, é o homem que faz mover o bastão» (vv. 5.15b).
Ao contrário do «sábio e entendido» da primeira leitura, os «pequeninos» do evangelho, sobre os quais se inclina o olhar comprazido de Deus, entendem os mistérios do Reino: «Bendigo-te, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos entendidos e as revelaste aos pequeninos» (v. 25).
É preciso ser «pequeninos» para acolher o dom de reconhecer o mistério de Jesus, para entrar no conhecimento do Pai e do Filho, no segredo da sua vida, conforme é da vontade de Deus. Jesus bendiz o Pai por esta sua vontade, Ele que se fez «pequenino», humilde, manso, completamente disponível a realizar a sua vontade.
O verdadeiro poder do homem, não depende do que tem, dos meios de que dispõe, mas dos dons do Pai, que os dá a quem é suficientemente pobre para os receber: «Eu Te bendigo, ó Pai, porque revelaste estas coisas aos pobres…» (Mt 11, 25ss). A pobreza cristã, e mesmo a pobreza dos religiosos, não é algo de simplesmente negativo. É bem-aventurança: «Bem-aventurados os pobres» (Lc 6, 20). Bem-aventurados porque lhes é oferecido um encontro de conhecimento e de amor com Jesus e, por meio d
e Jesus, com o Pai. Bem-aventurados porque, nesse encontro-conhecimento, experimentam a alegria, a paz, o amor, que é Jesus, bem-aventurança de todas as bem-aventuranças.
A primeira leitura apresenta-nos um «entendido» que erra completamente: «Foi pela força da minha mão que fiz isto, com a minha sabedoria, porque sou inteligente. Mudei as fronteiras dos povos, saqueei os seus tesouros… derrubei toda aquela gente» (v. 13). Julga-se inteligente, e não se dá conta de que é um simples instrumento nas mãos de Deus: «Ai da Assíria, vara da minha cólera, o bastão das suas mãos é o bastão do meu furor!… Um bastão não pode comandar um homem, é o homem que faz mover o bastão» (vv. 5.15b).
Ao contrário do «sábio e entendido» da primeira leitura, os «pequeninos» do evangelho, sobre os quais se inclina o olhar comprazido de Deus, entendem os mistérios do Reino: «Bendigo-te, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos entendidos e as revelaste aos pequeninos» (v. 25).
É preciso ser «pequeninos» para acolher o dom de reconhecer o mistério de Jesus, para entrar no conhecimento do Pai e do Filho, no segredo da sua vida, conforme é da vontade de Deus. Jesus bendiz o Pai por esta sua vontade, Ele que se fez «pequenino», humilde, manso, completamente disponível a realizar a sua vontade.
O verdadeiro poder do homem, não depende do que tem, dos meios de que dispõe, mas dos dons do Pai, que os dá a quem é suficientemente pobre para os receber: «Eu Te bendigo, ó Pai, porque revelaste estas coisas aos pobres…» (Mt 11, 25ss). A pobreza cristã, e mesmo a pobreza dos religiosos, não é algo de simplesmente negativo. É bem-aventurança: «Bem-aventurados os pobres» (Lc 6, 20). Bem-aventurados porque lhes é oferecido um encontro de conhecimento e de amor com Jesus e, por meio d
e Jesus, com o Pai. Bem-aventurados porque, nesse encontro-conhecimento, experimentam a alegria, a paz, o amor, que é Jesus, bem-aventurança de todas as bem-aventuranças.
Oratio
Eu Te bendigo, ó Pai, porque nos destes o teu
Filho Jesus e, n´Ele, nos revelastes quanto nos amas. Porque decidiste
manifestar-Te a nós, posso, agora, falar-Te com a confiança e o atrevimento de
um filho.
Renova no meu coração a certeza da presença do Espírito, que me garanta que és Pai, que Jesus é o Senhor, que sou chamado à bem-aventurança da comunhão Contigo. Sei que sou uma criatura pequena e frágil. Mas também sei que me amas. Que o teu Espírito de sabedoria e de piedade acenda em mim o gosto pela minha pequenez e pela simplicidade, para que possa sempre acolher-Te, qualquer seja o modo com que decidas manifestar-Te. Amen.
Renova no meu coração a certeza da presença do Espírito, que me garanta que és Pai, que Jesus é o Senhor, que sou chamado à bem-aventurança da comunhão Contigo. Sei que sou uma criatura pequena e frágil. Mas também sei que me amas. Que o teu Espírito de sabedoria e de piedade acenda em mim o gosto pela minha pequenez e pela simplicidade, para que possa sempre acolher-Te, qualquer seja o modo com que decidas manifestar-Te. Amen.
Contemplatio
São os pobres que Nosso Senhor convida para o
festim do reino dos céus (Lc 14, 21). Toda a sua simpatia vai para o pobre
Lázaro, abandonado pelo mau rico, e atribui-lhe uma compensação eterna no céu
(Lc 16, 19).O único estremecimento de alegria que manifesta na sua vida, vem do
facto de que o Pai se digna revelar aos simples e aos pequenos, os mistérios
que esconde aos sábios e aos prudentes; e exprime então nitidamente a sua
preferência: «O meu Pai colocou tudo nas minhas mãos, diz, chamo quem eu quero
ao seu conhecimento, vinde portanto a mim vós que penais e sofreis e vos
consolarei» (Mt 11, 25). O Coração de Jesus tem os seus preferidos, amigos que
escolheu e que se prendem a ele na vida religiosa, mas é sob a condição de que
abracem a pobreza como ele e se façam os amigos dos pobres (Leão Dehon, OSP 4,
p. 136s.).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Eu Te bendigo, ó Pai, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos entendidos e as revelaste aos pequeninos» (Mt 11, 25).
«Eu Te bendigo, ó Pai, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos entendidos e as revelaste aos pequeninos» (Mt 11, 25).
| Fernando Fonseca, scj |
22 Julho
2018
16º Domingo do Tempo Comum – Ano B
Tema do 16º Domingo do Tempo Comum
A liturgia do 16º Domingo do Tempo Comum
dá-nos conta do amor e da solicitude de Deus pelas “ovelhas sem pastor”. Esse
amor e essa solicitude traduzem-se, naturalmente, na oferta de vida nova e
plena que Deus faz a todos os homens.
Na primeira leitura, pela voz do profeta Jeremias, Jahwéh condena os pastores indignos que usam o “rebanho” para satisfazer os seus próprios projectos pessoais; e, paralelamente, Deus anuncia que vai, Ele próprio, tomar conta do seu “rebanho”, assegurando-lhe a fecundidade e a vida em abundância, a paz, a tranquilidade e a salvação.
O Evangelho recorda-nos que a proposta salvadora e libertadora de Deus para os homens, apresentada em Jesus, é agora continuada pelos discípulos. Os discípulos de Jesus são – como Jesus o foi – as testemunhas do amor, da bondade e da solicitude de Deus por esses homens e mulheres que caminham pelo mundo perdidos e sem rumo, “como ovelhas sem pastor”. A missão dos discípulos tem, no entanto, de ter sempre Jesus como referência… Com frequência, os discípulos enviados ao mundo em missão devem vir ao encontro de Jesus, dialogar com Ele, escutar as suas propostas, elaborar com Ele os projectos de missão, confrontar o anúncio que apresentam com a Palavra de Jesus.
Na segunda leitura, Paulo fala aos cristãos da cidade de Éfeso da solicitude de Deus pelo seu Povo. Essa solicitude manifestou-se na entrega de Cristo, que deu a todos os homens, sem excepção, a possibilidade de integrarem a família de Deus. Reunidos na família de Deus, os discípulos de Jesus são agora irmãos, unidos pelo amor. Tudo o que é barreira, divisão, inimizade, ficou definitivamente superado.
Na primeira leitura, pela voz do profeta Jeremias, Jahwéh condena os pastores indignos que usam o “rebanho” para satisfazer os seus próprios projectos pessoais; e, paralelamente, Deus anuncia que vai, Ele próprio, tomar conta do seu “rebanho”, assegurando-lhe a fecundidade e a vida em abundância, a paz, a tranquilidade e a salvação.
O Evangelho recorda-nos que a proposta salvadora e libertadora de Deus para os homens, apresentada em Jesus, é agora continuada pelos discípulos. Os discípulos de Jesus são – como Jesus o foi – as testemunhas do amor, da bondade e da solicitude de Deus por esses homens e mulheres que caminham pelo mundo perdidos e sem rumo, “como ovelhas sem pastor”. A missão dos discípulos tem, no entanto, de ter sempre Jesus como referência… Com frequência, os discípulos enviados ao mundo em missão devem vir ao encontro de Jesus, dialogar com Ele, escutar as suas propostas, elaborar com Ele os projectos de missão, confrontar o anúncio que apresentam com a Palavra de Jesus.
Na segunda leitura, Paulo fala aos cristãos da cidade de Éfeso da solicitude de Deus pelo seu Povo. Essa solicitude manifestou-se na entrega de Cristo, que deu a todos os homens, sem excepção, a possibilidade de integrarem a família de Deus. Reunidos na família de Deus, os discípulos de Jesus são agora irmãos, unidos pelo amor. Tudo o que é barreira, divisão, inimizade, ficou definitivamente superado.
LEITURA I – Jer 23,1-6
Leitura do Livro de Jeremias
Diz o Senhor:
«Ai dos pastores que perdem e dispersam
as ovelhas do meu rebanho!»
Por isso, assim fala o Senhor, Deus de Israel,
aos pastores que apascentam o meu povo:
«Dispersastes as minhas ovelhas
e as escorraçastes, sem terdes cuidado delas.
Vou ocupar-Me de vós e castigar-vos,
pedir-vos contas das vossas más acções
– oráculo do Senhor.
Eu mesmo reunirei o resto das minhas ovelhas
de todas as terras onde se dispersaram
e as farei voltar às suas pastagens,
para que cresçam e se multipliquem.
Dar-lhes-ei pastores que as apascentem
e não mais terão medo nem sobressalto;
nem se perderá nenhuma delas – oráculo do Senhor.
Dias virão, diz o Senhor,
em que farei surgir para David um rebento justo.
Será um verdadeiro rei e governará com sabedoria;
há-de exercer no país o direito e a justiça.
Nos seus dias, Judá será salvo e Israel viverá em segurança.
Este será o seu nome: ‘O Senhor é a nossa justiça’».
«Ai dos pastores que perdem e dispersam
as ovelhas do meu rebanho!»
Por isso, assim fala o Senhor, Deus de Israel,
aos pastores que apascentam o meu povo:
«Dispersastes as minhas ovelhas
e as escorraçastes, sem terdes cuidado delas.
Vou ocupar-Me de vós e castigar-vos,
pedir-vos contas das vossas más acções
– oráculo do Senhor.
Eu mesmo reunirei o resto das minhas ovelhas
de todas as terras onde se dispersaram
e as farei voltar às suas pastagens,
para que cresçam e se multipliquem.
Dar-lhes-ei pastores que as apascentem
e não mais terão medo nem sobressalto;
nem se perderá nenhuma delas – oráculo do Senhor.
Dias virão, diz o Senhor,
em que farei surgir para David um rebento justo.
Será um verdadeiro rei e governará com sabedoria;
há-de exercer no país o direito e a justiça.
Nos seus dias, Judá será salvo e Israel viverá em segurança.
Este será o seu nome: ‘O Senhor é a nossa justiça’».
AMBIENTE
Jeremias, o profeta nascido em Anatot por
volta de 650 a.C., exerceu a sua missão profética desde 627/626 a.C., até
depois da destruição de Jerusalém pelos Babilónios (586 a.C.). O cenário da
actividade do profeta é, em geral, o reino de Judá (e, sobretudo, a cidade de
Jerusalém).
A primeira fase da pregação de Jeremias abrange parte do reinado de Josias. Este rei – preocupado em defender a identidade política e religiosa do Povo de Deus – leva a cabo uma impressionante reforma religiosa, destinada a banir do país os cultos aos deuses estrangeiros. A mensagem de Jeremias, neste período, traduz-se num constante apelo à conversão, à fidelidade a Jahwéh e à aliança.
No entanto, em 609 a.C., Josias é morto, em combate contra os egípcios. Joaquim sucede-lhe no trono. A segunda fase da actividade profética de Jeremias abrange o tempo de reinado de Joaquim (609-597 a.C.).
O reinado de Joaquim é um tempo de desgraça e de pecado para o Povo, e de incompreensão e sofrimento para Jeremias. Nesta fase, o profeta aparece a criticar as injustiças sociais (às vezes fomentadas pelo próprio rei) e a infidelidade religiosa (traduzida, sobretudo, na busca das alianças políticas: procurar a ajuda dos egípcios significava não confiar em Deus e, em contrapartida, colocar a esperança do Povo em exércitos estrangeiros). Jeremias está convencido de que Judá já ultrapassou todas as medidas e que está iminente uma invasão babilónica que castigará os pecados do Povo de Deus. É, sobretudo, isso que ele diz aos habitantes de Jerusalém… As previsões funestas de Jeremias concretizam-se: em 597 a.C., Nabucodonosor invade Judá e deporta para a Babilónia uma parte da população de Jerusalém.
No trono de Judá fica, então, Sedecias (597-586 a.C.). A terceira fase da missão profética de Jeremias desenrola-se, precisamente, durante este reinado.
Após alguns anos de calma submissão à Babilónia, Sedecias volta a experimentar a velha política das alianças com o Egipto. Jeremias não está de acordo que se confie em exércitos estrangeiros mais do que em Jahwéh… Mas, nem o rei, nem os notáveis lhe prestam qualquer atenção à opinião do profeta. Considerado um amargo “profeta da desgraça”, Jeremias apenas consegue criar o vazio à sua volta.
Em 587 a.C., Nabucodonosor põe cerco a Jerusalém; no entanto, um exército egípcio vem em socorro de Judá e os babilónios retiram-se. Nesse momento de euforia nacional, Jeremias aparece a anunciar o recomeço do cerco e a destruição de Jerusalém (cf. Jer 32,2-5). Acusado de traição, o profeta é encarcerado (cf. Jer 37,11-16) e corre, inclusive, perigo de vida (cf. Jer 38,11-13). Enquanto Jeremias continua a pregar a rendição, Nabucodonosor apossa-se, de facto, de Jerusalém, destrói a cidade e deporta a sua população para a Babilónia (586 a.C.).
O texto que nos é hoje proposto como primeira leitura faz referência a esses tempos de desnorte nacional, em que Judá, sem líderes capazes, já perdeu as referências e a esperança no futuro. No texto, Deus condena os “pastores” de Israel porque dispersaram as ovelhas do rebanho, o que parece aludir ao exílio na Babilónia. Provavelmente, este texto deve situar-se entre 597 e 586 a. C., no tempo que vai desde o primeiro exílio (após a primeira queda de Jerusalém – 597 a. C.) ao segundo exílio (após a segunda tomada de Jerusalém pelos Babilónios – 586 a. C.).
O uso da imagem do “pastor” para falar dos líderes da nação é bastante frequente no Antigo Testamento. Aliás, a imagem adquiriu uma força especial na sequência de David, o pastor que Jahwéh ungiu e transformou em rei, encarregando-o de cuidar do rebanho do Povo de Deus.
A primeira fase da pregação de Jeremias abrange parte do reinado de Josias. Este rei – preocupado em defender a identidade política e religiosa do Povo de Deus – leva a cabo uma impressionante reforma religiosa, destinada a banir do país os cultos aos deuses estrangeiros. A mensagem de Jeremias, neste período, traduz-se num constante apelo à conversão, à fidelidade a Jahwéh e à aliança.
No entanto, em 609 a.C., Josias é morto, em combate contra os egípcios. Joaquim sucede-lhe no trono. A segunda fase da actividade profética de Jeremias abrange o tempo de reinado de Joaquim (609-597 a.C.).
O reinado de Joaquim é um tempo de desgraça e de pecado para o Povo, e de incompreensão e sofrimento para Jeremias. Nesta fase, o profeta aparece a criticar as injustiças sociais (às vezes fomentadas pelo próprio rei) e a infidelidade religiosa (traduzida, sobretudo, na busca das alianças políticas: procurar a ajuda dos egípcios significava não confiar em Deus e, em contrapartida, colocar a esperança do Povo em exércitos estrangeiros). Jeremias está convencido de que Judá já ultrapassou todas as medidas e que está iminente uma invasão babilónica que castigará os pecados do Povo de Deus. É, sobretudo, isso que ele diz aos habitantes de Jerusalém… As previsões funestas de Jeremias concretizam-se: em 597 a.C., Nabucodonosor invade Judá e deporta para a Babilónia uma parte da população de Jerusalém.
No trono de Judá fica, então, Sedecias (597-586 a.C.). A terceira fase da missão profética de Jeremias desenrola-se, precisamente, durante este reinado.
Após alguns anos de calma submissão à Babilónia, Sedecias volta a experimentar a velha política das alianças com o Egipto. Jeremias não está de acordo que se confie em exércitos estrangeiros mais do que em Jahwéh… Mas, nem o rei, nem os notáveis lhe prestam qualquer atenção à opinião do profeta. Considerado um amargo “profeta da desgraça”, Jeremias apenas consegue criar o vazio à sua volta.
Em 587 a.C., Nabucodonosor põe cerco a Jerusalém; no entanto, um exército egípcio vem em socorro de Judá e os babilónios retiram-se. Nesse momento de euforia nacional, Jeremias aparece a anunciar o recomeço do cerco e a destruição de Jerusalém (cf. Jer 32,2-5). Acusado de traição, o profeta é encarcerado (cf. Jer 37,11-16) e corre, inclusive, perigo de vida (cf. Jer 38,11-13). Enquanto Jeremias continua a pregar a rendição, Nabucodonosor apossa-se, de facto, de Jerusalém, destrói a cidade e deporta a sua população para a Babilónia (586 a.C.).
O texto que nos é hoje proposto como primeira leitura faz referência a esses tempos de desnorte nacional, em que Judá, sem líderes capazes, já perdeu as referências e a esperança no futuro. No texto, Deus condena os “pastores” de Israel porque dispersaram as ovelhas do rebanho, o que parece aludir ao exílio na Babilónia. Provavelmente, este texto deve situar-se entre 597 e 586 a. C., no tempo que vai desde o primeiro exílio (após a primeira queda de Jerusalém – 597 a. C.) ao segundo exílio (após a segunda tomada de Jerusalém pelos Babilónios – 586 a. C.).
O uso da imagem do “pastor” para falar dos líderes da nação é bastante frequente no Antigo Testamento. Aliás, a imagem adquiriu uma força especial na sequência de David, o pastor que Jahwéh ungiu e transformou em rei, encarregando-o de cuidar do rebanho do Povo de Deus.
MENSAGEM
O nosso texto começa com uma breve exposição
da culpa: os “pastores” de Judá perderam, dispersaram, escorraçaram as ovelhas
do Senhor, sem terem cuidado delas (vers. 1-2a). Cada um dos verbos utilizados
faz referência a factos concretos (bem recentes) da história de Judá. O
aventureirismo, os interesses pessoais, as jogadas políticas, a inconsciência
dos líderes trouxeram consequências funestas ao Povo, ao “rebanho” de Deus. Os
líderes de Judá não procuraram servir o Povo, mas serviram-se do Povo para
concretizar os seus objectivos pessoais. Ora, o “rebanho” não é propriedade dos
“pastores”, mas do Senhor… Deus chamou-os a uma missão concreta, encarregou-os
de cuidar do seu “rebanho” e eles, depois de terem aceite o compromisso,
falharam totalmente.
Depois da culpa, vem a sentença: Deus vai “ocupar-se” desses maus pastores: vai castigá-los, pedir-lhes contas das suas más acções (vers. 2b). Deus não está disposto a tolerar abusos de confiança, nem pode pactuar com líderes que exploram o “rebanho” em seu benefício próprio. Na perspectiva de Deus, trata-se de algo intolerável e que não pode ser deixado em claro.
Mas a intervenção de Deus não se fica pelo pedir contas aos maus líderes… O próprio Jahwéh vai intervir, no sentido de salvar o seu “rebanho”. A intervenção de Deus justifica-se pelo facto de se tratar do “rebanho” do Senhor e de Ele ter responsabilidades para com as suas ovelhas.
A intervenção de Deus vai desenvolver-se em três tempos, ou momentos… O primeiro é a repatriação dos exilados: as ovelhas serão devolvidas “às sua pastagens para que cresçam e se multipliquem” (vers. 3). Para esta tarefa, Deus não conta com intermediários: Ele mesmo vai liderar o processo de libertação e de regresso dos exilados à terra.
O segundo momento da intervenção de Deus consiste na escolha de “pastores” exemplares (vers. 4). A missão desses “pastores” será, simplesmente, “apascentar”. Isso implica, naturalmente, o cuidado, a solicitude, o amor, a ternura pelo rebanho… Esses pastores estarão, naturalmente, ao serviço do rebanho e não usarão o rebanho para concretizar os seus interesses pessoais. As “ovelhas” aprenderão a confiar nesse “pastor” que as ama e não terão mais “medo nem sobressalto”.
O terceiro momento da intervenção de Deus é projectado para um futuro sem data marcada. Promete a chegada de um “rebento justo” da dinastia de David (vers. 5). A imagem tirada do reino vegetal (“rebento”) sugere fecundidade e vida em abundância, porque ele dará vida em abundância ao rebanho de Jahwéh. Ele assegurará “o direito e a justiça” e trará salvação e segurança ao Povo de Deus. O nome desse rei será “o Senhor é a nossa justiça” (vers. 6), pois é Deus que o legitima e a sua missão será administrar a justiça que Deus quer. Garantindo a justiça, esse “pastor” irá trazer a harmonia, a paz, a tranquilidade, a salvação, a vida verdadeira ao Povo de Deus. Esta promessa com contornos messiânicos pretende anular a frustração e o desespero e inaugurar um tempo de esperança para o Povo de Deus.
Depois da culpa, vem a sentença: Deus vai “ocupar-se” desses maus pastores: vai castigá-los, pedir-lhes contas das suas más acções (vers. 2b). Deus não está disposto a tolerar abusos de confiança, nem pode pactuar com líderes que exploram o “rebanho” em seu benefício próprio. Na perspectiva de Deus, trata-se de algo intolerável e que não pode ser deixado em claro.
Mas a intervenção de Deus não se fica pelo pedir contas aos maus líderes… O próprio Jahwéh vai intervir, no sentido de salvar o seu “rebanho”. A intervenção de Deus justifica-se pelo facto de se tratar do “rebanho” do Senhor e de Ele ter responsabilidades para com as suas ovelhas.
A intervenção de Deus vai desenvolver-se em três tempos, ou momentos… O primeiro é a repatriação dos exilados: as ovelhas serão devolvidas “às sua pastagens para que cresçam e se multipliquem” (vers. 3). Para esta tarefa, Deus não conta com intermediários: Ele mesmo vai liderar o processo de libertação e de regresso dos exilados à terra.
O segundo momento da intervenção de Deus consiste na escolha de “pastores” exemplares (vers. 4). A missão desses “pastores” será, simplesmente, “apascentar”. Isso implica, naturalmente, o cuidado, a solicitude, o amor, a ternura pelo rebanho… Esses pastores estarão, naturalmente, ao serviço do rebanho e não usarão o rebanho para concretizar os seus interesses pessoais. As “ovelhas” aprenderão a confiar nesse “pastor” que as ama e não terão mais “medo nem sobressalto”.
O terceiro momento da intervenção de Deus é projectado para um futuro sem data marcada. Promete a chegada de um “rebento justo” da dinastia de David (vers. 5). A imagem tirada do reino vegetal (“rebento”) sugere fecundidade e vida em abundância, porque ele dará vida em abundância ao rebanho de Jahwéh. Ele assegurará “o direito e a justiça” e trará salvação e segurança ao Povo de Deus. O nome desse rei será “o Senhor é a nossa justiça” (vers. 6), pois é Deus que o legitima e a sua missão será administrar a justiça que Deus quer. Garantindo a justiça, esse “pastor” irá trazer a harmonia, a paz, a tranquilidade, a salvação, a vida verdadeira ao Povo de Deus. Esta promessa com contornos messiânicos pretende anular a frustração e o desespero e inaugurar um tempo de esperança para o Povo de Deus.
ACTUALIZAÇÃO
• Antes de mais, o nosso texto mostra a
preocupação de Deus com a vida e a felicidade do seu Povo. Nos momentos
conturbados da nossa história (colectiva ou pessoal) sentimo-nos, muitas vezes,
órfãos, perdidos e abandonados ao sabor dos ventos e das marés… As catástrofes
que afectam o mundo, os conflitos que dividem os povos, a miséria que toca a
vida de tantos dos nossos irmãos, os perigos dos fundamentalismos, as mudanças
vertiginosas que o mundo todos os dias sofre, a perda dos valores em que
apostávamos, as novas e velhas doenças, as crises pessoais, os problemas
laborais, as dificuldades familiares trazem-nos a consciência da nossa pequenez
e impotência frente aos grandes desafios que o mundo hoje nos apresenta.
Sentimo-nos, então, “ovelhas” sem rumo e sem destino, abandonadas à nossa
sorte. Por vezes, no nosso desespero, apostamos em “pastores” humanos que, em
lugar de nos conduzirem para a vida e para a felicidade, nos usam para
satisfazer a sua ânsia de protagonismo e para realizar os seus projectos
egoístas… A Palavra de Deus que nos é proposta neste domingo garante-nos que
Deus é o “Pastor” que se preocupa connosco, que está atento a cada uma das suas
“ovelhas”; Ele cuida das nossas necessidades e está permanentemente disposto a
intervir na nossa história para nos conduzir por caminhos seguros e para nos
oferecer a vida e a paz. É n’Ele que temos de apostar, é n’Ele que temos de
confiar. Esta constatação deve ser, para todos os crentes, uma fonte de
alegria, de esperança, de serenidade e de paz.
• As ameaças contra os maus pastores
apresentadas neste texto de Jeremias talvez nos tenham levado a pensar nos
líderes do mundo, nos nossos governantes e, talvez também, nos líderes da
Igreja. Na verdade, a nossa história recente está cheia de situações em que as
pessoas encarregadas de cuidar da comunidade humana usaram o “rebanho” em
benefício próprio e magoaram, torturaram, roubaram, assassinaram, privaram de
vida e de felicidade essas pessoas que Deus lhes confiou… De qualquer forma,
este texto toca-nos a todos, pois todos somos, de alguma forma, responsáveis
pelos irmãos que caminham connosco. Convida-nos a reflectir sobre a forma como
tratamos os irmãos, na família, na Igreja, no emprego, em qualquer lado…
Recorda-nos que os irmãos que caminham connosco não estão ao serviço dos nossos
interesses pessoais e que a nossa função é ajudar todos a encontrar a vida e a
felicidade.
• O nosso texto faz referência a “um rei” que
Deus vai enviar ao encontro do seu Povo e que governará com sabedoria e
justiça. Jesus é a concretização desta promessa. Ele veio propor ao “rebanho”
de Deus a vida plena e verdadeira… Como é que nós, as “ovelhas” a quem se
destina a proposta de salvação que Deus nos faz em Jesus, acolhemos o que Ele
nos veio dizer? As propostas de Jesus encontram eco na nossa vida? Estamos
sempre dispostos a acolher as indicações e os valores que Ele nos apresenta?
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 22 (23)
Refrão: O Senhor é meu pastor: nada me
faltará.
O Senhor é meu pastor: nada me falta.
Leva-me a descansar em verdes prados,
conduz-me às águas refrescantes
e reconforta a minha alma.
Leva-me a descansar em verdes prados,
conduz-me às águas refrescantes
e reconforta a minha alma.
Ele me guia por sendas direitas por amor do
seu nome.
Ainda que tenha de andar por vales tenebrosos,
não temerei nenhum mal, porque Vós estais comigo:
o vosso cajado e o vosso báculo me enchem de confiança.
Ainda que tenha de andar por vales tenebrosos,
não temerei nenhum mal, porque Vós estais comigo:
o vosso cajado e o vosso báculo me enchem de confiança.
Para mim preparais a mesa
à vista dos meus adversários;
com óleo me perfumais a cabeça,
e o meu cálice transborda.
à vista dos meus adversários;
com óleo me perfumais a cabeça,
e o meu cálice transborda.
A bondade e a graça hão-de acompanhar-me
todos os dias da minha vida,
e habitarei na casa do Senhor
para todo o sempre.
LEITURA II – Ef 2,13-18
todos os dias da minha vida,
e habitarei na casa do Senhor
para todo o sempre.
LEITURA II – Ef 2,13-18
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos
Efésios
Irmãos:
Foi em Cristo Jesus que vós, outrora longe de Deus,
vos aproximastes d’Ele, graças ao sangue de Cristo.
Cristo é, de facto, a nossa paz.
Foi Ele que fez de judeus e gregos um só povo
e derrubou o muro da inimizade que os separava,
anulando, pela imolação do seu corpo,
a Lei de Moisés com as suas prescrições e decretos.
E assim, de uns e outros,
Ele fez em Si próprio um só homem novo,
estabelecendo a paz.
Pela cruz reconciliou com Deus
uns e outros, reunidos num só Corpo,
levando em Si próprio a morte á inimizade.
Cristo veio anunciar a boa nova da paz,
paz para vós, que estáveis longe,
e paz para aqueles que estavam perto.
Por Ele, uns e outros podemos aproximar-nos do Pai,
num só Espírito.
Foi em Cristo Jesus que vós, outrora longe de Deus,
vos aproximastes d’Ele, graças ao sangue de Cristo.
Cristo é, de facto, a nossa paz.
Foi Ele que fez de judeus e gregos um só povo
e derrubou o muro da inimizade que os separava,
anulando, pela imolação do seu corpo,
a Lei de Moisés com as suas prescrições e decretos.
E assim, de uns e outros,
Ele fez em Si próprio um só homem novo,
estabelecendo a paz.
Pela cruz reconciliou com Deus
uns e outros, reunidos num só Corpo,
levando em Si próprio a morte á inimizade.
Cristo veio anunciar a boa nova da paz,
paz para vós, que estáveis longe,
e paz para aqueles que estavam perto.
Por Ele, uns e outros podemos aproximar-nos do Pai,
num só Espírito.
AMBIENTE
A Carta aos Efésios é, provavelmente, um dos
exemplares de uma “carta circular” enviada a várias Igrejas da Ásia Menor, numa
altura em que Paulo está na prisão (em Roma? em Cesareia?). O seu portador é um
tal Tíquico. Estamos por volta dos anos 58/60.
Alguns vêem nesta carta uma espécie de síntese da teologia paulina, numa altura em que Paulo sente ter terminado a sua missão apostólica na Ásia e não sabe exactamente o que o futuro próximo lhe reserva (recordemos que ele está, por esta altura, prisioneiro e não sabe como vai terminar o cativeiro).
O tema central da Carta aos Efésios é aquilo a que Paulo chama “o mistério”: o desígnio (ou projecto) salvador de Deus, definido desde toda a eternidade, escondido durante séculos aos homens, revelado e concretizado plenamente em Jesus, comunicado aos apóstolos, desfraldado e dado a conhecer ao mundo na Igreja.
O texto que nos é aqui proposto integra a parte dogmática da carta. Depois de reflectir sobre o papel de Cristo no projecto de salvação que Deus tem para os homens (cf. Ef 2,1-10), Paulo refere-se à reconciliação operada por Cristo, que com a sua doação uniu judeus e pagãos num mesmo Povo (cf. Ef 2,11-22).
Alguns vêem nesta carta uma espécie de síntese da teologia paulina, numa altura em que Paulo sente ter terminado a sua missão apostólica na Ásia e não sabe exactamente o que o futuro próximo lhe reserva (recordemos que ele está, por esta altura, prisioneiro e não sabe como vai terminar o cativeiro).
O tema central da Carta aos Efésios é aquilo a que Paulo chama “o mistério”: o desígnio (ou projecto) salvador de Deus, definido desde toda a eternidade, escondido durante séculos aos homens, revelado e concretizado plenamente em Jesus, comunicado aos apóstolos, desfraldado e dado a conhecer ao mundo na Igreja.
O texto que nos é aqui proposto integra a parte dogmática da carta. Depois de reflectir sobre o papel de Cristo no projecto de salvação que Deus tem para os homens (cf. Ef 2,1-10), Paulo refere-se à reconciliação operada por Cristo, que com a sua doação uniu judeus e pagãos num mesmo Povo (cf. Ef 2,11-22).
MENSAGEM
Paulo dirige-se aos pagãos (“vós outrora longe
de Deus” – vers. 13) e explica-lhes que foi pelo sangue de Cristo que eles se
aproximaram de Deus. Antes, eles adoravam os ídolos e tinham convicções
religiosas; mas desconheciam o verdadeiro Deus e a sua proposta de salvação;
agora, foram admitidos a fazer parte da família de Deus.
Além disso, a entrega de Cristo derrubou a tradicional barreira de inimizade que separava judeus e pagãos e fez de todos um único Povo. Os judeus, convencidos de que eram um Povo à parte, desprezavam os pagãos e não queriam qualquer contacto com eles; as suas leis pugnavam por uma rígida separação e interditavam o contacto com os outros povos. Os pagãos, por sua vez, nutriam um profundo desprezo pelos judeus, pela sua diferença, pela sua arrogância…
Ora, Cristo veio apresentar uma proposta de vida que é para todos, sem excepção. O que é decisivo, agora, não é a pertença a um determinado Povo, mas a forma como se responde à proposta de vida que Jesus faz. Responder positivamente à proposta de Cristo é passar a integrar a comunidade dos santos. A Lei de Moisés, com as suas prescrições e exigências (que, na prática, vedavam aos pagãos a possibilidade de integrar o Povo de Deus), fica anulada… Na nova economia da salvação, o que conta é a disponibilidade para acolher a vida que Deus oferece e ser Homem Novo.
Nasce, assim, um “corpo” que integra os mais diversos membros, pertencentes a todos os quadrantes da família humana. Todos aqueles que aceitaram integrar a comunidade de Jesus, sem diferenças de etnias, de raças, de cor da pele, de classes sociais ou culturais, pertencem à mesma família, a família de Deus. Todos – judeus e pagãos – são, agora, membros da comunidade trinitária do Pai (que oferece a vida), do Filho (que vem ao encontro dos homens para lhes comunicar a vida do Pai) e do Espírito (que mantém unidos os membros deste “corpo” entre si e com Deus.
Além disso, a entrega de Cristo derrubou a tradicional barreira de inimizade que separava judeus e pagãos e fez de todos um único Povo. Os judeus, convencidos de que eram um Povo à parte, desprezavam os pagãos e não queriam qualquer contacto com eles; as suas leis pugnavam por uma rígida separação e interditavam o contacto com os outros povos. Os pagãos, por sua vez, nutriam um profundo desprezo pelos judeus, pela sua diferença, pela sua arrogância…
Ora, Cristo veio apresentar uma proposta de vida que é para todos, sem excepção. O que é decisivo, agora, não é a pertença a um determinado Povo, mas a forma como se responde à proposta de vida que Jesus faz. Responder positivamente à proposta de Cristo é passar a integrar a comunidade dos santos. A Lei de Moisés, com as suas prescrições e exigências (que, na prática, vedavam aos pagãos a possibilidade de integrar o Povo de Deus), fica anulada… Na nova economia da salvação, o que conta é a disponibilidade para acolher a vida que Deus oferece e ser Homem Novo.
Nasce, assim, um “corpo” que integra os mais diversos membros, pertencentes a todos os quadrantes da família humana. Todos aqueles que aceitaram integrar a comunidade de Jesus, sem diferenças de etnias, de raças, de cor da pele, de classes sociais ou culturais, pertencem à mesma família, a família de Deus. Todos – judeus e pagãos – são, agora, membros da comunidade trinitária do Pai (que oferece a vida), do Filho (que vem ao encontro dos homens para lhes comunicar a vida do Pai) e do Espírito (que mantém unidos os membros deste “corpo” entre si e com Deus.
ACTUALIZAÇÃO
• O texto que nos é proposto tem, em pano de
fundo, essa verdade fundamental que a liturgia nos recorda todos os domingos:
Deus tem uma proposta de salvação para oferecer a todos os homens, sem
excepção; e essa proposta tem como finalidade inserir-nos na família de Deus. A
constatação de que para Deus não há distinções e todos são, igualmente, filhos
amados – para além das possíveis diferenças rácicas, étnicas, sociais ou
culturais – é algo que nos tranquiliza, que nos dá serenidade, esperança e paz.
O nosso Deus é um pai que não marginaliza nenhum dos seus filhos; e, se tem
alguma predilecção, não é por aqueles que o mundo admira e endeusa, mas é pelos
mais débeis, pelos mais fracos, pelos oprimidos, pelos que mais sofrem.
• O que é verdadeiramente importante, na
perspectiva de Deus, não é a cor da pele, nem as capacidades intelectuais, nem
as qualidades humanas, nem a pertença a determinada instituição política ou
religiosa, nem os contributos (em dinheiro ou em obras) que se dão à Igreja;
mas o que é decisivo é ter disponibilidade para acolher a vida que Ele oferece
e para aderir à proposta de caminho que Ele faz. Estou sempre numa permanente
atitude de escuta das propostas de Deus, ou vivo fechado a Deus e às suas
indicações, num caminho de orgulho e de auto-suficiência? Para mim, o que é que
significam as propostas de Deus? Elas influenciam as minhas opções, os meus
valores, as minhas atitudes? A forma como eu me relaciono com todos os homens e
mulheres que encontro nos caminhos deste mundo é coerente com essa proposta de
vida que Deus me faz?
• A comunidade cristã é uma família de irmãos,
que partilham a mesma fé e a mesma proposta de vida. É um “corpo”, formado por
uma grande diversidade de membros, onde todos se sentem unidos em Cristo e
entre si numa efectiva fraternidade. As nossas comunidades (cristãs ou
religiosas) são, efectivamente, comunidades de irmãos que se amam, para além
das diferenças legítimas que há entre os membros? Nas nossas comunidades todos
os irmãos são acolhidos e amados, ou há irmãos considerados de segunda classe,
marginalizados e maltratados? Eu, pessoalmente, como é que vejo esses irmãos na
fé que caminham comigo? Perante as diferenças de perspectiva, como é que eu
reajo: com respeito pela opinião do outro, ou com intolerância?
• No mundo de hoje o fenómeno da globalidade
aproxima-nos dos outros homens que partilham connosco esta casa comum que é o
mundo e torna-nos mais tolerantes para com as diferenças. Contudo, subsistem
muros – alicerçados nas diferenças rácicas, políticas, religiosas, sociais,
afectivas – que impedem uma total experiência de fraternidade universal. Na
nossa vida pessoal e familiar, na nossa vida pessoal e na nossa experiência de
caminhada comunitária, aparecem frequentemente muros que nos dividem, que
impedem a comunicação, o encontro, a comunhão. Nós, os discípulos desse Cristo
que veio reconciliar “judeus e gregos” e fazer de todos “um só povo”, temos o
dever de dar testemunho da paz e da unidade e de lutar objectivamente contra
todas as barreiras que separam os homens.
ALELUIA – Jo 10,27
ALELUIA – Jo 10,27
Aleluia. Aleluia.
As minhas ovelhas escutam a minha voz, diz o
Senhor;
Eu conheço as minhas ovelhas e elas seguem-Me.
EVANGELHO – Mc 6,30-34
Eu conheço as minhas ovelhas e elas seguem-Me.
EVANGELHO – Mc 6,30-34
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo
São Marcos
Naquele tempo,
os Apóstolos voltaram para junto de Jesus
e contaram-Lhe tudo o que tinham feito e ensinado.
Então Jesus disse-lhes:
«Vinde comigo para um lugar isolado
e descansai um pouco».
De facto, havia sempre tanta gente a chegar e a partir
que eles nem tinham tempo de comer.
Partiram, então, de barco
para um lugar isolado, sem mais ninguém.
Vendo-os afastar-se, muitos perceberam para onde iam;
e, de todas as cidades, acorreram a pé para aquele lugar
e chegaram lá primeiro que eles.
Ao desembarcar, Jesus viu uma grande multidão
e compadeceu-Se de toda aquela gente,
que eram como ovelhas sem pastor.
E começou a ensinar-lhes muitas coisas.
os Apóstolos voltaram para junto de Jesus
e contaram-Lhe tudo o que tinham feito e ensinado.
Então Jesus disse-lhes:
«Vinde comigo para um lugar isolado
e descansai um pouco».
De facto, havia sempre tanta gente a chegar e a partir
que eles nem tinham tempo de comer.
Partiram, então, de barco
para um lugar isolado, sem mais ninguém.
Vendo-os afastar-se, muitos perceberam para onde iam;
e, de todas as cidades, acorreram a pé para aquele lugar
e chegaram lá primeiro que eles.
Ao desembarcar, Jesus viu uma grande multidão
e compadeceu-Se de toda aquela gente,
que eram como ovelhas sem pastor.
E começou a ensinar-lhes muitas coisas.
AMBIENTE
O Evangelho do passado domingo mostrava-nos
Jesus a enviar os discípulos, dois a dois, para pregarem o arrependimento,
expulsarem os demónios, ungirem e curarem os doentes (cf. Mc 6,7-13). O anúncio
que é confiado aos discípulos é o anúncio que Jesus fazia (o “Reino”); os
gestos que os discípulos são convidados a fazer para anunciar o “Reino” são os
mesmos que Jesus fez.
O Evangelho deste domingo apresenta-nos o regresso dos enviados de Jesus. Marcos chama-lhes, agora, “apóstolos” (enviados): é a única vez que a palavra aparece no Evangelho segundo Marcos. A missão correu bem e os “apóstolos” estão entusiasmados, mas naturalmente cansados.
Não há, no texto, qualquer indicação do lugar onde a cena se teria desenrolado.
O Evangelho deste domingo apresenta-nos o regresso dos enviados de Jesus. Marcos chama-lhes, agora, “apóstolos” (enviados): é a única vez que a palavra aparece no Evangelho segundo Marcos. A missão correu bem e os “apóstolos” estão entusiasmados, mas naturalmente cansados.
Não há, no texto, qualquer indicação do lugar onde a cena se teria desenrolado.
MENSAGEM
O nosso texto começa com a narração do
regresso dos discípulos que, entusiasmados, contam a Jesus a forma como se
tinha desenrolado a missão que lhes fora confiada (vers. 30). Na sequência,
Jesus convida-os a irem com Ele para um lugar isolado e a descansarem um pouco
(vers. 31). Os discípulos foram, com Jesus, para um lugar deserto (vers. 32);
mas as multidões adivinharam para onde Jesus e os discípulos se dirigiam e
chegaram primeiro (vers. 33). Ao desembarcar, Jesus viu as pessoas, teve
compaixão delas (“porque eram como ovelhas sem pastor”) e pôs-se a ensiná-las
(vers. 34).
O episódio, em si, é banal… No entanto, Marcos vai aproveitá-lo para desenvolver a sua catequese sobre o discipulado. A catequese apresentada por Marcos desenvolve-se à volta dos seguintes pontos:
1. Os apóstolos são os enviados de Jesus, chamados a continuar no mundo a missão de Jesus. Essa missão consiste em anunciar o Reino. Para a concretizar, os apóstolos convidam os homens que escutam a mensagem a mudarem a sua vida e a acolherem a proposta que Jesus lhes faz. Os gestos dos discípulos (“expulsaram demónios, curaram doentes” – Mc 6,13) anunciam esse mundo novo de homens livres e esse projecto de vida verdadeira e plena que Deus quer oferecer a todos os homens.
2. A referência à necessidade de os “apóstolos” descansarem (pois nem sequer tinham tempo para comer) pretende ser um aviso contra o activismo exagerado, que destrói as forças do corpo e do espírito e leva, tantas vezes, a perder o sentido da missão.
3. Os “apóstolos” são convidados por Jesus a irem com Ele para um lugar isolado. Já dissemos, acima, que não se nomeia esse lugar: na realidade, o que interessa aqui não é o lugar geográfico, mas sim que esse “descanso” deve acontecer junto de Jesus. É ao lado de Jesus, escutando-O, dialogando com Ele, gozando da sua intimidade, que os discípulos recuperam as suas forças. Se os discípulos não confrontarem, frequentemente, os seus esquemas e projectos pastorais com Jesus e a sua Palavra, a missão redundará num fracasso.
4. Entretanto, as multidões tinham seguido Jesus e os discípulos a pé – quer dizer, deslocando-se à volta do Lago de Tiberíades, com o barco sempre à vista. Esta busca incansável e impaciente espelha, com algum dramatismo, a ânsia de vida que as pessoas sentem… Jesus, cheio de compaixão, compara a multidão a um rebanho sem pastor. Não é nos líderes religiosos ou políticos da nação que elas encontram segurança e esperança; não é nos ritos da religião tradicional que elas encontram paz e sentido para a vida… Mas é em Jesus e na sua proposta que as multidões encontram vida verdadeira e plena. Na sequência, Marcos vai narrar-nos a cena da multiplicação dos pães e dos peixes, que saciam a fome de cinco mil homens.
O episódio, em si, é banal… No entanto, Marcos vai aproveitá-lo para desenvolver a sua catequese sobre o discipulado. A catequese apresentada por Marcos desenvolve-se à volta dos seguintes pontos:
1. Os apóstolos são os enviados de Jesus, chamados a continuar no mundo a missão de Jesus. Essa missão consiste em anunciar o Reino. Para a concretizar, os apóstolos convidam os homens que escutam a mensagem a mudarem a sua vida e a acolherem a proposta que Jesus lhes faz. Os gestos dos discípulos (“expulsaram demónios, curaram doentes” – Mc 6,13) anunciam esse mundo novo de homens livres e esse projecto de vida verdadeira e plena que Deus quer oferecer a todos os homens.
2. A referência à necessidade de os “apóstolos” descansarem (pois nem sequer tinham tempo para comer) pretende ser um aviso contra o activismo exagerado, que destrói as forças do corpo e do espírito e leva, tantas vezes, a perder o sentido da missão.
3. Os “apóstolos” são convidados por Jesus a irem com Ele para um lugar isolado. Já dissemos, acima, que não se nomeia esse lugar: na realidade, o que interessa aqui não é o lugar geográfico, mas sim que esse “descanso” deve acontecer junto de Jesus. É ao lado de Jesus, escutando-O, dialogando com Ele, gozando da sua intimidade, que os discípulos recuperam as suas forças. Se os discípulos não confrontarem, frequentemente, os seus esquemas e projectos pastorais com Jesus e a sua Palavra, a missão redundará num fracasso.
4. Entretanto, as multidões tinham seguido Jesus e os discípulos a pé – quer dizer, deslocando-se à volta do Lago de Tiberíades, com o barco sempre à vista. Esta busca incansável e impaciente espelha, com algum dramatismo, a ânsia de vida que as pessoas sentem… Jesus, cheio de compaixão, compara a multidão a um rebanho sem pastor. Não é nos líderes religiosos ou políticos da nação que elas encontram segurança e esperança; não é nos ritos da religião tradicional que elas encontram paz e sentido para a vida… Mas é em Jesus e na sua proposta que as multidões encontram vida verdadeira e plena. Na sequência, Marcos vai narrar-nos a cena da multiplicação dos pães e dos peixes, que saciam a fome de cinco mil homens.
ACTUALIZAÇÃO
• A proposta salvadora e libertadora de Deus
para os homens, apresentada em Jesus, é agora continuada pelos discípulos. Os
discípulos de Jesus são – como Jesus o foi – as testemunhas do amor, da bondade
e da solicitude de Deus por esses homens e mulheres que caminham pelo mundo
perdidos e sem rumo, “como ovelhas sem pastor”. As vítimas da economia global,
os que são colocados à margem da sociedade e da vida, os estrangeiros que
buscam noutro país condições dignas de vida e são empurrados de um lado para o
outro, os doentes que não têm acesso a um sistema de saúde eficiente, os idosos
abandonados pela família, as crianças que crescem nas ruas, aqueles que a vida
magoou e que ainda não conseguiram sarar as suas feridas, encontram em cada um
de nós, discípulos de Jesus, o amor, a bondade e a solicitude de Deus? Que
fizemos com essa proposta de vida nova e de libertação que Jesus nos mandou
testemunhar diante das “ovelhas sem pastor”?
• A missão dos discípulos não pode ser
desligada de Jesus. Os discípulos devem, com frequência, reunir-se à volta de
Jesus, dialogar com Ele, escutar os seus ensinamentos, confrontar
permanentemente a pregação feita com a proposta de Jesus. Por vezes, os
discípulos (verdadeiramente comovidos com a situação das “ovelhas sem pastor”)
mergulham num activismo descontrolado e acabam por perder as referências;
deixam de ter tempo e disponibilidade para se encontrarem com Jesus, para
confrontarem as suas opções e motivações com o projecto de Jesus… Por vezes,
passam a “vender”, como verdade libertadora, soluções que são parciais e que
geram dependência e escravidão (e que não vêm de Jesus); outras vezes,
tornam-se funcionários eficientes, que resolvem problemas sociais pontuais, mas
sem oferecerem às “ovelhas sem pastor” uma libertação verdadeira e global;
outras, ainda, cansam-se e abandonam a actividade e o testemunho… Jesus é que
dá sentido à missão do discípulo e que permite ao discípulo, tantas vezes
fatigado e desanimado, voltar a descobrir o sentido das coisas e renovar o se empenho.
• A comoção de Jesus diante das “ovelhas sem
pastor” é sinal da sua preocupação e do seu amor. Revela a sua sensibilidade e
manifesta a sua solidariedade para com todos os sofredores. A comoção de Jesus
convida-nos a sermos sensíveis às dores e necessidades dos nossos irmãos. Todo
o homem é nosso irmão e tem direito a esperar de nós um gesto de bondade e de
acolhimento. Não podemos ficar no nosso canto, comodamente instalados, com a
consciência em paz (porque até já fomos à missa e rezámos as orações que a
Igreja manda), a ver o nosso irmão a sofrer. O nosso coração tem de doer, a
nossa consciência tem de questionar-nos, quando vimos um homem ou uma mulher
(nem que seja um desconhecido, nem que seja um estrangeiro) ser magoado,
explorado, ofendido, marginalizado, privado dos seus direitos e da sua
dignidade. Um cristão é alguém que tem de sentir como seus os sofrimentos do
irmão.
ALGUMAS SUGESTÕES PRÁTICAS PARA O 16º DOMINGO
DO TEMPO COMUM
(adaptadas de “Signes d’aujourd’hui”)
(adaptadas de “Signes d’aujourd’hui”)
1. A PALAVRA MEDITADA AO LONGO DA SEMANA.
Ao longo dos dias da semana anterior ao 16º Domingo do Tempo Comum, procurar meditar a Palavra de Deus deste domingo. Meditá-la pessoalmente, uma leitura em cada dia, por exemplo… Escolher um dia da semana para a meditação comunitária da Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de padres, num grupo de movimentos eclesiais, numa comunidade religiosa… Aproveitar, sobretudo, a semana para viver em pleno a Palavra de Deus.
Ao longo dos dias da semana anterior ao 16º Domingo do Tempo Comum, procurar meditar a Palavra de Deus deste domingo. Meditá-la pessoalmente, uma leitura em cada dia, por exemplo… Escolher um dia da semana para a meditação comunitária da Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de padres, num grupo de movimentos eclesiais, numa comunidade religiosa… Aproveitar, sobretudo, a semana para viver em pleno a Palavra de Deus.
2. BILHETE DE EVANGELHO.
Deus tem piedade… Uma grande multidão pode abafar física e moralmente. Compreende-se que Jesus queira preservar os seus apóstolos: eles foram ao encontro das multidões para as ensinar e fazer milagres, então Ele propõe-lhes para se afastarem para um lugar deserto a fim de retomar o fôlego e não perderem o sentido daquilo que é essencial. Mas a multidão tem fome de palavras e de sinais, é ela que dirige o curso dos acontecimentos, parece querer recordar a Jesus e aos seus discípulos que eles não têm o direito de fugir. Como reagem os apóstolos? Não sabemos. O que sabemos é que Jesus se enche de piedade; este sentimento que O anima revela-nos algo do rosto do Pai. É o coração de Deus que bate no coração de Jesus cheio de piedade. Sim, Deus tem piedade da multidão na margem do lado Tiberíades, como outrora teve piedade do seu povo escravo no Egipto. E quando Deus tem piedade, Ele age.
Deus tem piedade… Uma grande multidão pode abafar física e moralmente. Compreende-se que Jesus queira preservar os seus apóstolos: eles foram ao encontro das multidões para as ensinar e fazer milagres, então Ele propõe-lhes para se afastarem para um lugar deserto a fim de retomar o fôlego e não perderem o sentido daquilo que é essencial. Mas a multidão tem fome de palavras e de sinais, é ela que dirige o curso dos acontecimentos, parece querer recordar a Jesus e aos seus discípulos que eles não têm o direito de fugir. Como reagem os apóstolos? Não sabemos. O que sabemos é que Jesus se enche de piedade; este sentimento que O anima revela-nos algo do rosto do Pai. É o coração de Deus que bate no coração de Jesus cheio de piedade. Sim, Deus tem piedade da multidão na margem do lado Tiberíades, como outrora teve piedade do seu povo escravo no Egipto. E quando Deus tem piedade, Ele age.
3. À ESCUTA DA PALAVRA.
Instituição evangélica das férias! “Vinde comigo para um lugar isolado e descansai um pouco”. É a instituição evangélica das férias! De facto, a multidão era tão numerosa que os Apóstolos nem tinham tempo para comer. Deviam estar esgotados, tanto mais que regressavam do primeiro envio em missão, que não terá sido propriamente um tempo de repouso. Conhecemos a vida de Jesus, a sua missão, as grandes fadigas, as noites em oração, sem dormir, após um dia extenuante… Numa das travessias de barco, aproveita mesmo para repousar um pouco e dormir… Assim, Ele sabe estar atento à fadiga dos seus companheiros. Convida-os a respeitar também as exigências da natureza corporal, a ter um pouco de repouso. E nós, hoje? Sabemos bem que as férias não são um luxo, se corresponderem àquilo para que existem: precisamente para respeitar a nossa natureza humana, que exige tempos de relaxe, de recuperação, não apenas física mas também intelectual e espiritual. As férias não são um tempo de ócio, mas de “re-criação”, para retomar energias. Sabemos que há ainda muitos homens, mulheres e crianças que são explorados como vulgares máquinas para produzir. Isso não é respeitar a vontade criadora de Deus. O Evangelho de hoje, que cai bem em período de férias, recorda-nos isso de modo muito oportuno. Isso é também válido para os servidores do Evangelho! Os Apóstolos diminuem, as funções pastorais aumentam… a fadiga também. Cabe a cada um tirar as devidas consequências evangélicas!
Instituição evangélica das férias! “Vinde comigo para um lugar isolado e descansai um pouco”. É a instituição evangélica das férias! De facto, a multidão era tão numerosa que os Apóstolos nem tinham tempo para comer. Deviam estar esgotados, tanto mais que regressavam do primeiro envio em missão, que não terá sido propriamente um tempo de repouso. Conhecemos a vida de Jesus, a sua missão, as grandes fadigas, as noites em oração, sem dormir, após um dia extenuante… Numa das travessias de barco, aproveita mesmo para repousar um pouco e dormir… Assim, Ele sabe estar atento à fadiga dos seus companheiros. Convida-os a respeitar também as exigências da natureza corporal, a ter um pouco de repouso. E nós, hoje? Sabemos bem que as férias não são um luxo, se corresponderem àquilo para que existem: precisamente para respeitar a nossa natureza humana, que exige tempos de relaxe, de recuperação, não apenas física mas também intelectual e espiritual. As férias não são um tempo de ócio, mas de “re-criação”, para retomar energias. Sabemos que há ainda muitos homens, mulheres e crianças que são explorados como vulgares máquinas para produzir. Isso não é respeitar a vontade criadora de Deus. O Evangelho de hoje, que cai bem em período de férias, recorda-nos isso de modo muito oportuno. Isso é também válido para os servidores do Evangelho! Os Apóstolos diminuem, as funções pastorais aumentam… a fadiga também. Cabe a cada um tirar as devidas consequências evangélicas!
4. PARA A SEMANA QUE SE SEGUE…
Com o Salmo 22… Como no Evangelho, temos de necessidade de nos afastar, de tomar alguma distância em relação à nossa vida trepidante, para repousarmos… Mas, de facto, sabemos repousar? Sem televisão, sem leitor de CD e DVD, sem Internet, sem vídeo, sem barulhos de todas as espécies, sem telemóvel? Ousamos encontrar-nos no silêncio, face a nós mesmos, face a Deus? Este momento que passarmos, só com Deus, pode ser, antes de mais, um tempo de silêncio para nos colocarmos na sua presença, seguindo-se um tempo de oração lenta e intensa do Salmo 22…
Com o Salmo 22… Como no Evangelho, temos de necessidade de nos afastar, de tomar alguma distância em relação à nossa vida trepidante, para repousarmos… Mas, de facto, sabemos repousar? Sem televisão, sem leitor de CD e DVD, sem Internet, sem vídeo, sem barulhos de todas as espécies, sem telemóvel? Ousamos encontrar-nos no silêncio, face a nós mesmos, face a Deus? Este momento que passarmos, só com Deus, pode ser, antes de mais, um tempo de silêncio para nos colocarmos na sua presença, seguindo-se um tempo de oração lenta e intensa do Salmo 22…
UNIDOS PELA PALAVRA DE DEUS
PROPOSTA PARA
ESCUTAR, PARTILHAR, VIVER E ANUNCIAR A PALAVRA NAS COMUNIDADES DEHONIANAS
Grupo Dinamizador:
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)
Rua Cidade de Tete, 10 – 1800-129 LISBOA – Portugal
Tel. 218540900 – Fax: 218540909
portugal@dehonianos.org – www.dehonianos.org
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Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)
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