2 DE MAIO -
Jesus sabe que o caminho dos homens é longo e que eles são fracos. Podem
desfalecer enquanto caminham pelo mundo afora. É o que vemos no evangelho de
hoje: Jesus tem pena daquele povo que já estava cansado e com fome. Assim, com
pena de despedi-los neste estado, o Senhor realiza o portentoso milagre da
Multiplicação dos pães. O que vinha a ser este milagre de Nosso Senhor? Uma
figura da multiplicação de um pão muito mais excelente: vendo nossa fraqueza
espiritual, Jesus, por amor, quer multiplicar um pão para alimentar nossa alma
na caminhada para o céu: Ele mesmo na Santíssima Eucaristia!
A multidão seguia Jesus “porque via os
sinais que ele operava a favor dos doentes”, no entanto, o Senhor tinha para
com eles um zelo e um olhar de quem via todas as suas necessidades. Assim foi
que logo ao enxergar a multidão que vinha ao seu encontro, Jesus lembrou-se de
que eles deveriam estar com fome e precisavam alimentar-se. Jesus aproveitava
todas as oportunidades para instruir os seus discípulos e para dar testemunho
da bondade do Pai. Por isso, Ele os punha à prova a fim de medir a generosidade
daqueles que caminhavam com Ele. Ele sabia que a multidão faminta não poderia
aprender os mistérios do Pai e, ao mesmo tempo, exercitava os Seus discípulos a
não se omitirem diante dos desafios e a se colocarem a mercê da providência do
Pai. “Onde vamos comprar pão para que eles possam comer?” Assim foi que questionados
sobre o que teriam de fazer apareceu André que lhe deu notícia de alguém que
tinha cinco pães e dois peixes. São lições que hoje servem para a nossa vida:
Como alimentar tanta gente, tendo pouco? O que fazer? O que pensar? Desistir?
Resmungar? Murmurar? Assim como os discípulos fizeram devemos também nós fazer:
“Está aqui alguém que tem cinco pães e dois peixes, mas o que será isto para
tanta gente?” “Fazei sentar as pessoas!” O que isto pode significar para nós?
Quando nos sentamos em família, em comunidade e colocamos o pouco que temos nas
mãos de Deus, quando juntamos os nossos poucos dons e os oferecemos ao Senhor o
milagre acontece. Cada um de nós tem seu papel no diálogo, na compreensão, na
serenidade, na partilha do amor. Quando nós nos colocamos nas mãos do Pai e nos
dispomos a partilhar o que temos, com amor, Ele multiplica suas graças de
provisão e nunca nos faltará nada.
Você tem vivido isto na sua família? Já
percebeu na sua casa o que cada um tem para oferecer? Costuma sentar-se para
fazer uma avaliação das suas possibilidades colocadas nas mãos de Deus? E o que
é feito do milagre? Ele já aconteceu? Todo milagre é possível, porque Jesus se
despiu de Sua glória e se tornou ser humano e habitou entre nós. Vemos nesse
texto que Jesus estava sempre próximo da multidão, dando-lhes acesso por meio
de sua convivência na sociedade. Jesus vivia no meio do povo: religiosos e
pecadores, fariseus, sacerdotes, prostitutas, romanos, samaritanos, judeus,
fenícios, ricos, pobres, fazendeiros, agiotas, lavradores, coletores de
impostos, militares, pescadores, revolucionários, leprosos, cegos, aleijados,
loucos, possessos, homens e mulheres. Jesus congraça com pervertidos, bêbados,
adúlteros, tratantes e prostitutas. Jesus encontrava as pessoas onde elas
estavam – seja um cego na beira da estrada, uma mulher no poço, agiota
desiludido caminhando. Ele sempre aceitava o convite para passear, jantar, ir a
sua casa, conhecer uns amigos, visitar doentes, ler a Bíblia, beber uma jarra
de vinho numa festa etc. Assim, deves hoje sair do templo e ires conviver com
as pessoas. Vá ao encontro das pessoas. Deves ser o milagre entre o povo.
Reveja as prioridades da sua agenda. As
pessoas eram priorizadas na agenda de Jesus. Este é o contexto anterior ao
milagre da multiplicação de pães e peixes que Jesus estava inserido: a) O dia
havia sido exaustivo. b) Jesus recebe a notícia do assassinato de João
Batista. c) Jesus sabe que Herodes perguntava por ele. Jesus
respirava ameaças de morte. d) Jesus recebe seus discípulos contando tudo
que tinham feito e ensinado, após serem enviados dois a dois. e) Jesus
não teve tempo de almoçar e nem de descansar. f) Mas, diante da multidão
necessitada, Jesus reviu sua agenda. Ele permitiu que a necessidade da multidão
carente se impusesse à sua. A compaixão venceu o luto, a ameaça de morte, a
explosão de alegria, o cansaço e a fome. A compaixão é o instrumento de Deus
para nos fortalecer para servir os pobres e necessitados. Fuja do ativismo
religioso que prioriza templo, coisas, programações. Priorize sempre pessoas.
“Quem não
serve para servir, não serve para viver”. Pregue o evangelho para todo o mundo.
Para falar de amor eu tenho que aprender a repartir o pão, chorar com os que
choram e me alegrar com os que se alegram. Lembro-te que o serviço
acontece como uma ponte que liga a palavra do evangelho pregada e a necessidade
humana. E nós, os discípulos de Cristo, somos os construtores dessa ponte para
transformar as vidas e salvar almas.
Pai, que a Páscoa de Jesus renove em mim
a consciência de pertencer a teu povo, cuja existência deve se pautar pela
caridade e pela partilha solidária.
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