III
DOMINGO DA QUARESMA 23/03/2014
1ªLeitura
Êxodo 17, 1-7
Salmo
94(95), 8 “Vinde, manifestemos nossa alegria no Senhor,
aclamemos
o rochedo de nossa salvação”
2ªLeitura
Romanos 5, 1-2.5-8
Evangelho
João 4, 5-42
Cada
um de nós tem o seu “poço” onde em todos os dias se busca matar a sede das
realizações
humanas, procurando de alguma forma concretizar os nossos ideais. É uma
tarefa
constante e que se torna monótona e rotineira, correndo até o risco de perder o
seu sentido. Um belo dia se descobre que, aquilo que buscamos de maneira tão
insistente, está fora do nosso alcance. É verdade que em nossa trajetória
conseguimos chegar a alguns horizontes que vislumbramos, mas onde pensamos ser
o ponto de chegada, acaba se tornando ponto de partida porque novos horizontes
são vislumbrados. Na infância eu gostava de fazer essa tentativa de ficar perto
das nuvens do céu, e certa ocasião, em férias na capital, escalamos o pico do
Jaraguá, um lugar muito alto de onde se avista a grande São Paulo, mas que está
muito longe das nuvens que eu imaginara poder tocar, na minha visão lá de longe
e foi frustrante.
Quando
colocamos toda nossa esperança nesses horizontes aqui de baixo, encarnamos o
personagem de “Dom Quixote de Lã Mancha”, e corremos atrás de ilusões, uma
carreira bem sucedida, no esporte, na arte, na vida profissional, ambições e
escaladas de postos que vão sendo galgados, mas quando chegamos ao topo,
percebemos que ainda falta A mulher samaritana, que se encontra com Jesus á
beira de um poço, vem dessa busca humana, de algo que a satisfaça plenamente. A
água do poço de Jacó, que ela vai buscar diariamente, parecer ser suficiente
para alcançar seus objetivos, ela experimenta Deus no cumprimento da Lei e nas
Tradições religiosas do seu povo, e isso lhe basta.
A catequese quaresmal nos atiça a mente e o coração para
intensificarmos a busca do transcendente. Na história da Igreja, Santo
Agostinho, que julgava ter encontrado a plena alegria nos prazeres carnais,
após a conversão irá afirmar, com base nessa experiência; “o meu coração
inquieto, só terá sossego quando em Deus repousar...”
Todo ser humano traz em si essa inquietude que perpassa toda a
existência, corremos sempre atrás de algo que parece inatingível... Jesus
encontra-se diante de alguém que não conhece outro caminho na busca dessa
realização, que não seja a esperança humana, fundamentada na tradição, para a
mulher, nada é mais importante do que o Pai Jacó, que ouviu de Deus as
promessas, e que fez aquele poço para saciar a sede do seu povo. Nós cristãos,
às vezes nos apegamos em demasia á igreja Instituição e esquecemos do essencial
que é ser a “Eclésia” dos que conhecem a Verdade e a buscam, não nas ambições
humanas, mas Naquele que é a Se não nos acautelarmos, o ativismo pastoral e
religioso na igreja ou nos movimentos, poderá ser esse Poço do Pai Jacó, que
nos satisfaz por aquilo que somos e que fazemos.
Quando
por alguma razão, somos tirados de certas funções, parece-nos que falta o chão.
Por
que será? O poço de água viva em nossas comunidades cristãs, não é o que somos,
ou quem somos, ou o que fazemos, mas é Jesus Cristo, quando fazemos com ele e
nele
essa
experiência, o que somos, quem somos ou o que fazemos, ganha um novo sentido e
um novo significado. Mas é preciso um
diálogo franco e aberto com o Senhor, por isso esse terceiro domingo do grande
retiro quaresmal somos convidados a fazer esse encontro e a compararmos a
diferença dessas duas águas, aquela que nós oferecemos á comunidade, naquilo
que somos e fazemos, e a que Jesus nos oferece com sua graça. Em nossas
pastorais e movimentos, muitas vezes nos achamos o máximo, mas se alguém disser
que a nossa água está salobra o mundo se acaba e desistimos de tudo.
Aquela mulher vai confrontando a sua vida conforme o diálogo com
Jesus se aprofunda. Ela não é um personagem isolado criado pelo evangelista
João, mas representa o Povo de Israel e as nossas comunidades com todos os
organismos e instituições que a compõe. E como essa mulher, muitas vezes não
nos damos conta de que na comunidade encontramos Aquele que é a verdadeira e
única água Viva. Perdemos tempo enchendo nossos baldes de ambições, prestígio,
sucesso, poder. Nossa doação é na verdade um “alisar” o nosso ego e exaltar
nosso carisma. Não nos damos conta de que o Reino é muito maior do que aquilo
que enxergamos, e que as coisas que fazemos irão passar pois outros virão,
melhores do que nós.
A mulher, que começou o diálogo de maneira ríspida, logo se dá
conta de que Jesus oferece algo que ela ainda não havia experimentado. Algo que
com seu próprio esforço jamais iria conseguir. Quem está á sua frente não é um
estrangeiro, nem um homem comum ou Profeta, como chegou a pensar, mas descobre
que ele é o Messias, e que Nele poderá encontrar algo muito mais significativo
do que as tradições do seu povo, os ritos e a Lei. Sua atitude não é mais a de
isolar-se em seu grupo, raça ou cultura, mas agora se torna anunciadora da
Verdade na região da Samaria. Parece que o viver em uma religião fechada, com
sua doutrina, ritualismo e preceitos, ainda continuam para muitos, a ser o
caminho mais fácil de percorrer. A Samaria do mundo aguarda impaciente o grito
maravilhado dos cristãos, que fizeram a experiência com Cristo em sua vida, que
o encontraram ao encontrarem-se a si mesmo e aos irmãos.
O homem não vai saciar a sua sede com a água salobra dos poços
disponíveis,
perfurados
pela tradição, ou pelas vãs idelogias, todos aguardam ansiosos por esse grito
dos cristãos, sobre a descoberta de Jesus, a Água Viva que nos transforma em
fontes borbulhantes saciando a todos com quem nos relacionarmos. A grande
Samaria nos espera... Vamos em frente, e que sejamos bem sucedidos como a
mulher Samaritana, que com seu testemunho conduziu muitos a Jesus.
Paróquia
Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
José
da Cruz é Diácono da
E-mail
cruzsm@uol.com.br
Diác. José da Cruz, parabéns pela esclarecedora interpretação da Palavra de Deus, como sempre, atualiza-a. Muito obrigado, Abençoado dia do Senhor, Fraterno abraço. Diác. Dirceu Pereira, Paróquia Cristo Sacerdote, Diocese de Apucarana - Pr.
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