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terça-feira, 5 de junho de 2018

Homem e mulher iguais em dignidade-Mt 5,27-32-Canção Nova


15 de Junho – Ano B

Evangelho Mt 5,27-32




A exigência do Mestre recupera o respeito pela mulher, enquanto ser humano. O discípulo do Reino é exortado a olhar para a mulher do próximo com pureza de coração, sem se deixar envolver pelo desejo de possuí-la. Caso isto aconteça, infringirá o mandamento de Deus, a partir do momento em que consentir pensamentos libidinosos. Enquanto seus contemporâneos preocupavam-se com o ato exterior de adultério, Jesus preocupava-se com o ato interior, onde tem início o desrespeito ao mandamento divino.
Na visão de Jesus, a maneira como se encarava o 6º mandamento do Decálogo era insuficiente. E mais transpirava uma atitude machista, que considerava a mulher um objeto, uma coisa ou um móvel de casa. Daí que se considerava o adultério como uma espécie de injustiça cometida contra uma propriedade alheia, um atentado ao bem mais precioso de um homem: sua mulher.
Nesta mesma perspectiva, o casamento era uma transação de compra e venda, pela qual um homem adquiria uma mulher como esposa, a qual passava a fazer parte de seus bens. O respeito pela mulher do próximo, portanto, colocava-se no contexto de respeito ao conjunto de seus bens. Como já o referi à pouco, o mandamento assim interpretado fundava-se na coisificação da mulher, cuja dignidade não era reconhecida. Colocada no rol dos bens do marido, ela se via privada da igualdade com o homem, o que não correspondente ao desejo do Criador. Por isso, Jesus viu-se forçado a opor-se a isso, pois isso era contrário ao projeto de seu Pai.
Para os israelitas, a lei de Moisés é todo o Pentateuco, uma lei que, em alguns pontos – ou melhor: em quase todos os pontos – estava sujeita a diversas interpretações, segundo as tendências ideológicas dos diversos grupos políticos e religiosos. O judaísmo recente, nos dias apostólicos, distante do período da religião profética, tornara o Código da Aliança uma “lei religiosa”, inaugurando o legalismo que chega aos nossos dias. Alguns eram extremamente rigorosos em sua interpretação, enquanto que outros eram mais liberais, outros mais moderados. Um caso muito em voga na época de Jesus e, certamente também na época das primeiras comunidades cristãs, era a questão do divórcio.
Afinal para Jesus a Lei não é absoluta como todos pensavam. Só a dureza de coração a justifica assim. Jesus passando ultrapassa o próprio Moisés e apela para o desígnio divino original: homem e mulher possuem igual dignidade. Diante de Deus, homem e mulher têm direitos e deveres iguais.
Na realidade, Jesus continua sustentando a igual dignidade da mulher, uma vez que o costume reivindicava dignidade somente para o varão. Os discípulos, machistas por formação cultural, atônitos, perplexos, sorvem a lição evangélica para a vida do homem e da mulher no Reino de Deus. A mulher vai-se libertando numa luta específica de anos e de séculos para superar a herança infernal de humilhação e desvalorização a qual foi submetida.
A triste herança da nossa cultura biblicista, influenciada pela moral judaico-cristã-muçulmana, é um fardo que vai exigir séculos para ser superada. A visão que tornou a mulher objeto de uso do macho, para seu deleite e aproveitamento, está enraizada em nossa sociedade e só será varrida do mapa com luta explícita, positiva, afirmativa, das mulheres e dos homens que se disponham a levar esta luta conjuntamente. Dignidade do homem, dignidade da mulher, uma só questão onde a reciprocidade é convocada por Jesus.
No campo da democracia com o exercício dos direitos humanos, tão recente, está a chave do igualitarismo pregado por Jesus. A sociedade contemporânea, apesar de ser sensível à igualdade de direitos da mulher, não consegue superar completamente as atitudes de machismo tão antigas como o próprio homem e a própria mulher. O Machismo em muitos casos é favorecido pela mesma mulher que não conhece, ou não quer conhecer seus direitos. Não os quer exercitar em liberdade. Às vezes tem-se a impressão de que a relação de propriedade privada, base fundamental do capitalismo, chegou também à relação matrimonial. Como cristãos e cristãs não podemos beber deste veneno e nem deixar que os nossos irmãos e irmãs continuem dele bebendo. Temos de fazer algo. Apeguemo-nos à mensagem de Jesus. Há uma longa jornada pela frente. Eu e você temos uma árdua tarefa. Mas tenho certeza de que no final tudo darás certo e a justiça trunfará.


Um comentário:

  1. Eu, Jair Ferreira da cidade de Cruz das Almas - Ba todos os dias faço a leitura do dia e complemento com os comentários dessa equipe para complementar meus ensinamento e por em prática muito obrigado, que o Senhor Deus continue derramando benção a todos na Paz de Cristo.

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