06 de Março- Sexta - Evangelho
- Mt 21,33-43.45-46
Este
é o herdeiro. Vinde, vamos matá-lo!
Este
Evangelho traz para nós a parábola dos vinhateiros homicidas. Ela é um
compêndio da história da salvação humana por Deus, desde a sua aliança com o
povo eleito, Israel, até à fundação da Igreja por Jesus, como novo povo de
Deus, passando pelos profetas e o próprio Cristo, que inaugurou o Reino de Deus
e foi constituído sua pedra angular, mediante o seu mistério pascal de morte e
ressurreição.
A
vinha é Israel, o dono é Deus, os arrendatários são os chefes do povo judeu, os
empregados são os profetas, o filho morto é Jesus Cristo e a entrega da vinha a
outros será a admissão das nações pagãs no Reino de Deus.
A
reação dos sumos sacerdotes e dos fariseus, querendo prender Jesus, mostra já
em ação o que Jesus anuncia na parábola. À medida que avançamos para a Páscoa,
vai adquirindo relevo o mistério da morte e ressurreição de Cristo, o Filho de
Deus feito homem.
A
parábola realça dois momentos altos da história da salvação: Cristo e a Igreja.
A referência a Cristo é patente em dois detalhes da parábola:
1º)
“Agarraram o filho, jogaram-no para fora da vinha e o mataram.” É uma alusão à
morte de Jesus fora dos muros de Jerusalém.
2º)
“A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular; isto foi
feito pelo Senhor e é maravilhoso aos nossos olhos” (Jesus, citando o Sl
118,22). Esta passagem é preferida no Novo Testamento para se referir a Cristo,
o Senhor ressuscitado e glorificado (At 4,11; 1Pd 2,4ss).
A
referência à Igreja está principalmente na frase de Jesus: “O Reino de Deus vos
será tirado e será entregue a um povo que produzirá frutos”. Também a vinha,
que começou representando Israel e conclui significando a Igreja, novo Povo de
Deus.
A
advertência a nós é clara: A Comunidade cristã, novo Povo de Deus a quem Deus
confiou a vinha, deve produzir frutos. A oração, o jejum e a caridade que
praticamos de modo especial na quaresma, devem ter por objetivo produzirmos
bons frutos, a fim de não frustrar as esperanças que o Senhor pôs em nós. A
colheita é agora, o kairôs, tempo novo de graça e de passagem de Deus pela
nossa vida.
A
nossa eleição como povo consagrado não deve ser motivo de orgulho, e sim de
fértil responsabilidade cristã.
Certa
vez, uma coordenadora de Comunidade foi muito humilhada numa reunião. Coisas
que ela não merecia. Eram pessoas invejosas que a humilharam.
Terminada
a reunião, uma amiga a procurou e disse: “Admiro a sua calma. Se fosse eu, não
agüentaria aquilo tudo”.
A
coordenadora respondeu: “Iii, fulana! Aqueles nossos irmãos e irmãs, por mais
que me rebaixem, ainda me deixam muito acima do que mereço. Tenho muito mais
defeitos que eles não citaram!”
Bonito
e exemplo, não? Nós, o novo Povo de Deus ao qual ele confiou a sua vinha,
continuamos sendo humilhados e rejeitados pelo mundo pecador, como foi Jesus.
Se Jesus, o próprio Filho de Deus encarnado, suportou tudo com humildade,
quanto mais nós pecadores, que não merecemos pertencer à nova Vinha do Senhor.
Maria
Santíssima é a nova Vinha do Senhor, que produziu para nós o melhor fruto: o
seu Filho Jesus. Que ela nos ajude a produzir frutos agradáveis a Deus.
Este
é o herdeiro. Vinde, vamos matá-lo!
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