8 Junho 2018
ANO B
SOLENIDADE DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS
SOLENIDADE DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS
LEITURA I – Os 11, 1.3-4.8c-9
De Deus só sabemos falar à maneira humana,
e Ele mesmo, quando quis entrar em diálogo connosco, falou-nos em linguagem de
homem, que outra não sabemos entender. É nesta linguagem que o profeta nos
anuncia, de maneira veemente, o amor de Deus por nós.
Leitura da Profecia de Oseias
Eis o que diz o Senhor: «Quando Israel era ainda criança, já Eu o amava; do Egipto chamei o meu filho. Eu ensinava Efraim a andar e trazia-o nos braços; mas não compreenderam que era Eu quem cuidava deles. Atraía-os com laços humanos, com vínculos de amor. Tratava-os como quem pega um menino ao colo, inclinava-Me para lhes dar de comer. O meu coração agita-se dentro de Mim, estremece de compaixão. Não cederei ao ardor da minha ira, nem voltarei a destruir Efraim. Porque Eu sou Deus e não homem, sou o Santo no meio de ti e não venho para destruir».
Eis o que diz o Senhor: «Quando Israel era ainda criança, já Eu o amava; do Egipto chamei o meu filho. Eu ensinava Efraim a andar e trazia-o nos braços; mas não compreenderam que era Eu quem cuidava deles. Atraía-os com laços humanos, com vínculos de amor. Tratava-os como quem pega um menino ao colo, inclinava-Me para lhes dar de comer. O meu coração agita-se dentro de Mim, estremece de compaixão. Não cederei ao ardor da minha ira, nem voltarei a destruir Efraim. Porque Eu sou Deus e não homem, sou o Santo no meio de ti e não venho para destruir».
SALMO RESPONSORIAL – Is 12, 2-3.4bcd.5-6
Refrão: Ireis com alegria às fontes da
salvação.
Ou: Bebereis com alegria das fontes da salvação.
Ou: Bebereis com alegria das fontes da salvação.
Deus é o meu Salvador,
tenho confiança e nada temo.
O Senhor é a minha força e o meu louvor,
Ele é a minha salvação.
tenho confiança e nada temo.
O Senhor é a minha força e o meu louvor,
Ele é a minha salvação.
Tirareis água, com alegria,
das fontes da salvação.
Agradecei ao Senhor,
bendizei o seu nome.
das fontes da salvação.
Agradecei ao Senhor,
bendizei o seu nome.
Anunciai aos povos a grandeza das suas
obras,
proclamai a todos que o seu nome é santo.
Cantai ao Senhor, porque Ele fez maravilhas,
anunciai-as em toda a terra.
proclamai a todos que o seu nome é santo.
Cantai ao Senhor, porque Ele fez maravilhas,
anunciai-as em toda a terra.
Entoai cânticos de alegria e exultai,
habitantes de Sião:
porque é grande no meio de vós
o Santo de Israel.
habitantes de Sião:
porque é grande no meio de vós
o Santo de Israel.
LEITURA II – Ef 3, 8-12.14-19
O amor de Deus conhece-se pela
manifestação que d’Ele nos é feita em seu Filho. É por Ele que nos é dado
conhecer o desígnio do Pai, o qual não é outro senão o de chamar todos os
homens para formarem um só corpo em Cristo Jesus, corpo este de que a Igreja é
sinal.
Leitura da Epístola do apóstolo São
Paulo aos Efésios
Irmãos: A mim, o último de todos os cristãos, foi concedida a graça de anunciar aos gentios a insondável riqueza de Cristo e de manifestar a todos como se realiza o mistério escondido, desde toda a eternidade, em Deus, criador de todas as coisas. E agora é por meio da Igreja, que se dá a conhecer aos principados e potestades celestes a multiforme sabedoria de Deus, realizada, conforme o seu eterno desígnio, em Jesus Cristo, Nosso Senhor. Assim, é pela fé em Cristo que podemos aproximar-nos de Deus com toda a confiança. Por isso, dobro os joelhos diante do Pai, de quem recebe o nome toda a paternidade nos céus e na terra, para que Se digne, segundo as riquezas da sua glória, armar-vos poderosamente pelo seu Espírito, para que se fortifique em vós o homem interior e Cristo habite pela fé em vossos corações. Assim, profundamente enraizados na caridade, podereis compreender, com todos os cristãos, a largura, o comprimento, a altura e a profundidade do amor de Cristo, que ultrapassa todo o conhecimento, e assim sejais totalmente saciados na plenitude de Deus.
Irmãos: A mim, o último de todos os cristãos, foi concedida a graça de anunciar aos gentios a insondável riqueza de Cristo e de manifestar a todos como se realiza o mistério escondido, desde toda a eternidade, em Deus, criador de todas as coisas. E agora é por meio da Igreja, que se dá a conhecer aos principados e potestades celestes a multiforme sabedoria de Deus, realizada, conforme o seu eterno desígnio, em Jesus Cristo, Nosso Senhor. Assim, é pela fé em Cristo que podemos aproximar-nos de Deus com toda a confiança. Por isso, dobro os joelhos diante do Pai, de quem recebe o nome toda a paternidade nos céus e na terra, para que Se digne, segundo as riquezas da sua glória, armar-vos poderosamente pelo seu Espírito, para que se fortifique em vós o homem interior e Cristo habite pela fé em vossos corações. Assim, profundamente enraizados na caridade, podereis compreender, com todos os cristãos, a largura, o comprimento, a altura e a profundidade do amor de Cristo, que ultrapassa todo o conhecimento, e assim sejais totalmente saciados na plenitude de Deus.
ALELUIA – Mt 11, 29ab
Aleluia. Aleluia.
Tomai o meu jugo sobre vós, diz o
Senhor, e aprendei de Mim,
que sou manso e humilde de coração.
que sou manso e humilde de coração.
Ou: 1 Jo 4, 10b
Deus amou-nos e enviou o seu Filho,
como vítima de expiação pelos nossos pecados.
Deus amou-nos e enviou o seu Filho,
como vítima de expiação pelos nossos pecados.
EVANGELHO – Jo 19, 31-37
A melhor representação do Coração de
Jesus é o Senhor crucificado, deixando sair do seu lado, aberto pela lança, o
sangue e a água, figura dos sacramentos da Igreja, aí, nesse momento, nascida
como Eva nascera do lado de Adão adormecido.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo
segundo São João
Por ser a Preparação da Páscoa, e para que os corpos não ficassem na cruz durante o sábado – era um grande dia aquele sábado – os judeus pediram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas e fossem retirados. Os soldados vieram e quebraram as pernas ao primeiro, depois ao outro que tinha sido crucificado com ele. Ao chegarem a Jesus, vendo-O já morto, não Lhe quebraram as pernas, mas um dos soldados trespassou-Lhe o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água. Aquele que viu é que dá testemunho e o seu testemunho é verdadeiro. Ele sabe que diz a verdade, para que também vós acrediteis. Assim aconteceu para se cumprir a Escritura, que diz: «Nenhum osso lhe será quebrado». Diz ainda outra passagem da Escritura: «Hão de olhar para Aquele que trespassaram».
Por ser a Preparação da Páscoa, e para que os corpos não ficassem na cruz durante o sábado – era um grande dia aquele sábado – os judeus pediram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas e fossem retirados. Os soldados vieram e quebraram as pernas ao primeiro, depois ao outro que tinha sido crucificado com ele. Ao chegarem a Jesus, vendo-O já morto, não Lhe quebraram as pernas, mas um dos soldados trespassou-Lhe o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água. Aquele que viu é que dá testemunho e o seu testemunho é verdadeiro. Ele sabe que diz a verdade, para que também vós acrediteis. Assim aconteceu para se cumprir a Escritura, que diz: «Nenhum osso lhe será quebrado». Diz ainda outra passagem da Escritura: «Hão de olhar para Aquele que trespassaram».
ALGUMAS SUGESTÕES PRÁTICAS
Não sendo possível apresentar em tempo
útil comentários à liturgia da Palavra da Solenidade do Sagrado Coração de
Jesus, colocamos breves introduções tiradas da página do Secretariado Nacional
da Liturgia.
Sendo igualmente o Dia Mundial de Oração pela Santificação dos Sacerdotes, transcrevemos a mensagem que a Congregação do Clero nos ofereceu para este dia.
Colocamos também a homilia do Papa Francisco de 2015 a partir da primeira leitura de Oseias e algumas interpelações para promover a cultura do coração iluminada pelo Coração de Jesus.
Sendo igualmente o Dia Mundial de Oração pela Santificação dos Sacerdotes, transcrevemos a mensagem que a Congregação do Clero nos ofereceu para este dia.
Colocamos também a homilia do Papa Francisco de 2015 a partir da primeira leitura de Oseias e algumas interpelações para promover a cultura do coração iluminada pelo Coração de Jesus.
1. HOMILIA DO PAPA FRANCISCO A PARTIR DA
PRIMEIRA LEITURA DE OSEIAS
[12 de junho se 2015, no Retiro Mundial dos Sacerdotes]
[12 de junho se 2015, no Retiro Mundial dos Sacerdotes]
Na primeira Leitura penetramos na
ternura de Deus: Ele narra ao seu povo quanto o ama, quanto se ocupa dele.
Aquilo que Deus diz ao seu povo nesta Leitura tirada do capítulo 11 do profeta
Oseias, di-lo a cada um de nós. E será bom pegar neste texto, num momento de
solidão, para nos pormos na presença de Deus e ouvir: «Amei-te quando ainda
eras uma criança; amei-te na tua infância; salvei-te; tirei-te da terra do
Egipto, livrei-te da escravidão», da escravidão do pecado, da escravidão da
autodestruição e de todas as formas de escravidão que cada um conhece, que teve
e que ainda tem dentro de si. «Salvei-te! Ensinei-te a caminhar». Como é bom
ouvir que Deus me ensina a caminhar! O Todo-Poderoso abaixa-se e ensina-me a
caminhar. Recordo esta frase do Deuteronómio, quando Moisés diz ao seu povo:
«Ouvi, vós – eles têm a cabeça tão dura! – quando vistes um deus tão perto do
seu povo, como Deus está próximo de nós?». E a proximidade de Deus é esta
ternura: ensinou-me a caminhar! Sem Ele eu não saberia caminhar no Espírito.
«Eu segurava-te pela mão. Mas não compreendeste que Eu te guiava; pensavas que
te deixaria sozinho». Esta é a história de cada um de nós. «Eu atava-te com
vínculos humanos, não com leis punitivas». Com vínculos de amor, laços de amor.
O amor liga, mas liga na liberdade; vincula dando-te espaço a fim de que tu
respondas com amor. «Eu era para ti como aquele que aproxima uma criança do seu
rosto e a beija. Eu inclinava-me e dava-te de comer». Esta é a nossa história,
pelo menos é a minha história. Cada um de nós pode ler aqui a sua própria
história. «Diz-me, como te posso abandonar agora? Como te posso entregar ao
inimigo?». Nos momentos em que temos medo, na hora em que nos sentimos
inseguros, Ele diz-nos: «Se Eu fiz tudo isto por ti, como podes pensar que te
deixo sozinho, que te possa abandonar?».
No litoral da Líbia, os vinte e três mártires coptas estavam convictos de que Deus não os teria abandonado. E deixaram-se decapitar, pronunciando o nome de Jesus! Sabiam que, enquanto lhes cortavam a cabeça, Deus não os teria abandonado.
«Como te posso tratar como inimigo? O meu coração comove-se dentro de mim e inflama-se toda a minha ternura». Inflama-se a ternura de Deus, esta ternura ardente: Ele é o Único capaz de ter uma ternura ardorosa. Não darei vazão à ira pelos pecados existentes, por todas estas incompreensões, porque eles adoram ídolos. Pois Eu sou Deus, sou o Santo no meio de vós. Trata-se de uma declaração de amor de um pai ao seu filho. E a cada um de nós.
Quantas vezes penso que temos medo da ternura de Deus, e dado que tememos a ternura de Deus, impedimos a sua experiência em nós mesmos. E por isso, muitas vezes somos duros, severos, castigadores... Somos pastores sem ternura!
O que nos diz Jesus, no capítulo 15 de Lucas? Sobre aquele pastor que se deu conta de que tinha noventa e nove ovelhas e que lhe faltava uma. Deixou-as bem protegidas, fechou-as à chave e foi à procura daquela, que estava presa no meio dos arbustos... E não a espancou, nem a repreendeu: pegou nela ao colo, abraçou-a e curou-a, porque estava ferida. Quanto a vós, fazeis o mesmo com os vossos fiéis, quando vos dais conta de que falta um deles no rebanho? Ou estamos habituados a ser uma Igreja com uma única ovelha na grei, deixando que as outras noventa e nove se percam nos montes? Comove-te toda esta ternura? És um pastor de ovelhas ou tornaste-te um pastor que permanece a «pentear» a única ovelha que não se afastou? Porque só procuras a ti mesmo, esquecendo-te da ternura que te concedeu o teu Pai, como no-lo narra aqui, no capítulo 11 de Oseias. E esqueceste o modo como se concede a ternura. O Coração de Cristo é a ternura de Deus. «Como posso deixar que esmoreças? Como posso abandonar-te? Quando estás sozinho, desnorteado, perdido, vem ter comigo e Eu salvar-te-ei, consolar-te-ei!».
Hoje, peço-vos que sejais pastores com a ternura de Deus, que deixeis o «chicote» pendurado na sacristia e que sejais pastores com ternura, inclusive para com aqueles que vos criam problemas. É uma graça! É uma graça divina! Não cremos num Deus etéreo, mas num Deus que se fez carne, que tem um Coração e que este Coração nos fala assim: «Vinde a mim, se estiverdes cansados e oprimidos, e Eu aliviar-vos-ei. Mas tratai os mais pequeninos com ternura, com a mesma ternura com a qual Eu os trato!». É isto que nos diz hoje o Coração de Jesus Cristo, e é isto que peço nesta Missa, tanto para vós como para mim mesmo.
No litoral da Líbia, os vinte e três mártires coptas estavam convictos de que Deus não os teria abandonado. E deixaram-se decapitar, pronunciando o nome de Jesus! Sabiam que, enquanto lhes cortavam a cabeça, Deus não os teria abandonado.
«Como te posso tratar como inimigo? O meu coração comove-se dentro de mim e inflama-se toda a minha ternura». Inflama-se a ternura de Deus, esta ternura ardente: Ele é o Único capaz de ter uma ternura ardorosa. Não darei vazão à ira pelos pecados existentes, por todas estas incompreensões, porque eles adoram ídolos. Pois Eu sou Deus, sou o Santo no meio de vós. Trata-se de uma declaração de amor de um pai ao seu filho. E a cada um de nós.
Quantas vezes penso que temos medo da ternura de Deus, e dado que tememos a ternura de Deus, impedimos a sua experiência em nós mesmos. E por isso, muitas vezes somos duros, severos, castigadores... Somos pastores sem ternura!
O que nos diz Jesus, no capítulo 15 de Lucas? Sobre aquele pastor que se deu conta de que tinha noventa e nove ovelhas e que lhe faltava uma. Deixou-as bem protegidas, fechou-as à chave e foi à procura daquela, que estava presa no meio dos arbustos... E não a espancou, nem a repreendeu: pegou nela ao colo, abraçou-a e curou-a, porque estava ferida. Quanto a vós, fazeis o mesmo com os vossos fiéis, quando vos dais conta de que falta um deles no rebanho? Ou estamos habituados a ser uma Igreja com uma única ovelha na grei, deixando que as outras noventa e nove se percam nos montes? Comove-te toda esta ternura? És um pastor de ovelhas ou tornaste-te um pastor que permanece a «pentear» a única ovelha que não se afastou? Porque só procuras a ti mesmo, esquecendo-te da ternura que te concedeu o teu Pai, como no-lo narra aqui, no capítulo 11 de Oseias. E esqueceste o modo como se concede a ternura. O Coração de Cristo é a ternura de Deus. «Como posso deixar que esmoreças? Como posso abandonar-te? Quando estás sozinho, desnorteado, perdido, vem ter comigo e Eu salvar-te-ei, consolar-te-ei!».
Hoje, peço-vos que sejais pastores com a ternura de Deus, que deixeis o «chicote» pendurado na sacristia e que sejais pastores com ternura, inclusive para com aqueles que vos criam problemas. É uma graça! É uma graça divina! Não cremos num Deus etéreo, mas num Deus que se fez carne, que tem um Coração e que este Coração nos fala assim: «Vinde a mim, se estiverdes cansados e oprimidos, e Eu aliviar-vos-ei. Mas tratai os mais pequeninos com ternura, com a mesma ternura com a qual Eu os trato!». É isto que nos diz hoje o Coração de Jesus Cristo, e é isto que peço nesta Missa, tanto para vós como para mim mesmo.
2. MENSAGEM PARA O DIA MUNDIAL DE ORAÇÂO
PELA SANTIFICAÇÃO DOS SACERDOTES
[Congregação para o Clero]
[Congregação para o Clero]
Caros sacerdotes,
O Dia Mundial de Oração pela Santificação dos Sacerdotes, celebrado na Solenidade do Coração de Jesus, dá-nos o ensejo de nos colocar na presença do Senhor para renovar a memória do nosso encontro com Ele, dando assim um novo vigor à nossa missão de servir o Povo de Deus. Não devemos, de facto, esquecer que o fascínio da vocação que nos atraiu e o entusiasmo com que escolhemos o caminho da especial consagração ao Senhor, bem como os prodígios a que assistimos na nossa vida presbiteral, têm a sua origem na troca de olhar que se deu entre Deus e cada um de nós.
Todos nós, de facto, “tivemos na nossa vida algum encontro com Ele” e, cada um de nós pode fazer a sua memória espiritual e voltar à alegria desse momento, “em que senti que Jesus olhava para mim” (Papa Francisco, Homilia em Santa Marta, 24 de abril de 2015).
Também os primeiros discípulos viveram a alegria da amizade com Jesus, que mudou para sempre a sua vida. Mas, depois do anúncio da Paixão, um véu de obscuridade cobriu o seu coração, escurecendo-lhes o caminho. O ardor do seguimento, o sonho do Reino de Deus inaugurado pelo Mestre e os primeiros frutos da missão vieram então a confrontar-se com uma realidade dura e incompreensível, que faz vacilar a esperança, alimenta as dúvidas e ameaça apagar a alegria do anúncio do Evangelho.
É o que sempre pode acontecer, também na vida de um sacerdote. A grata memória do encontro inicial, a alegria do seguimento e o zelo do mistério apostólico, talvez vividos ao longo de anos e em situações nem sempre fáceis, podem dar lugar ao cansaço e ao desânimo, abrindo espaço ao deserto interior da aridez e envolvendo a nossa vida sacerdotal na sombra da tristeza.
Mas, precisamente nesses momentos, o Senhor, que nunca esquece a vida dos seus filhos, convida-nos a subir com Ele ao Monte, como fez com Pedro, Tiago e João, transfigurando-Se diante deles. Levando-os “ao alto” e “apartando-os”, Jesus leva-os a empreender a maravilhosa viagem da transformação: do deserto ao Tabor e da escuridão à luz.
Caros sacerdotes, sentimos cada dia a necessidade de ser transfigurados por um encontro sempre novo com o Senhor que nos chamou. Deixar-se “conduzir para o alto” e permanecer “retirados” com Ele não é uma exigência do ofício, uma prática exterior ou um inútil tirar tempo às tarefas do ministério, mas é a fonte que jorra e corre em nós para impedir que o nosso “eis-me aqui” seque e se torne árido.
Na contemplação da cena evangélica da Transfiguração do Senhor, podemos, então, colher três pequenos passos, que nos ajudarão a confirmar a nossa adesão ao Senhor e a renovar a nossa vida sacerdotal: subir ao alto, deixar-se transformar, ser luz para o mundo.
O Dia Mundial de Oração pela Santificação dos Sacerdotes, celebrado na Solenidade do Coração de Jesus, dá-nos o ensejo de nos colocar na presença do Senhor para renovar a memória do nosso encontro com Ele, dando assim um novo vigor à nossa missão de servir o Povo de Deus. Não devemos, de facto, esquecer que o fascínio da vocação que nos atraiu e o entusiasmo com que escolhemos o caminho da especial consagração ao Senhor, bem como os prodígios a que assistimos na nossa vida presbiteral, têm a sua origem na troca de olhar que se deu entre Deus e cada um de nós.
Todos nós, de facto, “tivemos na nossa vida algum encontro com Ele” e, cada um de nós pode fazer a sua memória espiritual e voltar à alegria desse momento, “em que senti que Jesus olhava para mim” (Papa Francisco, Homilia em Santa Marta, 24 de abril de 2015).
Também os primeiros discípulos viveram a alegria da amizade com Jesus, que mudou para sempre a sua vida. Mas, depois do anúncio da Paixão, um véu de obscuridade cobriu o seu coração, escurecendo-lhes o caminho. O ardor do seguimento, o sonho do Reino de Deus inaugurado pelo Mestre e os primeiros frutos da missão vieram então a confrontar-se com uma realidade dura e incompreensível, que faz vacilar a esperança, alimenta as dúvidas e ameaça apagar a alegria do anúncio do Evangelho.
É o que sempre pode acontecer, também na vida de um sacerdote. A grata memória do encontro inicial, a alegria do seguimento e o zelo do mistério apostólico, talvez vividos ao longo de anos e em situações nem sempre fáceis, podem dar lugar ao cansaço e ao desânimo, abrindo espaço ao deserto interior da aridez e envolvendo a nossa vida sacerdotal na sombra da tristeza.
Mas, precisamente nesses momentos, o Senhor, que nunca esquece a vida dos seus filhos, convida-nos a subir com Ele ao Monte, como fez com Pedro, Tiago e João, transfigurando-Se diante deles. Levando-os “ao alto” e “apartando-os”, Jesus leva-os a empreender a maravilhosa viagem da transformação: do deserto ao Tabor e da escuridão à luz.
Caros sacerdotes, sentimos cada dia a necessidade de ser transfigurados por um encontro sempre novo com o Senhor que nos chamou. Deixar-se “conduzir para o alto” e permanecer “retirados” com Ele não é uma exigência do ofício, uma prática exterior ou um inútil tirar tempo às tarefas do ministério, mas é a fonte que jorra e corre em nós para impedir que o nosso “eis-me aqui” seque e se torne árido.
Na contemplação da cena evangélica da Transfiguração do Senhor, podemos, então, colher três pequenos passos, que nos ajudarão a confirmar a nossa adesão ao Senhor e a renovar a nossa vida sacerdotal: subir ao alto, deixar-se transformar, ser luz para o mundo.
1. Subir ao alto, porque, se ficarmos
sempre concentrados no que se tem a fazer, corremos o risco de ficar
prisioneiros do presente, de ser absorvidos pelas tarefas quotidianas, de ficar
excessivamente concentrados em nós próprios e de, assim, acumular canseiras e
frustrações que poderão ser mortíferas. Por outro lado, “subir ao alto” é o
remédio para as tentações da “mundanidade espiritual”, que, mesmo sob das
aparências religiosas, nos afastam de Deus e dos irmãos e nos levam a pôr a
segurança nas coisas do mundo. Ao contrário, o que nos faz falta é mergulhar
cada dia no amor de Deus, sobretudo através da oração. Subir ao monte faz-nos
lembrar que a nossa vida é um constante erguer-se para a luz que vem do alto,
uma caminhada para o Tabor da presença de Deus que abre horizontes novos e
surpreendentes. É uma realidade que não pretende levar-nos a fugir dos nossos
empenhos pastorais e dos desafios quotidianos que nos perseguem, mas que
procura lembrar-nos que Jesus é o centro do ministério sacerdotal, e que tudo
podemos só n’Aquele que nos dá força (Fil 4, 13). Por isso, “a subida dos discípulos
ao monte Tabor leva-nos a refletir sobre a importância de nos desapegarmos das
coisas mundanas, a fim de fazer um caminho rumo ao alto e contemplar Jesus.
Trata-se de nos pormos à escuta atenta e orante de Cristo, o Filho amado do
Pai, procurando momentos de oração que permitem o acolhimento dócil e jubiloso
da Palavra de Deus” (Papa Francisco, Angelus, 6 de agosto de 2017).
2. Deixar-se transformar, porque a vida
sacerdotal não é um programa onde tudo já está programado com antecedência ou
um cargo burocrático a desempenhar segundo um esquema preestabelecido; ao
contrário, é a experiência viva de uma relação quotidiana com o Senhor, que faz
com que sejamos sinal do seu amor junto do Povo de Deus. Por isso, “não
poderemos viver o ministério com alegria sem viver momentos de oração pessoal,
cara a cara com o Senhor, falando, conversando com Ele” (Papa Francisco,
Encontro com os párocos de Roma, 15 de fevereiro de 2018). Nesta experiência,
somos iluminados pelo Rosto do Senhor e transformados pela sua presença. Também
a vida sacerdotal é um “deixar-se transformar” pela graça de Deus, para que o
nosso coração se torne misericordioso, inclusivo e compassivo como o de Cristo.
Trata-se simplesmente de ser – como recentemente recordou o Santo Padre –
“sacerdotes normais, simples, mansos, equilibrados, mas capazes de se deixar
regenerar constantemente pelo Espírito” (Papa Francisco, Homilia na
Concelebração Eucarística com os Missionários da Misericórdia, 10 de abril de
2018). Uma tal regeneração faz-se, antes de mais, através da oração, que muda o
coração e transforma a vida: cada um de nós “torna-se” Aquele que reza. É bom
recordar, neste Dia Mundial de Oração pela Santificação dos Sacerdotes, que “a
santidade é feita de abertura habitual à transcendência, que se expressa na
oração e na adoração. O santo é uma pessoa com espírito orante, que tem
necessidade de comunicar com Deus” (Papa Francisco, Gaudete et exsultate, n.
147). Subindo ao Monte, seremos iluminados pela luz de Cristo e poderemos
descer à planície e levar a todos a alegria do Evangelho.
3. Ser luz para o mundo, porque a
experiência do encontro com o Senhor põe-nos na estrada do serviço aos irmãos;
a sua Palavra não deixa que nos fechemos no privado da devoção pessoal e no
perímetro do templo; e, sobretudo, a vida sacerdotal é um chamamento
missionário, que exige a coragem e o entusiasmo de sair de nós próprios para
anunciar ao mundo inteiro o que ouvimos, vimos e tocámos na nossa experiência
pessoal (cf. 1 Jo 1, 1-3). Dar a conhecer aos outros a ternura e o amor de
Jesus, para que cada um possa usufruir da sua presença que livra do mal e
transforma a existência, é a primeira tarefa da Igreja e, portanto, o primeiro
grande empenho apostólico dos presbíteros. Se há um desejo que temos de
cultivar é o de “ser sacerdotes capazes de ‘elevar’ o sinal da salvação no
‘deserto’ do mundo, isto é, a Cruz de Cristo, como fonte de conversão e de
renovação para toda a humanidade e para o próprio mundo” (Papa Francisco,
Homilia na Concelebração Eucarística com os Missionários da Misericórdia, 10 de
abril de 2018). O fascínio do encontro com o Senhor deve encarnar-se num
compromisso de vida ao serviço do Povo de Deus, que, caminhando muitas vezes no
vale obscuro das canseiras, do sofrimento e do pecado, precisa de Pastores
luminosos e radiantes como Moisés. De facto, “no final da admirável experiência
da Transfiguração, os discípulos desceram do monte (cf. v. 9). É o percurso que
podemos realizar também nós. A redescoberta cada vez mais viva de Jesus não
constitui um fim em si, mas induz-nos a ‘descer do monte’… Transformados pela
presença de Cristo e pelo fervor da sua Palavra, seremos sinal concreto do amor
vivificador de Deus por todos os nossos irmãos, sobretudo por quem sofre, por
quantos se encontram na solidão e no abandono, pelos doentes e pela multidão de
homens e mulheres que, em diversas partes do mundo, são humilhados pela
injustiça, pela prepotência e pela violência” (Papa Francisco, Angelus, 6 de
agosto de 2017).
Caros sacerdotes, que a beleza deste dia, consagrado ao Coração de Jesus, possa fazer crescer em nós o desejo da santidade. A Igreja e o mundo precisam de sacerdotes santos! O Papa Francisco, na nova Exortação Apostólica sobre a santidade, Gaudete et exsultate, aludiu aos sacerdotes apaixonados pela comunicação e anúncio do Evangelho, afirmando que “a Igreja não precisa de muitos burocratas e funcionários, mas de missionários apaixonados, devorados pelo entusiasmo de comunicar a verdadeira vida. Os santos surpreendem, desinstalam, porque a sua vida nos chama a sair da mediocridade tranquila e anestesiadora” (Papa Francisco, Gaudete et exsultate, n. 138). Haverá que realizar, sobretudo interiormente, este caminho de transfiguração: subir ao Monte, deixar-se transformar pelo Senhor, para, em seguida, tornar-se luz para o mundo e para as pessoas que nos são confiadas. Que Maria Santíssima, Mulher luminosa e Mãe dos Sacerdotes, vos acompanhe e guarde sempre.
Caros sacerdotes, que a beleza deste dia, consagrado ao Coração de Jesus, possa fazer crescer em nós o desejo da santidade. A Igreja e o mundo precisam de sacerdotes santos! O Papa Francisco, na nova Exortação Apostólica sobre a santidade, Gaudete et exsultate, aludiu aos sacerdotes apaixonados pela comunicação e anúncio do Evangelho, afirmando que “a Igreja não precisa de muitos burocratas e funcionários, mas de missionários apaixonados, devorados pelo entusiasmo de comunicar a verdadeira vida. Os santos surpreendem, desinstalam, porque a sua vida nos chama a sair da mediocridade tranquila e anestesiadora” (Papa Francisco, Gaudete et exsultate, n. 138). Haverá que realizar, sobretudo interiormente, este caminho de transfiguração: subir ao Monte, deixar-se transformar pelo Senhor, para, em seguida, tornar-se luz para o mundo e para as pessoas que nos são confiadas. Que Maria Santíssima, Mulher luminosa e Mãe dos Sacerdotes, vos acompanhe e guarde sempre.
3. PROMOVER A CULTURA DO CORAÇÃO [Manuel
Barbosa]
Promover uma autêntica cultura do
coração, sempre a partir do amor de Deus e na contemplação do Coração de Cristo
e de Maria.
1. Ser e viver segundo o Coração de Jesus pelo Coração de Maria, como missão de quem adere a Jesus como seus discípulos missionários.
2. Viver em cordialidade, feita de acolhimento e hospitalidade, proximidade e acompanhamento, como resposta às necessidades e expectativas do mundo, vendo a realidade existente com olhos novos da fé, afinal o olhar do coração.
3. Agir como pessoas com coração novo em Cristo, ter amor extraordinário pela Palavra, pela Eucaristia, pela Reconciliação, em estilo de fecundas vidas plenas de misericórdia.
4. Ter paixão por Cristo e paixão pela Humanidade, assumindo atitudes de espírito comprometido em abertura amorosa, como profetas do coração, da graça e da misericórdia.
5. Acolher os perdidos e os excluídos, os ignorados e os afastados, os sozinhos e os abandonados, os descartados e marginalizados, sempre inspirados pelo hospitaleiro Coração do Bom Pastor.
6. Contemplar os rostos próximos com olhar gratuito de coração, com humilde, sincera e sentida abertura ao outro e ao mistério da sua presença, cultivando uma cultura de vida e de amor, toda contrária à violência e à guerra, ao conflito e à intolerância, à indiferença e à cultura de morte, ao aborto e à eutanásia; uma cultura do coração que contraria tudo o que atenta à vida no seu todo.
7. Semear e construir misericórdia, convivendo com o mundo, na constante procura do fraterno diálogo, tornando-se instrumentos de perdão e de reconciliação, fomentando a harmonia e a paz.
8. Globalizar o amor como alma das famílias, das comunidades, da sociedade, abrindo o coração a todos sem aceção nem exclusão, fazendo do Coração de Cristo o centro a que importa sempre regressar.
9. Abraçar a sério a Cruz de Cristo na Luz da Páscoa, peregrinando em testemunho de serviço e amor, com ternura, mansidão e bondade, sempre na misericórdia de Deus.
10. Ser anunciador do coração, do Coração de Cristo que transforma o coração do homem sob a ação do seu Espírito.
Num mundo sem coração, a marca do Coração de Cristo, plena expressão do Amor de Deus derramado em nós no seu Espírito, não será a mais apropriada?
Como tudo seria diferente se houvesse na Igreja e no mundo uma autêntica cultura do coração, a sugerir no húmus do nosso coração atitudes de vida consoantes à Vida no Coração de Deus!
1. Ser e viver segundo o Coração de Jesus pelo Coração de Maria, como missão de quem adere a Jesus como seus discípulos missionários.
2. Viver em cordialidade, feita de acolhimento e hospitalidade, proximidade e acompanhamento, como resposta às necessidades e expectativas do mundo, vendo a realidade existente com olhos novos da fé, afinal o olhar do coração.
3. Agir como pessoas com coração novo em Cristo, ter amor extraordinário pela Palavra, pela Eucaristia, pela Reconciliação, em estilo de fecundas vidas plenas de misericórdia.
4. Ter paixão por Cristo e paixão pela Humanidade, assumindo atitudes de espírito comprometido em abertura amorosa, como profetas do coração, da graça e da misericórdia.
5. Acolher os perdidos e os excluídos, os ignorados e os afastados, os sozinhos e os abandonados, os descartados e marginalizados, sempre inspirados pelo hospitaleiro Coração do Bom Pastor.
6. Contemplar os rostos próximos com olhar gratuito de coração, com humilde, sincera e sentida abertura ao outro e ao mistério da sua presença, cultivando uma cultura de vida e de amor, toda contrária à violência e à guerra, ao conflito e à intolerância, à indiferença e à cultura de morte, ao aborto e à eutanásia; uma cultura do coração que contraria tudo o que atenta à vida no seu todo.
7. Semear e construir misericórdia, convivendo com o mundo, na constante procura do fraterno diálogo, tornando-se instrumentos de perdão e de reconciliação, fomentando a harmonia e a paz.
8. Globalizar o amor como alma das famílias, das comunidades, da sociedade, abrindo o coração a todos sem aceção nem exclusão, fazendo do Coração de Cristo o centro a que importa sempre regressar.
9. Abraçar a sério a Cruz de Cristo na Luz da Páscoa, peregrinando em testemunho de serviço e amor, com ternura, mansidão e bondade, sempre na misericórdia de Deus.
10. Ser anunciador do coração, do Coração de Cristo que transforma o coração do homem sob a ação do seu Espírito.
Num mundo sem coração, a marca do Coração de Cristo, plena expressão do Amor de Deus derramado em nós no seu Espírito, não será a mais apropriada?
Como tudo seria diferente se houvesse na Igreja e no mundo uma autêntica cultura do coração, a sugerir no húmus do nosso coração atitudes de vida consoantes à Vida no Coração de Deus!
UNIDOS PELA PALAVRA DE DEUS
PROPOSTA PARA
ESCUTAR, PARTILHAR, VIVER E ANUNCIAR A PALAVRA NAS COMUNIDADES DEHONIANAS
Grupo Dinamizador:
P. Joaquim Garrido, P. Ricardo Freire, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)
Rua Cidade de Tete, 10 – 1800-129 LISBOA – Portugal
Tel. 218540900 – Fax: 218540909
portugal@dehonianos.org – www.dehonianos.org
PROPOSTA PARA
ESCUTAR, PARTILHAR, VIVER E ANUNCIAR A PALAVRA NAS COMUNIDADES DEHONIANAS
Grupo Dinamizador:
P. Joaquim Garrido, P. Ricardo Freire, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)
Rua Cidade de Tete, 10 – 1800-129 LISBOA – Portugal
Tel. 218540900 – Fax: 218540909
portugal@dehonianos.org – www.dehonianos.org
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