DIA 29 - TERÇA - Evangelho - Jo
3,7b-15
O Evangelho de hoje é a continuação do
diálogo entre Jesus e Nicodemos, a misteriosa figura que aparece unicamente no
Evangelho de João, assim como a figura da samaritana, da prostituta que ia ser
apedrejada e de Lázaro, irmão de Marta e Maria. Como já dissemos, as palavras
de Jesus, já difíceis de serem compreendidas, tornaram-se ainda mais confusas
aos ouvidos de um fariseu. O que Jesus queria dizer com a frase: Ninguém subiu
ao céu senão aquele que desceu do céu: o Filho do Homem? O título Filho do
Homem foi atribuído a Jesus pelas comunidades cristãs que ainda se desenvolviam
muito timidamente.
A expressão Filho do Homem aparece
muitas vezes no Antigo Testamento, mas geralmente sendo sinônimo de homem, de
ser humano. O profeta Ezequiel é chamado, por Deus, de filho do homem, em
diversas citações (Ez 8, 5; 11, 15; 15, 2; 20, 4; 37, 11; 39, 1; 47, 6 etc.),
mas esse é somente um cognome dado a Ezequiel pela própria voz de IHWH (Javé –
Deus). No Livro de Daniel, essa expressão aparece duas vezes: em Dn 7, 13, ela
toma outro significado, pois fala de alguém que desce dos céus sobre as nuvens,
diferentemente do significado de Dn 8, 17, que quer somente fazer referência ao
próprio profeta Daniel.
Mas seria, no Livro de Daniel, uma
prefiguração da imagem de Cristo glorioso? Certamente o redator (escritor)
desse Livro não estava pensando em Jesus de Nazaré, mas em uma imagem
visionária e apocalíptica. Um homem que destruiria toda a opressão do
imperialismo, principalmente o do imperialismo grego, que dominava na época de
Daniel.
Mas os primeiros cristãos viram nessa
imagem de filho do homem que desce glorioso dos céus, nas nuvens, o próprio
Cristo Ressuscitado. Jesus era o próprio Deus feito carne, pois ele havia
assumido a nossa humanidade. Mas o mais interessante é que o evangelista faz
notar que o próprio Jesus dá a si o título apocalíptico de Filho do Homem, mas
num sentido mais claro: como aquele que quer ser amigo da humanidade.
Jesus, por fim, anuncia a sua morte de
cruz. Nicodemos não deve ter entendido o que o Mestre queria dizer com “Como
Moisés levantou a serpente no deserto, assim também será levantado o Filho do
Homem, a fim de que todo o que nele crer tenha vida eterna”. É certo que o
evangelista elaborou melhor as falas de Jesus, visto já terem se passado muitos
anos desse diálogo, quando o Evangelho foi posto por escrito. Por isso mesmo é
que o objetivo da morte de Jesus é mostrado com mais vivacidade: para que todos
tenham a vida nele, crendo.
Peçamos a Deus que aumente a nossa fé em
Cristo e em seu projeto de amor, pois somente aqueles que creem e amam podem
entender o risco de se entregar totalmente a um crucificado, que disseram estar
ressuscitado! A um filho da própria humanidade, que foi visto como Deus
Encarnado. A fé é um risco, que deve ser encarado sempre com amor!
FEZ-SE CARNE PARA SER O FILHO DO
HOMEM!
Fr. José Luís Queimado, CSsR
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