3 de Março de
2015
No Evangelho, Jesus censura impiedosamente os escribas e os
fariseus, homens responsáveis pelo ensino da Escritura e da Lei, porque eram
hipócritas. Arrogavam-se em “mestres” tal como Moisés, para impor medidas
pesadas aos outros, que eles nunca cumpriam. Mas fingiam ser bons cumpridores
da Lei e, para tal, metiam algumas palavras essenciais dessa Lei em pequenos
estojos, que colocavam no braço esquerdo ou na fronte, as chamadas
“filactérias”, e alargavam as pontas dos mantos, que punham nos ombros para
fazerem oração, com bordas muito compridas, por motivos de vaidade. Jesus critica, violentamente, a
sua pretensão à posse exclusiva da verdade, a sua incoerência, o seu
exibicionismo, a sua insensibilidade ao amor e à misericórdia. Este texto é um
convite a mim e a ti, a todos nós, para que não deixemos que atitudes semelhantes
se introduzam na minha e na tua família e destruam a fraternidade, fundamento
da comunidade.
Jesus
nos fala para fazer e observar tudo o que os mestres da Lei e os fariseus
dizem, pois eles têm bastante conhecimento da Palavra de Deus e falam com propriedade
sobre o que deve ser feito de acordo com a vontade do Pai. Mas Jesus conhece o
coração de cada pessoa e, com coerência, nos pede que sigamos os ensinamentos
deles, mas que não imitemos as suas atitudes, pois ensinamentos e atitudes se
contradizem. Quando ouvirmos alguém nos falando o que deve ser feito de bom,
não devemos deixar de fazê-lo só porque quem falou não tem “moral” ou
“credibilidade” sobre determinada atitude.
Olhando
pelo lado de quem fala… Proferir este famoso ditado cai muito bem em diversas
situações onde queremos nos livrar da responsabilidade sobre o que falamos. É
muito fácil dizer aos outros o que fazer e de que forma fazer; mostrar os erros
cometidos mesmo quando eles estão presentes em nós mesmos. O interessante é que
sempre falamos com propriedade, pois sabemos realmente que essa ou aquela
situação são erradas e que devemos agir de um modo diferente. Entretanto, nós
não corrigimos a nós mesmos, e dar testemunho do que falamos torna-se difícil.
Quando
estamos servindo a Deus é necessário darmos testemunhos fiéis de nossas
palavras, para que as pessoas que nos seguem se reflitam no nosso modo de agir,
já que uma atitude vale mais que mil palavras. Se você diz ao seu filho: “Não
beba! Isto vai te fazer mal.” E no dia seguinte está com um copo de bebida na
mão, seu filho não vai dar credibilidade ao que você falou, mas no exemplo que
você deu!
Ao ler o Evangelho de hoje nos lembramos logo do
famoso ditado popular que diz: “Faça o que eu digo, mas não faça o que eu
faço.” É fundamental nos colocarmos naquilo que fazemos e não naquilo que
dizemos. Até porque as nossas obras dirão aquilo que nós somos. “Se vos amardes
uns aos outros o mundo vos reconhecerá que sois meus discípulos”- disse Jesus!
Pessoas
que muito falam e pouco fazem, criam uma capa de ilusões. Fazem com que as
outras pessoas pensem que ela é o que diz ser e que ela faz o que diz fazer.
Mas no fundo, esta pessoa é vazia por dentro, pois não tem nada de verdadeiro
na vida dela, tudo não passa de palavras soltas ao vento. Querem aparecer,
serem reconhecidas publicamente, mas nem elas mesmas se conhecem. Desejam ser
chamadas de mestres, mas nisto Jesus nos adverte: não existe outro mestre, pai
ou guia, que não seja o próprio Deus. Ele também nos deixa uma mensagem que nos
fará verdadeiramente importantes para Deus: “O maior dentre vós deve ser aquele
que vos serve. Quem se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será
exaltado.”
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