03 de Março - Terça - Evangelho
- Mt 23,1-12
Eles
falam e não praticam.
Neste
Evangelho, Jesus nos pede coerência entre o que falamos e ensinamos, e o nosso
próprio procedimento. Devemos dar testemunho da verdade e da justiça, não só
pelas nossas palavras, mas também pela nossa vida.
E
Jesus cita alguns contra testemunhos dos mestres da Lei e dos fariseus, cujo
procedimento era bem diferente do que diziam e da “santidade” que mostravam.
Também nós, freqüentemente nos apresentamos como justos, bons cidadãos e bons
cristãos, sendo que, às escondidas, não somos nada disso: enganamos, mentimos
etc.
Eles
gostavam de ser chamados com títulos de honra e de ocupar lugares de honra nas
festas e até na sinagoga. Entretanto, “Deus resiste aos soberbos, mas dá a sua
graça aos humildes” (Tg 4,6; Pr 3,34). Se queremos receber as graças de Deus,
precisamos ser humildes.
A
falta de humildade na sociedade leva-a a nunca dizerem a verdadeira causa dos
problemas sociais. Por exemplo, por que existem os menores abandonados? A culpa
está toda em nós adultos. A criança em si é boa. São os adultos que lhes
ensinam as coisas erradas.
Também
nas Comunidades cristãs, quantas vezes falta humildade! Por exemplo, o líder de
uma pastoral sofre uma humilhação, ou é vítima de uma fofoca, pronto, desanima
e quer largar tudo. Imagine se Jesus tivesse feito assim! Logo no início de sua
vida pública já teria desistido, e nós receberíamos esta Vida Nova em que
vivemos pelo batismo!
“Nada
façais por competição ou vanglória, mas, com humildade, cada um considere os
outros como superiores a si e não cuide somente do que é seu, mas também do que
é dos outros” (Fl 2,3-4).
“O
maior dentre vós deve ser aquele que vos serve. Quem se exaltar será humilhado,
e quem se humilhar será exaltado.”
Campanha
da fraternidade. A paz é fruto da justiça. Podemos dizer também: a paz é fruto
da santidade. Se nós nos convertemos e nos santificamos, a paz aumenta ao nosso
redor e vai se expandindo como as ondas de um lago, quando jogamos uma pedra no
meio dele. Somos injustos em relação aos nossos irmãos e irmãs que moram nas
favelas, colocando neles, de antemão, o “selo” de bandidos, sendo que nas
favelas estão as melhores famílias do nosso país.
Certa
vez, um pequeno País resolveu por em prática aquelas palavras que Maria disse
no seu hino Magnificat: “A minha alma engrandece o Senhor... Ele derrubou do
trono os poderosos e elevou os humildes; encheu de bens os famintos e despediu
os ricos de mãos vazias...”
Foi
tudo feito democraticamente, através de impostos altos aos ricos, aplicando os
recursos aos mais pobres e outras estratégias.
Aconteceu
que um dia estava, em uma casa de carnes, uma fila esperando abrir para comprar
carne. Um senhor muito rico disse, em tom de revolta contra o governo: “Eu
nunca imaginei que um dia estaria numa fila para comprar carne!” Uma senhora
velhinha que estava um pouco atrás, disse também: “Eu nunca imaginei que um dia
estaria numa fila para comprar carne!”
A
frase é a mesma, mas os sentidos são contrários. Para o rico foi uma expressão
de revolta devido à humilhação de ter de entrar numa fila, coisa que antes não
acontecia devido aos privilégios que a riqueza lhe concedia. Já para a mulher
foi uma expressão de alegria, pois antes não tinha condições de comer carne e
agora tem.
Maria
Santíssima era uma pessoa humilde. Ela nunca se promoveu a si mesma. Quando se
referiu a ela mesma, chamou-se de escrava: “Eis aqui a escrava do Senhor”. As
escravas eram as mulheres mais humildes da época.
Nas
horas de triunfo de Jesus, ela não aparecia. Por exemplo, na multiplicação dos
pães, quando o povo queria fazê-lo rei, o Evangelho não fala da presença de
Maria. Certamente ela estava por ali, mas escondida.
Já
na cruz, no meio daquela fúria do povo, lá estava ela, de pé, bem visível a
todos, enfrentando as zombarias e humilhações, próprias de uma mãe de
condenado.
É
interessante que Maria era humilde, mas, como vimos no seu hino Magnificat, não
enterrava seus talentos, numa falsa humildade, minha a cabeça erguida e falava
o que devia, na hora certa e para a pessoa certa.
Está
aí o verdadeiro sentido da humildade: é a verdade. Vamos pedir a Nossa Senhora
que nos ensine a ser humildes, mas que tenhamos uma humildade bem ativa e
transformadora, principalmente praticando tudo aquilo que falamos para os
outros.
Eles
falam e não praticam.
Nenhum comentário:
Postar um comentário