TERÇA FEIRA
DA 4ª SEMANA DA QUARESMA 01/04/2014
1ª
Leitura Ezequiel 47,1-9.12
Salmo
45(46), 8 “Está conosco o Senhor dos Exércitos, nosso protetor é o Deus de
" Mergulhando nas águas
borbulhantes..."
Imaginem
a cena nos pórticos em redor da piscina de Betesta, tomada de cegos, coxos
e
paralíticos, quando é dada a largada começa a correria e o esforço dos coitados
dos
deficientes
em conseguir chegar e se jogar na piscina, e pelo que entendi, só um por
vez
era curado. Havia aqueles que tinham sorte e traziam seus acompanhantes que os
guiavam
ou o carregavam até a piscina, mesmo assim, era uma verdadeira disputa para
ver
quem chegava primeiro. O problema não era a cura em si, mas superar os demais e
chegar
á frente de todos...
Nosso
pobre paralítico nem isso tem, fica em seu lugarzinho e quando é dada a largada
o
coitado até tenta, mas inutilmente, sempre alguém, melhor das pernas passa á
sua
frente.
Há 38 anos ele sonha com uma cura física mas pelo jeito iria morrer paralítico
se
Jesus não aparecesse por ali. A pergunta de Jesus parece bem óbvia "Queres
ficar
curado?".
Se o cara estivesse estressado, iria responder de maneira indelicada "Não,
só
estou
aqui me bronzeando um pouco". Mas prestemos atenção nessa pergunta, Jesus
não
perguntou
se ele queria chegar á piscina, mas se queria ser curado, o que é diferente...
Mas
o paralítico entendeu dessa forma, isso é, a cura era o de menos, a dificuldade
era
chegar na piscina, sua resposta assim o demonstra "Senhor, não tenho
ninguém
que
me ponha no tanque, quando a água é agitada, enquanto vou, já outro desceu
antes
de mim"Trata-se de alguém que só enxerga na ótica do sistema, nada vê e
nem
experimenta
fora de sua religião, o que fazia dele um paralítico, não penso, Deus pensa
por
mim, não preciso fazer nada, Deus fará por mim, nem tenho vontade própria.
Poderão
argumentar que a resposta está correta e o paralítico expõe sua necessidade,
precisa
de alguém que o carregue até o tanque. Talvez Jesus esteja ali, se oferecendo
para
fazê-lo. Entretanto, Jesus supera tudo quanto a religião possa oferecer, ele
não
precisa
de nenhum método de cura, fórmula mágica ou rito misterioso, simplesmente
vai
dizer ao paralítico "Levanta-te, toma o teu leito e anda".
A
cura que as águas borbulhantes propiciavam, provém de Deus, ora, a presença de
Jesus
dispensava portanto qualquer rito. A reflexão leva nossas comunidades cristãs
a
pensar, que é muito grande o perigo de super valorizarmos o rito e o formalismo
religioso,
tornando secundária a ação da Graça de Deus, que está em tudo e em todos
como
algo essencial.
Qual
o perigo desse modo de pensar? Nos atermos á cura física que é o caso desse
homem
ex paralítico. Jesus o encontrou no templo e o exortou a uma conversão
profunda
e sincera, que iria lhe trazer muito mais do que a simples cura. "Não
tornes
a
pecar". Mas qual pecado? Podemos nos perguntar....Exatamente o pecado de
deixar
passar desapercebido em nossa relação com Deus, aquilo que é o essencial,
transformando
a religião em uma barganha para atender aos nossos interesses,
menosprezando
assim a verdadeira e única água borbulhante, a Fonte de água Viva que
é
Jesus Cristo.
Diácono
José da Cruz
Paróquia
Nossa Senhora Consolata – Votorantim SP
E-mail
cruzsm@uol.com.br
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