SEXTA - 2 de Maio de 2014 - Evangelho
- Jo 6,1-15
Distribuiu-os aos que estavam sentados, tanto quanto queriam.
Este Evangelho narra a cena da multiplicação dos pães. O evangelista
começa dizendo que uma grande multidão seguia Jesus, porque via os sinais que
ele operava em favor dos doentes. Hoje continua havendo sinais, a favor dos
doentes, a favor do casamento, da paz... Sinal, no Evangelho de S. João, é uma
manifestação da presença de Deus através de um gesto humano.
“Jesus subiu o monte e sentou-se... Estava próxima a Páscoa, a festa dos
judeus.” O monte lembra o monte Sinai onde Deus deu os dez mandamentos para
Moisés. Sentar-se é atitude própria do legislador. Jesus quer criar uma nova
Lei e uma nova Páscoa, em que comer o alimento sagrado nos compromete com a
partilha do alimento material.
“Levantando os olhos...” Nós também precisamos levantar os olhos para
ver as necessidades dos nossos irmãos e irmãs. Abrir a janela da nossa casa
para ver o mundo lá fora, ver com o coração, e depois abrir a porta e sair para
o meio do mundo, como fazia Jesus.
“Jesus disse a Filipe: onde vamos comprar pão...? Disse isso para pô-lo
à prova.” Foi para provar a fé do Apóstolo, pois se estamos junto com Deus tudo
é possível, não existe problema sem solução. Mas Filipe não passou na prova:
“Nem duzentas moedas...” Felizmente outro Apóstolo, André, ouviu a conversa e
se saiu bem melhor que o colega: “Está aqui um menino com cinco pães de cevada
e dois peixes...” A prova era justamente esta: confiando em Deus, apresentar o
pouco que temos, a fim de que Deus faça o resto. Deus sempre faz surpresas.
A humanidade se divide em dois grupos: os egoístas, que não confiam em
Deus e por isso ajuntam bens o máximo que podem, e os solidários que confiam em
Deus e partilham o pouco que possuem. Estes são felizes, aqueles não, apesar
das riquezas que acumulam.
“Fazei sentar as pessoas.” Multidão sentada evita tumulto, é mais fácil
trabalhar, passar pelo meio e distribuir. Evita que os aproveitadores recebam
mais que os outros. É o mesmo que dizer: organizai o povo. Povo unido e
organizado nunca passa fome.
“Jesus tomou os pães e deu graças... e fez o mesmo com os peixes.” Deus
opera maravilhas, mas precisamos ter fé, confiar nele e orar!
“Recolhei os pedaços que sobraram.” Evitar o desperdício. Não jogar
alimento no lixo, sabendo que ao lado há pessoas que não têm! Este é um grande
pecado da humanidade moderna.
“Quando notou que estavam querendo proclamá-lo rei, Jesus retirou-se.”
Com o gesto ele disse: a glória é para Deus Pai, não para mim! Isso que eu fiz,
vocês podem fazer, e mais ainda, se tiverem fé.
Quanta maravilha semelhante a essa multiplicação dos pães acontece hoje
em dia, graças a cristãos que agem como o Apóstolo André! Cheios de fé e
confiança, apresentam a Deus o pouquinho que têm ou que sabem, e acontece o
milagre chamado pastoral da saúde, pastoral da criança, do idoso, da moradia,
da terra... São alimentos que se multiplicam, sorrisos que se abrem, vidas que
se renovam. Comunidades pequenas transformam bairros inteiros. O milagre está a
disposição de todos, porque Deus foi, é e será sempre assim. Ele abençoa quem
dá o primeiro passo. Às vezes esse primeiro passo consiste em convocar uma
reunião, em procurar alguém e abrir o coração, expondo sua inquietação...
Certa vez, um homem teve um sonho. Sonhou que Deus estava criando a
humanidade com asas. Mas em cada um, tanto homem como mulher, ele colocava uma
asa só, de um lado, ficando o outro lado sem asa. O homem perguntou então para
um anjo: “Por que Deus não coloca duas asas nos homens, como fez com as aves?”
O anjo respondeu: “Porque os homens e as mulheres só podem voar se segurarem na
mão de Deus”.
Então é isso aí: de um lado a asa, do outro segurando em Deus. Assim
podemos voar, e muito alto. Podemos não só multiplicar pães, como fez Jesus,
mas fazer muito mais.
Que Maria Santíssima nos ajude a imitar o Apóstolo André, a fim de que o
Reino do seu Filho seja construído o mais rápido possível.
Distribuiu-os aos que estavam sentados, tanto quanto queriam.
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