18 de março - Evangelho Mt 23,1-12
No
Evangelho, Jesus censura impiedosamente os escribas e os fariseus, homens
responsáveis pelo ensino da Escritura e da Lei, porque eram hipócritas.
Arrogavam-se em “mestres” tal como Moisés, para impor medidas pesadas aos
outros, que eles nunca cumpriam. Mas fingiam ser bons cumpridores da Lei e,
para tal, metiam algumas palavras essenciais dessa Lei em pequenos estojos, que
colocavam no braço esquerdo ou na fronte, as chamadas “filactérias”, e
alargavam as pontas dos mantos, que punham nos ombros para fazerem oração, com
bordas muito compridas, por motivos de vaidade. Jesus critica, violentamente, a sua pretensão à posse exclusiva da
verdade, a sua incoerência, o seu exibicionismo, a sua insensibilidade ao amor e
à misericórdia. Este texto é um convite a mim e a ti, a todos nós, para que não
deixemos que atitudes semelhantes se introduzam na minha e na tua família e
destruam a fraternidade, fundamento da comunidade.
Jesus nos fala para fazer e observar tudo o que os mestres da Lei e os
fariseus dizem, pois eles têm bastante conhecimento da Palavra de Deus e falam
com propriedade sobre o que deve ser feito de acordo com a vontade do Pai. Mas
Jesus conhece o coração de cada pessoa e, com coerência, nos pede que sigamos
os ensinamentos deles, mas que não imitemos as suas atitudes, pois ensinamentos
e atitudes se contradizem. Quando ouvirmos alguém nos falando o que deve ser
feito de bom, não devemos deixar de fazê-lo só porque quem falou não tem
“moral” ou “credibilidade” sobre determinada atitude.
Olhando pelo lado de quem fala… Proferir este famoso ditado cai muito
bem em diversas situações onde queremos nos livrar da responsabilidade sobre o
que falamos. É muito fácil dizer aos outros o que fazer e de que forma fazer;
mostrar os erros cometidos mesmo quando eles estão presentes em nós mesmos. O
interessante é que sempre falamos com propriedade, pois sabemos realmente que
essa ou aquela situação são erradas e que devemos agir de um modo diferente.
Entretanto, nós não corrigimos a nós mesmos, e dar testemunho do que falamos
torna-se difícil.
Quando estamos servindo a Deus é necessário darmos testemunhos fiéis de
nossas palavras, para que as pessoas que nos seguem se reflitam no nosso modo
de agir, já que uma atitude vale mais que mil palavras. Se você diz ao seu
filho: “Não beba! Isto vai te fazer mal.” E no dia seguinte está com um copo de
bebida na mão, seu filho não vai dar credibilidade ao que você falou, mas no
exemplo que você deu!
Ao ler o Evangelho de hoje nos lembramos
logo do famoso ditado popular que diz: “Faça o que eu digo, mas não faça o que
eu faço.” É fundamental nos colocarmos naquilo que fazemos e não naquilo
que dizemos. Até porque as nossas obras dirão aquilo que nós somos. “Se vos
amardes uns aos outros o mundo vos reconhecerá que sois meus discípulos”- disse
Jesus!
Pessoas que muito falam e pouco fazem, criam uma capa de ilusões. Fazem
com que as outras pessoas pensem que ela é o que diz ser e que ela faz o que
diz fazer. Mas no fundo, esta pessoa é vazia por dentro, pois não tem nada de
verdadeiro na vida dela, tudo não passa de palavras soltas ao vento. Querem
aparecer, serem reconhecidas publicamente, mas nem elas mesmas se conhecem.
Desejam ser chamadas de mestres, mas nisto Jesus nos adverte: não existe outro
mestre, pai ou guia, que não seja o próprio Deus. Ele também nos deixa uma
mensagem que nos fará verdadeiramente importantes para Deus: “O maior dentre
vós deve ser aquele que vos serve. Quem se exaltar será humilhado, e quem se
humilhar será exaltado.”
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