DIA 10- QUINTA - Evangelho- Jo 8,51-59
Vosso pai Abraão exultou, por ver o meu
dia.
Neste Evangelho, Jesus, numa
argumentação judicial com as autoridades da seu país, prova que é o Messias. Ao
esperar o nascimento do seu filho Isac, Abraão esperava com alegria, uma
descendência bendita de Deus, que é o Cristo. Abraão viu em Isac a cumprimento
da promessa de Deus de que o Messias nasceria da sua descendência.
E mais: o nascimento de Isac era mais
uma vinda da Sabedoria ou do Verbo de Deus, que séculos mais tarde se
encarnaria. Diz o livro dos Provérbios: “O Senhor me gerou no início de suas
obras, antes de ter feito coisa alguma, no princípio; desde a eternidade... Eu
estava brincando no globo terrestre, e alegrando-me em estar com os filhos dos
homens” (Prov 8,22-31). Abraão não viu Jesus como homem. Mas Jesus é uma Pessoa
com o Verbo eterno, e Abraão viu a manifestação desse Verbo. Por isso que Jesus
fala: “Vosso pai Abraão exultou, por ver o meu dia”.
“Antes que Abraão existisse, eu sou”.
Mais uma vez, Jesus declara a sua divindade. Ele é a Segunda Pessoa da
Santíssima Trindade que se encarnou, conforme diz J 1,1-5: “No princípio era o
Verbo, e o Verbo estava junto de Deus, e o Verbo era Deus. Ele existia, no
princípio, junto de Deus. Tudo foi feito por meio dele, e sem ele nada foi
feito de tudo o que existe. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens.
E a luz brilha nas trevas, e as travas não conseguiram dominá-la”.
Na pessoa de Jesus, as duas naturezas, a
humana e a divina, eram estanques, isto é, não se comunicavam uma com a outra,
a não ser que quisessem. A natureza divina só se comunicava com a humana quando
era necessário e útil à missão de Jesus. Fora isso, Jesus agia apenas com os
recursos humanos. Era homem como nós em tudo, exceto no pecado.
Só assim a gente entende todo o
sofrimento que Jesus teve, no corpo e no espírito (Cf Hb 4-7). Entendemos
também por que ele disse que não sabia a data do fim do mundo: “Quanto a esse
dia e a essa hora, ninguém sabe nada, nem os anjos do céu, nem o Filho. Somente
o Pai é quem sabe” (Mt 24,36).
A natureza divina deixava a natureza
humana se virar, com os recursos e as limitações humanas. Esse é o mistério da
união hipostática.
Entretanto, nós sabemos que “em Cristo
habita, de forma corporal, toda a plenitude da divindade” (Cl 2,9).
“O que é da terra, pertence à terra e
fala das coisas da terra. Aquele que vem do céu está acima de todos” (Jo 3,31).
Só quem era do céu podia reabrir a porta do céu para a humanidade, porta que
fora fechada após o pecado de Adão e Eva.. Quem não veio do céu não tem
credencial nem competência para isso. Os fundadores de religiões, por exemplo,
são, como nós, da terra, pertencem à terra. Portanto, eles não têm nenhuma
competência para fundar uma religião. Com exceção, é claro, de Jesus que veio
do céu e fundou a Igreja una, santa, católica e apostólica. “Eu e o Pai somos
um” (Jo 10,30).
Justamente devido à sua condição divina,
Jesus fala e garante: “Se alguém guardar a minha palavra, jamais verá a morte”.
Morre fisicamente, mas permanece vivo em Deus, na vida eterna.
Como é importante nós ouvirmos e
guardarmos a Palavra de Jesus, sendo aquela terra fértil, onde a semente cai e
produz fruto!
Havia, certa vez, um rapaz, que tinha a
memória um pouco fraca. Esquecia facilmente as coisas. Como na quaresma ele
queria se confessar, começou logo a marcar em um pau os seus pecados. Cada vez
que ele fazia um pecado, fazia um pique no pau.
Numa tarde em que o padre estava de
plantão para atender as confissões, ele foi para a igreja. Chegando lá, colocou
o pau atrás da porta e ajoelhou-se no banco a fim de se preparar para a confissão.
Depois foi para a salinha onde estava o
padre, e se esqueceu de levar o pau. Ele era um rapaz bem forte. Ao chegar lá,
o padre lhe disse: “Fale os seus pecados”. Ele falou: “Espere aí, padre, eu vou
buscar o pau ali atrás da porta”. O padre disse: “Não, não precisa não, moço!
Já está tudo perdoado. Pode ir tranqüilo” Já pensou, um rapaz daquele querendo
ir pegar pau!
Quaresma é tempo de fazermos uma boa
confissão. Nós não precisamos ter medo do padre nem o padre de nós, pois o que
prevalece ali é a misericórdia de Deus. Não precisamos também anotar os
pecados. Na hora, nós falamos aquilo de que nos lembramos e o resto fica tudo
perdoado. O principal na confissão não é falar pecados, pois na confissão
comunitária nós nem falamos os pecados. O principal é o perdão de Deus e, da
nossa parte, o arrependimento.
Campanha da fraternidade. No Sermão da
Montanha, Jesus nos mostra que devemos quebrar a rede de ódio e vingança que
existe na sociedade porque violência gera mais violência. Se quisermos viver a justiça
do Reino, devemos pagar o mal com o bem, buscar não a vingança, mas a sua
superação. Os que querem ser discípulos de Jesus devem assumir essa atitude.
Nos caminhos do Mestre Jesus, os
primeiros cristãos vendiam seus bens. O resultado das vendas era colocado em
comum e distribuído de acordo com as necessidades de cada um (cf. At 2,42-44).
A atuação de São Paulo, através de seus
escritos, pregações e atividade missionária, levou para o mundo os fundamentos
que garantiram comunidades novas, totalmente voltadas para os princípios
pregados por Jesus e dando início a um considerável esforço no sentido de
conquistar a paz verdadeira e duradoura. Para ele, o amor é a plenitude da Lei
e a fonte de toda segurança e paz.
Maria Santíssima é Mãe de Deus, porque é
Mãe de Jesus que é Deus. Que ela interceda por nós, já que tem tanto credencial
junto da Santíssima Trindade.
Vosso pai Abraão exultou, por ver o meu
dia.
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