23 de Junho – Ano B
Evangelho Mt 6,24-34
A Palavra de Deus em Is. 49, 14-15 tem a expressão mais profunda e
eloqüente da ternura maternal de Deus e de seu amor ao povo eleito e ao homem.
A mãe não ama seu filho porque ele é bom, mas porque é seu filho.
Deus é comparado a uma MÃE CARINHOSA, que não esquece de seu filhinho:
“Poderá uma mãe esquecer de seu filhinho, e não amar o fruto do seu ventre?
Mesmo se houvesse alguma mulher capaz de esquecê-lo, Eu não te
esqueceria jamais” (Is 49, 14-15).
No Evangelho (Mt 6, 24-34) Jesus ensina as pessoas a buscarem o
essencial, o que realmente conta.
O Senhor dá-nos este conselho: “Não vos preocupeis com o dia de amanhã,
pois o dia de amanhã terá suas preocupações! Para cada dia bastam seus próprios
problemas” (Mt 6, 34). “E porque ficais preocupados com a roupa?” (Mt 6, 28).
Jesus não diz que não nos ocupemos das coisas que se referem ao alimento e ao
vestuário, mas que não nos preocupemos com desassossego e perturbação dessas
coisas. É como se dissesse: “Não vos preocupeis excessivamente com os bens
materiais, ainda que necessários à vida; não estais sobre a terra para aqui
viverdes imersos em pensamentos de coisas materiais, sois filhos de Deus, bem
superiores às flores do campo e às aves do céu. Deus pensará em vós, mais do
que pensa nas outras criaturas e vos dará o necessário.”
“Tudo mais vos será dado por acréscimo”, segundo comenta Santo
Agostinho: “não como um bem no qual devais fixar a vossa atenção, mas como um
meio pelo qual possais chegar ao sumo e verdadeiro bem.”
Trata-se de uma atitude de fé viva na Providência divina e de confiança
filial no Pai Celeste, que conduz à paz e serenidade de espírito.
“Para cada dia bastam seus próprios problemas.”
O ontem já passou; o amanhã não sabemos se chegará para cada um de nós,
pois a ninguém foi entregue o seu porvir. Do dia de ontem, só ficaram muitos
motivos de ação de graças pelos inúmeros benefícios e ajudas de Deus, bem como
daqueles que convivem conosco. Com certeza pudemos aumentar, nem que fosse um
pouco, o nosso tesouro no Céu. Podemos dizer do dia de ontem, com palavras do
salmista: “O Senhor tornou-se o meu apoio, libertou-me da angústia e salvou-me
porque me ama.” (Sl 17, 19-20).
O amanhã “ainda não é”, e, se chegar, será o dia mais belo que jamais
pudemos sonhar, porque foi preparado pelo nosso Pai-Deus para que nos
santifiquemos: “Vós sois o meu Deus, os meus dias estão nas vossas mãos” (Sl
31, 16). Não há razões objetivas para andarmos angustiados e preocupados pelo
dia de amanhã: teremos as graças necessárias para enfrentá-lo e sair
vitoriosos.
O que importa é o hoje. É o que temos para amar e para nos
santificarmos, através de inúmeros pequenos acontecimentos que constituem a
trama de um dia.
Aqui e agora é que eu tenho que amar a Deus com todo o meu coração… e
com obras.
Boa parte da santidade e da eficácia consiste certamente em vivermos
cada dia como se fosse o único da nossa vida. Dias para serem cumulados de amor
de Deus e terminados com as mãos cheias de boas obras. O dia de hoje não se
repetirá nunca, e o Senhor, espera que o impregnemos de Amor e de pequenos
serviços aos nossos irmãos. As aflições procedem, pois, quase sempre, de não
vivermos com intensidade o momento atual e de termos pouca fé na Previdência.
Por isso desapareceriam se disséssemos sinceramente ao Senhor: “quero o que
queres, quero porque o queres, quero como o que queres, quero enquanto o
quiseres” (Oração de Clemente XI). Vêm então a alegria e a paz.
“Não podeis servir a Deus e ao dinheiro” (Mt 6, 24). “Os bens da terra,
diz São Josemaria Escrivá, não são maus; pervertem-se, quando o homem os torna
como ídolos e se prostra diante deles; mas tornam-se nobres, quando os converte
em instrumentos para alcançar o bem, numa missão de justiça e de caridade. Não
podemos correr atrás dos bens econômicos como quem procura um tesouro; o nosso
tesouro é Cristo e nEle se há de concentrar todo o nosso amor, porque onde está
o nosso tesouro, aí está também o nosso coração (Mt 6, 21)” (Cristo que passa,
nº 35).
Deixemos de ser servos do dinheiro e escravos de nós mesmos, para
servir no Senhor com alegria e livres da angústia possessiva.
Aproveitemos bem o dia que estamos vivendo! Todos os dias da nossa vida
estão presididos por Deus que tanto nos quer. E só temos capacidade para viver
o presente!
Aqui e agora devemos ser generosos com Deus, fugindo da tibieza.
Mons.
José Maria Pereira
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