21 - Fevereiro - Sábado - Evangelho
- Lc 5,27-32
Eu
não vim chamar os justos, mas sim os pecadores para a conversão.
Este
Evangelho narra a vocação de S. Mateus, que aqui é chamado de Levi. A sua
profissão – cobrador de impostos – era considerada impura, pelo fato de tocar
em moeda estrangeira. Por isso, todos os cobradores de impostos eram
considerados pecadores. Jesus não tinha esse preconceito.
No
grande banquete oferecido por Mateus, além de cobradores de impostos havia
pecadores de verdade, e Jesus estava feliz no meio deles. Diante do protesto,
ele explicou: “Eu não vim chamar os justos, mas sim os pecadores para a
conversão”. A frase não exclui ninguém do chamado de Jesus. É apenas um convite
aos que se consideram justos para a conversão, pois “o justo cai sete vezes por
dia”.
“Os
que são sadios não precisam de médico, mas sim os que estão doentes.” Os
fariseus não entenderam essa frase pronunciada também para eles, os doentes
terminais do orgulho, auto-suficiência e hipocrisia.
“Deus
é rico em misericórdia. Por causa do grande amor com que nos amou, quando
estávamos mortos por causa das nossas faltas, ele nos deu a vida com Cristo. É
por graça que vós sois salvos” (Ef 2,4-5.7-9). “Deus retira o pobre do monte de
lixo...” (Cântico de Ana – 1Sm 2). “Derruba os poderosos de seus tronos e eleva
os humildes” (Magnificat).
Quando
Davi cometeu um grande pecado, mandando matar Urias para se casar com a sua
esposa Betsabéia, Deus o perdoou completamente. Tanto que escolheu Salomão, o
segundo filho dele com Betsabéia (2Sm 12,24), para continuar a geração do Povo
de Deus.
“O
Senhor é bondade e retidão. Ele aponta o caminho aos pecadores” (Sl 25,8). Esse
amor de Deus pelos pecadores nos encanta, seduz e nos dá esperança, pois quem
não é pecador? “Tu me seduziste, Senhor, e eu me deixei seduzir” (Jr 20). Deus
não nos trata conforme nossos erros (Sl 103,8-14).
“Aquele
que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor” (1Jo 4,8). Nós temos amor,
Deus é amor. “Nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem para conosco. Deus é
amor, e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus permanece nele” (1Jo
4,16).
Esse
grande amor de Jesus pelos pecadores é mostrado também no seu acolhimento à
mulher adúltera, ao Zaqueu, à Samaritana, a S. Paulo... Ele não podia ver
ninguém longe de Deus, que já se aproximava para o cativar.
Jesus
perdoou até os que o mataram, e rezou por eles: “Pai, perdoai-lhes, eles não
sabem o que fazem!” E ele nos pede para fazermos a mesma coisa: “Não
julgueis...” (Mt 7,1-7).
A
misericórdia, que é o amor aos pecadores e aos que sofrem, é uma das
Bem-aventuranças: “Felizes os misericordiosos...” (Mt 5,7).
S.
Paulo nos pede: “Irmãos, tende em vós os mesmos sentimentos de Cristo Jesus...”
(Fl 2,6). Assim, as Comunidades cristãs são chamadas a continuar o amor
misericordioso de Deus Pai, manifestado em Jesus. A Comunidade é compreensiva
para com todos, é agente de inclusão dos pecadores.
Diante
de pessoas que praticam ações más, mesmo que sejam os piores crimes, devemos
pensar: a misericórdia de Deus é maior que o erro dessa pessoa. E assim,
amá-la, acolhê-la e ajudá-la a se levantar. A Igreja acolhe o pecador, não o
pecado que ele cometeu, por isso o ajuda a vencer o pecado.
“Quero
misericórdia e não sacrifício” (Mt 9,13). Jesus criticava incansavelmente o
culto vazio e hipócrita dos que se crêem em ordem com Deus por cumprir
determinados ritos cultuais, como sacrifícios, dízimos e jejuns, enquanto
esquecem a disponibilidade perante Deus, o amor fraterno e a reconciliação
fraterna.
Faz
parte do amor misericordioso usar o dinheiro não apenas em benefício de si
mesmo e da família, mas dos que precisam para viver dignamente. É a economia a
serviço da vida. Muitos adoram e servem ao dinheiro, como se ele fosse um deus.
Cabe uma pergunta: quem é Deus em nossa vida? Em que lugar Ele está entre os
valores que buscamos? Que esta Campanha da Fraternidade nos prepare melhor para
a Páscoa.
Certa
vez, numa sala de aula, uma menina perguntou à professora: “O que é amor?” A
professora sentiu que não só aquela criança, mas toda a classe merecia uma
resposta à altura. Como já estava na hora do recreio, ela pediu que cada aluno
desse uma volta pelo pátio da escola e trouxesse o que mais despertasse nele o
sentimento de amor.
As
crianças saíram muito interessadas. Quando terminou o recreio, voltaram e
começaram a apresentar os objetos que trouxeram. Uma trouxe uma flor, outra
trouxe uma borboleta, outra criança pediu emprestado a uma funcionária a sua
aliança e trouxe...
Terminada
a apresentação, a professora notou que uma menina estava toda envergonhada,
porque não havia trazido nada. Então, dirigiu-se à aluna e perguntou: “Meu bem,
por que você não trouxe nada?” A garotinha, timidamente, respondeu: “Desculpe,
professora, eu vi a flor, mas não quis apanhá-la. Preferi que ela continuasse
enfeitando o jardim da escola. Vi a borboleta, leve e colorida, mas eu nunca
teria coragem de segurar um animalzinho tão bonito. Isso pode machucá-la. Vi
também um ninho com filhotes de sabiá, mas nem mexi; se eu soubesse o que eles
comem, até levaria alimento para eles”.
Emocionada,
a professora explicou para as crianças: “Esta aluna fez a melhor escolha: Não
trouxe objetos, mas trouxe para nós, em seu coração, o perfume do amor”. E deu
à menina a nota máxima.
O
respeito e a proteção da vida é o que mais desperta em nós o sentimento de
amor.
Na
oração Salve Rainha, nós chamamos Maria Santíssima de Mãe de misericórdia. Ela
é também o refúgio dos pecadores. Mãe de misericórdia, rogai por nós!
Eu
não vim chamar os justos, mas sim os pecadores para a conversão.
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