SEXTA FEIRA DA V SEMANA DO TEMPO
COMUM 13/02/2015
1ª Leitura Gênesis 3, 1-8
Salmo 31/32, 1 a “Feliz aquele cuja
iniquidade foi perdoada”
Evangelho Marcos 7, 31-37
" O surdo mudo ouviu e
falou..."
Essa surdez e mudez que hoje
refletimosneste evangelho, têm um
significado bem mais profundo do que a cura física. Não se trata simplesmente
do ouvir com os ouvidos e falar com a boca, a surdez e a mudez abordada pelo
evangelista Marcos, localiza-se no coração do ser humano.
Há pessoas muito faladeiras que
contam mil e uma vantagem, ou então que perdem um tempo precioso falando mal da
vida do próximo, ou conversas fúteis das quais nada se aproveita, assim como o
saber ouvir é uma arte. Aqui a questão do ouvir não se trata apenas de escutar
vozes das pessoas falando, ou ruídos. A deficiência auditiva desse homem da
comunidade de Marcos vai além disso…seu coração está fechado para Deus e as
pessoas e por isso tem o coração assim tão vazio de Deus, não tendo portanto
nada a anunciar, sua vida fechada e isolada em si mesmo é uma fonte de amargura
e azedume.
No antigo testamento a principal queixa de Deus durante a travessia do
povo pelo deserto, é de que: o povo tinha fechado o coração e não mais o ouvia,
escutavam mas não o ouviam. Na comunidade de Marcos e também nas nossas há
pessoas assim....Essa surdez e mudez é causada pela arrogância e prepotência
dos que não crêem em Deus e preferem dar ouvidos somente as vozes da razão.
Conviver e relacionar-se com alguém
assim, é difícil e complicadíssimo, a comunidade não sabe mais o que fazer e
rogam a Jesus para que imponha as mãos sobre aquele homem. A experiência que
fazemos de Jesus é algo muito pessoal, por isso ele toma o homem surdo-mudo e o
leva á um lugar á parte. O mundo da pós modernidade está repleto de rituais e
de vozes que só alienam e escravizam o homem. No dia do Senhor que é o domingo,
a comunidade dos que crêem, se afastam do burburinho do quotidiano, e na
comunidade se reúnem a outros que querem e precisam ficar a sós com o Senhor.
As palavras de Jesus e seus gestos
no ritual da cura do surdo mudo, lembram o rito batismal quando Deus abre o
nosso coração para que a sua Graça possa
entrar e fazer morada. Nas celebrações Eucarísticas ou mesmo da Santa Palavra,
presidida por um Ministro Leigo ou um Diácono, esse ritual se repete, somos
tocados pela Palavra, a força do Espírito Santo a leva para dentro de nós, no
mais íntimo do nosso ser, transformando aos poucos a nossa vida, a cura da
surdez e mudez não é imediata, mas ocorre em um processo que é dinâmico, vamos
ouvindo, nos libertando e anunciando, sempre que experimentamos o Senhor.
Comunidade é portanto o lugar onde
todos se preocupam para que cada um se abra cada vez mais á essa Palavra, as
nossas orações e cantos nada mais são do que uma súplica para que o Senhor
estenda sobre nós suas mãos, abrindo cada vez mais o nosso coração para a a sua
graça que nos santifica, nos renova e nos liberta. Agora já dá para sabermos
quem é esse surdo-mudo que saiu da celebração anunciando com alegria as
maravilhas de Deus! (Diácono José da Cruz – Paróquia Nossa Senhora Consolata –
Votorantim SP – cruzsm@uol.com.br)
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