16 de Fevereiro
de 2015
Esta
geração pede um sinal. Também nós esperamos a manifestação, o sinal do sucesso,
tanto na história universal como em nossa vida pessoal. Quando a multidão se
ajuntou em volta de Jesus, Ele começou a falar e disse o seguinte: Como as pessoas de hoje são
más! Pedem um milagre como sinal da aprovação de Deus, mas nenhum sinal lhes
será dado, a não ser o milagre de Jonas. Assim como o profeta Jonas foi um
sinal para os moradores da cidade de Nínive, assim também o Filho do Homem será
um sinal para a gente de hoje. No Dia do Juízo a rainha de Sabá vai se levantar
e acusar vocês, pois ela veio de muito longe para ouvir os sábios ensinamentos
de Salomão. E eu afirmo que quem está aqui é mais importante do que Salomão. No
Dia do Juízo o povo de Nínive vai se levantar e acusar vocês porque, quando
ouviram a mensagem de Jonas, eles se arrependeram dos seus pecados. E eu afirmo
que quem está aqui é mais importante do que Jonas. Aquele que dá o seu próprio
corpo e sangue para ser comido e bebido, que fala com os demônios e os expulsa,
que dá vista aos cegos, ressuscita os mortos, defende o órfão e a viúva,
anuncia um ano novo da graça e…
Eu
pergunto se o Cristianismo transformou o mundo, se produziu esse sinal de pão e
de segurança de que falava o diabo no deserto (cf. Mt 4,3s). De acordo com a
interpretação de Karl Marx, o Cristianismo dispôs de tempo suficiente para
estabelecer a prova dos seus princípios, para provar o seu sucesso, para
demonstrar que criou o paraíso terrestre; para Marx, depois de todo este tempo,
seria necessário apoiar-nos agora em princípios diferentes.
Esta
argumentação não deixa de impressionar muitos cristãos que chegam a pensar que
seria necessário, pelo menos, inventar um Cristianismo muito diferente, um
Cristianismo que renunciasse ao luxo da interioridade, da vida espiritual. Mas
é precisamente assim que eles impedem a verdadeira transformação do mundo, que
se baseia num coração novo, num coração vigilante, um coração aberto à verdade
e ao amor, um coração liberto e livre.
Jesus,
dirigindo-se às multidões, menciona “esta geração perversa” que busca um sinal.
Com o termo “geração”, Jesus está se referindo aos escribas de Jerusalém que
vêm questioná-Lo e provocá-Lo.
Em Mateus,
com um sentido cristológico, o “sinal de Jonas” é tomado como símbolo da
ressurreição. Em Lucas, a perspectiva é missionária. O “sinal” é relacionado
com a pregação de Jonas em Nínive, por meio da qual essa cidade se converteu. O
anúncio da Palavra é um sinal suficiente da presença do Reino de Deus. É convincente,
provocando mudanças. A Palavra carregada de sabedoria é um sinal. Na concepção
da tradição davídica bíblica, a rainha do Sul foi atraída pela sabedoria de
Salomão (cf. I Rs 10,1-10).
Esta narrativa, dirigida às comunidades,
descarta as expectativas de sinais maravilhosos da presença de Jesus. O grande
sinal é o anúncio de Sua Palavra ao mundo. Na raiz deste pedido descarado de um sinal está o egoísmo, a
impureza de um coração que só espera de Deus o sucesso pessoal e a ajuda para
afirmar o absoluto do eu. Essa forma de religiosidade é a
recusa absoluta de conversão que também o mundo de hoje vive. Mas quantas vezes
não dependemos nós mesmos do sinal do sucesso! Quantas vezes não reclamamos o
sinal e recusamos a conversão!
Pai, torna-me dócil e sensível para acolher as
palavras de Jesus, sem exigir sinais espetaculares como pré-requisito para
aderir a Ele.
Padre Bantu Mendonça
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