14 de julho -- Sexta - Evangelho - Mt 10,16-23
Alexandre
Soledade
Bom
dia!
Reafirmo:
Ninguém disse que seria fácil manter a fé!
A
sociedade e o tempo em que Jesus manifestou essas palavras eram cercados de
medos. Um tempo onde primos, sobrinhos, netos, (…) eram chamados de filhos e
irmãos. Um tempo onde já se vivia em cidades, mas que nos módulos básicos de
convivência ainda carregavam a idéia de clãs, tribos, próximos…
Muitos
filhos não tinham respeito por seus pais ao ponto de entregá-los, roubá-los,
matá-los por causa de heranças, pastos, ovelhas, por nada. Uma época onde os
adeptos de Jesus eram chamados de seguidores do “caminho”, pois ainda não havia
a expressão “cristãos” ou cristianismo.
“(…)
Depois de ir e vos preparar um lugar, voltarei e tomar-vos-ei comigo, para que,
onde eu estou, também vós estejais. E vós conheceis o caminho para ir aonde
vou. Disse-lhe Tomé: Senhor, não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer
o caminho? Jesus lhe respondeu: EU SOU O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA; ninguém
vem ao Pai senão por mim. Se me conhecêsseis, também certamente conheceríeis
meu Pai; desde agora já o conheceis, pois o tendes visto”. (João 14, 3-6)
Esse
“caminho” que Jesus ensinava trilhar ia de encontro com os valores da época. O
“caminho” pregava que a vida não era centrada na busca do poder e sim da
simplicidade; não criava reis ou seres de influencia, pregava o serviço ao próximo;
não pregava o uso de holofotes, cargos, promoções para si, dizia não ao
orgulho, a arrogância e a prepotência e incrivelmente não dizia nada de errado
aos nossos olhos, mas então por que era tão perseguido? Será que algum de nós
poderia dizer que o que pregavam era errado?
O
intrigante é que ainda somos perseguidos por buscar o caminho.
Um
imperador chamado Constantino I após “migrar” de deus em deus buscando
conquistas e vitória se viu acuado diante de uma batalha que provavelmente não
venceria. Em um sonho ele vê a imagem de uma cruz e nela escrito “IN HOC SIGNO
VINCES“ ou simplesmente “sob esse símbolo vencerá”. Ao despertar pediu que
fosse pintado nos escudos dos seus guerreiros uma cruz.
A
batalha foi vencida e o imperador passou a “tolerar” os seguidores do caminho
agora chamados de cristãos. Não há consenso histórico se o imperador de fato
assumiu para si o cristianismo, pois também tolerava o paganismo, mas é claro
que uma era de perseguições ficava para trás, pois alguém resolveu acreditar.
Ainda
hoje, muita gente que persegue o cristianismo também pinta “os escudos com a
cruz”, ou seja, são cristãos, mas não conseguem se ver longe das tentações e
holofotes do mundo. Duro ver partidos políticos com siglas “cristãos” mas ainda
são seduzidos pelo poder e influencia; duro ver pessoas que se dizem cristãos e
assinar com três pontinhos; duro ver um pecado simples ser maior do que a
indiferença; duro ainda ver alguém fazer como Jacó e pular a frente da bênçãos
de outro (hunf)…
Quem
trabalha em comunidade precisa lutar também contra a intimidação dos
pseudos-cristãos que se empenham em aparecer, buscar locais de destaque,
coordenações… Somos seguidores do caminho e não dos passos que dão essas
pessoas que um dia espero que também sonhem e mudem de atitude como Constantino
Se
os “nossos” pararem de nos perseguir, e quando digo “nossos” digo todos que
seguem o caminho (cristãos, sejam eles católicos, evangélicos,…), acredito que
poderemos cumprir de fato o ultimo desejo de Cristo antes de subir aos céus. “Ide
ao mundo e pregai o evangelho a toda criatura”.
Quem
se sente afligido, perseguido, acuado… pode acreditar, tudo isso “faz parte”
mas saiba que “IN HOC SIGNO VINCES“
Um
imenso abraço fraterno. Bom fim de semana!
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