22 de Fevereiro de
2015
Evangelho -
Mc 1,12-15
O título desta homilia marca o final do Evangelho
do primeiro Dominho da Quaresma. Como ouvimos, Marcos narra o ambiente e as
circunstâncias da tentação de Jesus. Estamos diante de três elementos: o
deserto, os anjos e o diabo. Os três são elementos representam o árduo caminho
da quaresma, iniciado na última quarta-feira e a nossa grande missão durante
este tempo: a conversão.
O deserto indica um local de provação. Jesus é o novo Israel que
passa 40 dias no deserto e vence a tentação, permanecendo fiel à vontade divina
e à sua Aliança.
O diabo e os anjos representam o interior de cada um de nós. Dentro
de nós pode morar um anjo e um diabo. Quando nos damos de corpo e alma a Deus
em nós sobressai o lado angélico e quando nos damos aos prazeres da carne então
fala mais alto o lado diabólico. Vivemos num mudo onde existem pessoas com
corações diversificados. Há aqueles que são mais compreensivos e curtem a paz,
até mesmo em momentos críticos. São os que têm como razão de viver o cultivo da
vida interior com Deus e em Deus. Para estes, os anjos de Deus constantemente
os servem com a paz, com a fortaleza, com a sabedoria, com o temor de Deus e
assim por diante. Mesmo que tenham um temperamento forte, sabem controlar seus
impulsos e seus instintos.
O diabo representado pelos impulsos e os instintos. Todos nós
sabemos que os animais reagem por impulsos e instintos. E isso também existe dentro
de cada um de nós quando não fazemos usa da nossa liberdade e vontade que
vindos de Deus deveriam ser usados para escolher sempre o bem! Em alguns,
parecem indomáveis estes dois elementos. Trata-se de pessoas impulsivas, que
primeiro fazem e depois pensam, quando as conseqüências amargam na vida. O
diabo que indomada existe em quem vive pelo instinto, incapaz de ter qualquer
controle sobre si próprio.
No deserto, local da sede, da fome e da provação,
o que acontece conosco, aconteceu com Jesus, porque ele era homem, igual a cada
um de nós. Poderia se deixar levar pelo instinto e a impulsividade do diabo.
Mas não. Ele vence a tentação optando pelo serviço dos anjos e isso acontece
pela fidelidade ao plano divino. Eis a diferença entre nós e Ele. Enquanto
muitas vezes nós nos deixamos vencer pelo diabo, Ele o desafia. E então Aquele
que é fiel, envia os seus anjos para servi-lo. O que vemos em Jesus é um
exemplo para vencermos as tentações. Os nossos desertos são muitos e podem ser
localizados aqui na Canção Nova – Cachoeira Paulista onde moro e podem ser
localizados aí na tua cidade, na tua casa. Podem ser na tua família, pode ser a
escola, pode ser o trabalho. É nos locais onde vivemos, trabalhamos que a
tentação aparece e faz transparecer o controle de si ou o terrível diabo que
salta pelos olhos e pela boca.
Quero lembrar-te que esse tipo de reação não se trata com controles
mentais ou técnicas de relaxamento ou por meio de uma consulta ao psicólogo ou
psicanalista. Isso pode ajudar, mas a proposta da espiritualidade cristã diz
que a vida interior só se resolve a partir do momento em que optamos por Deus.
É o que fez Jesus. Pois, existe dentro de nós uma duplicidade: ou optamos por
Deus e Ele nos serve, ou deixamos que nossos impulsos e instintos apareçam e
estes tomam conta de nossa vida, a ponto de infernizá-la e então caímos nas
malhas do diabo que nos domina o tempo todo.
A vida interior só se torna divinizada à medida que formos capazes
de nos esvaziar de nós mesmos, de tirar de nós os instintos e os impulsos, para
acolher com simplicidade, humildade e no espírito de pobreza, o que Deus nos
oferece por meio do Seu Filho manso e humilde de coração.
Portanto, neste tempo quaresmal o nosso primeiro empenho é acolher
o convite à conversão: CONVERTEI-VOS E CREDE NO EVANGELHO. E converter-se,
hoje, significa considerar a vida interior de cada um de nós. Ver o que é mais
saliente em nós: o lado divino ou o lado dos impulsos e instintos? O lado
divino ou o lado humano? Lapidai-me ó Deus, para que convertido possa acolher o
vosso Reino . Acolhendo-o os vossos anjos me venham servir como fizeram a
Jesus!
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