29 de março - Evangelho - Lc 18,9-14
O Evangelho de
hoje nos mostra com clareza qual é o pensamento que Jesus tem a respeito da
nossa oração, e não somente no que se relaciona ao nosso vínculo com os outros,
mas especialmente diante de Deus, que nos conhece mais do que nós mesmos. Lendo o evangelho de hoje eu fiquei muito feliz porque acredito que essa
mensagem seja capaz de mudar de forma concreta a minha vida e a tua, uma vez
que passamos a compreender o sentido real e concreto do ato de ser humilde e
não apenas do conceito de humildade, podemos ser transformados interiormente e
executar gestos no nosso cotidiano que irá nos proporcionar sentimentos bons e
alegres.
É
interessante verificar os dois tipos de oração! O Fariseu nomeia todas as suas
observâncias, tudo que ele faz, conforme manda o a Lei! Ele não conta nenhuma
mentira – ele faz isso mesmo. Só que ele confia absolutamente no poder da sua
prática para garantir a salvação. Assim dispensa a graça de Deus, pois se a Lei
é capaz de salvar, não precisamos da graça! E ainda se dá o luxo de desprezar
os que não viviam como ele – ou porque não queriam, ou porque não conseguiam!: Ó
Deus, eu te agradeço, porque não sou como os outros homens, que são ladrões,
desonestos, adúlteros, nem como esse cobrador de impostos.
O
publicano também não mente quando reza! Longe do altar, nem se atrevia a
levantar os olhos para o céu, mas batia no peito em sinal de arrependimento de
dizia: Meu Deus, tem piedade de mim que sou pecador. E era a
verdade mesmo – ele era vigarista, ladrão opressor do seu povo, traidor da sua
raça – mas ele tem consciência disso, e não só disso, mas do fato de que por
ele mesmo é incapaz de mudar a sua situação moral. A sua única esperança é
jogar-se diante da misericórdia de Deus. Para o espanto dos seus ouvintes,
Jesus afirma que o desprezado publicano voltou para a casa “justificado” por
Deus, e não o outro. Pois é Deus que nos torna justos por pura gratuidade, e
não em recompensa por termos observado as minúcias duma Lei.
E como entrou o farisaísmo nas nossas tradições de espiritualidade! Como
as nossas pregações reduziam a fé e o seguimento de Jesus à uma observância
externa duma lista de Leis! Como reduzimos Deus a um mero “banqueiro”, que no
fim da vida faz as contas e nos dá o que nós “merecemos”, segundo uma teologia
de retribuição! Quem tem a conta em haver com Ele, ganhará o céu, e quem está
em dívida irá para o inferno! E a graça de Deus? E a cruz de Cristo? Paulo mudou
de vida quando descobriu que a Lei, por tão importante que fosse como
“pedagogo”, não era capaz de salvar, mas que é Deus que nos salva, sem mérito
algum nosso, através de Jesus Cristo! Com esta descoberta, se libertou! E
defendia este seu “evangelho” a ferro e fogo! O texto de hoje nos convida para
que examinemos até que ponto deixamos o farisaísmo entrar em nossas vidas; até
que ponto confiamos em nós mesmos como agentes da nossa salvação; até que ponto
nos damos o direito de julgar os outros, conforme os nossos critérios. Uma
advertência saudável e oportuna que alerta contra uma mentalidade “elitista” e
“excludente”, que pode insinuar-se na nossa espiritualidade, como fez na dos
fariseu, sem que tomemos consciência disso!
Portanto, esse evangelho é transformador, ele vem ensinar para nós que a nossa oração é um
meio de comunicação eficaz com o Pai, mas só subirá aos céus se nascer de um
coração humilde, simples e puro! Se quisermos ser justificados e elevados
diante de Deus, precisamos diminuir para que Deus cresça em nós! Meu Deus, é
preciso que eu diminua e que Cristo cresça em mim. Dai-me Senhor um coração
puro e humilde e assim como aquele cobrador de impostos clamou a ti eu também
Te peço agora: tende piedade de mim que sou pecador.
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