1 de Março de 2015 - Evangelho - Mc 9,2-10
Convido
você meu irmão, minha irmã a louvar e agradecer a Deus; porque foi num dia como
hoje (06/08/2000) que das mãos de Dom Óscar Lino Lopes Fernandes Braga, então
Bispo diocesano de Benguela – Angola, recebi a graça do sacerdócio! Deus me
estabeleceu “ponte” entre Ele e o Seu povo! Como digo sou ainda pequeno e
frágil, muitas vezes a tempestade e a água que passa debaixo de mim me fazem
abalar e agitar. Por outras as vezes o peso das pessoas que passam por cima de
mim quase que me quebram ao meio. Mas como dizia são Paulo: prefiro gloriar-me
nas minhas fraquezas porque quanto me sinto fraco então é que sou forte. Sou
forte porque Cristo me faz ver que por detrás da cruz está a glorificação, ou
seja, a transfiguração.
Diante do escândalo da Cruz, a Palavra de
Deus apresenta-nos o Cristo glorificado através de uma magnífica teofania, isto
é, a manifestação de Deus. Revela-nos sua glória para dar sentido à morte de
Jesus na cruz. Jesus levou seus discípulos escolhidos para uma alta montanha e
se transfigurou diante deles. Suas vestes se tornaram brancas e brilhantes.
Apareceram-lhe Moisés e Elias, símbolos da Lei e dos Profetas, síntese da
antiga Aliança. Jesus condensa em si a Lei e a Profecia. Ele, em seu sangue
sela a nova Aliança (Lc 22,20). Nesse momento entraram na nuvem que significa a
presença de Deus. O Pai apresenta Jesus aos discípulos como seu Filho amado.
O Evangelho da Transfiguração liga-se à
Paixão, pois tira os discípulos do escândalo da Cruz, dando-lhes a visão da
futura glorificação pascal. Refletindo o tema da Aliança e Transfiguração
participamos desta realidade. A obediência de Jesus deu-lhe a vitória. A meta
do cristão é a transfiguração de sua fragilidade pela obediência da fé.
Somos transfigurados por Cristo a partir do
Batismo e da presença do Espírito em nós. Somos revestidos de Cristo. Para
chegar a isso somos convidados a subir o monte que é Jesus. Estando na presença
de Deus pelo amor, ouviremos as palavras do Pai: Este é meu Filho amado,
escutai o que Ele diz. O Filho diz as palavras que ouviu do Pai.
Deus prova Abraão pedindo o sacrifício de
Isaac. A Jesus é oferecida a Cruz. Abraão e Jesus deram a resposta de aceitação
da vontade de Deus. Somos instigados a responder com fé, mesmo tendo que
sacrificar nosso Isaac, nossos caprichos. Sem isso jamais teremos uma fé que
seja redenção. Na Eucaristia renovamos a aliança e somos transfigurados.
O episódio da transfiguração de Jesus deixa a
mensagem que São Paulo em plenitude viveu, tendo podido assegurar: “Eu vivo,
mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim. (Gl 2,20). Trata-se da mudança
radical do cristão no modelo divino. Imitação perfeita do Filho de Deus, cujo
conhecimento não deve ser meramente especulativo e cujo amor tão pouco não pode
ser apenas afetivo. Tanto os estudos sobre a pessoa de Cristo como a fé no
Redentor necessitam estar unidos às obras nas quais se reflete a personalidade
de cada um. Conhecimento prático, amor operativo. Ele é a causa eficiente da
regeneração do batizado e a causa exemplar de sua santificação, modelo de todos
os que se dizem seus discípulos.
Cristo se fez um modelo acessível e atraente,
perfeito e abrangente. Os cristãos podem transfigurar sua vida se identificando
com Ele: pobres, ricos, sábios e ignorantes e isto em qualquer circunstância
dado que Ele a todos resgatou, deu a vida sobrenatural e lhes comunica seus
dons celestiais. Ele manifesta uma ética geral e uma disciplina universal de
conduta para que se proceda como Ele agia, para que se viva como Ele vivia,
para que se sofra como Ele sofria. Ele quer se fazer presente no mundo através
de seus discípulos. O Apóstolo dizia: “Sede meus imitadores como eu o sou de
Cristo” (1 Cor 4,16). Deste modo o fiel se torna a imagem viva do seu Senhor.
Jesus sempre presente nas palavras, nas
obras, no coração e na mente de cada um. Cristo o ideal da vida do batizado, o
objeto de suas aspirações, o imã de seus corações. Para isto é cada um se
interrogar a cada instante: Que pensaria Jesus neste momento? Como Ele faria
esta tarefa? Que quer Ele de mim aqui e agora? Como o posso agradar neste
momento?
Dá-se então o vir a ser do fiel no seu
Salvador numa total identificação com Ele no gotejar da renúncia de cada
minuto. O próprio Cristo afirmou: “Vós sois a luz do mundo” (Mt 4,14). Não
somos o fogo que deve arder nesta terra, mas devemos ser os propagadores de sua
chama de amor, dado que Ele é a fornalha ardente de caridade e veio para
colocar chama na terra (Lc 12,49).
Grandeza e responsabilidade do cristão!
Depende de cada um fazer da vida uma interrogação, um chamado sempre
susceptível de ser ouvido por todos as testemunhas que o vêem. É a imponderável
ação de uma alma sobre a outra. É se transfigurando em Cristo que o cristão
pode tornar os homens melhores. Com seu exemplo, mesmo sem palavras, o
verdadeiro seguidor de Cristo já torna seu irmão melhor. Onde uma pessoa boa,
submissa a Deus vive, reza, sofre, trabalha há uma lareira de calor sublime que
aquece, arrasta nos eflúvios das mensagens celestes.
Não basta estar cristão, é preciso ser
cristão transfigurado no modelo que é Cristo Jesus!
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