28 de Fevereiro de 2015
Amar e rezar pelos nossos inimigos e
perseguidores é o conselho de Jesus. Do mesmo jeito que o Pai age conosco. Por
isso, não podemos nos limitar a amar somente aqueles que nos amam, não haveria
mérito. Não somos obrigados a gostar ou admirar, Jesus nos ordena que amemos. E
amar é querer o bem, é ajudar, é reconhecer que todas as pessoas são objeto do
Amor de Deus. À primeira vista, nós não encontramos nenhuma coerência, nem
mesmo sentido, para a ação de rezar pelos inimigos. Mas, se nos dizemos filhos
do Pai que está no céu e, se de fato queremos sê-lo, não podemos agir de outra
maneira. Aqui na terra, quando os nossos pais são pessoas de bem, nós
alimentamos o propósito de imitá-los. Mais ainda, nós precisamos copiar o Pai
perfeito do céu, que nos ama do jeito que somos, que não nos cobra, que nos
perdoa, mesmo quando somos filhos e filhas ingratos. A perfeição, a grandeza e
o poder do Pai estão no amor e o Seu Amor foi derramado nos nossos corações
pelo Espírito Santo, portanto podemos amar os nossos inimigos.
O
Amor Perfeito! É assim que prefiro chamar o amor de Deus. Aquele que passa por
cima do ódio que deveríamos sentir pelos nossos inimigos: «Vocês ouviram o que
foi dito: “Ame os seus amigos e odeie os seus inimigos.” Mas eu lhes digo: amem
os seus inimigos e orem pelos que perseguem vocês, para que vocês se tornem
filhos do Pai de vocês, que está no céu». Nestas palavras de Jesus está a
perfeição do amor.
Jesus
hoje nos exorta longamente para que respondamos ao ódio com amor. Este texto, aparecendo
nessa situação, ajuda-nos a compreender, que Mateus vê no amor aos adversários,
a característica específica dos discípulos de Cristo.
As
palavras de Jesus indicam duas maneiras de viver: A primeira é a dos que se
comportam sem referência a Deus e sua Palavra. Esses agem em relação aos outros
em função da maneira como eles os tratam, a sua reação é de fato uma reação.
Dividem o mundo em dois grupos, os amigos e os que não o são, e fazem prova de
bondade só em relação aos que são bons para eles. A segunda forma de viver não
põe em primeiro lugar um grupo de homens, mas sim o próprio Deus. Deus, por seu
lado, não reage de acordo com a maneira como o tratam; pelo contrário, «Ele é
bom até para os ingratos e os maus» (Lucas 6,35).
Jesus
chama assim a atenção para a característica essencial do nosso Deus. Fonte
transbordante de bondade. Deus não se deixa condicionar pela maldade de quem
está à sua frente. Mesmo esquecido, mesmo injuriado, Deus continua fiel a si
próprio, só pode amar. Isto é verdadeiro desde a primeira hora. Diferentemente
dos homens, Deus está sempre pronto a perdoar: «Os meus planos não são os
vossos planos, os vossos caminhos não são os meus caminhos» (Isaías 55,7-8). O
profeta Oséias, por seu lado, ouve o Senhor dizer-lhe: «Não desafogarei o furor
da minha cólera… porque sou Deus e não um homem» (Oséias 11,9). Numa palavra, o
nosso Deus é misericordioso (Êxodo 34,6; Salmo 86,15; 116,5 etc.), «não nos
trata de acordo com os nossos pecados, nem nos castiga segundo as nossas
culpas» (Salmo 103,10).
A
grande novidade do Evangelho não é tanto o fato de que Deus é Fonte de bondade,
mas que os homens podem e devem agir à imagem do seu Criador: « Sede
misericordiosos, como o vosso Pai é misericordioso!» (Lucas 6,36). Através da
vinda do seu Filho até nós, esta Fonte de bondade está agora acessível.
Tornamo-nos, por nosso lado, «filhos do Altíssimo» (Lucas 6,35), seres capazes
de responder ao mal com o bem, ao ódio com amor. Vivendo uma compaixão
universal, perdoando aos que nos fazem mal, damos testemunho de que o Deus de
misericórdia está no coração de um mundo marcado pela recusa do outro, pelo
desprezo em relação àquele que é diferente.
Impossível
para os humanos entregues às suas próprias forças, o amor pelos inimigos
testemunha a atividade do próprio Deus no meio de nós. Nenhuma ordem exterior o
torna possível. Só a presença, nos nossos corações, do amor divino em pessoa, o
Espírito Santo, permite amar assim. Este amor é uma consequência direta do
Pentecostes. Não é em vão que Estêvão, «cheio do Espírito Santo» termine com
estas palavras: « Senhor, não lhes atribua este pecado. » (Actos 7,60)
Como
Jesus, o verdadeiro discípulo faz com que a luz do amor divino brilhe no país
sombrio da violência como é o nosso Brasil.
Este
amor, longe de ser um simples sentimento, reconcilia as oposições e cria uma
comunidade fraterna a partir dos mais diversos homens e mulheres, da vida desta
comunidade sai uma força de atração que pode agitar os corações. É este o amor
que eu chamo de perfeito, o amor que perdoa até aqueles que nos podem tirar a
vida.
Pai
faça-me teu imitador, que eu aprenda a amar perfeitamente como me amaste a mim
e aos outros e não me deixes cair na tentação de fazer acepção de pessoas. Que
eu ame a todos, sem qualquer distinção.
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