14 de Fevereiro
de 2015
Deus Pai na Sua infinita bondade quis nos restituir a humanidade
dando-nos o Seu Próprio Filho Jesus Cristo nosso Senhor, o Pão Vivo descido do
céu, que à cada Eucaristia nos alimenta e nos dá novo alento e perdão. Jesus partiu o pão. Se não tivesse rompido o pão, como é que as
migalhas chegariam até nós?
Mas ele partiu-o e distribuiu-o: « Distribuiu-o e deu-o aos
pobres». Partiu-o por amor, para quebrar a ira do Pai e a Sua. Deus tinha-o
dito: ter-nos-ia aniquilado, se o seu Único, «o seu eleito, não se tivesse
posto diante dele, erguido sobre a brecha para afastar a sua cólera». Ele
colocou-se diante de Deus e apaziguou-o; pela sua força indefectível,
manteve-se de pé, não quebrado.
Mas Ele próprio, voluntariamente, partiu e distribuiu a Sua carne,
rasgada pelo sofrimento.
Foi então que Ele «quebrou o poder do arco», «quebrou a cabeça do
dragão», todos os nossos inimigos, com o Seu poder. Então, partiu de algum modo
as tábuas da primeira aliança, para que já não estejamos sob a Lei. Então
quebrou o jugo da nossa prisão.
Quebrou tudo o que nos quebrava, para reparar em nós tudo o que
estava quebrado, e para «enviar livres os que estavam oprimidos» (Is 58,6), Com
efeito, nós estávamos cativos da miséria e das correntes.
No sacramento do altar, o Senhor vem ao encontro do homem, criado à
imagem e semelhança de Deus (Gn 1, 27), fazendo-Se seu companheiro de viagem.
Com efeito, neste sacramento, Jesus torna-Se alimento para o homem, faminto de
verdade e de liberdade. Uma vez que só a verdade nos pode tornar
verdadeiramente livres (Jo 8, 36), Cristo faz-Se alimento de Verdade para nós.
Com agudo conhecimento da realidade humana, Santo Agostinho pôs em evidência
como o homem se move espontaneamente, e não constrangido, quando encontra algo
que o atrai e nele suscita desejo. Perguntando-se ele, uma vez, sobre o que
poderia em última análise mover o homem no seu íntimo, o santo bispo exclama: «
Que pode a alma desejar mais ardentemente do que a verdade?
De fato, todo o homem traz dentro de si o desejo insuprimível da
verdade última e definitiva. Por isso, o Senhor Jesus, « caminho, verdade e
vida » (Jo 14, 6), dirige-Se ao coração anelante do homem que se sente
peregrino e sedento, ao coração que suspira pela fonte da vida, ao coração
mendigo da Verdade. Com efeito, Jesus Cristo é a Verdade feita Pessoa, que
atrai a Si o mundo. Jesus é a estrela polar da liberdade humana: esta, sem Ele,
perde a sua orientação, porque, sem o conhecimento da verdade, a liberdade
desvirtua-se, isola-se e reduz-se a estéril arbítrio. Com Ele, a liberdade
volta a encontrar-se a si mesma. No sacramento da Eucaristia, Jesus mostra-nos
de modo particular a verdade do amor, que é a própria essência de Deus. Esta é
a verdade evangélica que interessa a todo o homem e ao homem todo. Por isso a
Igreja, que encontra na Eucaristia o seu centro vital, esforça-se
constantemente por anunciar a todos, em tempo propício e fora dele ( 2 Tm 4,
2), que Deus é amor. Exatamente porque Cristo Se fez alimento de Verdade para
nós, a Igreja dirige-se ao homem convidando-o a acolher livremente o dom de
Deus.
Bom Jesus, ainda hoje, se bem que tenhas aniquilado a ira, partido
o pão para nós, pobres pedintes, continuamos com fome. Parte, pois cada dia
esse pão para aqueles que têm fome. É que hoje e todos os dias recolhemos
algumas migalhas, e cada dia precisamos de novo do nosso pão quotidiano.
«Dá-nos hoje o nosso pão de cada dia.» (Lc 11,3) Se Tu não o dás, quem o dará?
Na nossa privação, na nossa carência não há ninguém para nos partir o pão, ninguém
para nos alimentar, ninguém para nos refazer, ninguém senão Tu, ó nosso Deus.
Em todo o consolo que nos mandas, recolhemos as migalhas desse pão que nos
partes e saboreamos «como é doce a tua misericórdia».
Celebramos hoje a memória de São Cirílo e São Metódio, dois irmãos
pelo sangue pela fé, pela vocação apostólica e até pela morte! O dois por
fazerem da Eucaristia o seu alimento diário se converteram em autênticos
evangelizadores dos povos eslavos. Como seria bom se todos os da minha casa,
família tivessem como alimento primordial o Pão dos anjos, o pão dos fortes e
como conseqüência se entregassem ao serviço do evangelho? Peçamos ao Senhor
esta graça!
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