DIA 16 - QUARTA - Evangelho -
Mt 26,14-25
O Filho do Homem vai morrer, conforme
diz a Escritura. Contudo, ai daquele que o trair.
Hoje, quarta-feira da semana santa, o
Evangelho narra a traição do Apóstolo Judas a Jesus. Em mais um gesto de amor
ao querido Apóstolo traidor, Jesus fala claro, na presença dele, tentando
convencê-lo a desistir do enorme crime: “O Filho do Homem vai morrer, conforme
diz a Escritura a respeito dele. Contudo, ai daquele que trair o Filho do
Homem! Seria melhor que nunca tivesse nascido!”
Judas teve dúvidas se Jesus falava a
respeito dele e perguntou: “Mestre, serei eu?” Jesus lhe respondeu: “Tu o
dizes”.
Mas a última tentativa de Jesus de
evitar que seu Apóstolo o traísse foi em vão! E ficou na história o maior
traidor da humanidade.
Deus acolhe o homem e a mulher como são,
e confia neles, até mesmo na iminência de uma traição. Nós também, como irmãos
e irmãs, devemos aceitar a todos, por indignos que sejam, porque a regeneração
é sempre possível, e nada melhor para isso do que sentir-se amado.
No fundo do nosso coração mora um
possível santo ou um possível traidor. Cristo tem inimigos, amigos falsos e
amigos verdadeiros. Os verdadeiros todos têm fraquezas e cometem deslizes; mas
quando percebem, ou são advertidos, voltam atrás. Errar é humano, permanecer no
erro é burrice. Que esse horrível pecado de Judas seja um alerta para nós.
“Quem julga estar de pé tome cuidado para não cair” (1Cor 10,12).
Nesta quarta-feira da semana santa, somos
convidados a fazer uma acareação com o crucifixo, e rever a nossa resposta a
esse amor imenso de Deus por nós, manifestado em Cristo.
O pecado leva à morte, e ele nunca
acontece de uma hora para outra, de improviso. Ele tem as suas raízes; começa
aos pouquinhos, em pequenas infidelidades. Nada passa despercebido diante de
Deus. Por isso, “cuidado com as coisas pequenas!”
Jesus continua sendo traído hoje.
Pessoas que dizem sim a ele para toda a vida, mais tarde se esquecem e viram as
costas para ele e para a sua Igreja.
S. Paulo descreve a força que o pecado
exerce em nós: “Estou ciente de que o bem não habita em mim, isto é, na minha
carne... pois não faço o bem que quero, mas o mal que não quero” (Rm 7,18-19).
A tentação é mentirosa e enganadora. Ela
sempre chega com uma carinha bonita, dizendo que aquilo é bom para nós. Veja a
conversa da serpente com Eva. A serpente começa incitando o casal a revoltar-se
contra Deus: “É verdade que Deus vos disse: ‘Não comais de nenhuma das árvores
do jardim?’” (Gn 3,1). Eva responde: “Nós podemos comer dos frutos das árvores
do jardim. Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, Deus disse: ‘Não
comais dele, nem sequer o toqueis, do contrário morrereis’” (Gn 3,2-3). A
serpente respondeu: “De modo algum morrereis. Pelo contrário... vossos olhares
se abrirão e sereis como Deus” (Gn 3,4-5). Eva então comeu e deu para o marido
que estava ao seu lado.
Hoje, a tentação continua enganando do
mesmo jeito; apenas as táticas são outras, e sempre novas, para nos enganar.
Quanta gente fala, por exemplo: “Eu fiz
isso (pecado) porque a outra pessoa insistia e eu não quis magoá-la”. Neste
caso, a tentação usou justamente do coração bom daquela pessoa para levá-la a
pecar.
A tentação nos apresenta o pecado como
coisa pequena, passageira e sem conseqüências. Mas, logo após, ela muda de cara
e quer nos levar ao desespero, dizendo-nos que estamos num beco sem saída. Isso
é mentira, porque todo pecado tem perdão e não nenhum problema maior que Deus.
A graça de Cristo é mais forte que o pecado. E essa graça apenas não atua em
quem não á quer, como foi o caso de Judas.
Havia, certa vez, em um colégio de
Irmãs, uma aluna adolescente que era indisciplinada. Ela vivia fazendo bagunça,
desobedecendo aos professores e levando as colegas a fazerem o mesmo.
Um dia, por causa de uma indisciplina
maior, a Irmã diretora lhe deu um castigo: enquanto a classe ia fazer um
passeio, ela devia ficar na sala, escrevendo cinqüenta vezes a seguinte frase:
“Maior mandamento: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si
mesmo”. Uma professora ia ficar na classe com ela.
A menina sentou-se e escreveu a primeira
vez. Depois parou e ficou meditando sobre frase.
Pediu licença à professora, foi a um
nicho, pegou a pequena imagem de Nossa Senhora e a colocou ao seu lado na
carteira. Mais que depressa, escreveu as quarenta e nove vezes que faltavam.
Em seguida, pediu à professora, foi à
capela e rezou longamente. Voltou deslumbrada e agradeceu à professora. Esta
pegou o seu carro e a levou imediatamente para o passeio.
Às vezes, as crianças erram porque não
sabem o catecismo e não conhecem os mandamentos de Deus. Cristo deixou todos os
recursos para evitarmos o pecado, mas precisamos conhecê-los e usá-los.
Campanha da fraternidade. Um dos
critérios fundamentais para a construção da paz é a não-violência. Esta, porém,
não pode ser entendida como omissão, ou não ação, ou passividade diante das
agressões ou injustiças sofridas. Significa não pagar o mal com a mesma moeda,
mas agir a partir de outros critérios, como recorrer ao poder judicial, a
recusa de participação em atividades não construtivas, desobediência cívica,
greve pacífica, passeatas, protestos pacíficos etc.
Chamamos essa não-violência de não-violência
ativa. Ela é um dos meios mais importantes à disposição de todos para quebrar a
cultura da guerra, da vingança e do ódio, substituindo pela tolerância, pelo
diálogo e pela misericórdia.
Santa Maria Mãe de Deus, rogai por nós
pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém.
O Filho do Homem vai morrer, conforme
diz a Escritura. Contudo, ai daquele que o trair.
Padre Queiroz
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