21 de Fevereiro
de 2015
Adentrando no tempo quaresmal,
hoje a Palavra nos leva a meditar aquilo que é a alma deste tempo litúrgico
(Quaresma): a conversão. Hoje
somos convidados a meditar e a rezar a partir da conversão de Levi/Mateus.
Levi era cobrador de impostos, ou seja, um homem odiado pelo povo,
pois era o representante do governo local para a cobrança do imposto que seria
enviado para Roma. Seu pecado era público – daí o fato de ser um publicano
(pecador publico).
Jesus, como sempre, não olha para o pecado de Levi; Jesus olha
através, além do pecado daquele homem; mesmo processo Jesus realiza conosco.
Jesus olhava para aquele homem maravilhoso, que seria de fato, se viesse a
conhecer o amor de Deus. Por isso Jesus se aproxima. Muitas e muitas vezes, com
certeza, Jesus esteve em comunhão com Levi – não com o seu pecado – mergulhando
na sua história. Creio que Levi já havia sido conquistado pelo amor de Deus;
Levi já havia feito uma experiência com Jesus, mas ainda lhe faltava algo: colocar
um sentido maior no lugar daquilo que ele fazia para poder sobreviver; na
verdade, Levi não via a hora de receber uma proposta de Jesus, para que pudesse
sair daquela situação e poder ser um homem novo em todas as áreas da sua vida.
Aliás, Jesus vai nos cercando, nos amando, entrando na nossa, para que venhamos
a entrar na Dele. É a pedagogia do amor!
Chegou o dia tão esperado de Levi. Jesus, novamente, se aproxima
dele e lhe faz um convite; um convite que Levi não via a hora de receber:
“Segue-me”. Levi, imediatamente, deixou tudo, levantou-se e o seguiu. Não tinha
como ser diferente! Amado por Jesus, só poderia dar uma resposta generosa,
fruto do amor que estava recebendo.
Jesus, como sempre muito exagerado em suas atitudes – porque o
amor sempre nos faz ser exagerados – resolve ir jantar na casa de Levi, o
publicano, o pecador público. Para completar a coisa, Levi chama seus
“comparsas” e Jesus não perde a oportunidade de se colocar no meio deles. Que
escândalo para os puritanos, para “os santos”, para os puros, para os
imaculados…!
Mas não julgamos nós, muitas vezes, como julgavam os fariseus? Não
achamos estranho um padre viver no meio dos marginalizados, ou organizar-se
atendimento humano e religioso para as prostitutas. Não achamos, nós também, que
estamos em dia com Deus quando “assistimos” à missa dominical, dizendo até que
é preciso fazer esse “sacrifício”? Sacrifício de coração endurecido não tem valor para Deus;
só o sacrifício do amor, do qual Jesus deu o exemplo. E para isso é preciso
que, primeiro, haja amor, misericórdia, bondade, gratuidade, amizade…!
Levi deixa tudo. Levi
deixa tudo para ter tudo, tudo aquilo que verdadeiramente vale a pena; só Deus
é a verdadeira riqueza, o tesouro, o que vale a pena buscar; quem tem Deus tem
tudo! Não falta nada. Nosso sim à vocação que assumimos tem o valor daquilo que
deixamos; quanto mais se deixa – nos abandonamos – mais peso terá nosso sim ao
chamado de Deus.
Levi levantou-se. Levi teve
a humildade de reconhecer sua miséria e optou em levantar-se daquela “vidinha”
e ir ao encontro do Senhor; resolveu dar uma guinada, um sentido novo, que
valesse a pena, para a sua vida. Não ficou preso no passado, mas teve a coragem
de responder de forma diferente, daquele momento em diante. Entendeu que não
tinha condições de mudar o passado e resolveu olhar para a frente e dar um
sentido novo para sua existência; resolveu levantar-se, pois era preciso
caminhar e não ficar preso num marasmo de vida passada.
Levi O seguiu. A partir
daquele momento, era vida nova. Mas uma vida nova só era possível no seguimento
de Jesus. Por isso Levi segue Jesus, pois descobriu que só seria plenamente
feliz e realizado se se decidisse seguir Jesus e viver de acordo com sua
vontade.
Pe Pacheco,
Comunidade Canção Nova.
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