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Julho 2018
Tempo Comum – Anos Pares
XVI Semana – Sábado
XVI Semana – Sábado
Lectio
Primeira leitura: Jeremias 7, 1-11
1A palavra do Senhor foi dirigida a
Jeremias, nestes termos: 2«Coloca-te à porta do templo do Senhor e proclama aí
este discurso: «Escutai a palavra do Senhor, habitantes de Judá, que entrais
por estas portas para adorar o Senhor. 3Assim fala o Senhor do universo, o Deus
de Israel:Endireitai os vossos caminhos e emendai as vossas obras e Eu
habitarei convosco neste lugar. 4Não vos fieis em palavras de mentira, dizendo:
‘Templo do Senhor, templo do Senhor! Este é o templo do Senhor’. 5Mas, se
endireitardes os vossos caminhos e emendardes as vossas obras, se
verdadeiramente praticardes a justiça uns com os outros, 6se não oprimirdes o estrangeiro,
o órfão e a viúva, nem derramardes neste lugar o sangue inocente, se não
seguirdes, para vossa desgraça, deuses estrangeiros, 7então, Eu permanecerei
convosco neste lugar, nesta terra que dei desde sempre e para sempre a vossos
pais. 8Contudo, eis que vos enganais a vós mesmos, confiando em palavras vãs,
que de nada vos servirão. 9Roubais, matais, cometeis adultérios, jurais falso,
ofereceis incenso a Baal e procurais deuses que vos são desconhecidos; 10e
depois, vindes apresentar-vos diante de mim, neste templo, onde o meu nome é
invocado, e exclamais: ‘Estamos salvos!’ Mas seguidamente voltais a cometer
todas essas abominações. 11Porventura, este templo, onde o meu nome é invocado,
é a vossos olhos, um covil de ladrões? Ficai sabendo que Eu vi todas estas
coisas – oráculo do Senhor.
Esta perícopa dá início a uma nova secção,
na obra de Jeremias. Trata-se de uma colecção de oráculos dispersos certamente
feita por um dos discípulos do profeta. Estes oráculos reflectem a situação
histórica, moral e religiosa, que seguiu à morte de Josias, durante o reinado
de Joaquim.
A palavra de Deus leva Jeremias até à porta do templo, morada de Deus e lugar santo por excelência. Aí, o profeta estigmatiza a hipocrisia dos que vêm prestar culto a Deus, mas não cumprem os mandamentos. Os injustos, os assassinos, os ladrões, os adúlteros, os que juram falso, os que vivem uma fé sincretista, não escaparão aos castigos divinos, só por entrarem no templo e apresentarem ofertas e sacrifícios ao Senhor (vv. 5-10). É um absurdo pensar que Deus possa ser conivente com tais crimes. Deus é santo e, quem entra no templo, há-de viver em santidade. O templo não pode ser «um covil de ladrões» (v. 11). Os criminosos profanam o templo santo, habitado por Deus santo. Por isso, merecem o castigo divino (v. 11). Para escapar a esse castigo só há um caminho: converter-se, isto é, melhorar o próprio comportamento, as próprias acções, e viver segundo os mandamentos de Deus (vv. 3-5).
A palavra de Deus leva Jeremias até à porta do templo, morada de Deus e lugar santo por excelência. Aí, o profeta estigmatiza a hipocrisia dos que vêm prestar culto a Deus, mas não cumprem os mandamentos. Os injustos, os assassinos, os ladrões, os adúlteros, os que juram falso, os que vivem uma fé sincretista, não escaparão aos castigos divinos, só por entrarem no templo e apresentarem ofertas e sacrifícios ao Senhor (vv. 5-10). É um absurdo pensar que Deus possa ser conivente com tais crimes. Deus é santo e, quem entra no templo, há-de viver em santidade. O templo não pode ser «um covil de ladrões» (v. 11). Os criminosos profanam o templo santo, habitado por Deus santo. Por isso, merecem o castigo divino (v. 11). Para escapar a esse castigo só há um caminho: converter-se, isto é, melhorar o próprio comportamento, as próprias acções, e viver segundo os mandamentos de Deus (vv. 3-5).
Evangelho: Mateus 13, 24-30
Naquele tempo, 24Jesus propôs-lhes outra
parábola: «O Reino do Céu é comparável a um homem que semeou boa semente no seu
campo. 25Ora, enquanto os seus homens dormiam, veio o inimigo, semeou joio no
meio do trigo e afastou-se. 26Quando a haste cresceu e deu fruto, apareceu
também o joio. 27Os servos do dono da casa foram ter com ele e disseram-lhe:
‘Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Donde vem, pois, o joio?’
28‘Foi algum inimigo meu que fez isto’ – respondeu ele. Disseram-lhe os servos:
‘Queres que vamos arrancá-lo?’ 29Ele respondeu: ‘Não, para que não suceda que,
ao apanhardes o joio, arranqueis o trigo ao mesmo tempo. 30Deixai um e outro
crescer juntos, até à ceifa; e, na altura da ceifa, direi aos ceifeiros:
Apanhai primeiro o joio e atai-o em feixes para ser queimado; e recolhei o
trigo no meu celeiro.’»
Jesus apresenta mais uma parábola, desta
vez, com dois semeadores. O primeiro lança à terra boa semente de trigo; o
segundo lança à terra sementes de joio, erva daninha que irá prejudicar a
sementeira. Este campo semeado de bom trigo e de joio é a Igreja, que está nos
seus inícios, mas também toda a humanidade. Numa e noutra crescem lado a lado o
trigo e o joio. Os servos querem eliminar a erva daninha. Mas o dono do campo
tem outra lógica: «Deixai um e outro crescer juntos, até à ceifa» (v. 30).
Deste modo, Jesus revela-nos o coração do Pai, que deixa crescer os bons e os
maus. Só na altura da ceifa os separará e lhes dará diferente destino. Deus não
intervém para arrancar o mal presente na Igreja e no mundo, presente no coração
do homem. Só no momento do juízo ficará patente quem praticou o bem e quem
praticou o mal. Ao excesso de zelo de quem pretende a todo o custo e
imediatamente eliminar o mal, e quem o faz, contrapõe-se a tolerância de Deus,
que não é um qualquer pacifista, mas conhece os tempos de crescimento do
coração humano. Era o que já verificava, com grande espanto, o autor do livro
da Sabedoria: «Tu tens compaixão de todos, pois tudo podes e desvias os olhos
dos pecados dos homens, a fim de os levar à conversão» (Sb 11, 23).
Meditatio
O povo de Jerusalém sentia-se seguro junto
do templo onde Deus habitava. Como podia o Senhor abandonar uma cidade onde
tinha a sua morada? Aproveitando esse sentimento de segurança, Jerusalém
abandonava-se a todo o género de abusos, levando uma vida incoerente com a
Aliança. Jeremias insurge-se contra essas ilusões religiosas do seu povo:
«Roubais, matais, cometeis adultérios, jurais falso, ofereceis incenso a Baal e
procurais deuses que vos são desconhecidos; e depois, vindes apresentar-vos
diante de mim, neste templo, onde o meu nome é invocado, e exclamais: ‘Estamos
salvos!’ Mas seguidamente voltais a cometer todas essas abominações» (vv. 9-10).
Para agradar a Deus, não é suficiente ir aos lugares sagrados e participar no culto. É indispensável viver segundo a vontade de Deus. Não há que confiar nas palavras mentirosas dos que dizem: «’Templo do Senhor, templo do Senhor! Este é o templo do Senhor’. Mas, se endireitardes os vossos caminhos e emendardes as vossas obrasentão, Eu permanecerei convosco neste lugar» (cf. vv. 4-7).
Os avisos de Jeremias e, sobretudo, as palavras de Jesus devem fazer-nos pensar! Onde nos leva a nossa confiança em Deus? Se nos permite descurar os nossos deveres, não é verdadeira confiança, porque essa leva à docilidade, à generosidade. E então, sim: Deus jamais faltará com a sua ajuda, e dará a graça para caminharmos no seu amor.
O evangelho leva-nos a reflectir na paciência de Deus e na nossa intolerância. Perante o mal, é espontâneo revoltar-nos contra quem o faz. Por vezes, até nos escandalizamos com Deus, que não intervém para eliminar o sofrimento provocado pelas doenças, pelas prepotências dos outros, pelo egoísmo de tantos… Quem faz tanto mal, semeando morte e sofrimento, não deveria morrer? Estas e outras perguntas vêm do sentido de impotência que experimentamos diante do mal. Deus não nem sempre responde imediatamente aos nossos clamores. Até esperou três dias para responder ao grito do seu próp
rio Filho cravado na cruz! Como é grande a paciência de Deus! Como é incómoda, também para Ele, que sofre ao ver sofrer os seus filhos! Mas Deus não pode retirar-nos o grande dom da liberdade que nos concedeu! Seria bom até perguntar-nos como usamos esse dom, se o pomos ao serviço do bem ou ao serviço do mal. Não é possível descer a compromissos e, no momento do encontro face a face com Deus, há-de revelar-se claramente a opção feita por cada um. De nada servirá uma religiosidade que se limite a práticas exteriores, que não envolva o coração e a vida. Mais importante do que perguntar pela razão do mal, é perguntar: «que faço para promover o bem?».
A paciência de Deus há-de inspirar e motivar a nossa paciência, em todas as circunstâncias, com todas as pessoas. Há que aceitar serenamente os sofrimentos da vida. E são tantos! Há que saber respeitar os passos dos outros. Mesmo na actividade pastoral, há que aceitar o ritmo das pessoas e das comunidades. Na actividade missionária ad gentes, há que respeitar a lentidão de quem não tem a nossa cultura, a nossa longa tradição cristã. Recordemos que «um é o que semeia e outro o que recolhe» (cf. Jo 4, 27) e que há quem planta e quem rega, mas só Deus faz crescer (cf. 1 Cor 3, 6-7). A evangelização deve ter a sabedoria do camponês que respeita os ritmos da natureza. O missionário é sempre um semeador, não um vendedor ambulante de receitas mágicas com efeito imediato.
A paciência leva-nos também a aceitar o pluralismo: pluralismo de nacionalidade na comunidade, pluralismo de métodos de apostolado, diferenças de sensibilidade, de maneiras de viver e de agir.
Finalmente, a paciência dá-nos capacidade de colaboração, seja com a Igreja local para realizar honestamente os seus planos pastorais, seja com os confrades, com os outros religiosos e religiosas da diocese, com o clero local, e ainda a capacidade de valorizar e envolver os leigos.
Para agradar a Deus, não é suficiente ir aos lugares sagrados e participar no culto. É indispensável viver segundo a vontade de Deus. Não há que confiar nas palavras mentirosas dos que dizem: «’Templo do Senhor, templo do Senhor! Este é o templo do Senhor’. Mas, se endireitardes os vossos caminhos e emendardes as vossas obrasentão, Eu permanecerei convosco neste lugar» (cf. vv. 4-7).
Os avisos de Jeremias e, sobretudo, as palavras de Jesus devem fazer-nos pensar! Onde nos leva a nossa confiança em Deus? Se nos permite descurar os nossos deveres, não é verdadeira confiança, porque essa leva à docilidade, à generosidade. E então, sim: Deus jamais faltará com a sua ajuda, e dará a graça para caminharmos no seu amor.
O evangelho leva-nos a reflectir na paciência de Deus e na nossa intolerância. Perante o mal, é espontâneo revoltar-nos contra quem o faz. Por vezes, até nos escandalizamos com Deus, que não intervém para eliminar o sofrimento provocado pelas doenças, pelas prepotências dos outros, pelo egoísmo de tantos… Quem faz tanto mal, semeando morte e sofrimento, não deveria morrer? Estas e outras perguntas vêm do sentido de impotência que experimentamos diante do mal. Deus não nem sempre responde imediatamente aos nossos clamores. Até esperou três dias para responder ao grito do seu próp
rio Filho cravado na cruz! Como é grande a paciência de Deus! Como é incómoda, também para Ele, que sofre ao ver sofrer os seus filhos! Mas Deus não pode retirar-nos o grande dom da liberdade que nos concedeu! Seria bom até perguntar-nos como usamos esse dom, se o pomos ao serviço do bem ou ao serviço do mal. Não é possível descer a compromissos e, no momento do encontro face a face com Deus, há-de revelar-se claramente a opção feita por cada um. De nada servirá uma religiosidade que se limite a práticas exteriores, que não envolva o coração e a vida. Mais importante do que perguntar pela razão do mal, é perguntar: «que faço para promover o bem?».
A paciência de Deus há-de inspirar e motivar a nossa paciência, em todas as circunstâncias, com todas as pessoas. Há que aceitar serenamente os sofrimentos da vida. E são tantos! Há que saber respeitar os passos dos outros. Mesmo na actividade pastoral, há que aceitar o ritmo das pessoas e das comunidades. Na actividade missionária ad gentes, há que respeitar a lentidão de quem não tem a nossa cultura, a nossa longa tradição cristã. Recordemos que «um é o que semeia e outro o que recolhe» (cf. Jo 4, 27) e que há quem planta e quem rega, mas só Deus faz crescer (cf. 1 Cor 3, 6-7). A evangelização deve ter a sabedoria do camponês que respeita os ritmos da natureza. O missionário é sempre um semeador, não um vendedor ambulante de receitas mágicas com efeito imediato.
A paciência leva-nos também a aceitar o pluralismo: pluralismo de nacionalidade na comunidade, pluralismo de métodos de apostolado, diferenças de sensibilidade, de maneiras de viver e de agir.
Finalmente, a paciência dá-nos capacidade de colaboração, seja com a Igreja local para realizar honestamente os seus planos pastorais, seja com os confrades, com os outros religiosos e religiosas da diocese, com o clero local, e ainda a capacidade de valorizar e envolver os leigos.
Oratio
Senhor, a tua paciência, por vezes,
escandaliza-me! Como compreender que toleres o mal, mesmo quando se revela
claramente na tua Igreja? Não é sua missão testemunhar a tua santidade? Sempre
pronto a apontar o argueiro no olho dos outros, esquecendo a trave que tenho no
meu, não entendo, nem quero entender a tua paciência e tolerância, até porque
pressinto que me pedes a mesma atitude para com os meus irmãos. Infunde em mim
o teu Espírito Santo, para que produza os seus doze frutos, concretamente o da
paciência, e torne o meu coração semelhante ao teu. Amen.
Contemplatio
Não nos apoiemos sobre a estima do mundo.
Um dia nos aclamará e no dia seguinte entregar-nos-á à cruz. Apoiemo-nos no
amor de Nosso Senhor. Temos disso uma nova prova em todos os ultrajes e
humilhações que quis suportar por nós. Verdadeiramente foi um amor sem limites
que nos mostrou em toda a sua Paixão. Até quando havemos de ter um coração duro
e insensível?
Se somos objecto dos desprezos do mundo e dos seus insultos, suportemo-los humildemente. Nosso Senhor está lá, e dá-nos o exemplo. Ele era justo e calava-se. Nós que somos culpados, não poderemos sofrer nada para expiar as nossas faltas?
Imitemos a paciência, a doçura, a resignação do Coração de Jesus. Que importa que o mundo nos odeie e nos despreze, se Deus está contente connosco e se nos concede a sua protecção e o seu amor paterno?
Hoje cremo-nos muito inocentes e indignamo-nos contra os judeus, mas infelizmente não fizemos muitas vezes como eles? Não preferimos Barrabás a Jesus Cristo, o demónio ou os seus satélites ao Filho de Deus, uma vil satisfação a um acto de virtude?
Quando cometemos o pecado, preferimos a criatura a Deus, e muitas vezes, que criatura? Deus diz em Isaías: «Ó meu povo, a quem me comparastes, quando preferistes ídolos?» (Is 46,5). (Leão Dehon, OSP 3, p. 335s).
Se somos objecto dos desprezos do mundo e dos seus insultos, suportemo-los humildemente. Nosso Senhor está lá, e dá-nos o exemplo. Ele era justo e calava-se. Nós que somos culpados, não poderemos sofrer nada para expiar as nossas faltas?
Imitemos a paciência, a doçura, a resignação do Coração de Jesus. Que importa que o mundo nos odeie e nos despreze, se Deus está contente connosco e se nos concede a sua protecção e o seu amor paterno?
Hoje cremo-nos muito inocentes e indignamo-nos contra os judeus, mas infelizmente não fizemos muitas vezes como eles? Não preferimos Barrabás a Jesus Cristo, o demónio ou os seus satélites ao Filho de Deus, uma vil satisfação a um acto de virtude?
Quando cometemos o pecado, preferimos a criatura a Deus, e muitas vezes, que criatura? Deus diz em Isaías: «Ó meu povo, a quem me comparastes, quando preferistes ídolos?» (Is 46,5). (Leão Dehon, OSP 3, p. 335s).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Deixai um e outro crescer juntos, até à ceifa» (Mt 13, 30).
«Deixai um e outro crescer juntos, até à ceifa» (Mt 13, 30).
| Fernando Fonseca, scj |
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