17 - Fevereiro-- Terça - Evangelho
- Mc 8,14-21
Tomai
cuidado com o fermento dos fariseus e com o fermento de Herodes.
Este
Evangelho que Jesus e os discípulos estavam na barca, e os discípulos estavam
preocupados porque tinham se esquecido de levar pão. “Jesus falou: Tomai
cuidado com o fermento dos fariseus e com o fermento de Herodes”. Eles pensaram
que Jesus estava falando do fermento material. Jesus os repreendeu.
Lembrou-lhes que no dia anterior havia multiplicado pães para uma multidão, e
disse: “Tendo olhos, não vedes, e tendo ouvidos, não ouvir?”
Tanto
os fariseus como Herodes buscavam exageradamente a própria segurança, sem
confiar em Deus. E essa busca se transformava em ganância, que gera a
exploração do próximo, a desunião etc. Como os fariseus e Herodes pertenciam à
classe alta, o seu exemplo de vida atuava na sociedade como o fermento, isto é,
transformava toda a massa.
Nós
passamos a vida preocupados com o pão material, e nos esquecemos de nos dedicar
mais às coisas de Deus. O cristão não se preocupa demais com as coisas
materiais, sabendo que Deus é Pai providente. Por isso não acumulam bens, e
substituem o comércio pela gratuidade e a concentração pela partilha.
Na
visita de Jesus aos seus amigos Marta, Maria e Lázaro, Marta cometeu um erro
semelhante. Ao invés de ouvir Jesus, como sua irmã, ficou atarefada na
preparação de comida e pouso para os queridos visitantes. E Jesus deu bronca:
“Marta, Marta! Tu te preocupas com tantas coisas, mas uma só é necessária.
Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada”.
Os
três grandes pecados do mundo são a concupiscência da carne, a cobiça dos olhos
e a soberba da vida. Todos provêm da falta de fé, e são as raízes de todos os
pecados que cometemos (Cf 1Jo 2,15-16).
O
“fermento dos fariseus e o fermento de Herodes” era a preocupação exagerada
pela própria segurança e sobrevivência, esquecendo-se de confiar mais em Deus,
e obedecer-lhe servindo ao próximo.
O
milagre da multiplicação dos pães aconteceu exatamente quando Jesus e os
discípulos fizeram o contrário dos fariseus e de Herodes: repartiam com os
outros o pouco que tinham.
Os
fariseus tinham uma maneira de ser religioso muito comum em todos os tempos:
praticar a religião egoísticamente, sem viver no amor. E sendo, tanto os
fariseus como Herodes, gente importante na sociedade, os Apóstolos corriam
sério perigo de ir na onda deles, o que já estava começando a acontecer naquela
preocupação com o esquecimento dos pães.
Os
fariseus estavam dispostos a servir a Deus; mas Deus, em troca, devia
reconhecer os méritos deles e premiá-los. Esta é a mentalidade da maioria das
seitas atualmente, torcendo para o inverso a frase de S. Francisco em sua
oração: “É dando que se recebe”.
O
fariseu evita o trato simples com os demais, por medo de que descubram seus
sentimentos. Ele sabe que tem as mesmas fraquezas, apesar de ser praticante da
Lei. Mas não tem a chave da superação dos próprios defeitos, que é a oração
humilde. Não lhe resta, portanto, outro caminho senão salvar as aparências,
através de uma conduta externa irrepreensível.
A
Irmã Dulce nasceu em Salvador – BA, em 1914. Como jovem, formou-se em
enfermagem. Com dezoito anos entrou na Congregação das Irmãs da Caridade, onde
se tornou Irmã em 1932.
Dois
anos depois, ela estava caminhando na vila Ilha dos Ratos, periferia de
Salvador, e um menino lhe pediu ajuda. Conversando com o garoto, ela viu que
ele não tinha onde morar. Olhou de lado, viu um barraca abandonado, arrombou a
porta e colocou a criança dentro.
No
dia seguinte, ela voltou ao local para ver como estava o menino. Uma velhinha
que sofria de câncer e um deficiente físico lhe pediram ajuda. Como os dois não
tinham onde morar, Irmã Dulce os colocou junto com o menino no barraco.
Apareceu
o dono do barraco reivindicando a posse, e a Irmã levou os três para um mercado
de peixe desativado. Ali, como espaço era maior, o grupo cresceu. Mas o prédio
pertencia à prefeitura e o prefeito foi implacável: mandou a Irmã embora de lá.
Ela
conseguiu licença da madre superiora e transformou o galinheiro do convento em
albergue. E assim foi. Nada desanimava a Irmã.
Numa
noite, em 1952, ela ouviu o barulho forte na rua. Foi até a janela e viu que um
ônibus e um bonde tinham colidido. Correu ao local, pegou um caixote, subiu em
cima e quebrou o vidro da janela do ônibus, salvando doze pessoas. Seu hábito
ficou toda chamuscado. Resumindo, a Ir Dulce foi uma bênção para os pobres de
Salvador. Está em processo de beatificação.
Esta
não foi contaminada pelo fermento dos fariseus.
Maria
Santíssima não acumulava bens para si, nem procurava dar uma aparência melhor
do que ela era realmente. Mesmo não tendo pecado, era humilde e se reconhecia
indigna dos favores divinos. Que ela nos ajude no testemunho da verdade, da
humildade e da transparência, da confiança em Deus e do serviço aos irmãos.
Tomai
cuidado com o fermento dos fariseus e com o fermento de Herodes.
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