SÁBADO
DA 2ª SSEMANA DA QUQRESMA 22/03/2014
1ªLeitura
Miquéias 7,14-15. 18-20
Salmo
102(103),8ª “O Senhor é bom e
misericordioso”
Evangelho
Lucas 15, 1-3. 11-32
Deus tem
uma fraqueza, um calcanhar de Aquiles, um ponto vulnerável, não resiste quando
vê o homem envolvido na miséria. É impressionante como Lucas descreve esse
dramático reencontro do Pai com o Filho mau caráter, que havia abandonado a
casa paterna e dissipado os seus bens com farras, urgias e prostituição. Da
parte do Filho o comportamento é o esperado, ao cair em si e se dar conta da
"burrada" que tinha feito, tratou de voltar "Com o rabo entre as
pernas". Lucas quer levar os olhares da sua comunidade, não para o Filho,
mas para o Pai. No contexto em que Jesus narrou a parábola o Filho mais novo
representa todos os que estavam fora da Instituição Religiosa daquela época, ou
porque não acreditavam, ou porque eram marginalizados pelo sistema religioso, entretanto, de maneira sútil Lucas diferencia
a relação desses para com Deus, do modo como os Fariseus, Escribas e Doutores
da Lei se relacionavam.
A
conversa antes da partida "Meu pai, dá-me parte da herança que me
toca", na terra distante, vítima da miséria e da fome, ele pensa
"Quantos empregados na casa do meu Pai".
E no
momento do reencontro "Meu Pai, pequei contra o céu e contra ti".
Havia nesse jovem descabeçado algo de bom: a consciência de ser Filho e ter um
pai. Quem tem a consciência de que é Filho,
e que tem a Deus por Pai, manifesta isso na relação com os demais, a
quem têm como irmãos e irmãs. O Filho mais velho não se vê como tal, tem com o
Pai uma relação de empregado para com o seu patrão, que cumpre fielmente todas
as tarefas que lhe são confiadas, quanto
ao mais novo, não o reconhece como irmão "este teu Filho que gastou teus
bens com prostitutas..." - é a sua queixa amarga e ciumenta, pelo modo
como viu o Pai tratar o mais novo em seu retorno. "Para ele matas o
novilho mais gordo e lhe dá uma festa!"
Mais um
detalhe importante, quem estava comemorando era o Pai, a Festa era dele, porque
o Filho querido e amado, que havia se perdido fora reencontrado. Deus
manifesta-nos sua alegria e esta nos envolve e nos contagia. Seu amor e seu
olhar cheio de misericórdia jamais se distancia de nós, o Filho ainda estava
longe, e o Pai, movido de compaixão correu ao seu encontro...
Não com
o dedo em histe para uma bela lição de moral, não com o olhar acusador e cheio
de ameaças, não cheio de orgulho e sentimento de vencedor, para exigir mil e
uma condições para aceita-lo de volta. Ao contrário, sequer o deixa prostrar-se
aos seus pés e formular o pedido de perdão, mas o coloca de pé, e sem mandar
tomar um banho ( pois estava encardido e mau cheiroso, pelo trabalho junto aos
porcos e pela longa caminhada) o vestiu com uma bela túnica, colocou em seu
dedo encardido um anel belíssimo, e calçou seus pés imundos da poeira da
estrada, com uma sandália. O sinal inequívoco de que o ama, mesmo no estado miserável em que está, vendo
nele a dignidade de ser seu Filho.
A
parábola não é um estímulo para que cometamos o pecado nos afastando da casa do
Pai, isso é, da amizade e comunhão com Deus, ao contrário, somos convidados a
olhar para Deus e ver Nele, como seu amor e sua misericórdia é grandiosa e
imensa pelo Homem. Esse Filho pródigo é a humanidade, somos eu e você que lê
essa reflexão, Deus vive nos fazendo festa e nos envolvendo com a dignidade
divina, dom que ganhamos com a encarnação de Jesus, cada volta é uma festa
porque percebemos que Ele nos ama de paixão, manifestada na cruz do calvário.
Aproveitemos
bem a festa da Vida, que nos vem em sua graça, lá de vez em quando cismamos de
buscar outras festas que a ilusão do mundo nos oferece, e acabamos sempre como
o filho mais novo, no chiqueirão das nossas misérias, e quando a fome de ser
amado nos aperta o coração, Deus já está lá na curva do caminho, á nossa espera
de braços abertos para nos envolver...Mas em nossa caminhada muitas vêzes
olhamos com desprezo certas pessoas de categoria inferior, sem moral e sem
dignidade, não os vemos como nossos irmãos. Daí fazemos o triste papel do filho
mais velho, aquele que era "religiosamente" correto, e que, morando
na casa do Pai, estava tão longe dele, do seu abraço e do seu amor.....
Diácono
José da Cruz
Paróquia
Nossa Senhora Consolata -Votorantim SP
Nenhum comentário:
Postar um comentário