DIA 23- QUARTA - Evangelho - Lc
24,13-35
Reconheceram Jesus ao partir o pão.
Este Evangelho, da quarta-feira da
oitava da Páscoa, narra a cena do encontro de Jesus ressuscitado com os
discípulos de Emaús. Após a morte de Jesus, a tristeza tomou conta dos
discípulos. E junto com ela veio o desânimo. Estes dois discípulos estavam desistindo
da vida em Comunidade e voltando para as suas casas. Jesus, apesar de não ser
mais a sua vez de se manifestar na terra desta forma, resolveu dar um apoio à
Igreja nascente, aparecendo fisicamente. Ele chega e entra no meio da conversa
dos dois, mostrando a forma correta de encarar os fatos, que é à luz das
Sagradas Escrituras. Os discípulos estavam tão abatidos que nem perceberam que
era o próprio Jesus. O acolhimento ao desconhecido foi bonito: “Fica conosco,
pois já é tarde e a noite vem chagando!” E a recompensa ao gesto de caridade
foi generosa: “Reconheceram Jesus ao partir o pão”.
Recuperam a alegria, e junto com ela o
ânimo, voltando imediatamente para a Igreja, a Comunidade cristã.
O que Jesus quis dizer é que ele não
desapareceu, mas continua presente no meio dos seus discípulos, agora na
Eucaristia, que no começo da Igreja era chama de “O partir do pão”.
Os discípulos estavam desanimados e até
desistindo da Comunidade cristã. O motivo eles mesmos falaram: “Nós pensávamos
que ele fosse libertar Israel...” Jesus veio realmente libertar, não só Israel
mas toda a humanidade. Entretanto, não é assim, de mão beijada; Deus quer fazer
as coisas junto conosco e através de nós.
“Não estava ardendo o nosso coração
quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?” A Bíblia é a
nossa força, a nossa luz na caminhada. Ela nos ajuda a entender os fatos e nos
mostra a resposta certa a cada situação. Se aqueles discípulos lessem a Bíblia,
talvez não tivessem desanimado.
Mas é na Eucaristia que os nossos olhos
se abrem e encontramos forças para continuar a caminhada. A Missa realimenta a
nossa fé, e nos dá o dom do discernimento, mesmo no meio das maiores provações.
Logo que os olhos dos discípulos se
abriram, Jesus desapareceu da frente deles. Com isso ele quis dizer: eu já
estou com vocês na Eucaristia. Por que caminhar tristes, referindo-se a mim
como alguém do passado, se estou no meio de vocês na Eucaristia?
Imediatamente eles “se levantaram e
voltaram para Jerusalém onde encontraram os Onze reunidos com os outros”. A
Eucaristia nos integra ou reintegra na Comunidade cristã. Nenhum motivo
justifica o afastamento da Comunidade. Temos um compromisso com ela, feito no
batismo, mais forte que o compromisso matrimonial. É um compromisso na alegria e
na tristeza, na saúde e na doença, até o fim da nossa vida.
Ao longo das nossas viagens, cercadas às
vezes de inquietações, o divino viajante continua a fazer-se nosso companheiro,
a fim de nos instruir. Depois que Jesus subiu para o céu, não age mais dessa
forma, manifestando-se fisicamente. Entretanto, em seu poder divino, Jesus usa
de mil outras maneiras. Geralmente socorre os cristãos através dos próprios
cristãos. O que ele não quer é ver ninguém desanimado, e muito menos se
afastando da Comunidade.
E quando e encontro se torna pleno, à
luz da Palavra de Deus, segue-se a luz que brota do próprio Jesus, presente no
pão da vida.
“A Comunidade é força de Deus. Lugar
abençoado onde moram os filhos seus.”
Certa vez, um pai de família fez o
Cursilho de Cristandade e chegou entusiasmado em casa. Na hora da refeição, ele
disse: “De hoje em diante, nós vamos rezar todos os dias antes da refeição. Sou
eu que vou puxar a oração”.
Assim fizeram durante vários dias. Num
domingo, veio um amigo dele visitá-lo, o qual não era muito de Igreja. Quando
chegou a hora do almoço, o pai ficou com vergonha de rezar na frente do amigo,
e simplesmente convidou o amigo para se sentar e começar a comer.
O seu filhinho de cinco anos disse:
“Paiê, o senhor não disse que ia rezar todos os dias antes da refeição?” O pai
deu um sorrisinho amarelo e acabou rezando, na frente do amigo.
Bem feito! Quem manda ter respeito
humano e desobedescer a Deus por causa da presença de um amigo! Sinal que a sua
fé, apesar de renovada no Cursilho, ainda precisava alguns retoques. E o alerta
veio através da inocência de uma criança. “Quem não receber o Reino de Deus
como uma criança não entrará nele!”
“A família que reza unida permanece
unida.” Isso vale também para a Família de Deus. Se perseverarmos na oração,
nunca nos afastaremos da Comunidade.
Maria Santíssimo nunca se afastou da
Comunidade. Pelo contrário, lá estava ela apoiando a Igreja nascente. Mãe da
Igreja, rogai por nós! Que tenhamos a graça de perseverar na vida em
Comunidade, e nunca desistir, como queriam fazer aqueles dois discípulos de
Emaús.
Reconheceram Jesus ao partir o pão.
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