13 de Fevereiro
de 2015
Efatá é uma palavra chave na liturgia deste
domingo; palavra que o Senhor pronuncia hoje para todos e que tem, para cada um
de nós, uma ressonância pessoal. É fundamental que cada um de nós veja e pense
no conteúdo dela.
Efatá,
palavra dita pelo Senhor quando o mar se abriu para a passagem dos escravos
rumo à liberdade. “Efatá!”, disse Deus, e se abriram os céus sobre o batismo de
Jesus e sobre a humildade do seu batismo; e se abriu o paraíso sobre a cruz de
Jesus, e o paraíso ficou à mercê dos ladrões; e se abriram os sepulcros, e os
vencidos fugiram da morte. Dirigida agora para nós a fim de que enxerguemos o
caminho que nos conduz à Salvação eterna. Por isso, não diga “Abrir-se-ão os
olhos do cego e os ouvidos do surdo”. Mas que abrir-se-ão os meus olhos e os
meus ouvidos que estávamos fechados por causa da dureza do meu coração, fruto
do meu próprio pecado. Saiba que a palavra se cumpre hoje, a profecia está se
realizando neste evangelho. A promessa se torna realidade hoje e agora, com
Cristo e em Cristo na tua vida. Corra e vá atrás d’Ele. E se não tens como peça
a ajuda. Deixe-se ajudar. Não seja cabeça dura. Escute e siga as orientações,
os conselhos da tua esposa, do teu marido, dos teus pais e filhos. Deixe de
viver na noite e no mundo do erro, do pecado, da falsidade e da morte.
Ah padre, mas eu não sou surdo nem mudo. Isso
é ofensa. Eu digo que sim. Somos
surdos, por exemplo, quando não ouvimos o grito de ajuda que se eleva para nós
e preferimos pôr entre nós e o próximo o «duplo vidro» da indiferença. Os pais
são surdos quando não entendem que certas atitudes estranhas ou desordenadas
dos filhos escondem um pedido de atenção e de amor. Um marido é surdo quando
não sabe ver no nervosismo de sua mulher o sinal do cansaço ou a necessidade de
um esclarecimento. E o mesmo quanto à esposa. Estamos mudos quando nos
fechamos, por orgulho, em um silêncio esquivo e ressentido, enquanto talvez com
uma só palavra de desculpa e de perdão poderíamos devolver a paz e a serenidade
ao nosso lar. Os religiosos e as religiosas têm, no dia, tempos de silêncio, e
às vezes se acusam na Confissão, dizendo: «Quebrei o silêncio». Penso que às
vezes deveríamos acusar-nos do contrário e dizer: «Não quebrei o silêncio».
O que,
contudo, decide a qualidade de uma comunicação não é simplesmente falar ou não
falar, mas falar ou não fazê-lo por amor. Santo Agostinho dizia às pessoas em
um discurso: É impossível saber em toda circunstância o que é o justo que se
deve fazer: se falar ou calar, se corrigir ou deixar passar algo. Eis aqui
então que se dá uma regra que vale para todos os casos: «Ama e faz o que
quiseres». Preocupa-te de que em teu coração haja amor; depois, se falas, será
por amor, se calas, será por amor, e tudo estará bem porque do amor não brota
mais que o bem.
As
histórias de cura, envolvendo as multidões de excluídos, carentes e adoentados,
são a expressão da atenção especial de Jesus para com estes pobres, em vista de
restaurar-lhes a vida que é característica do Reino de Deus. A proclamação
final, “faz os surdos ouvirem e os mudos falarem”, indica o cumprimento da
profecia atribuída a Isaías aos exilados da Babilônia; porém, agora, não
restrita àquele povo que se julgava eleito, mas a todos os povos da terra sem
discriminações. Jesus vem libertar as maiorias empobrecidas subjugadas pelas
minorias que detêm o poder, resgatando a dignidade e a vida neste mundo.
Por isso,
meu irmão, minha irmã o segredo está em entrar em comunhão com Cristo
ressuscitado, tu que estavas morto, vês e escutas e entras com Ele pelas portas
abertas de Deus.
Ó Senhor
tenho plena consciência de que Vossa voz ressoou no deserto: “Efatá!”, para que
do céu caísse como chuva o pão e da rocha jorrou água. “Efatá!”, dissestes, e
abristes, como que com uma faca, as águas do Jordão, que se tornaram porta pela
qual entraram vossos filhos à terra das vossas promessas. Dignai-vos olhar para
mim, para os meus olhos e ouvidos. Impõe sobre mim as Tuas mãos e liberta-me,
cura-me do egoísmo que impede a comunicação com o meu próximo.
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