QUINTA FEIRA DA 23ª SEMANA DO TC
08/09/2016
1ª Leitura Miquéias 5, 1-4 a
Salmo 61,10 "Com grande
alegria eu me rejubilarei no Senhor e meu coração exultará de alegria em meu
Deus, porque me fez revestir as vestimentas da Salvação"
Evangelho Lucas 6, 27-38
“AMAR OS INIMIGOS!”
Este é um evangelho daqueles bem
desconcertantes, porque em tempo em que se cometem crimes horrendos que chocam
a opinião pública, praticados por bandidos cruéis, há no coração do povo um
sentimento de vingança. Um pouco pela própria natureza humana, que diante de
uma agressão pensa na vingança como forma de punir o agressor, mas este
sentimento é também calcado no coração das pessoas pela mídia sensacionalista
que mistura indignação, ódio e vingança, enfiando tudo goela abaixo do povo que
a toma como uma verdade absoluta sendo que a proposta é sempre a mesma:
eliminar a árvore, porém sem mexer em sua raiz, eliminar o efeito sem se
preocupar com a causa.
“Amai os vossos inimigos, fazei o
bem aos que vos odeiam, abençoai os que vos maldizem e orai pelos que vos
injuriam” Para muitos cristãos este evangelho é difícil de ser praticado e
então o empurram para baixo do tapete, como fazemos com aquela “sujeirinha”
inoportuna, quando não queremos fazer uma faxina pra valer em nossa casa.
Primeiramente é bom que se esclareça algo muito importante: Jesus não fez esse
ensinamento a toda multidão, mas apenas aos que o ouviam, isto é, aos seus
discípulos, os mesmos para os quais já havia dito no sermão da planície, a
frase revolucionária “Feliz os pobres porque deles é o Reino de Deus”.
Mas afinal de contas quem é o nosso
inimigo? É todo que nos faz ou nos deseja algum tipo de mal, de pequenas ou de
grandes proporções. A inimizade existe em todo lugar, escola, trabalho,
família, vizinhança, esporte, e até em lugar onde ela nunca deveria existir: na
comunidade, entre ministros, agentes pastorais, dirigentes, coordenadores e
obreiros. Diante desse evangelho, imediatamente pensamos nas situações críticas
da sociedade onde assistimos a confronto de classes, chacinas, extermínios,
atos de violência explícita no confronto entre nações. Então um sentimento de
impotência nos domina e achamos que nada há para se fazer a não ser rezar.
Mas a coisa mais importante que
devemos fazer, de maneira bem prática, é olharmos mais perto, para o nosso
quotidiano onde nos relacionamos com as pessoas. Que sentimentos alimentamos, com nossos gestos, palavras e
atitudes? A quem devemos ouvir e dar razão: ao mundo que propõe a vingança e o
extermínio de quem pratica o mal, ou ao evangelho de Cristo, que nos ensina o
amor, o perdão e a misericórdia?
Jesus não condena uma pessoa que
quer justiça e vingança contra alguém que lhe fez mal. Esta é uma reação
humana, perfeitamente compreensível e natural, de acordo até com um ensinamento
bíblico do Antigo Testamento, de que se deve fazer o bem a quem nos faz o bem,
e o mal a quem nos deseja o mal, é a lei do talião, olho por olho e dente por
dente, fato que acontece com o melhor e mais santo dos cristãos .Somos homens
desta terra, descendentes de Adão e irmãos de Caim, que cometeu o primeiro
crime da história ao matar seu próprio irmão Abel por ciúmes e inveja.
Porém, lembra-nos o apóstolo Paulo
na segunda leitura, o Espírito vivificante nos transformou em Homens celestiais
a partir da graça que Jesus nos concedeu, dom imerecido que nos santifica e nos
configura ao próprio Cristo, portanto capacitados para viver na relação com o
próximo, aquele único e verdadeiro amor com o qual Deus nos ama em seu Filho
Jesus.
A proposta desse jeito novo de se
relacionar é apenas para os discípulos do Senhor que hoje são todos os que
creem e são batizados, vivendo em comunidade com os irmãos e irmãs. É aí que
devemos trabalhar no sentido de superarmos na graça de Deus, qualquer
sentimento de ódio, mágoa ou vingança, contra alguém que nos fez o mal.
Da comunidade vamos para a família
e desta para o nosso ambiente de trabalho, é isso que Jesus pede de nós nesse
evangelho, pois somente nos exercitando no amor, na misericórdia e no perdão,
com as pessoas com quem convivemos, é que teremos a coragem de anunciar o
evangelho falando o contrário do que o mundo nos ensina.
Somente assim estaremos sendo
Filhos do Altíssimo, imagem e semelhança do Pai de Misericórdia que em Jesus nos
ama, jamais nos tratando segundo as nossas faltas. Então o primeiro passo nesse
processo de conversão, é reconhecermos que somos imperfeitos, ainda uma imagem
muito distorcida de Deus que é todo perfeição e santidade. Dado este primeiro
passo, a graça transbordante do Senhor, em um processo dinâmico de conversão,
nos configurará a Cristo, imagem perfeita do Amor de Deus vivido com os irmãos.
Diácono José da Cruz
Paróquia Nossa Senhora Consolata –
Votorantim SP
E-mail jotacruz3051@gmail.com.br)
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