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Setembro 2020
Tempo Comum - Anos Pares
XXV Semana - Quarta-feira
Lectio
Primeira leitura Provérbios 30, 5-9
5Toda a palavra de Deus é provada ao fogo, é
um escudo para aqueles que confiam ele. 6Nada acrescentes às suas palavras,
para que não te repreenda e sejas achado mentiroso. 7Peço-te duas coisas, não
mas negues antes da minha morte: 8Afasta de mim a falsidade e a mentira, não me
dês pobreza nem riqueza, concede-me o pão que me é necessário, 9para que,
saciado, não te renegue, e não diga: «Quem é o Senhor?» Ou, empobrecido, não
roube e não profane o nome do meu Deus.
A nossa leitura começa com uma reflexão sobre a palavra de Deus. Depois, vem
uma prece sapiencial que tem por tema a pobreza e a riqueza. O Livro dos
Provérbios reflecte atentamente sobre a pobreza e sobre a riqueza. O ideal da
sabedoria não é a pobreza, mas o bem-estar, que é uma bênção de Deus. Procurá-lo
é um dever. O Livro dos Provérbios condena duramente a preguiça e a falta de
empenho. Mas, se o bem-estar é uma bênção, não quer dizer que o pobre seja um
maldito ou castigado. São muitas, no Livro dos Provérbios as recomendações em
favor dos pobres. Ajudá-los é um dever. É preciso também lembrar que a
felicidade não se encontra só na riqueza, mas na riqueza acompanhada pelo temor
de Deus, pela justiça e pela concórdia: «Na casa do justo há riqueza abundante;
mas o rendimento dos maus é fonte de perturbação» (15, 6). Finalmente, o Livro
dos Provérbios admite que a excessiva riqueza pode trazer grandes perigos
morais, tais como a auto-suficiência, que julga não precisar de Deus nem dos
outros. A riqueza material facilmente se torna riqueza de espírito. Por isso, o
sábio pede a Deus que, nem lhe dê a miséria que leva à rebelião nem lhe dê
excessiva riqueza que leva a esquecê-l´O.
Evangelho: Lucas 9, 1-6
Naquele tempo, Jesus, 1tendo convocado os Doze, deu-lhes poder e autoridade
sobre todos os demónios e para curarem doenças. 2Depois, enviou-os a proclamar
o Reino de Deus e a curar os doentes, 3e disse-lhes: «Nada leveis para o
caminho: nem cajado, nem alforge, nem pão, nem dinheiro; nem tenhais duas
túnicas. 4Em qualquer casa em que entrardes, ficai lá até ao vosso regresso.
5Quanto aos que vos não receberem, saí dessa cidade e sacudi o pó dos vossos
pés, para servir de testemunho contra eles.» 6Eles puseram-se a caminho e foram
de aldeia em aldeia, anunciando a Boa-Nova e realizando curas por toda a parte.
Jesus pregou a conversão, expulsou demónios e curou os doentes. Essa é também a
tarefa do discípulo missionário (v. 1s.).
Antes de mais nada, Jesus ordena ao missionário que leve consigo apenas o
estritamente necessário, e nada mais (v. 3). É um convite à pobreza entendida
como liberdade (deixar para seguir) e fé (o próprio Senhor tomará conta dos
seus discípulos). Depois, vem uma norma de bom senso: o discípulo itinerante
não ande de casa em casa, mas escolha uma casa digna e hospitaleira, ficando nela
o tempo necessário (v. 4). Finalmente, uma sugestão sobre o comportamento em
caso de recusa. A recusa está, de facto, prevista: é confiado ao discípulo uma
missão; mas não lhe é garantido o sucesso. Diante da recusa, deve comportar-se
como Jesus: quando é recusado num lugar, vai para outro (v. 5). «Sacudir o pó»
é um gesto de juízo, não de maldição: serve para sublinhar a gravidade da
recusa, da ocasião perdida.
Meditatio
O Livro dos Provérbios ensina-nos, hoje, a pedir a Deus o dom da verdade, da
sinceridade: «afasta de mim a falsidade e a mentira» (v. 8). Ensina-nos também
a pedir o dom da moderação, que não exige privilégios espectaculares, nem
presume dispensar os dons de Deus: «não me dês pobreza nem riqueza» (v. 8). O
sábio está consciente da sua fragilidade e dos perigos da riqueza, mas também
dos perigos da pobreza. Por isso, pede o pão da cada dia, para que não chegue a
renegar a Deus nem se torne ladrão. Uma bela oração, cheia de equilíbrio, de
bom senso. Tudo o que pedirmos a Deus há-de ter por objectivo aumentar a nossa
união com Ele!
Felizes os Doze que tinham «poder e autori¬dade sobre todos os demónios e para
cura¬rem doenças». E nós, por que razão temos tão pouco poder e autoridade?
Talvez porque levamos connosco demasiadas coisas? Não estará o poder do Senhor
amarrado por tantas coisas de que nos rodeamos e nas quais confiamos mais do
que n´Ele? Ate onde deve ir a nossa confiança em Deus? Onde começa o nosso
empenho pessoal? São questões que nos deixam pensativos e que parecem sem
resposta, a não ser que surja uma lufada do Espírito Santo. Uma coisa é certa:
fazer apostolado não é fácil, uma vez que estamos expostos a tantos ventos e
marés, a tantas modas e tentações. Se nos sentimos fracos, somos tentados a
lançar mão de apoios humanos ou a refugiar-nos em falsas seguranças. Se a acção
apostólica é "poderosa", facilmente caímos na auto-complacência, como
se tudo fosse mérito nosso. É fácil deprimir-se nos fracassos e exaltar-se nos
sucessos. A nossa fraqueza está, talvez, no individualismo: só o que eu faço é
bem feito, só o que eu penso está certo. Uma comunidade, com que nos
confrontemos, pode ajudar-nos a crescer e a avaliar a qualidade evangélica das
nossas acções, não de modo abstracto, mas na realidade do dia a dia.
Jesus realiza a missão na pobreza. Aliás, a sua pobreza é em vista da missão.
Ele vive em efectivo despojamento voluntário: «que não tem onde reclinar a
cabeça» (Lc 9, 58) e é no absoluto despojamento da cruz que é professado como
Filho de Deus (cf. Mc 15, 39).
Longe de depender do ter, o poder do homem, é, antes mais, dom do Pai a quem é
suficientemente pobre para o receber: «Eu Te bendigo, ó Pai, porque revelaste
estas coisas aos pobres...» (Mt 11, 25ss).
Quanto à importância da comunidade, na missão, as nossas Constituições lembram-nos
que, na escolha dos compromissos apostólicos concretos, devem ser
salvaguardadas duas exigências: a comunhão com a própria comunidade: «cada um,
na sua função, tenha consciência de ser o enviado da sua comunidade e que todos
se considerem interessados e comprometidos na actividade e na missão de cada
um, sobretudo quando uma comunidade deve assumir diversos serviços» (n. 62); a
comunhão com os responsáveis da Igreja local: realizamos assim «o nosso serviço
do Evangelho na Igreja universal, em comunhão com os responsáveis das Igrejas
locais» (n. 34).
São princípios muito genéricos, mas que é importante ter presentes para nos
inserirmos com o «nosso carisma profético» na «missão salvífica do Povo de Deus
n
o mundo de hoje» (Cst. 27), para a realização da «nossa oblação reparadora»
(Cst. 6). É também assim que acolhemos o Espírito (cf. Cst. 23), que é uno e é
princípio de unidade, para a «edificação do Corpo de Cristo», «para Glória e
Alegria de Deus» (Cst. 25).
Oratio
Senhor, olha como nós, teus discípulos nos sentimos desarmados diante do mundo.
Sentimo-nos desorientados, não sabemos por onde começar, nem sempre somos
tomados a sério, especialmente quando dizemos as tuas palavras. Os nossos
grupos de catequese, os nossos grupos de jovens são muito reduzidos. A maior
parte dos adolescentes e jovens preferem outras ocupações à catequese, preferem
outros conhecimentos ao conhecimento de Ti. Os que vêm, muitas vezes não se
apresentam com verdadeiro interesse. Vêm porque são mandados, porque querem
receber um sacramento, que dá direito a uma festa de família. Não nos deixes
cair na tentação do desânimo. Dá-nos o dom do discernimento, para que saibamos
descobrir a tua vontade nas próprias dificuldades que se nos apresentam, e
encontrar os meios para tornar cativante a apresentação da tua Palavra. Mais do
que de meios técnicos, precisamos de Ti, do teu Espírito. Que a nossa voz, ao
anunciarmos a tua ressurreição, tenha o timbre da do Anjo do sepulcro vazio.
Livra-nos da tentação do sucesso humano. Ilumina-nos! Salva-nos! Faz-nos
instrumentos eficazes da tua salvação. Amen.
Contemplatio
«Ide, diz aos seus discípulos, anunciai o reino de Deus. Não leveis nem ouro
nem dinheiro. Confiai-vos à Providência. Se não vos receberem, sacudi o pó das
vossas sandálias, e passai adiante... Abençoarei aqueles que vos receberem em
meu nome, nem que vos dessem apenas um copo de água... Tende confiança, Deus
cuida dos pardais, terá cuidado de vós» (Mt 10).
E ainda: «Não podeis procurar ao mesmo tempo Deus e o dinheiro. Não estejais
inquietos com o que haveis de comer, nem com o vestuário que levareis. Deus
alimenta os pássaros e dá às flores o seu vestido. Deixai os pagãos viver para
o dinheiro. O vosso Pai celeste sabe o que vos faz falta. Procurai antes de
mais o reino de Deus e a sua justiça, e o resto vos será dado por acréscimo»
(Mt 6, 24 ss).Jesus põe em prática o que aconselha. Vai pelas cidades e pelas
aldeias a pregar o reino de Deus. Os seus doze apóstolos estão com Ele. Levam
pouca coisa consigo: algumas provisões para comerem nos lugares desertos, e uma
pequena bolsa mais para fazer esmola do que para comprar víveres. Pessoas
generosas oferecem-lhes o necessário. Há também algumas benfeitoras.
Algumas mulheres que tinha curado, diz S. Marcos, Maria Madalena, Joana, mulher
de Cusa procurador de Herodes, Susana e várias outras seguiam o Mestre e os
seus apóstolos para os escutarem, e ajudavam-nos com os seus bens (cf. Mc 8).
(Leão Dehon, OSP 2, pp. 573s.).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a Palavra:
«Nada leveis nada para o caminho» (Lc 8, 21).
| Fernando Fonseca, scj |
DEUS te abençoe e te ilumine. Obrigado pela reflexão.
ResponderExcluirSanta Maria, Rio Grande do Sul.
Obrigado Senhor, obrigado Dehonianos!!!
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