22 de março -Evangelho Lc 15, 1-3.11-32
Prefiro denominar assim o texto de hoje porque na verdade, O Senhor é
misericórdia e clemência, indulgente e cheio de amor. O Senhor é bom para com
todos e, misericordioso para todas as suas criaturas (Sl 144,8s) Este Evangelho narrado por Lucas, conhecido como “parábola do filho
pródigo”, poderia muito bem ser denominado “parábola do pai misericordioso”.
Nele temos a revelação do Deus de Jesus que a todos acolhe em seu infinito
amor. Respeita plenamente a liberdade de seus filhos e está com o coração
aberto para acolhê-los a qualquer momento, sem censuras, independentemente de
sua história passada. Este é o meu Deus de quem eu devo aprender todos os dias
e horas. Diferencia-se do deus dos escribas e fariseus, que castiga os que dele
se afastam, impondo-lhes variados sofrimentos; e, se há arrependimento, reata
sua aliança sob ameaças.
É por seu amor misericordioso que o Deus
de Jesus move à conversão e ao reencontro com a vida plena. Assim a parábola do
Pai Misericordioso vai mostrar como Deus pai age diante do filho pecador. A
situação que relata é absolutamente real e facilmente encontrável em qualquer
família humana. Um homem tinha dois filhos. Um pede a parte na herança e
vai embora. Gasta os bens, passa fome e resolve pedir para voltar para que
viva apenas como empregado de seu pai – ele sabe que errou muito e que, por ser
um homem justo, seu pai não deixava os empregados passar fome; por isso, quer
viver ali nem que seja como um deles, para não morrer de forme. O pai,
contudo, vai além: não só o recebe como o aceita novamente e o coloca no lugar
onde sempre esteve: o de seu filho. O outro filho – que permanecera fiel
ao pai – cobra, sente inveja, sente raiva. E o pai o convida a participar
daquela festa, porque seu irmão havia sido recuperado e a família estava
novamente composta.
O processo de conversão começa com a tomada de consciência: o filho mais
novo sente-se perdido econômica e moralmente. A acolhida do pai e as medidas
tomadas mostram não só o perdão, mas também o restabelecimento da dignidade de
filho.
É necessário, filho, que te alegres: teu
irmão estava morto e reviveu, perdido e foi achado. O filho
mais velho é justo e perseverante, mas é incapaz de aceitar a volta do irmão e
o amor do pai que o acolheu. Recusa-se a participar da alegria. Esta é a tua é
minha atitude quando tachados de corretos e justos não aceitamos no nosso meio
todos os que arrependidos nos pedem desculpas e perdão pelas falhas cometidas.
Quantas vezes oiço dizer. Padre, eu não consigo perdoar o que meu marido me
fez, minha esposa me fez. Tenho mágoas do meu pai, da minha mãe, dos meus
filhos. O que faço? Está aqui a resposta da tua pergunta. Com esta parábola,
Jesus nos faz apelo supremo para que assim como os doutores da Lei e os
fariseus deveriam aceitar e partilhar da alegria de Deus pela volta dos
pecadores assim tu, assim eu devemos nos alegrar com o arrependimento, a
conversão e o retorno à dignidade da vida dos nossos irmãos e irmãs.
A atitude do pai é incondicional: meu
filho estava perdido e voltou! Com a festa ele demonstra a sua alegria –
que deve ser a alegria de toda a comunidade, até daqueles que se sentem
diminuídos em valor diante do que se considera pecador.
Devemos acreditar na misericórdia do Pai
que nos recebe sempre de braços abertos e com muita festa. E devemos,
sobretudo, pedir que essa mesma misericórdia seja derramada infinitamente em
nosso coração para que possamos ver com os olhos de Deus os nossos irmãos que
julgamos pecadores e reconhecer que todos somos merecedores do mesmo amor do
Pai.
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