SÁBADO DA II SEMANA DA QUARESMA
07/03/2015
1ª Leitura Malaquias 7, 14-15.18-20
Salmo 102/103,8 a “O Senhor é bom e
Misericordioso”
Evangelho Lucas 15, 1-3. 11-32
"A Fraqueza de Deus..."
Deus tem uma fraqueza, um calcanhar
de Aquiles, um ponto vulnerável, não resiste quando vê o homem envolvido na
miséria. É impressionante como Lucas descreve esse dramático reencontro do Pai
com o Filho mau caráter, que havia abandonado a casa paterna e dissipado os
seus bens com farras, urgias e prostituição. Da parte do Filho o comportamento
é o esperado, ao cair em si e se dar conta da "burrada" que tinha
feito, tratou de voltar "Com o rabo entre as pernas". Lucas quer
levar os olhares da sua comunidade, não para o Filho, mas para o Pai. No
contexto em que Jesus narrou a parábola o Filho mais novo representa todos os
que estavam fora da Instituição Religiosa daquela época, ou porque não
acreditavam, ou porque eram marginalizados pelo sistema religioso, entretanto, de maneira sutil Lucas diferencia
a relação desses para com Deus, do modo como os Fariseus, Escribas e Doutores
da Lei se relacionavam.
A conversa antes da partida
"Meu pai, dá-me parte da herança que me toca", na terra distante,
vítima da miséria e da fome, ele pensa "Quantos empregados na casa do meu
Pai".
E no momento do reencontro "Meu
Pai, pequei contra o céu e contra ti". Havia nesse jovem descabeçado algo
de bom: a consciência de ser Filho e ter um pai. Quem tem a consciência de que
é Filho,e que tem a Deus por Pai, manifesta isso na relação com os demais, a
quem têm como irmãos e irmãs. O Filho mais velho não se vê como tal, tem com o
Pai uma relação de empregado para com o seu patrão, que cumpre fielmente todas
as tarefas que lhe são confiadas, quanto ao mais novo, não o reconhece como
irmão "este teu Filho que gastou teus bens com prostitutas..." - é a
sua queixa amarga e ciumenta, pelo modo como viu o Pai tratar o mais novo em
seu retorno. "Para ele matas o novilho mais gordo e lhe dá uma
festa!"
Mais um detalhe importante, quem
estava comemorando era o Pai, a Festa era dele, porque o Filho querido e amado,
que havia se perdido fora reencontrado. Deus manifesta-nos sua alegria e esta
nos envolve e nos contagia. Seu amor e seu olhar cheio de misericórdia jamais
se distancia de nós, o Filho ainda estava longe, e o Pai, movido de compaixão
correu ao seu encontro...
Não com o dedo em histe para uma
bela lição de moral, não com o olhar acusador e cheio de ameaças, não cheio de
orgulho e sentimento de vencedor, para exigir mil e uma condições para
aceita-lo de volta. Ao contrário, sequer o deixa prostrar-se aos seus pés e
formular o pedido de perdão, mas o coloca de pé, e sem mandar tomar um banho (
pois estava encardido e mau cheiroso, pelo trabalho junto aos porcos e pela
longa caminhada) o vestiu com uma bela túnica, colocou em seu dedo encardido um
anel belíssimo, e calçou seus pés imundos da poeira da estrada, com uma
sandália. O sinal inequívoco de que o ama,mesmo no estado miserável em que
está, vendo nele a dignidade de ser seu Filho.
A parábola não é um estímulo para
que cometamos o pecado nos afastando da casa do Pai, isso é, da amizade e
comunhão com Deus, ao contrário, somos convidados a olhar para Deus e ver Nele,
como seu amor e sua misericórdia é grandiosa e imensa pelo Homem. Esse Filho
pródigo é a humanidade, somos eu e você que lê essa reflexão, Deus vive nos
fazendo festa e nos envolvendo com a dignidade divina, dom que ganhamos com a
encarnação de Jesus, cada volta é uma festa porque percebemos que Ele nos ama
de paixão, manifestada na cruz do calvário.
Aproveitemos bem a festa da Vida,
que nos vem em sua graça, lá de vez em quando cismamos de buscar outras festas
que a ilusão do mundo nos oferece, e acabamos sempre como o filho mais novo, no
chiqueirão das nossas misérias, e quando a fome de ser amado nos aperta o
coração, Deus já está lá na curva do caminho, á nossa espera de braços abertos
para nos envolver...Mas em nossa caminhada muitas vêzes olhamos com desprezo
certas pessoas de categoria inferior, sem moral e sem dignidade, não os vemos como
nossos irmãos. Daí fazemos o triste papel do filho mais velho, aquele que era
"religiosamente" correto, e que, morando na casa do Pai, estava tão
longe dele, do seu abraço e do seu amor...(Diácono José da Cruz – Paróquia
Nossa Senhora Consolata – Votorantim SP – E-mail cruzsm@uol.com.br)
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