QUINTA - 8 de Maio de 2014 - Evangelho
- Jo 6,44-51
Eu sou o pão vivo descido do céu.
Neste Evangelho Jesus nos ensina duas importantes verdades: 1) A origem
da fé nele, que brota de uma graça de Deus Pai. 2) Jesus é o pão vivo que dá
vida ao que dele come.
“Quem crê possui a vida eterna.” Cristo fala no presente: o que responde
à atração do Pai, o que crê, já tem a vida eterna. Esta começa aqui e agora: o
eterno entrou no tempo. É a escatologia realizada. Mas esse dom da fé está
condicionado a uma atitude responsável: escutar Deus. “Todo aquele que escuta o
Pai e por ele foi instruído, vem a mim”. E a nossa salvação é completada no
futuro: “Eu o ressuscitarei no último dia”.
“Eu sou o pão vivo descido do céu.” Com a expressão “eu sou” (Javé em
hebraico), Jesus se auto define como o pão que dá a vida eterna ao que dele se
alimentar. Essa é a diferença do maná do deserto, que além de ser perecível,
quem dele comia depois morria.
Há uma íntima relação entre a Eucaristia e a Morte e Ressurreição de
Jesus. São os seus dois grandes gestos de amor a nós. Por isso que ele
instituiu a Eucaristia um dia antes de sua morte, e ao instituí-la disse: “Isto
é o meu corpo que será entregue por vós”, e também: “Isto é o meu sangue que
será derramado por vós e por todos”.
A Eucaristia atualiza para nós a redenção. Cada vez que a celebramos,
nós nos envolvemos mais no mistério pascal, participando da ressurreição de
Jesus, que passou pela cruz.
A celebração eucarística, além de banquete, isto é, de alimento dos
cristãos, e de encontro semanal da Comunidade, tem também esta dimensão: Ela
torna presente, em termos de tempo e de lugar, o gesto redentor de Jesus, com
todos os seus efeitos. Por isso que a chamamos memorial da redenção. Memorial é
mais que memória ou recordação. É vivência hoje, revitalização daquilo que
aconteceu no passado. Quando celebramos a Eucaristia, a Morte e Ressurreição de
Jesus acontece misteriosamente ali, com todos os seus efeitos salvadores. A
Assembléia eucarística torna-se ao mesmo tempo beneficiária e agente da
redenção. A Igreja bebe toda a sua força de amar, e todo o seu dinamismo nesta
fonte inesgotável q é a Eucaristia.
Trazendo para o aqui e agora o mistério redentor, a Eucaristia envolve a
Assembléia participante, tornando-a Corpo Místico de Cristo e torna cada
cristão “outro Cristo” no mundo. É assim que o sacrifício de Cristo se torna
sempre vivo e atuante em todos os cantos da terra. Ao recebermos a Eucaristia,
nós nos tornamos eucaristia para o mundo
Certa vez, uma jovem mãe estava com o seu bebê no portão da sua casa.
Passou uma senhora, parou e disse: “Como é bonita esta criança!” A mãe falou:
“Espere um pouquinho, eu vou lá dentro buscar a fotografia dela para a senhora
ver que é mais bonita ainda!”
Na verdade, o que aquela jovem mãe fez foi uma coisa ridícula, porque
hoje em dia os fotógrafos podem falsificar fotografias, “melhorando” as
pessoas. Mas há algo parecido com a nossa redenção. Ela foi além e tornou o
original, isto é, o homem criado por Deus, melhor e mais bonito ainda. Foi por
isso que cantamos no sábado santo, referindo-nos ao pecado original: “Ó culpa
tão feliz que há merecido a graça de um tão grande Redentor”
Quando Maria Santíssima ouvia, ao participar da santa Missa, estas
palavras do seu Filho: “Tomai todos e comei: Isto é o meu corpo que será
entregue por vós. Tomai todos e bebei...” certamente ela pensava: Este corpo
foi gerado no meu útero. E quando ela comungava, era quase que uma nova
encarnação. Aquele coração que batia em seu ventre, volta agora ao seu ventre,
para sustentá-la na caminhada. Claro que Maria se lembrava também dos maus
tratos que Jesus recebeu e continuava a receber dos homens, e voltava a sentir
a espada que, no Calvário, transpassou o seu coração. Por isso lhe pedimos:
“Ouvi nossos rogos, Mãe dos pecadores!”
Eu sou o pão vivo descido do céu.
Padre Queiroz
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