28 de abril -
Neste texto do Evangelho de hoje, temos a conclusão do diálogo de Jesus
com Nicodemos. O evangelista João recorre ao simbolismo da serpente de bronze
(cf. Nm 21,9) – a qual, pela fé, libertava das mordidas mortais das serpentes
do deserto para aplicá-lo à fé em Jesus, pelo qual se tem a vida eterna. Este
diálogo com Nicodemos é um convite à conversão. Coloca em confronto as duas
opções: aquele que crê e aquele que não crê, aquele que pratica o mal e ama as
trevas e aquele que pratica a verdade e se aproxima da luz.
Jesus
rejeitava, muitas vezes, aqueles que tentavam segui-lo. A um jovem rico que
buscava o seu conselho, ele replicou com palavras tão fortes que o homem foi
embora entristecido, não disposto a seguir Jesus a tão alto preço. A um
importante líder religioso, Nicodemos, que tinha vindo louvando Jesus, o Senhor
respondeu abruptamente: Você tem que nascer de novo, se quiser ao menos
ver o reino de Deus! Jesus pintava francamente as dificuldades em segui-lO
e rejeitava todos os que tentavam fazê-lo de forma inadequada. Jesus pregou
sobre o tema: “Não pode ser meu discípulo”, discutindo abertamente a
necessidade de calcular o custo antes de embarcar na vida de discípulo.
Não era porque Jesus não quisesse
seguidores. Ele veio ao mundo para buscar e salvar os perdidos. Ele estava
profundamente comovido pelas multidões perdidas e ansiava pela sua conversão.
Mas Jesus sabia que não seria fácil para os homens segui-lO e que eles estariam
inclinados a enganarem-se a si mesmos, pensando que eram discípulos, quando não
eram. O Senhor nunca deixou de declarar francamente o que a conversão real
exige.
A troca de palavras entre Jesus e
Nicodemos, neste Evangelho de hoje, é fascinante. Nicodemos era um chefe
religioso. Ele veio a Jesus, louvando seus ensinamentos e milagres. É difícil
saber o que se passava na mente de Nicodemos, enquanto falava. Talvez estivesse
esperando louvor, uma posição na administração de Jesus ou um voto de confiança
pela obra que ele mesmo estava fazendo, como mestre em Israel. Mas a resposta
surpreendente de Jesus foi: “Nicodemos, você precisa começar tudo de novo, se
quiser entrar no reino de Deus.” Seja o que for que Nicodemos estivesse
esperando, não era isto! A resposta de Jesus significava que toda a religião de
Nicodemos, toda a sua atividade no ensino, toda a sua posição no judaísmo, eram
sem valor, em relação ao domínio de Deus. Nós também precisamos ver que toda a
nossa religião e nossa própria grandeza nada valem. As realizações do passado
nada representam. Precisamos recomeçar tudo novamente para sermos capazes de
entrar num relacionamento com Deus.
Mas para isso basta olhar para o que
Jesus ensinou! Para Ele é loucura começar um projeto sem entender primeiro o
que será exigido para terminá-lo. Ele ilustrou com a idéia de um homem que
começou a construir uma torre, mas loucamente esqueceu de fazer um orçamento
para determinar se teria fundos para completá-la, e assim teve que parar no
meio do projeto. A verdadeira conversão necessita de um cuidadoso exame do
estilo de vida que Deus espera do convertido.
O arrependimento, que é essencial à
verdadeira conversão, envolve morte ao pecado. A Bíblia o compara à morte e
ressurreição de Cristo. Tem que haver uma mudança de estilo de vida radical. A
Bíblia usa termos como matar o velho homem e revestir-se com o novo, e descreve
com minúcias as mudanças exatas que precisam ser feitas. Maus hábitos — embriaguez,
imoralidade sexual, ira, ganância, orgulho, etc. — precisam ser eliminados da
própria vida, ao passo que devem ser acrescentados o amor, a verdade, a pureza,
o perdão e a humildade. Este é o resultado do arrependimento.
Muitas pessoas tentam ser convertidas e
converter outras, sem arrependimento. Elas ensinam um cristianismo indolor, que
não exige sacrifício. Elas salientam as emoções, a felicidade e as bênçãos,
porém pensam pouco sobre as mudanças reais que a conversão exige na vida diária
da pessoa. Entendamos isto claramente: Não há conversão sem transformação.
Aquele que creu e foi batizado, aquele que até mesmo foi aceito numa igreja e
participa fielmente das atividades religiosas, mas que não se arrependeu, não é
salvo. O arrependimento é um compromisso sério, determinado, para mudar sua
própria vida.
Para tomar parte realmente na Ceia do
Senhor, a pessoa precisa de nascer de novo, no poder a água e do Espírito
Santo. Ela precisa executar o ato certo, pelo motivo certo. A pessoa precisa
ser um discípulo fiel.
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