DIA 11 - SEXTA - Evangelho- Jo 10,31-42
Procuravam prender
Jesus, mas ele escapou-lhes das mãos.
Este Evangelho
narra mais uma vez a total rejeição das autoridades a Jesus. E ele não queria
morrer, por isso que lhes escapou das mãos. Mas ele tinha outro desejo mais
forte: ser fiel à missão que recebera do Pai.
“Por que me acusais
de blasfêmia, quando eu digo que Filho de Deus?” Aí está o motivo central da
condenação de Jesus: ele se considera Filho de Deus, não só ele, mas nós
também, como ele disse várias vezes, e, no Pai Nosso, ensinou-nos a chamar Deus
de Pai.
Se Jesus dissesse
que os ricos e mandantes de povo eram filhos de Deus, não seria blasfêmia. O
problema é que ele, pobre, e o povo que o seguia, também pobres, não podiam ser
considerados filhos e filhas de Deus. Pobre não pode ser filho de Deus.
Hoje a desigualdade
e a recusa aos pobres continua a mesma. “Todos são iguais; entretanto, alguns
são mais iguais que os outros”. “Todos têm direito aos bens necessários a uma
vida digna; entretanto, alguns têm mais direito que os outros”. E se alguém
quer “virar essa mesa”, seja no campo ou na cidade, logo é eliminado. Não há
judeu nem grego, escravo nem livre, pobre nem fico, todos vós sois um em Cristo
(Cf S. Paulo).
“Vede que grande
presente de amor o Pai nos deu: sermos chamados filhos de Deus! E nós o somos!
Se o mundo não nos conhece, é porque não conhecer o Pai. Caríssimos, desde já
somos filhos de Deus, mas nem sequer se manifestou o que seremos! Sabemos que,
quando Jesus se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal
como ele é.”
Se realmente
acreditarmos que somos filhos queridos de Deus, não nos preocuparemos com o dia
de amanhã nem com o dia de ontem. Deus cuida dos dois. Cabe a nós dedicar-nos
ao momento presente.
Certa vez, uma
criança estava com medo de dormir sozinha no quarto. Então a mãe lhe disse:
“Você não vai dormir sozinho. Vocês serão seis aqui no quarto: você, o Pai, o
Filho, o Espírito Santo, o Anjo da Guarda e Nossa Senhora!” E o bom é que,
apesar de tantos dormindo juntos, a cama não se quebra.
Diante dessa grande
dignidade nossa, de sermos filhos e filhas de Deus, S. Pedro conclui: “Por
isso, dedicai todo o esforço em juntar à vossa fé a fortaleza, à fortaleza o
conhecimento, ao conhecimento o domínio próprio, ao domínio próprio a
constância, à constância a piedade, à piedade a fraternidade, e à fraternidade,
o amor. Se essas qualidades existirem e crescerem em vós, não vos deixarão
vazios... Por isso, irmãos, cuidai cada vez mais de confirmar a vossa vocação e
eleição. Procedendo assim, jamais tropeçareis” (2Pd 1,5-10).
Certa vez, um grupo
de jovens foi passear numa montanha. Para o lanche, levaram apenas um frango,
que a mãe de um deles tinha assado.
Ao meio dia, quando
todos já estavam mortos de fome, reuniram-se para comer o frango. A turma se
ajuntou em cima do frango, cada um arrancando um pedaço. Um rapaz que estava lá
atrás e não conseguia chegar até o frango, gritou logo: “Êi! Eu também sou
filho de Deus!”
É interessante:
nessas horas a gente se lembra que é filho de Deus. Vamos nos lembrar dessa
maravilha durante a nossa vida inteira, e agradecer a Jesus o presente que nos
deu.
Campanha da
fraternidade.
O Profeta Isaías
anuncia que o Messias será o Príncipe da Paz (cf. Is9, 1-5). De fato, a vida de
Jesus foi marcada pelo sofrimento, pela perseguição e, conseqüentemente, pela
insegurança. Por seus pais não encontrarem lugar na hospedaria de Belém, Jesus
nasceu na estrebaria (cf. Lc 2,7). Seus pais precisaram fugir com ele para o
Egito por causa da perseguição de Herodes, que queria matá-lo, sendo que os
Santos Inocentes morreram por causa dele (cf. Mt 2,13-18). O temor pela sua
vida continuou presente em seus pais quando Herodes, após sua morte, foi
sucedido por seu filho Arquelau e, por isso, vão para a Galiléia (cf. Mt
2,19-23). Quando Jesus começou sua vida pública, foi expulso da Sinagoga de
Nazaré e seus concidadãos quiseram matá-lo no precipício (cf. Lc 4,23-30). Daí
para a frente, a sua vida foi sempre ameaçada. Quando Jesus, na sinagoga e em dia
de sábado, curou o homem de mão seca, os fariseus tomaram a decisão de matá-lo
(cf. Mt 12,9-14). Por fim, foi traído, preso, julgado e executado. Ele foi
acusado injustamente de diversos delitos e, quando respondia, era tratado com
violência: “Se falei mal, mostra em que errei, mas se falei certo por que me
bates bates?” (Jo 18,23). Apesar de tudo isso, o Príncipe da Paz afirma do alto
da cruz: “Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem!” (Lc 23,34).
Maria Santíssima
ganha de nós de longe, porque ela é filha de Deus Pai, Mãe de Deus Filho e
esposa do Deus Espírito Santo. Que ela nos ajude a sermos bons filhos e filhas
de Deus.
Procuravam prender
Jesus, mas ele escapou-lhes das mãos.
Padre Queiroz
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