QUINTA FEIRA DA II SEMANA DA
QUARESMA 05/03/2015
1ª Leitura Jeremias 17, 5-10
Salmo 39/40, 5ª “Feliz o Homem que
pôs sua esperança no Senhor
Evangelho LUCAS 16, 19-31
" Pai Abraão compadece-te de
mim..."
Parece que Lucas pegou pesado contra
o tal do Homem rico nesse evangelho, a súplica do mesmo pedindo compaixão do
Pai Abraão, é algo inconcebível. Quem já viu rico pedir compaixão? Só se for
para pedir desconto... Jamais, pois o dinheiro compra tudo e o rico não tem
necessidade de nada...Mas vamos para mais um exagero de Lucas, "Manda
Lázaro que molhe em água a ponta do seu dedo, afim de refrescar-me a língua,
pois sou cruelmente atormentado nessas chamas"
O que ? Um rico precisando do favor
de um pobre, e que favor! Molhar o dedo e tocar em sua língua. Bom, rico
pedindo por compaixão já é coisa esquisita, e ainda por cima, depender do favor
de um pobre mendigo, que em vida ficava esmolando no portão de sua
mansão....Acho que os ricos que leram essa reflexão de São Lucas, não deixaram
de dar boas risadas. Mas por que Lucas inverte a ordem social estabelecida?
Quer se vingar dos ricos miseráveis, lembrando que na outra vida tudo vai ser
diferente, eles vão sofrer e os pobres irão gozar? Isso também está descartado,
o Céu não é lugar para o pobre se vingar do rico, isso não tem cabimento. Este
evangelho também não é revolucionário para mostrar a diferença social entre uma
e outra classe.
Prestemos atenção em alguns detalhes
importantes: o pobre tem um nome, e ao morrer foi carregado pelos anjos ao seio
de Abraão. O rico nem tinha nome, e ao morrer foi enterrado como qualquer ser
mortal, talvez em algum mausoléu, mas foi enterrado, isso é, tudo acabou ali
para ele. Por que? Porque toda a sua expectativa de felicidade e realização
humana estava em sua riqueza.
Quanto ao abismo existente entre o
rico e o pobre, não foi Deus quem cavou mas ele foi construído ao longo da vida
pela atitude egoista do rico, que não permitiu que o pobre fizesse parte de sua
vida. Provavelmente até lhe dava esmolas de vez em quando, ou alguma comida que
sobrou do almoço, ou um pedaço de pão duro, um sapato velho, uma roupa usada.
Mas essas "boas ações" não foram suficientes para garantir o
passaporte para o céu, na comunhão com Deus.
De fato, o evangelho não fala que o
Rico era má pessoa, e nem que o mendigo fosse um sujeito cristão e que tinha
fé. Mas a questão é que, a riqueza o distanciou de Deus e das pessoas, a
riqueza de fato dá ao homem a sensação ilusória de que tudo tem e que agora de
nada mais precisa. Quando pensa deste modo, o Ser humano se fecha a Salvação
trazida por Jesus, e a participação no seu Reino,que se destina principalmente
aos mais pobres e necessitados.
Não é pecado ser rico e ter bens
materiais, claro, desde que não seja riqueza inícua, fruto de corrupção e
roubalheira. O mal é recusar a salvação Divina e fechar-se as demais pessoas,
principalmente os mais pobres, que sempre foram e serão os preferidos de Deus.
Ser pobre ou rico não vai salvar e nem perder a ninguém, o que importa é Crer
em Jesus Cristo, no seu reino de Justiça, Paz e igualdade, viver os valores do
evangelho e buscar somente Nele a Salvação com uma conversão sincera.
Porque se cavarmos o abismo entre
nós e o próximo, principalmente os mais pobres, estaremos cavando um abismo
intransponível entre nós e Deus, e esta solidão devassadora e eterna chama-se
Inferno...É para lá que foi o nosso Rico sem nome....(Diácono José da Cruz –
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim SP – E-mail cruzsm@uol.com.br)
Se alguém estiver lendo isto, quero lembrar que temos um site de comentários diários da Santa Missa feita pelo nosso Arcebispo Dom Júlio Endi Akamine, Link: https://sites.google.com/site/gotasdapalavra
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