DOMINGO DE PÁSCOA DA
RESSURREIÇÃO
1ªLeitura Atos 10,34.a- 37-43
Salmo 117(118), 24 “Este é o dia que o Senhor fez: seja para nós
dia de alegria e de felicidade”
Evangelho João 20, 1-9
A palavra Páscoa tem sua
origem no hebraico “Pascha” que significa passagem, e no Judaísmo está
contextualizada no fato histórico ocorrido em 1250 A.C que foi a libertação do
povo hebreu da escravidão do Egito. A narrativa encontra-se no livro do Êxodo,
que pertence ao Pentateuco, conjunto dos cinco primeiros livros da Sagrada
Escritura, cuja autoria é atribuída a Moisés. O ritual da páscoa judaica segue
as determinações dadas pelo próprio Deus ao Sacerdote Aarão conforme Êxodo 12,
1-8.11-14 e o fato histórico, com esse caráter religioso, tornou-se para o Povo
um memorial da noite em que Deus os libertou da escravidão do Egito, através de
Moisés, derrotando o império do Faraó.Anteriormente a páscoa era uma Festa dos
Pastores, que comemoravam a passagem do inverno para a primavera quando por
ocasião do degelo, e surgindo a primeira vegetação à luz do sol, os animais
deixavam suas tocas, sendo essa a origem do Coelhinho da Páscoa e do ovo, que
ao ter a sua casca quebrada deixa romper a vida que há dentro dele. A libertação do Povo da
escravidão do Egito é o acontecimento mais importante na tradição religiosa de
Israel que o tornou um memorial celebrado no ritual judaico, preceito
estabelecido pelo próprio Deus, muito rico em sua simbologia.Trata-se de uma
refeição feita em pé, com os rins cingidos, sandálias nos pés e o cajado na
mão, como quem está de partida “comereis as pressas, pois é Páscoa do Senhor”.
O sangue do Cordeiro imolado irá marcar o batente das portas dos que iriam ser
salvos do anjo exterminador, e as ervas amargas lembram a escravidão e o
sofrimento que o povo passou.
Jesus de Nazaré, filho de
Maria e de José, tendo passado pelo rito iniciático do Judaísmo, frequentava o
templo e a sinagoga, como qualquer judeu fervoroso. Não era sua intenção fundar
uma nova religião, mas sim resgatar a essência na relação dos homens para com
Deus, que o judaísmo havia perdido por causa do rigorismo do seu preceito e dos
seus ritos purificatórios. O fenômeno do messianismo era muito comum naquele
tempo, como hoje quando surgem a cada dia novos pregadores em cada esquina, mas
somente Jesus é o verdadeiro e único messias, aquele que fora anunciado pelos
profetas, o Ungido de Deus, descendente da estirpe de Davi, o grande Rei porém,
na medida em que Jesus vai manifestando quem ele é, e o seu modo de viver,
convivendo com os pecadores impuros, curando em dia de Sábado e fazendo um
ensinamento novo que estabelecia novas relações com Deus e com o próximo.
Tudo isso foi gerando um
descontentamento nas lideranças religiosas que de repente começaram a vê-lo
como uma séria ameaça a estrutura religiosa existente, e a expulsão dos
vendedores e cambistas do templo foi a gota d’água que faltava para à sua
condenação, sendo dois os motivos que o levaram à morte: o primeiro de caráter
religioso, pois ele se dizia Filho de Deus e isso constituía-se uma blasfêmia
diante do judaísmo, o segundo de caráter político, Jesus veio para ser Rei dos
Judeus, representando uma ameaça ao augusto Cezar Soberano do império Romano.
O Povo esperava um Messias
Libertador político para restaurar a realeza em Israel, que se encontrava sob a
dominação dos romanos. É essa a moldura histórica dos fatos que marcaram a vida
de Jesus, nos seus três anos de vida pública, desde que deixara a casa de seus
pais em Nazaré e dera início as suas pregações tendo formado o Grupo dos
discípulos.Logo após sua morte e ressurreição, nas primeiras comunidades
apostólicas (dirigidas pelos apóstolos) se perguntava por que Jesus havia
morrido? Nas reuniões que ocorriam aos domingos, porque Jesus havia
ressuscitado na madrugada de um Domingo, os apóstolos faziam a Fração do Pão,
recordando tudo o que Jesus fez e ensinou, concentrando suas pregações na morte
e ressurreição. E assim começou-se a se fazer as primeiras anotações sobre
Jesus e mais tarde, entre os anos 60 e 70, surgiram os evangelhos que
revelavam, não só porque Jesus havia morrido, mas também como e onde havia
nascido e de como vivera a sua vida fazendo o bem, anunciando um reino novo
sempre na fidelidade e obediência ao Pai e no amor aos seus irmãos.
A Ressurreição de Jesus é um
fato apenas compreensível e aceitável à luz da Fé, que é um dom de Deus
concedido aos homens, pois o momento da ressurreição não foi presenciado por
ninguém e o que as mulheres viram, segundo o relato dos evangelhos sinópticos,
foram os “sinais” da ressurreição: túmulo vazio, os panos dobrados e colocados
de lado, e ainda um personagem que dialoga com Madalena, confundido por ela com
um jardineiro, que anuncia que Jesus de Nazaré não estava mais entre os mortos
porque havia ressuscitado.As mulheres tornaram-se desta forma as primeiras
anunciadoras da ressurreição aos apóstolos. Outra evidência foram as aparições
de Jesus Ressuscitado aos seus discípulos, reunidos em comunidade conforme
relato do livro do Ato dos Apóstolos. Não se tratam de aparições
sensacionalistas para causar impacto e evidenciar a vitória de Jesus sobre os
que conspiraram a sua morte, mas sim de um Deus vivo e solidário com os que
nele crêem, para encorajar a comunidade dos apóstolos, que tiveram a princípio
muita dificuldade para vencer o medo e descrença, que abateu-se sobre eles com
a morte de Jesus.
A Ressurreição de Cristo
está no centro da Fé cristã, que é, segundo o pensamento Paulino, a garantia de
nossa ressurreição, que não pode e nem deve ser compreendida como uma simples
volta a esta vida porque se trata de uma realidade sobrenatural entendida e
aceita pela Fé, e não de um fato científico. O Cristo Ressurreto apresenta um
corpo glorioso! É este o destino feliz dos que crêem e vivem essa esperança que
brota da Fé, pois a Vida venceu a morte!
Celebrar a Páscoa é celebrar
esta Vida Nova de toda a humanidade, que irrompeu da escuridão do túmulo com o
homem Jesus de Nazaré. É a passagem do pecado para a graça de Deus, das trevas
para a luz, da Morte para a Vida , porque o espírito Paráclito que Cristo deu à
sua igreja no dia de Pentecostes, tudo renova e permite que, caminhando na Fé,
já desfrutemos, ainda que de maneira imperfeita, dessa comunhão íntima com
Deus, no Cristo glorioso que nos acompanha nessa jornada terrestre, e que nos
acolherá um dia na plenitude da Vida Eterna.
Uma feliz Páscoa a todos!
José da Cruz é diácono
permanente
da Paróquia Nossa S.
Consolata-Votorantim
Sem omitir obviamente a fonte de inspiração, quero dizer-lhe, caro irmão em ministério, que usei parte de sua homilia para a celebração na comunidade onde sirvo. Muito obrigado.
ResponderExcluirDiácono Humberto Brito
Belém do Pará