26 de Fevereiro de 2015 - Evangelho -
Mt 7,7-12
Ester 14, 1-15 – “A oração de Ester”
Nem sempre nós temos consciência do que
realmente está acontecendo dentro do nosso interior e o que está motivando as
nossas ações. Muitas coisas passam despercebidas por nós e, na verdade, só
tomamos consciência das nossas condições verdadeiras no tempo em que passamos
por dificuldades, por sofrimentos e penúria. A oração de Ester para nós é um
convite à conversão e também um modelo de reflexão sobre o momento atual da
nossa vida. Há momentos na vida em que experimentamos a orfandade, o deserto, a
humilhação, a incapacidade, a impotência. São estes os momentos de maior graça
que vivemos, pois, realmente podemos avaliar a nossa dor e fazer uma reflexão
para chegar à conclusão de que nós mesmos (as) nos expomos ao perigo. Nestas
horas, seguramente somos motivados a procurar refúgio no Senhor. Mesmo aqueles
(as) que são ateus, “graças a Deus”, procuram algo para lhes socorrer. No
entanto, a maior parte da nossa vida nós a passamos na tranquilidade, no bem
bom, na rotina como se não precisássemos de mais ninguém. O tempo da “aparente
felicidade” é, portanto, o tempo da desgraça, isto é, da nossa indiferença à
graça de Deus, quando nos bastamos, quando nos saciamos com os frutos da carne
e, por isso, nos expomos aos perigos. O tempo da quaresma, porém, nos é
propício para voltarmo-nos para o Senhor e mesmo que não estejamos passando por
nenhum tormento, nos conscientizarmos de que somos eternos devedores diante de
Deus. É tempo de nos prostrarmos por terra, reconhecendo a nossa limitação, o
nosso pecado, a nossa insensatez e pedir clemência ao nosso juiz e ajuda para
podermos enfrentar os “leões” no tempo da peleja. Ester reconheceu: “eu mesma
me expus ao perigo”. Somos muitas vezes responsáveis pelas coisas que acontecem
erradamente. O que dá errado pode ser o que ainda não compreendemos e que foge aos
nossos padrões certinhos. Só o Senhor poderá nos alinhar no caminho certo.
Prostrar-se significa: humilhar-se, render-se, entregar-se. Todo tempo é tempo
de conversão e toda hora é hora de buscar refúgio no Senhor. Não esperemos o
tempo ruim, aproveitemos o tempo da graça do Senhor que é constante. – Você tem
consciência do tempo que você está vivendo? É tempo de penúria ou de
“felicidade”? – Você reconhece a sua orfandade, sua limitação? Quem poderá
ajudá-lo (a)? - Você busca refúgio no Senhor quando tudo está bem?
Salmo 137 – “Naquele dia em que gritei, vós me
escutastes, ó Senhor!”
Precisamos tomar consciência de que somos uma
obra de Deus inacabada e que Ele ainda tem muitos planos a realizar na nossa
vida. No entanto, é necessário que estejamos atentos (as) aos Seus acenos, pois
somente assim compreenderemos qual seja o nosso papel. A nossa vida é uma
caminhada em busca da perfeição, ou melhor, da nossa condição de sermos imagem
e semelhança de Deus. Por isso, precisamos sempre pedir o auxílio do Senhor a
fim de que Ele nos modele e nos restaure dia a dia. Não podemos baixar guarda
nem desanimar, estejamos vigilantes, pois um dia, perante os anjos, nós também
cantaremos e nos prostraremos no templo do Senhor que é a Casa do Pai.
Evangelho – Mateus 7, 7-12 - “Pedir, procurar,
bater”
Se tivéssemos consciência do que Jesus nos
fala neste Evangelho e percebêssemos realmente a profundidade das Suas
palavras, com certeza nunca desanimaríamos diante dos desafios da nossa vida. O
pedir o procurar e o bater são ações de caráter imprescindível da nossa
existência humana. Vivemos continuamente este movimento no nosso dia a dia.
Normalmente, no entanto, nós pedimos, procuramos e batemos em busca das coisas
que consideramos essenciais e absolutamente necessárias para saciar a nossa
fome de prazer, de possuir e de poder. Na verdade, nós nos submetemos diante
dos reis e dos governantes da terra por um punhado de sucesso, de
reconhecimento do nosso potencial humano ou então nos degradamos e nos
corrompemos para conquistar um lugar ao sol ou ainda nos humilhamos para nos
apossar do coração de alguém. Fazemos mil e uma piruetas para buscar, fora, o
pão que mata a nossa fome de amor. Porém, não percebemos que o que poderá
alimentar a nossa alma e o nosso corpo está escondido dentro de nós e faz parte
da essência da nossa alma, pois vem da fonte que jorra dentro de nós. Dentro de
nós há uma fonte de amor para qual nós devemos nos voltar a fim de pedir,
procurar e bater em busca das “coisas” de que precisamos realmente. A fé no
amor de Deus é o alimento imprescindível da nossa existência humana. Deus sabe
que nós precisamos do Seu amor como alimento, todavia, Ele espera a nossa livre
vontade, o nosso querer e o nosso desejar para abrir as comportas e nos
conceder tudo o que queremos alcançar. O Pai está no céu do nosso coração e
espera a nossa adesão e o nosso desejo de possuir aquilo que Ele já designou
para nos presentear. Pedir, procurar, bater, é perseverar na vivência do
Evangelho com esperança e determinação. Não podemos nos escusar nem perder a
grande chance da nossa vida buscando fora de nós pedra e cobra quando o Pai nos
oferece pão e peixe, hoje. Por isso, também não podemos deixar para pedir,
procurar e bater somente amanhã o que hoje nos é oferecido. Todo aquele que
pede recebe, quem procura acha, e a quem bate, a porta se abre. Alimentados com
o pão do amor conseguiremos também cumprir o que a lei e os profetas nos
propõem: fazer aos outros tudo aquilo que desejamos que nos façam. - O que você
tem pedido a Deus: pão ou pedra; peixe ou cobra? – O que na verdade você
precisa pedir a Deus? Reflita! – Aonde você tem buscado alimento e proteção? –
Você tem batido nas portas dos homens para receber o que está à sua disposição
dentro do seu coração?
Helena Serpa
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