1 Dezembro 2019
ANO A
1.º DOMINGO DO ADVENTO
Tema do 1.º Domingo do Advento
1.º DOMINGO DO ADVENTO
Tema do 1.º Domingo do Advento
A liturgia deste domingo apresenta um
apelo veemente à vigilância. O cristão não deve instalar-se no comodismo, na
passividade, no desleixo, na rotina, na indiferença; mas deve caminhar, sempre
atento e vigilante, preparado para acolher o Senhor que vem e para responder
aos seus desafios.
A primeira leitura convida os
homens - todos os homens, de todas as raças e nações - a dirigirem-se à
montanha onde reside o Senhor. É do encontro com o Senhor e com a sua Palavra
que resultará um mundo de concórdia, de harmonia, de paz sem fim.
A segunda leitura recomenda
aos crentes que despertem da letargia que os mantém presos ao mundo das trevas
(o mundo do egoísmo, da injustiça, da mentira, do pecado), que se vistam da luz
(a vida de Deus, que Cristo ofereceu a todos) e que caminhem, com alegria e
esperança, ao encontro de Jesus, ao encontro da salvação.
O Evangelho apela à
vigilância. O crente ideal não vive mergulhado nos prazeres que alienam, nem se
deixa sufocar pelo trabalho excessivo, nem adormece numa passividade que lhe
rouba as oportunidades; o crente ideal está, em cada minuto que passa, atento e
vigilante, acolhendo o Senhor que vem, respondendo aos seus desafios, cumprindo
o seu papel, empenhando-se na construção do "Reino".
LEITURA I - Is 2, 1-5
Leitura do Livro de Isaías
Leitura do Livro de Isaías
Visão de Isaías, filho de Amós,
acerca de Judá e de Jerusalém:
Sucederá, nos dias que hão de vir,
que o monte do templo do Senhor
se há de erguer no cimo das montanhas
e se elevará no alto das colinas.
Ali afluirão todas as nações
e muitos povos ocorrerão, dizendo:
«Vinde, subamos ao monte do Senhor,
ao templo do Deus de Jacob.
Ele nos ensinará os seus caminhos
e nós andaremos pelas suas veredas.
De Sião há de vir a lei
e de Jerusalém a palavra do Senhor».
Ele será juiz no meio das nações
e árbitro de povos sem número.
Converterão as espadas em relhas de arado
e as lanças em foices.
Não levantará a espada nação contra nação,
nem mais se hão de preparar para a guerra.
Vinde, ó casa de Jacob,
caminhemos à luz do Senhor.
acerca de Judá e de Jerusalém:
Sucederá, nos dias que hão de vir,
que o monte do templo do Senhor
se há de erguer no cimo das montanhas
e se elevará no alto das colinas.
Ali afluirão todas as nações
e muitos povos ocorrerão, dizendo:
«Vinde, subamos ao monte do Senhor,
ao templo do Deus de Jacob.
Ele nos ensinará os seus caminhos
e nós andaremos pelas suas veredas.
De Sião há de vir a lei
e de Jerusalém a palavra do Senhor».
Ele será juiz no meio das nações
e árbitro de povos sem número.
Converterão as espadas em relhas de arado
e as lanças em foices.
Não levantará a espada nação contra nação,
nem mais se hão de preparar para a guerra.
Vinde, ó casa de Jacob,
caminhemos à luz do Senhor.
AMBIENTE
O texto de Is 2,2-4 encontra-se - com
algumas variantes e uma adição - em Mi 4,1-3, o que parece favorecer a hipótese
de uma fonte comum, anterior a Isaías e a Miqueias, na qual os redatores dos
dois livros se teriam inspirado (embora haja quem defenda, mais simplesmente,
que o texto original é de Isaías e que Miqueias apenas o reproduziu com
variantes).
Pelo conteúdo estamos, provavelmente,
diante de um oráculo inspirado nas grandes movimentações de peregrinos que, por
alturas das festas, sobem para Jerusalém. Imaginemos, como hipótese, que o
poeta contempla desde o monte Sião a chegada das caravanas israelitas que
acorrem em peregrinação para celebrar uma festa popular - por exemplo, a festa
das Tendas... Ele nota que essas caravanas procedem de todas as partes do
território habitado pelo Povo de Deus; vê-las convergir para a cidade santa,
subir pela colina em direção ao Templo onde reside Deus; à medida que se
aproximam, o poeta ouve distintamente os "cânticos de ascensão" com
que os peregrinos saúdam o Senhor e pedem a paz para Jerusalém e para toda a
nação... Subitamente, na fantasia do poeta, a cena transforma-se: ele vê, num
futuro sem data definida, uma multidão de povos de todas as raças e nações que,
atraídas por Jahwéh, se dirigem ao encontro da salvação de Deus. É,
provavelmente, um "sonho" destes que dá origem a este oráculo
escatológico. Estamos diante de um dos oráculos mais inspirados, mais profundos
e mais bonitos de todo o Antigo Testamento.
MENSAGEM
O nosso oráculo é o poema da paz
universal e da convergência de todos os povos à volta de Deus.
Na visão do profeta, o "monte do
Senhor" (o monte do Templo) eleva-se e transforma-se no centro do mundo,
sobressaindo entre todos os montes, não por ser o mais alto, mas por ser a
morada de Jahwéh (vers. 2a.b). De todas as partes do mundo vêem-se convergir
caravanas de povos e de nações que avançam, confluem e sobem montanha acima, ao
encontro do Senhor (vers. 2c-3a)... Quem foi que os convocou, que força os
atrai?
A resposta está no próprio cântico que
acompanha a caminhada de toda esta gente: eles vêm atraídos pela força
irresistível da Palavra de Deus; querem conhecer o ensinamento (Torah) e ser
instruídos nos caminhos de Jahwéh (vers. 3b.c.d.e). A Palavra salvadora e
libertadora de Jahwéh atrai e agarra todos os povos que percorrem os caminhos
do mundo, lança-os num movimento único e universal, reúne-os à volta de Deus.
À medida que todos se juntam à volta de
Deus, escutam a sua Palavra e aprendem os seus caminhos, as divisões, as
hostilidades, os conflitos da humanidade vão-se desvanecendo. Primeiro, eles
aceitam a arbitragem justa e pacífica de Deus (vers. 4a); depois, compreendem
que não são necessárias armas: as máquinas de guerra transformam-se em
instrumentos pacíficos de trabalho e de vida (vers. 4b.c.d). Do encontro com
Deus e com a sua Palavra, resulta a harmonia, o progresso, o entendimento entre
os povos, a vida em abundância, a paz universal.
Este quadro é o reverso de Babel... Na
história da torre de Babel (cf. Gn 11,1-9), os homens escolheram o confronto
com Deus, o orgulho e a autossuficiência; e isso conduziu à divisão, ao
conflito, à confusão, à falta de entendimento, à dispersão... Agora, os homens
escolheram escutar Deus e seguir os caminhos indicados por Ele; o resultado é a
reunião de todos os povos, o entendimento, a harmonia, o progresso, a paz
universal. Quando se realizará esta profecia?
ATUALIZAÇÃO
Para a reflexão pessoal, considerar os
seguintes elementos:
·
O sonho do profeta
começa a realizar-se em Jesus. Ele é a Palavra viva de Deus, que Se fez carne e
veio habitar no meio de nós, a fim de trazer a "paz aos homens"
amados por Deus (cf. Lc 2,14); da escuta dessa Palavra, nasce a comunidade
universal da salvação, aberta a todos os povos da terra (cf. At 2,5-11), de que
fala a leitura que nos é proposta. Se é verdade que todo o processo tem a marca
da iniciativa divina, também é verdade que o homem tem de responder
positivamente à ação de Deus: tem de escutar essa proposta, acolhê-la no
coração e na vida, partir ao encontro de Deus (a leitura fala de uma
peregrinação à montanha sagrada). Estamos a começar o tempo de preparação para
acolher Jesus (Advento) e a proposta de salvação que, através d'Ele, o Pai quer
fazer aos homens: estamos dispostos a ir ao seu encontro, a acolhê-l'O, a
escutar a sua Palavra, a aderir a essa proposta de vida que Ele veio fazer?
·
Um olhar, ainda que
desatento, ao mundo que nos rodeia, revela que estamos muito longe dessa terra
ideal de justiça e de paz, construída à volta de Deus e da sua Palavra - apesar
de Jesus, a Palavra viva de Deus, ter vindo ao nosso encontro há já dois mil
anos... O que é que está a impedir ou, pelo menos, a atrapalhar a chegada desse
mundo de justiça e de paz? Nisso, eu não terei a minha parte de
responsabilidade? Que posso eu fazer para que o sonho de Isaías - o sonho de
todos os homens de boa vontade - se concretize?
SALMO RESPONSORIAL - Salmo 121 (122)
Refrão: Vamos com alegria para a casa do Senhor.
Refrão: Vamos com alegria para a casa do Senhor.
Alegrei-me quando me disseram:
«Vamos para a casa do Senhor».
Detiveram-se os nossos passos
às tuas portas, Jerusalém.
«Vamos para a casa do Senhor».
Detiveram-se os nossos passos
às tuas portas, Jerusalém.
Para lá sobem as tribos, as tribos do
Senhor,
segundo costume de Israel, para celebrar o nome do Senhor;
ali estão os tribunais da justiça,
os tribunais da casa de David.
segundo costume de Israel, para celebrar o nome do Senhor;
ali estão os tribunais da justiça,
os tribunais da casa de David.
Pedi a paz para Jerusalém:
«Vivam seguros quantos te amam.
Haja paz dentro dos teus muros,
tranquilidade em teus palácios».
«Vivam seguros quantos te amam.
Haja paz dentro dos teus muros,
tranquilidade em teus palácios».
Por amor de meus
irmãos e amigos,
pedirei a paz para ti.
Por amor da casa do Senhor,
pedirei para ti todos os bens.
LEITURA II - Rom 13, 11-14
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Romanos
pedirei a paz para ti.
Por amor da casa do Senhor,
pedirei para ti todos os bens.
LEITURA II - Rom 13, 11-14
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Romanos
Irmãos:
Vós sabeis em que tempo estamos:
Chegou a hora de nos levantarmos do sono,
porque a salvação está agora mais perto de nós
do que quando abraçámos a fé.
A noite vai adiantada e o dia está próximo.
Abandonemos as obras das trevas
e revistamo-nos das armas da luz.
Andemos dignamente, como em pleno dia,
evitando comezainas e excessos de bebida,
as devassidões e libertinagens, as discórdias e os ciúmes;
não vos preocupeis com a natureza carnal,
para satisfazer os seus apetites,
mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo.
Vós sabeis em que tempo estamos:
Chegou a hora de nos levantarmos do sono,
porque a salvação está agora mais perto de nós
do que quando abraçámos a fé.
A noite vai adiantada e o dia está próximo.
Abandonemos as obras das trevas
e revistamo-nos das armas da luz.
Andemos dignamente, como em pleno dia,
evitando comezainas e excessos de bebida,
as devassidões e libertinagens, as discórdias e os ciúmes;
não vos preocupeis com a natureza carnal,
para satisfazer os seus apetites,
mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo.
AMBIENTE
Quando Paulo redige a Carta aos Romanos,
está em Corinto, no termo da sua terceira viagem missionária... Prepara-se para
partir para Jerusalém com o produto da coleta que organizou na Macedónia e na
Acaia em benefício dos "santos de Jerusalém que estão na pobreza" (1
Cor 16,1; cf. Rom 15,25-26). Paulo acha que terminou a sua missão no oriente
(cf. Rom 15,19-20) e quer, agora, levar o Evangelho ao ocidente. Estamos no ano
57 ou 58.
O pretexto da carta é preparar a ida de
Paulo a Espanha (cf. Rom 15,24)... Na realidade, Paulo aproveita para contactar
a comunidade de Roma e para apresentar aos romanos (e aos crentes, em geral) os
principais problemas que o preocupam... Estamos numa altura em que o perigo da
divisão ameaça a Igreja: de um lado, estão as comunidades de origem
judeo-cristã e, de outro, as comunidades pagano-cristãs; uns e outros têm
algumas dificuldades de entendimento e há um perigo real de cisão. Paulo
escreve, então, sublinhando a unidade da fé e chamando a atenção para a
igualdade fundamental de todos - judeo-cristãos e pagano-cristãos - no processo
da salvação.
A primeira parte da Carta aos Romanos
(cf. Rom 1,18-11,36) é de carácter dogmático e procura mostrar que o Evangelho
é a força que congrega e que salva todo o crente; a segunda parte (cf. Rom
12,1-15,13) é de carácter prático e exorta judeo-cristãos e pagano-cristãos a
viver no amor.
O texto que hoje nos é proposto pertence
à segunda parte da carta. Depois de exortar os cristãos que pertencem à
comunidade de Roma ao amor mútuo (cf. Rom 13,8-10), Paulo pede-lhes que estejam
vigilantes e preparados, a fim de acolher o Senhor que vem.
MENSAGEM
Referindo-se à "hora" que os
cristãos estão a viver, Paulo pede-lhes que se levantem "do sono, porque a
salvação está agora mais perto". Ao dizer que a salvação está perto, o que
é que Paulo está a sugerir?
Paulo pensava, certamente, na vinda mais
ou menos iminente de Jesus Cristo, a fim de concluir a história da salvação; no
entanto, a ausência de especulações apocalípticas mostra claramente que o
interesse de Paulo não é no "quando" e no "como", mas no
significado e nas consequências dessa vinda. O facto que aqui interessa é,
portanto, que os cristãos estão a viver os "últimos tempos" (que
começaram quando Jesus deixou o mundo e encarregou os discípulos de serem
testemunhas da salvação diante dos homens) antes da vinda de Jesus... Quais as
consequências disso?
Antes de serem batizados, os cristãos
viviam nas trevas e a sua vida estava pontuada pelo egoísmo (excessos de comida
e de bebida, devassidões, libertinagens, discórdias e ciúmes); mas, com o
Batismo, eles nasceram para uma nova realidade... É para essa realidade de uma
vida nova, liberta do egoísmo e do pecado, que eles devem acordar
definitivamente, enquanto esperam o Senhor que vem: quando o Senhor chegar,
deve encontrá-los despidos do velho mundo das trevas; e deve encontrá-los
atentos e preparados, revestidos dessa vida nova que Cristo lhes ofereceu,
vivendo na fé, no amor, no serviço.
Fundamentalmente, há aqui um convite a
que os crentes vivam este "tempo" como um tempo último e definitivo,
que tem de ser um tempo de caminhada ao encontro de Jesus Cristo e ao encontro
da salvação.
ATUALIZAÇÃO
Considerar as seguintes questões:
·
A questão fundamental
que está em jogo neste texto é a da conversão: os crentes são convidados a
deixar a vida das trevas e embarcar, decididamente, na vida da luz... As
"trevas" caracterizam essa realidade negativa que produz mentira,
injustiça, opressão, medo, cobardia, materialismo (e que é uma realidade que
toca tantas vezes, direta ou indiretamente, a nossa existência); a
"luz" é a realidade de quem vive na dinâmica de Deus... Falar de
"conversão" implica falar de uma transformação profunda das estruturas
e dos corações... Quais são, na sociedade, as estruturas que são responsáveis
pelas "trevas" que envolvem a vida de tantos homens? O que é que na
Igreja é menos "luminoso" e necessita de conversão? O que é que em
mim próprio é necessário transformar com urgência?
·
Quase todos nós somos
pessoas razoáveis e sérias e não andamos todos os dias em bebedeiras,
devassidões, libertinagens e discórdias; mas, apesar da nossa bondade e
seriedade, é possível que o cansaço, a monotonia, a preguiça nos adormeçam, que
caiamos na indiferença, na inércia, na passividade, no comodismo; é possível
que deixemos correr as coisas e que esqueçamos os compromissos que um dia
assumimos com Jesus e com o "Reino"... É para nós que Paulo grita:
"acordai!; renovai o vosso entusiasmo pelos valores do Evangelho; é
preciso estar preparado - sempre preparado - para acolher o Senhor que
vem".
·
Há também, neste
texto, um convite à esperança: "o Senhor vem! A noite vai adiantada e o
dia está próximo". Deus não nos abandona; Ele continua a vir ao nosso
encontro e a construir connosco esse mundo novo de justiça e de paz... Por
muito que nos assustem as trevas que envolvem o mundo, a presença de Deus
garante-nos que a injustiça, a exploração, a morte não são o final inevitável:
a última palavra que a história vai ouvir é a Palavra libertadora e salvadora
de Deus.
ALELUIA -
Salmo 84, 8
Aleluia. Aleluia.
Mostrai-nos, Senhor, a vossa misericórdia
e dai-nos a vossa salvação.
Aleluia. Aleluia.
Mostrai-nos, Senhor, a vossa misericórdia
e dai-nos a vossa salvação.
EVANGELHO - Mt 24, 37-44
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo,
disse Jesus aos seus discípulos:
«Como aconteceu nos dias de Noé,
assim sucederá na vinda do Filho do homem.
Nos dias que precederam o dilúvio,
comiam e bebiam, casavam e davam em casamento,
até ao dia em que Noé entrou na arca;
e não deram por nada,
até que veio o dilúvio, que a todos levou.
Assim será também na vinda do Filho do homem.
Então, de dois que estiverem no campo,
um será tomado e outro deixado;
de duas mulheres que estiverem a moer com a mó,
uma será tomada e outra deixada.
Portanto, vigiai,
porque não sabeis em que dia virá o vosso Senhor.
Compreendei isto:
se o dono da casa soubesse a que horas da noite viria o ladrão,
estaria vigilante e não deixaria arrombar a sua casa.
Por isso, estai vós também preparados,
porque na hora em que menos pensais,
virá o Filho do homem.
disse Jesus aos seus discípulos:
«Como aconteceu nos dias de Noé,
assim sucederá na vinda do Filho do homem.
Nos dias que precederam o dilúvio,
comiam e bebiam, casavam e davam em casamento,
até ao dia em que Noé entrou na arca;
e não deram por nada,
até que veio o dilúvio, que a todos levou.
Assim será também na vinda do Filho do homem.
Então, de dois que estiverem no campo,
um será tomado e outro deixado;
de duas mulheres que estiverem a moer com a mó,
uma será tomada e outra deixada.
Portanto, vigiai,
porque não sabeis em que dia virá o vosso Senhor.
Compreendei isto:
se o dono da casa soubesse a que horas da noite viria o ladrão,
estaria vigilante e não deixaria arrombar a sua casa.
Por isso, estai vós também preparados,
porque na hora em que menos pensais,
virá o Filho do homem.
AMBIENTE
Os capítulos 24 e 25 do Evangelho
segundo Mateus apresentam o último grande discurso de Jesus antes da sua paixão
e morte. Para compô-lo, Mateus reelaborou o chamado "discurso
escatológico" de Marcos (cf. Mc 13), ampliando-o e mudando substancialmente
o tema central: se no discurso transmitido por Marcos a questão principal é a
dos sinais que precederão a destruição de Jerusalém e do Templo, no discurso
reelaborado por Mateus a questão central é a da vinda do Filho do homem e das
atitudes com que os discípulos devem preparar a dita vinda.
Esta mudança de perspetiva pode
explicar-se a partir da situação em que vivia a comunidade de Mateus e com as
suas necessidades. Estamos na década de 80. Passaram dez anos sobre a
destruição de Jerusalém e ainda não aconteceu a segunda vinda de Jesus. Os crentes
estão desanimados e desiludidos... O evangelista contempla com preocupação os
sinais de abandono, de desleixo, de rotina, de esfriamento que começam a
aparecer na comunidade e sente que é preciso renovar a esperança e levar os
crentes a comprometer-se na história, construindo o "Reino". Nesta
situação, Mateus descobre que as palavras de Jesus encerram um profundo
ensinamento e compõe com elas uma exortação dirigida aos cristãos. Esta
exortação fundamenta-se numa profunda convicção: a vinda do "Filho do
homem" é um facto certo, ainda que não aconteça em breve; enquanto não
chega o momento, é preciso preparar este grande acontecimento, vivendo de
acordo com os ensinamentos de Jesus.
A linguagem destes capítulos é estranha
e enigmática... Trata-se, no entanto, de um género usado com alguma frequência
por alguns grupos judeus e cristãos da época de Jesus. É a linguagem
"apocalíptica", porque o seu objetivo é "revelar algo
escondido" ("apocaliptô"). Em muitas ocasiões, esta revelação é
dirigida a comunidades que vivem numa situação de sofrimento, de desespero, de
perseguição; o objetivo é animá-las, dar-lhes esperança, mostrar-lhes que a
vitória final será de Deus e dos que lhe forem fiéis.
MENSAGEM
Para Mateus, a vinda do Senhor é certa,
embora ninguém saiba o dia nem a hora (cf. Mt 24,36); aos crentes resta estar
vigilantes, preparados e ativos... Para transmitir esta mensagem, Mateus usa
três quadros...
O primeiro (vers. 37-39) é o quadro da
humanidade na época de Noé: os homens viviam, então, numa alegre inconsciência,
preocupados apenas em gozar a sua "vidinha" descomprometida; quando o
dilúvio chegou, apanhou-os de surpresa e impreparados... Se o "gozar"
a vida ao máximo for para o homem a prioridade fundamental, ele arrisca-se a passar
ao lado do que é importante e a não cumprir o seu papel no mundo.
O segundo (vers. 40-41) coloca-nos
diante de duas situações da vida quotidiana: o trabalho agrícola e a moagem do
trigo... Os compromissos e trabalhos necessários à subsistência do homem também
não podem ocupá-lo de tal forma que o levem a negligenciar o essencial: a
preparação da vinda do Senhor.
O terceiro (vers. 43-44) coloca-nos
frente ao exemplo do dono de uma casa que adormece e deixa que a sua casa seja
saqueada pelo ladrão... Os crentes não podem, nunca, deixar-se adormecer, pois
o seu adormecimento pode levá-los a perder a oportunidade de encontrar o Senhor
que vem.
A questão fundamental é, portanto, esta:
o crente ideal é aquele que está sempre vigilante, atento, preparado, para
acolher o Senhor que vem. Não perde oportunidades, porque não se deixa distrair
com os bens deste mundo, não vive obcecado com eles e não faz deles a sua
prioridade fundamental... Mas, dia a dia, cumpre o papel que Deus lhe confiou,
com empenho e com sentido de responsabilidade.
ATUALIZAÇÃO
A reflexão deste texto pode partir dos
seguintes dados:
·
O que é que significa
para nós "estar vigilantes", "estar atentos", "estar
preparados" para acolher o Senhor? Significa ter a "alminha" na
"graça de Deus" para que, se a morte chegar de repente, Deus não
consiga encontrar em nós qualquer pecado não confessado e não tenha qualquer
razão para nos mandar para o inferno? Significa, fundamentalmente, acolher
todas as oportunidades de salvação que Deus nos oferece continuamente... Se Ele
vem ao meu encontro, me desafia a cumprir uma determinada missão e eu prefiro
continuar a viver a minha "vidinha" fácil e sem compromisso, estou a
perder uma oportunidade de dar sentido à minha vida; se Ele vem ao meu
encontro, me convida a partilhar algo com os meus irmãos mais pobres e eu
escolho a avareza e o egoísmo, estou a perder uma oportunidade de abrir o meu
coração ao amor, à alegria, à felicidade...
·
O Evangelho que nos é
proposto apresenta alguns dos motivos que impedem o homem de "acolher o
Senhor que vem"... Fala da opção por "gozar a vida", sem ter
tempo nem espaço para compromissos sérios; quanta gente, ao domingo, tem todo o
tempo do mundo para dormir até ao meio dia, mas não para celebrar a fé com a
sua comunidade cristã... Fala do viver obcecado com o trabalho, esquecendo tudo
o mais; quanta gente trabalha quinze horas por dia e esquece que tem uma
família e que os filhos precisam de amor... Fala do adormecer, do instalar-se,
não prestando atenção às realidades mais essenciais; quanta gente encolhe os
ombros diante do sofrimento dos irmãos e diz que não tem nada com isso, pois é
o governo ou o Papa que têm que resolver a situação... E eu: o que é que na
minha vida me distrai do essencial e me impede, tantas vezes, de estar atento
ao Senhor que vem?
·
Neste tempo de
preparação para a celebração do nascimento de Jesus, sou convidado a recentrar
a minha vida no essencial, a redescobrir aquilo que é importante, a estar
atento às oportunidades que o Senhor, dia a dia, me oferece, a acordar para os
compromissos que assumi para com Deus e para com os irmãos, a empenhar-me na
construção do "Reino"... É essa a melhor forma - ou melhor, a única
forma - de preparar a vinda do Senhor.
ALGUMAS SUGESTÕES PRÁTICAS PARA O 1.º DOMINGO DO
ADVENTO
(em parte adaptadas de "Signes d'aujourd'hui")
(em parte adaptadas de "Signes d'aujourd'hui")
1.
A PALAVRA meditada ao longo da semanA.
Ao longo dos dias da semana anterior ao
1º Domingo do Advento, procurar meditar a Palavra de Deus deste domingo.
Meditá-la pessoalmente, uma leitura em cada dia, por exemplo... Escolher um dia
da semana para a meditação comunitária da Palavra: num grupo da paróquia, num
grupo de padres, num grupo de movimentos eclesiais, numa comunidade
religiosa... Aproveitar, sobretudo, a semana para viver em pleno a Palavra de
Deus.
2.
GESTO DE RECOLHIMENTO E DE ACOLHIMENTO:
O gesto-símbolo para este primeiro
domingo poderia ser: começar por nos sentarmos em silêncio, depois do
presidente da assembleia ter dito, por exemplo: "Irmãos e irmãs, façamos
silêncio, é preciso vigiar, o Senhor vem...". Depois, após um bom momento
de recolhimento, entoa-se o cântico de entrada seguido da palavra de
acolhimento; ou o presidente profere umas palavras de acolhimento, seguindo-se
o cântico de entrada.
3.
FAZER A PROCISSÃO DO LIVRO DA PALAVRA.
Depois da oração de coleta, que conclui
o rito de abertura da celebração, o lecionário é trazido do fundo da igreja por
um leigo, rodeado de quatro crianças com velas acesas ou lamparinas. Depois da
leitura do Evangelho, o lecionário é colocado, aberto, num lugar preparado e
visível para toda a assembleia.
4.
BILHETE DE EVANGELHO.
Aos homens sem armas, Deus promete a
vitória da Paz. Um homem desarmado é um homem vulnerável... mas ele pode também
desarmar os violentos que lhe fazem face. Jesus veio precisamente desarmar os
homens. Apresenta-Se como "Príncipe da Paz". Proclama felizes os
construtores de Paz, porque a Paz é uma obra: faz-se a Paz, infelizmente também
se faz a guerra. Neste período da nossa história marcado pela violência,
apresentemo-nos sem armas: apenas com a da reconciliação, dando um passo; a do
diálogo, escutando e falando; a do respeito, olhando e ousando falar; a da
solidariedade, estendendo a mão... Os desarmados não são pessoas que baixam os
braços dizendo: "nunca se conseguirá!" A vitória é-lhes assegurada
pelo próprio Deus: "Glória a Deus e paz na terra aos homens por Ele
amados!"
5.
ORAÇÃO NA LECTIO DIVINA.
Na meditação da
Palavra de Deus (lectio divina), pode-se prolongar o
acolhimento das leituras com a oração.
No final da primeira
leitura:
Bendito sejas, Deus nosso Pai! Numa humanidade ferida pelas espadas e pelas lanças das querelas e das guerras, Tu revelaste o caminho da paz, comunicando a Palavra e instruindo o teu povo.
Nós Te pedimos pelas Igrejas espalhadas por todo o universo: que elas irradiem a tua luz para traçar no mundo o caminho da paz.
Bendito sejas, Deus nosso Pai! Numa humanidade ferida pelas espadas e pelas lanças das querelas e das guerras, Tu revelaste o caminho da paz, comunicando a Palavra e instruindo o teu povo.
Nós Te pedimos pelas Igrejas espalhadas por todo o universo: que elas irradiem a tua luz para traçar no mundo o caminho da paz.
No final da segunda
leitura:
Deus Nosso Pai, nós Te bendizemos pelo tempo da salvação: Tu nos anuncias o fim da noite e a vinda do dia, e em cada domingo se torna presente a ressurreição do teu Filho, Jesus, nosso irmão.
Nós Te pedimos por nós mesmos: guarda-nos das atividades das trevas, reveste-nos para o combate da luz, reveste-nos do Senhor Jesus.
Deus Nosso Pai, nós Te bendizemos pelo tempo da salvação: Tu nos anuncias o fim da noite e a vinda do dia, e em cada domingo se torna presente a ressurreição do teu Filho, Jesus, nosso irmão.
Nós Te pedimos por nós mesmos: guarda-nos das atividades das trevas, reveste-nos para o combate da luz, reveste-nos do Senhor Jesus.
No final do Evangelho:
Nós Te damos graças, ó Pai, pela tua vigilância e pela tua solicitude: mesmo nas infelicidades da nossa terra, Tu vigias os teus fiéis, com atenção e bondade.
Nós Te pedimos ainda: que o teu Espírito nos torne atentos e preparados, que o teu Filho Jesus nos encontre em situação de vigilância, na oração e na atenção ao próximo.
Nós Te damos graças, ó Pai, pela tua vigilância e pela tua solicitude: mesmo nas infelicidades da nossa terra, Tu vigias os teus fiéis, com atenção e bondade.
Nós Te pedimos ainda: que o teu Espírito nos torne atentos e preparados, que o teu Filho Jesus nos encontre em situação de vigilância, na oração e na atenção ao próximo.
6.
ORAÇÃO EUCARÍSTICA.
Pode-se escolher a Oração Eucarística
III, por se relacionar mais explicitamente com os textos da liturgia da Palavra
de hoje...
7.
PALAVRA EXPLICADA 1: SIÃO.
SIÃO. É a antiga denominação do lugar de
Jerusalém, antes da instalação dos Hebreus. Em sentido estrito, este nome
designa a colina sul da cidade, mas foi estendido em seguida a toda a cidade
(2Re 19,31). É aplicado, em particular, ao lugar do templo (Is 2,3, primeira
leitura deste domingo), como lugar da presença de Deus (Am 1,2). A população da
cidade era chamada "Filha de Sião", como é indicado pelos Evangelhos
para a entrada de Jesus em Jerusalém (Mt 21,5 e Jo 12,15, que citam Zac 9,9 e
Is 62,11). Nas visões cristãs do mundo que virá, o monte Sião é transposto para
o céu, para a grande reunião da multidão dos eleitos (os 144.000 segundo Ap
14,1), na cidade celeste do Deus vivo (Heb 12,22). Antigas tradições cristãs
situavam igualmente, nesta mesma colina de Sião, o local (chamado cenáculo) no
qual Jesus tinha celebrado a Ceia, considerando também como o lugar onde se
encontravam os apóstolos no Pentecostes (At 2,1). Nesta compreensão, Sião era,
pois, o lugar de nascimento da Igreja. Na liturgia, isso orientou a compreensão
dos salmos, que evocam Sião e a sua aplicação à Igreja.
8.
PALAVRA EXPLICADA 2: VIGÍLIA.
VIGÍLIA. A oração na noite é uma
originalidade cristã, como testemunham já os Atos a propósito da prisão de
Pedro (12,12), depois de Paulo e de Silas (16,25), e a propósito do encontro de
Troas (20,7). Por volta do ano 250, um regulamento de comunidade
("Tradição Apostólica" 41) justificava a vigília pela parábola do
cortejo nupcial e o convite de Cristo a vigiar (Mt 25,6.13), para acrescentar: "os
antigos que transmitiram a tradição ensinaram-nos assim que a esta hora toda a
criação repousa um momento para louvar o Senhor: os astros, as árvores, as
águas e todos os anjos, com as almas dos justos. Eis a razão pela qual aqueles
que creem devem apressar-se em rezar a esta hora". Do século IV veio-nos o
testemunho de São Basílio de Cesareia: "Entre nós, durante a noite, o povo
levanta-se para se dirigir à casa de oração. Depois de passar a noite numa
salmodia repartida em vários coros e na qual intercalam orações, quando o dia
começa já a aparecer, todos juntos, numa só voz e num só coração, fazem subir
para o Senhor o salmo da confissão".
9.
ATENÇÃO ÀS CRIANÇAS: Pensar em Jesus!
Durante a celebração, se houver a coroa
de Advento com as quatro velas, pode-se pedir às crianças para acender a
primeira vela, com uma palavra de introdução. Mas pode-se também pensar em algo
relacionado com as palavras de Jesus no Evangelho: "na hora em que menos
pensais..." No fundo, ao longo dos dias, pensamos regularmente em Jesus?
Um modo de fazer as crianças pensar em Jesus é entregar a cada uma, no final da
celebração, uma pequena carta, com o título: "Advento 2016 - Eu penso em
ti, Jesus!" E, por baixo, as crianças anotarão, durante a semana, os
momentos em que terão pensado em Jesus.
10.
PALAVRA PARA O CAMINHO.
Vigiai! Para esperar o quê? Ou quem? Que
esperamos concretamente? Vigiai! Como no tempo de Noé ou de Jesus, estamos
absorvidos por tantos interesses! Vigiai! A vida é curta! Paulo indica-nos
alguns meios muito práticos para ficar vigilantes e reorientar a nossa espera.
Vigiai! Em tempo de Advento, em cada dia da semana que nos é dada para viver!
UNIDOS PELA
PALAVRA DE DEUS
Proposta para
Escutar, Partilhar, Viver e Anunciar a Palavra nas Comunidades Dehonianas
Grupo Dinamizador:
Joaquim Garrido, Manuel Barbosa, José Ornelas Carvalho
Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)
Rua Cidade de Tete, 10 - 1800-129 LISBOA - Portugal
Tel. 218540900 - Fax: 218540909
portugal@dehonianos.org – www.dehonianos.org
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