13 de março
Evangelho - Mt 5,20-26
14 de março - Evangelho - Mt 5,43-48
Amar e rezar
pelos nossos inimigos e perseguidores é o conselho de Jesus. Do mesmo jeito que
o Pai age conosco. Por isso, não podemos nos limitar a amar somente aqueles que
nos amam, não haveria mérito. Não somos obrigados a gostar ou admirar, Jesus
nos ordena que amemos. E amar é querer o bem, é ajudar, é reconhecer que todas
as pessoas são objeto do Amor de Deus. À primeira vista, nós não encontramos
nenhuma coerência, nem mesmo sentido, para a ação de rezar pelos inimigos. Mas,
se nos dizemos filhos do Pai que está no céu e, se de fato queremos sê-lo, não
podemos agir de outra maneira. Aqui na terra, quando os nossos pais são pessoas
de bem, nós alimentamos o propósito de imitá-los. Mais ainda, nós precisamos
copiar o Pai perfeito do céu, que nos ama do jeito que somos, que não nos
cobra, que nos perdoa, mesmo quando somos filhos e filhas ingratos. A
perfeição, a grandeza e o poder do Pai estão no amor e o Seu Amor foi derramado
nos nossos corações pelo Espírito Santo, portanto podemos amar os nossos inimigos.
O Amor Perfeito! É assim que prefiro chamar o amor de Deus. Aquele que
passa por cima do ódio que deveríamos sentir pelos nossos inimigos: «Vocês
ouviram o que foi dito: “Ame os seus amigos e odeie os seus inimigos.” Mas eu
lhes digo: amem os seus inimigos e orem pelos que perseguem vocês, para que
vocês se tornem filhos do Pai de vocês, que está no céu». Nestas palavras de
Jesus está a perfeição do amor.
Jesus hoje nos exorta longamente para que respondamos ao ódio com amor.
Este texto, aparecendo nessa situação, ajuda-nos a compreender, que Mateus vê
no amor aos adversários, a característica específica dos discípulos de Cristo.
As palavras de Jesus indicam duas maneiras de viver: A primeira é a dos
que se comportam sem referência a Deus e sua Palavra. Esses agem em relação aos
outros em função da maneira como eles os tratam, a sua reação é de fato uma
reação. Dividem o mundo em dois grupos, os amigos e os que não o são, e fazem
prova de bondade só em relação aos que são bons para eles. A segunda forma de
viver não põe em primeiro lugar um grupo de homens, mas sim o próprio Deus.
Deus, por seu lado, não reage de acordo com a maneira como o tratam; pelo
contrário, «Ele é bom até para os ingratos e os maus» (Lucas 6,35).
Jesus chama assim a atenção para a característica essencial do nosso
Deus. Fonte transbordante de bondade. Deus não se deixa condicionar pela
maldade de quem está à sua frente. Mesmo esquecido, mesmo injuriado, Deus
continua fiel a si próprio, só pode amar. Isto é verdadeiro desde a primeira
hora. Diferentemente dos homens, Deus está sempre pronto a perdoar: «Os meus
planos não são os vossos planos, os vossos caminhos não são os meus caminhos»
(Isaías 55,7-8). O profeta Oséias, por seu lado, ouve o Senhor dizer-lhe: «Não
desafogarei o furor da minha cólera… porque sou Deus e não um homem» (Oséias
11,9). Numa palavra, o nosso Deus é misericordioso (Êxodo 34,6; Salmo 86,15;
116,5 etc.), «não nos trata de acordo com os nossos pecados, nem nos castiga
segundo as nossas culpas» (Salmo 103,10).
A grande novidade do Evangelho não é tanto o fato de que Deus é Fonte de
bondade, mas que os homens podem e devem agir à imagem do seu Criador: « Sede
misericordiosos, como o vosso Pai é misericordioso!» (Lucas 6,36). Através da
vinda do seu Filho até nós, esta Fonte de bondade está agora acessível.
Tornamo-nos, por nosso lado, «filhos do Altíssimo» (Lucas 6,35), seres capazes
de responder ao mal com o bem, ao ódio com amor. Vivendo uma compaixão
universal, perdoando aos que nos fazem mal, damos testemunho de que o Deus de
misericórdia está no coração de um mundo marcado pela recusa do outro, pelo
desprezo em relação àquele que é diferente.
Impossível para os humanos entregues às suas próprias forças, o amor
pelos inimigos testemunha a atividade do próprio Deus no meio de nós. Nenhuma
ordem exterior o torna possível. Só a presença, nos nossos corações, do amor
divino em pessoa, o Espírito Santo, permite amar assim. Este amor é uma
consequência direta do Pentecostes. Não é em vão que Estêvão, «cheio do
Espírito Santo» termine com estas palavras: « Senhor, não lhes atribua este
pecado. » (Actos 7,60)
Como Jesus, o verdadeiro discípulo faz com que a luz do amor divino
brilhe no país sombrio da violência como é o nosso Brasil.
Este amor, longe de ser um simples sentimento, reconcilia as oposições e
cria uma comunidade fraterna a partir dos mais diversos homens e mulheres, da
vida desta comunidade sai uma força de atração que pode agitar os corações. É
este o amor que eu chamo de perfeito, o amor que perdoa até aqueles que nos
podem tirar a vida.
Pai faça-me teu imitador, que eu aprenda a amar perfeitamente como me
amaste a mim e aos outros e não me deixes cair na tentação de fazer acepção de
pessoas. Que eu ame a todos, sem qualquer distinção.
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