4º
DOMINGO DA PÁSCOA 11/05/2014
1ª
Leitura Atos 2,14ª .36-41
Salmo
22(23).1.2c “O Senhor é meu Pastor, nada me faltará. Conduz-me junto ás águas
refrescantes”
Evangelho
João 10, 1-10
"UM
ESTRANHO NO REDIL"-Diac.José da Cruz
Eu
achava estranho esse evangelho do Bom Pastor no tempo pascal, parece que se
interrompem bruscamente as narrativas
das famosas aparições de Jesus Ressuscitado ao discípulos , tão cheias de
mistério e encanto, para falar de um assunto que não tem nada a ver,
mencionando palavras repetitivas como redil, porta, pastor, ovelhas....E alguns
adjetivos como, estranho, ladrão, assaltante, que nos faz imediatamente pensar
nos outros, naqueles que são de fora do rebanho, nos que hostilizam a Igreja e
o Reino de Deus, são esses que devemos ter cuidado, mas não !
Jesus fala com os de “dentro”, ou seja, com a
comunidade, e aqui precisamos tomar muito cuidado, para não nos julgarmos como
membros exclusivos de um Rebanho de qualidade superior a todos os demais, os
“queridinhos e prediletos” de Deus.
E uma
boa chave de leitura aparece logo no início do evangelho: Jesus é a Porta!Para
entrar no Redil, para fazer parte da comunidade da Igreja, só há uma porta:
Jesus Cristo, é ele que no dia do nosso Batismo nos introduz na comunidade. Não
posso ser Cristão por razões
ideológicas, ou para sentir-me bem com a minha consciência, vivendo em paz, sem
preocupações nesta vida. Não posso tão pouco participar da comunidade e das
celebrações apenas por preceito, pois existe aí o perigo dos nossos interesses
falarem mais alto, conheci dois casos diferentes, em um deles, porque mudaram
as músicas que vinham sendo cantadas, um instrumentista enfiou o violão no saco
e saiu pisando duro, dizendo que nunca mais botaria os pés na igreja, e conheci
um acordeonista, que ao contrário, começando a tocar em celebrações sertanejas,
tornou-se um membro ativo da comunidade e tomou gosto pela vida em comunhão, ai
está a grande diferença entre, ser frequentador da comunidade, e ser um
Seguidor de Jesus de Nazaré. Quem se tornou cristão por causa de Jesus, após
ter feito com ele uma experiência profunda de Vida em comunhão, passou pela Porta, mas aqueles que são meros
frequentadores, e não fizeram ainda essa experiência querigmática com o Senhor,
são os que pularam a janela, entraram as escondidas pelos fundos, e quando chega
a crise, esses mercenários são os primeiros
a darem no pé, porque sentem que vão perder algo.
Mudam
de igreja, de comunidade, de paróquia, de grupo, e nunca se encontram, há os
que mudam até de família, passam a vida procurando a perfeição do cristianismo,
e não encontrando acabam caindo no desânimo e frustração descobrindo mais
tarde, que quem tinha de mudar eram
eles, e não as pessoas.
Quando
nossos interesses falam mais alto que as coisas do Reino de Deus, nos tornamos
estranhos no ninho, ladrões e assaltantes, porque roubamos o espaço e o tempo
da assembléia, das pastorais e movimentos, só para vender nossa imagem fazendo
o nosso marketing pessoal. Tornamo-nos estranhos ao rebanho porque a nossa
conduta e procedimento, e o jeito de
pensar, não reflete de forma alguma o santo evangelho, a vida de comunhão ou a
koinonia como diz o termo grego.
Ao
contrário, quem passa pela Porta que é Jesus Cristo, torna-se também um pastor,
aquele que cuida, mostra o caminho, socorre os fracos e feridos, que na
comunidade são tantos, e se for preciso, carregam no colo as ovelhinhas que não
podem caminhar, exatamente como faz esse Bom Pastor que é Jesus Cristo. As
ovelhas o seguem, porque ouvem e conhecem sua voz, ou seja, a relação com ele é
marcada por uma grande intimidade, de quem conhece a voz, isso é, a Palavra de
Deus, e que por isso se torna um discípulo.
Claro
que o evangelho desse 4º Domingo da Páscoa fala forte no coração dos jovens,
despertando uma possível vocação, projetando esse pastoreio na Vocação
Sacerdotal, mas é preciso essa compreensão mais ampla de que somos todos
ovelhas e pastores, somos cuidados mas também somos cuidadores, em um amor co
responsável, que vai ao encontro do outro porque o aceita como irmão no Senhor Jesus.
E há
na segunda leitura dessa liturgia, uma afirmação do apóstolo Pedro, que reforça
essa comunhão de vida: Carregou os nossos pecados em seu corpo sobre o madeiro,
para que , mortos aos nossos pecados vivamos para a Justiça.
Ser
comunidade é carregar o outro em nossa vida, com todos os seus pecados e
defeitos, fazer isso por puro amor, amor que aceita, que compreende, que perdoa
sempre e é misericordioso, pois carregar o outro com seus carismas e
perfeições, não requer nenhum sacrifício e é até agradável.A exemplo de Jesus,
Nosso Deus e Senhor, sejamos todos pastores e que aprendamos a amar a todos,
mesmo os “estranhos” do Redil, pois o amor poderá salvá-los, levando-os a uma
experiência sincera com Jesus.
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