13 DE MARÇO –
Ester 14, 1-15 – “A oração de Ester”
Nem
sempre nós temos consciência do que realmente está acontecendo dentro do nosso
interior e o que está motivando as nossas ações. Muitas coisas passam
despercebidas por nós e, na verdade, só tomamos consciência das nossas
condições verdadeiras no tempo em que passamos por dificuldades, por
sofrimentos e penúria. A oração de Ester para nós é um convite à conversão e
também um modelo de reflexão sobre o momento atual da nossa vida. Há momentos
na vida em que experimentamos a orfandade, o deserto, a humilhação, a
incapacidade, a impotência. São estes os momentos de maior graça que vivemos,
pois, realmente podemos avaliar a nossa dor e fazer uma reflexão para chegar à
conclusão de que nós mesmos (as) nos expomos ao perigo. Nestas horas,
seguramente somos motivados a procurar refúgio no Senhor. Mesmo aqueles (as)
que são ateus, “graças a Deus”, procuram algo para lhes socorrer. No entanto, a
maior parte da nossa vida nós a passamos na tranquilidade, no bem bom, na
rotina como se não precisássemos de mais ninguém. O tempo da “aparente
felicidade” é, portanto, o tempo da desgraça, isto é, da nossa indiferença à
graça de Deus, quando nos bastamos, quando nos saciamos com os frutos da carne
e, por isso, nos expomos aos perigos. O tempo da quaresma, porém, nos é
propício para voltarmo-nos para o Senhor e mesmo que não estejamos passando por
nenhum tormento, nos conscientizarmos de que somos eternos devedores diante de
Deus. É tempo de nos prostrarmos por terra, reconhecendo a nossa limitação, o
nosso pecado, a nossa insensatez e pedir clemência ao nosso juiz e ajuda para
podermos enfrentar os “leões” no tempo da peleja. Ester reconheceu: “eu mesma
me expus ao perigo”. Somos muitas vezes responsáveis pelas coisas que acontecem
erradamente. O que dá errado pode ser o que ainda não compreendemos e que foge
aos nossos padrões certinhos. Só o Senhor poderá nos alinhar no caminho certo.
Prostrar-se significa: humilhar-se, render-se, entregar-se. Todo tempo é tempo
de conversão e toda hora é hora de buscar refúgio no Senhor. Não esperemos o
tempo ruim, aproveitemos o tempo da graça do Senhor que é constante. – Você tem
consciência do tempo que você está vivendo? É tempo de penúria ou de
“felicidade”? – Você reconhece a sua orfandade, sua limitação? Quem poderá
ajudá-lo (a)? - Você busca refúgio no Senhor quando tudo está bem?
Salmo
137 – “Naquele dia em que gritei, vós me escutastes, ó Senhor!”
Precisamos
tomar consciência de que somos uma obra de Deus inacabada e que Ele ainda tem
muitos planos a realizar na nossa vida. No entanto, é necessário que estejamos
atentos (as) aos Seus acenos, pois somente assim compreenderemos qual seja o
nosso papel. A nossa vida é uma caminhada em busca da perfeição, ou melhor, da
nossa condição de sermos imagem e semelhança de Deus. Por isso, precisamos
sempre pedir o auxílio do Senhor a fim de que Ele nos modele e nos restaure dia
a dia. Não podemos baixar guarda nem desanimar, estejamos vigilantes, pois um
dia, perante os anjos, nós também cantaremos e nos prostraremos no templo do
Senhor que é a Casa do Pai.
Evangelho
– Mateus 7, 7-12 - “Pedir, procurar, bater”
Se
tivéssemos consciência do que Jesus nos fala neste Evangelho e percebêssemos
realmente a profundidade das Suas palavras, com certeza nunca desanimaríamos
diante dos desafios da nossa vida. O pedir o procurar e o bater são ações de
caráter imprescindível da nossa existência humana. Vivemos continuamente este
movimento no nosso dia a dia. Normalmente, no entanto, nós pedimos, procuramos
e batemos em busca das coisas que consideramos essenciais e absolutamente
necessárias para saciar a nossa fome de prazer, de possuir e de poder. Na
verdade, nós nos submetemos diante dos reis e dos governantes da terra por um
punhado de sucesso, de reconhecimento do nosso potencial humano ou então nos
degradamos e nos corrompemos para conquistar um lugar ao sol ou ainda nos
humilhamos para nos apossar do coração de alguém. Fazemos mil e uma piruetas
para buscar, fora, o pão que mata a nossa fome de amor. Porém, não percebemos
que o que poderá alimentar a nossa alma e o nosso corpo está escondido dentro
de nós e faz parte da essência da nossa alma, pois vem da fonte que jorra
dentro de nós. Dentro de nós há uma fonte de amor para qual nós devemos nos
voltar a fim de pedir, procurar e bater em busca das “coisas” de que precisamos
realmente. A fé no amor de Deus é o alimento imprescindível da nossa existência
humana. Deus sabe que nós precisamos do Seu amor como alimento, todavia, Ele
espera a nossa livre vontade, o nosso querer e o nosso desejar para abrir as
comportas e nos conceder tudo o que queremos alcançar. O Pai está no céu do
nosso coração e espera a nossa adesão e o nosso desejo de possuir aquilo que
Ele já designou para nos presentear. Pedir, procurar, bater, é perseverar na
vivência do Evangelho com esperança e determinação. Não podemos nos escusar nem
perder a grande chance da nossa vida buscando fora de nós pedra e cobra quando
o Pai nos oferece pão e peixe, hoje. Por isso, também não podemos deixar para
pedir, procurar e bater somente amanhã o que hoje nos é oferecido. Todo aquele
que pede recebe, quem procura acha, e a quem bate, a porta se abre. Alimentados
com o pão do amor conseguiremos também cumprir o que a lei e os profetas nos
propõem: fazer aos outros tudo aquilo que desejamos que nos façam. - O que você
tem pedido a Deus: pão ou pedra; peixe ou cobra? – O que na verdade você
precisa pedir a Deus? Reflita! – Aonde você tem buscado alimento e proteção? –
Você tem batido nas portas dos homens para receber o que está à sua disposição
dentro do seu coração?
Helena
Serpa,
Fundadora
da Comunidade Missionária Um Novo Caminho
Excelente os comentários e reflexões, como sempre. Parabéns e obrigado!
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