25 de março - Evangelho - Mt 5,17-19
Mateus,
no seu evangelho, apresenta às suas comunidades oriundas do judaísmo Jesus como
sendo aquele que vem atender às expectativas suscitadas pelo Primeiro
Testamento. Jesus,
no Evangelho de hoje, diz que não veio para destruir a Lei antiga, referindo-se
aos dez mandamentos recebidos por Moisés, mas para ensinar a cumpri-las
plenamente. O que Ele pretende é restaurar, aperfeiçoar as ordens estabelecidas
ao povo de Israel. O Primeiro Testamento prometia o Reino de Deus que traria
bem-estar, prosperidade e felicidade para todos e o cumprimento fiel da Lei
contida nas Escrituras era a forma de se conquistar estas promessas.
Naquele
tempo os escribas eram os doutores intelectuais, que se julgavam donos do saber
e, portanto, aptos a interpretar as Escrituras para os outros, criticando os
que a descumpriam segundo as suas próprias interpretações e incluindo Jesus nas
suas críticas. Como pessoas esclarecidas, os escribas sabiam muito bem o que se
devia fazer, mas não o faziam e nem sempre ensinavam aos outros o que Deus
pedia, criando uma burocracia que escravizava e controlando duramente a
população.
Jesus
ensina que não veio abolir as leis, e sim ensinar como elas deveriam ser realmente
compreendidas e praticadas, ensinando, dessa forma um novo jeito de viver a
liberdade e a justiça, não simplesmente observando o teor burocrático e
imperativo. Para falar sobre a forma como isto se dá, Jesus retoma algumas
exigências da lei, procurando esclarecer que as normas e regras devem servir de
inspiração para a justiça e misericórdia, a fim de que o homem tenha vida e
relações mais fraternas. Ele mostra que, para praticar a lei é necessário antes
de qualquer coisa, compreendê-la, buscar nela o discernimento que faz enxergar
profundamente as situações, possibilitando desta forma transformá-la em uma
ação que liberta, tirando dela o conceito de escravidão.
Mateus
apresenta no Evangelho alguns exemplos que evidenciam como a lei deve ser
entendida. O ato de matar, por exemplo, começa pelo ressentimento e pela raiva.
É preciso cortá-lo pela raiz, resolvendo dessa forma o ódio que pode levar às
situações extremas. Além deste discernimento capaz de ditar atos novos em
situações de ofensa à lei, Jesus pede a verdade sempre. A necessidade de
juramento é sinal de que a mentira e a desconfiança pervertem as relações
humanas. Jesus exige relacionamentos em que as pessoas sejam verdadeiras e
responsáveis, esta é condição para a prática da justiça e da misericórdia,
capaz de conduzir o homem ao Reino prometido por Deus. Os ensinamentos de Jesus
levam o cristão a um novo jeito de se relacionar com Deus, não com atos de
barganha, onde se faz aqui para ganhar ali, mas com espírito livre, que age por
amor a Deus e ao próximo, seguindo as orientações de Jesus que diz que, se se
cumprir o primeiro mandamento, os outros serão cumpridos por consequência.
O ponto
de referência para as obras que conduzem ao Amor do Pai, é a própria Bíblia
sintetizada nos mandamentos que nascem na prática de Jesus e de seus seguidores
que são convocados à pratica da justiça que conduz à vida. A única forma de
encontrar Deus e prestar-lhe culto é criar relações de justiça que geram
fraternidade e vida para todos.
Pai,
guiado pelos ensinamentos de Jesus, revela-me teu querer divino, livrando-me de
dar-me por satisfeito com a observância superficial dos teus mandamentos.
Padre Bantu Mendonça
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