27 de março - Evangelho - Lc
11,14-23
Conforme
a popularidade de Jesus crescia, seus inimigos procuravam, desesperadamente,
meios para explicar seus maravilhosos poderes. Finalmente, decidiram alegar que
ele expulsava demônios pelo poder do próprio Satanás. Paralelo ao texto de hoje
estão Mateus 12:22-32 e Lucas 11:14-23. E com apenas três argumentos Jesus
responde e faz uma advertência: 1. Como
é que Satanás pode expulsar a si mesmo?
2. Se eu
expulso demônios por Satanás, por quem os expulsam os vossos filhos?
3. Para
roubar a casa de um homem forte, tem-se primeiro que amarrá-lo. Expulsando
demônios, estou amarrando Satanás, de modo que eu possa cumprir minha missão de
resgatar àqueles que Satanás mantém cativos.
Sua
advertência foi: “Em verdade vos digo que tudo será perdoado aos filhos dos
homens: os pecados e as blasfêmias que proferirem. Mas aquele que blasfemar
contra o Espírito Santo não tem perdão para sempre, visto que é réu de pecado eterno.”
(Marcos 3:28-30).
Depois
de Seus debates com os fariseus, e outros inimigos, sobre como guardar o
sábado, eis que surge nova questão: de onde vinha o poder de Cristo para
expulsar demônios?
Não
podendo negar Seus muitos e poderosos milagres, os líderes judaicos tentaram
vinculá-los a Belzebu – ou seja, a Satanás. Interiormente, sentiam que esses
milagres eram resultado da manifestação divina, mas após terem acusado e
perseguido Jesus, ficava difícil admitir a origem divina da obra feita por Ele.
O orgulho, ou seja, a falta de humildade, levou tais líderes a essa situação.
O
argumento de Cristo permaneceu sem resposta: Como Seus milagres poderiam provir
de Satanás, se os destruíam a obra dele? (saúde em vez de doença, libertação de
demônios em vez de escravidão a eles). Há aqui uma lição para todos: o orgulho
pode obliterar a visão espiritual a ponto de alguém “ao mal chamar bem, e ao
bem chamar mal” (Isa. 5:20). Quando uma pessoa chega a esse ponto, corre o
risco de pecar ou “blasfemar contra o Espírito Santo” e “não ter perdão para
sempre” (Mar. 3:29). Por quê? O fato é que todo pecado pode ser perdoado, desde
que seja confessado (I João 1:9). Mas, se alguém chegar ao ponto de achar que o
mal é o bem (de que a falsa acusação deles quanto aos milagres de Cristo era
correta), então nunca haverão de se arrepender disto, e por conseguinte, não
obterão o perdão. Estarão cometendo o “pecado imperdoável”, pois nunca foi
confessado para ser perdoado. Poderíamos dizer, então, que “pecado imperdoável”
é pecado não confessado e deixado, como esses dos líderes judaicos.
Os
escribas vindos de Jerusalém são os enviados dos chefes religiosos que tinham
em mãos o culto sacrifical do Templo e o dinheiro do Tesouro, anexo ao Templo.
Eles percebem que Jesus, com seu anúncio da verdade e do amor, é uma ameaça
para o poder e os privilégios deles. Jesus já havia expulsado o espírito impuro
que dominava um homem em uma sinagoga. Eles se empenham em difamar Jesus, para
afastá-lo do povo.
O
Espírito Santo é o amor. Considerar as obras de amor do Espírito como sendo
obras do demônio significa o distanciamento e até a ruptura com o próprio amor
de Deus. Rejeitar e matar os que com amor buscam resgatar a dignidade humana
dos empobrecidos explorados e excluídos significa a rejeição da vida e do amor
de Deus.
Na
Encíclica « Dominum et vivificantem », § 46 de Santidade João Paulo II
encontramos razões do porque é imperdoável o pecado contra o
Espírito Santo.
Porque é
que a «blasfémia» contra o Espírito Santo é imperdoável? Em que sentido se deve
entender esta «blasfémia»? S. Tomás de Aquino responde que se trata da um
pecado «imperdoável por sua própria natureza, porque exclui aqueles elementos
graças aos quais é concedida a remissão dos pecados».
Segundo
uma tal exegese, a «blasfémia» não consiste propriamente em ofender o Espírito
Santo com palavras; consiste, antes, na recusa de aceitar a salvação que Deus
oferece ao homem, mediante o mesmo Espírito Santo agindo em virtude do
sacrifício da Cruz.
Se o
homem rejeita o deixar-se «convencer quanto ao pecado», que provém do Espírito
Santo e tem carácter salvífico, ele rejeita contemporaneamente a «vinda» do
Consolador: aquela «vinda» que se efectuou no mistério da Páscoa, em união com
o poder redentor do Sangue de Cristo: o Sangue que «purifica a consciência das
obras mortas».Sabemos que o fruto desta purificação é a remissão dos pecados.
Por
conseguinte, quem rejeita o Espírito e o Sangue permanece nas «obras mortas»,
no pecado. E a «blasfémia contra o Espírito Santo» consiste exactamente na
recusa radical de aceitar esta remissão, de que Ele é o dispensador íntimo e
que pressupõe a conversão verdadeira, por Ele operada na consciência. Se Jesus
diz que o pecado contra o Espírito Santo não pode ser perdoado nem nesta vida
nem na futura, é porque esta «não-remissão» está ligada, como à sua causa, à
«não-penitência», isto é, à recusa radical a converter-se.
Isto
equivale a uma recusa radical de ir até às fontes da Redenção; estas, porém,
permanecem «sempre» abertas na economia da salvação, na qual se realiza a
missão do Espírito Santo. Este tem o poder infinito de haurir destas fontes:
«receberá do que é meu», disse Jesus.
Deste
modo, Ele completa nas almas humanas a obra da Redenção, operada por Cristo,
distribuindo os seus frutos.
Ora a
blasfêmia contra o Espírito Santo é o pecado cometido pelo homem, que
reivindica o seu pretenso «direito» de perseverar no mal — em qualquer pecado —
e recusa por isso mesmo a Redenção.
O homem
fica fechado no pecado, tornando impossível da sua parte a própria conversão e
também, consequentemente, a remissão dos pecados, que considera não essencial
ou não importante para a sua vida.
É uma
situação de ruína espiritual, porque a blasfémia contra o Espírito Santo não
permite ao homem sair da prisão em que ele próprio se fechou e abrir-se às
fontes divinas da purificação das consciências e da remissão dos pecados.
De uma
maneira muito resumida diremos que é próprio dos poderosos acusarem e difamarem
todo aquele que é considerado como uma ameaça a seu poder, acusando-o agitador,
perturbador da ordem, terrorista ou, em um enfoque religioso, possesso do
demônio. Na Inquisição, tal coisa aconteceu com freqüência. Hoje, o império
estadunidense, em parceria com o estado de Israel, também o faz.
Rejeitar
o amor de Jesus é rejeitar o próprio Espírito Santo, que é a comunicação da
Vida e do Amor de Deus.
Padre Queiroz, paz e bem, parabéns pelos comentários que o Senhor vem ajudando comunidades, pessoas e até mesmo religiosos, religiosas, Padres, com a iluminação do Espírito Santo na sua vida. Sou leigo, trabalho na comunidade São Francisco de Assis - Bairro São Francisco Assis-Cuiabá.
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